Comissão da Câmara vai propor retirada da dedicação exclusiva dos professores federais

Liderada pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP), comissão vai apresentar PEC no dia 1° de dezembro

da Apufsc

Comissão da Câmara vai propor retirada da dedicação exclusiva dos professores federais

A comissão da Câmara dos Deputados que diagnosticou um cenário de paralisia na gestão do Ministério da Educação (MEC), antecipado nesta terça-feira (26) pelo Estadão, pretende apresentar uma Proposta de Ementa Parlamentar com o objetivo declarado de evitar cortes na educação. No entanto, uma das 18 medidas propõe retirar a exigência da dedicação exclusiva no ensino superior federal, o que afeta diretamente os professores das universidades. É por meio da dedicação exclusiva que os docentes podem exercer efetivamente as atividades de pesquisa, ensino e extensão.

O texto da PEC será apresentado oficialmente no dia 1° de dezembro. Os 50 deputados que requisitaram a criação da comissão externa votarão o documento no dia 3 e, a partir daí, definirão o cronograma das propostas legislativas. O conjunto de projetos encontra ressonância na agenda social que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer emplacar no Congresso.

Foi o próprio Maia quem criou a comissão, em maio deste ano, para companhar o desenvolvimento dos trabalhos do MEC em meio a cortes de verbas da educação. Esta foi a primeira vez em que um grupo do tipo foi formado na Câmara para analisar o trabalho do MEC.

Sob a coordenação da deputada Tabata Amaral (PDT-SP) compõem a comissão os deputados: Felipe Rigoni (PSB-ES), relator; João Campos (PSB-PE), vice-coordenador; Paula Belmonte (Cidadania-DF) e Rose Modesto (PSDB-MS), sub-relatoras; Professor Israel Batista (PV-DF); Luisa Canziani (PTB-PR) e Eduardo Bismarck (PDT-CE)

Além de apontar problemas no ensino básico, conforme reportagem publicada ontem pelo Estadão, a comissão também apresenta recomendações para “aumentar a arrecadação no ensino superior”, em discurso afinado com o do programa Future-se, do MEC.

Na lista de propostas da comissão consta, além da retirada da exigência de dedicação exclusiva de professores das instituições federais de ensino superior, a permissão para contratação desses docentes para o desenvolvimento de projetos para o mercado. A comissão pretende dialogar com propostas que já estão em análise no Congresso.

Uma das PECs em discussão mencionada pela comissão é a PEC 24, que exclui as despesas de instituições federais de ensino da base de cálculo e dos limites individualizados para as despesas primárias no teto de gastos. As universidades arrecadam receitas como doação, convênio, valor da inscrição do vestibular, aluguel de imóveis ou espaços. Com o teto de gastos, no entanto, se a universidade arrecadar mais do que previu, a verba vai para o fundo único do Tesouro.

“A PEC 24 vem ao encontro do desafio do financiamento do ensino superior e propõe a solução, garantindo a autonomia de recursos próprios para instituições, viabilizando mais verbas para custeio e investimento, sem onerar o Estado, e incentivando uma maior integração da comunidade acadêmica com a sociedade e com o setor produtivo”, avaliou a deputada Luisa Canziani, autora da proposta.

A coordenadora da comissão, Tabata Amaral, afirmou que é preciso garantir os recursos para a área e “proteger a educação”. Tabata disse ser contra, por exemplo, uma medida que consta da PEC do Pacto Federativo, apresentada por Paulo Guedes. A proposta soma os valores mínimos que o governo federal, Estados e Municípios têm de gastar com educação e saúde.

Outra proposta feita pela comissão é obrigar os parlamentares a repassar 10% das emendas individuais para financiar ações e serviços públicos de manutenção e aprimoramento do ensino. A medida, que teria de vir por meio de uma PEC, vai na contramão dos planos da equipe econômica do governo Bolsonaro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é um defensor da desvinculação dos repasses, sob o argumento de que os parlamentares devem dar o destino que entenderem mais adequado às emendas

Questionado sobre a iniciativa dos deputados, o Ministério da Economia disse entender que “as atuais necessidades do País demandem maior participação dos parlamentares na elaboração e controle do Orçamento”, mas criticou a proposta de uma PEC que blidaria o orçamento da Educação. “Medidas como essas vão no sentido contrário à construção do Novo Pacto Federativo proposto pelo governo federal, engessando ainda mais o orçamento – que já conta com aproximadamente 95% de despesas obrigatórias – e levando à explosão dos gastos públicos em todos os entes da Federação”, destacou o órgão, em nota.

Leia na íntegra: Estadão Portal Terra

Redação

12 Comentários

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  1. Professores Universitários terão que fazer bico para sobreviver. Isso prejudicará a já má qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão.

    E viva a política educacional do Mito!

    Tomem no caneco, seus Mitômanos Idiotas!

    1. Sem dedicação exclusiva, vão baixar os salários dos Professores. Reduzindo os salários. os Professores, compulsoriamente, optarão por não se dedicar exclusivamente à docência. Estão tentando tirar a dedicação exclusiva do servidor público a fim de baixar o salário da categoria.

    2. Não é de livre escolha, porque no concurso já sai dedicação exclusiva. Raros os casos que colocam em concurso o regime de 20h ou 40h (geralmente medicina e direito). Para alteração do regime de DE para 20h ou 40h, as Ufs esperam o término do estágio probatório e nem sempre autoriza, porque sem a DE, o professor cumpre menos CH na instituição e não participa de serviços administrativos obrigatórios, que só docentes fazem, nem técnicos podem fazer.

    3. Não necessariamente. Os concursos exigem dedicação, que na verdade é a melhor opção, pois o professor tem tempo para se dedicar ao ensino, pesquisa e, eventualmente, à extensão. Sem pesquisa esse país será eternamente dependente e, mesmo com toda pesquisa que é realizada nas universidades brasileiras, ainda assim o país é relativamente muito atrasado. Registramos poucas patentes decorrentes de trabalhos científicos e estamos atrás de muitos países mais pobres que nós. E é bom lembrar que raras universidades privadas no Brasil realizam pesquisa.

  2. O Brasil deveria caminhar no sentido de ampliar o alcance do princípio da dedicação exclusiva para o ensino básico,possibilitando aos professores desse grau de ensino terem os benefícios de uma medida como essa,lógico que as questões salariais e de carreira teriam que estar em consonância com tudo isso.JAMAIS retirar a dedicação exclusiva do ensino Superior.

  3. Já passou da hora de se cobrar mensalidade nas universidades públicas. Não há mínima condição do contribuinte bancar faculdade para a elite. Disparate.

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