Convulsão social pode não esperar até 2018, por Marcos Nobre

Jornal GGN – Em sua coluna no Valor Econômico, o professor Marcos Nobre analisa o agravamento da crise política, afirmando que a única saída é a realização de eleições presidenciais e para o Congresso. O problema é que não para saber se “a convulsão social que está à espreita” vai esperar até 2018.  

Para o professor, a prisão de Delcídio do Amaral, senado no exercício de seu mandato, foi uma barbaridade jurídica cometida pelo Supremo Tribunal Federal que permitiu a abertura da “caixa de Pandora das atrocidades jurisdicionais”.

O embate entre Renan Calheiros e o STF foi resolvido com o enquadramento do ministro Marco Aurélio e pago com a humilhação pública da Suprema Corte, diz Nobre. Agora, o país saiu da lógica binária contra o antipetismo para uma mais ampla, um ódio generalizado contra a política oficial.

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Do Valor

Vai dar para esperar até 2018?

Marcos Nobre

Sabe­-se lá como, o governo Dilma conseguiu sobreviver a uma tempestade perfeita até o momento em que o ministro Teori Zavascki ordenou a prisão de Delcídio do Amaral, senador no exercício do mandato, líder do governo no Senado. Nesse mesmo dia 25 de novembro de 2015, a decisão do ministro foi referendada pela 2a. Turma do STF e confirmada em votação no Senado. A partir desse momento, o sistema político entrou em estado de pânico permanente.

A barbaridade jurídica perpetrada pelo STF com a prisão do senador abriu a caixa de Pandora das atrocidades jurisdicionais. Foi a senha e a chancela para a multiplicação das arbitrariedades em todos os níveis. E não apenas no Judiciário. Não por acaso, o acolhimento do pedido de impeachment de Dilma Rousseff por Eduardo Cunha aconteceu exatamente uma semana depois da prisão de Delcídio.

A interpretação do sistema político do episódio foi inequívoca: o governo Dilma não tinha condições de oferecer proteção a quem quer que fosse. Se mesmo parlamentares no exercício do mandato e com privilégio de foro podiam ser presos após o vazamento de uma gravação, ninguém poderia se considerar a salvo da exclusão direta e imediata do jogo. Foi quando o impeachment surgiu como tática para travar a Lava-­Jato e enquadrar o Judiciário. O preço máximo que o sistema estava disposto a pagar era aquele já pago quando do processo do mensalão: circunscrição limitada, clara e prévia do círculo de mortos e feridos para que o restante pudesse se salvar.

A recente vitória de Renan Calheiros na queda de braço com o STF pode dar a ilusão de que o impeachment finalmente alcançou seu objetivo e que a Lava-­Jato será travada, pelo menos no que diz respeito a quem tem privilégio de foro naquele tribunal. O contrário parece mais provável. O STF não tem força para fechar a caixa de arbitrariedades que ele próprio abriu. A última instância do Judiciário não pode desferir golpes abaixo da cintura constitucional e manter ao mesmo tempo a posição de árbitro imparcial.

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Redação

8 Comentários

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  1. dolce far niente

    Da coluna da Mônica Bergamo, 12.12.2016: 

    PELO MUNDO
    Dilma Rousseff e o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo devem viajar para Sevilha em janeiro. E depois fazer um tour de carro por alguns países da Europa.

  2. Concordo, mas faço uma

    Concordo, mas faço uma ressalva.

    Todos os canalhas listados pela Odebrecht como beneficiários de propina devem ser impedidos de disputar cargos eletivos.

  3. Qualquer analise que não

    Qualquer analise que não deixe claro que PSDB e DEM estão forçadamente de fora da lava jato é ociosa. Podem ocorrer mil delações que nunca virá ao caso. É evidente que a bola da vez agora é o PMDB, parceiro imediato do “projeto de poder lulo-petista”.

    Acreditaram que sobreviveriam às chantagens da UDN entregando os anéis que fossem solicitados. E isso é bem mais, muito mais do que a mera “circunscrição de mortos e feridos”.

    Em outras palavras: a tal circunscrição não foi definida porque o apetite pelos anéis é ilimitado. Enquanto PMDB e centrão não entederem isso…

    A pauta neoliberal é permanente. E a única maneira de implementá-la é mediante tramas e chantagens; jamais à luz do dia via eleições. Perderam uma, duas, três, quatro eleições e junto foi embora a paciência com a democracia. Partiram pra ignorância, literalmente.

  4. Convulsão social?
    Jornalistas Livres – Página curtida · 32 min · (publicado pela Laura Capriglione)Enquanto os podres poderes preparam o assalto aos direitos dos pobres…O prefeito eleito de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB-SP), curte a vida adoidado em companhia da sempre absurda Narcisa Tamborindeguy, na piscina do exclusivíssimo Copacabana Palace. Ai que loucura! Eu sou ricaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! 

  5. Tenho respeito pelo Marcos

    Tenho respeito pelo Marcos Nobre, mas o texto traz uma contradição, ao defender a tese de que o STF não poderia autorizar a prisão de Delcídio:

    “A interpretação do sistema político do episódio foi inequívoca: o governo Dilma não tinha condições de oferecer proteção a quem quer que fosse.” E daí, seguiu-se o impeachment…

    Ou seja, se o Governo Dilma tivesse condições de frear as investigações e barrar suas apurações, estaria tudo bem para o país? É isso mesmo?

  6. Convulsão social?

    Quais os motivos?

    A Dança dos Famosos… o The Voice Brasil… A cor do baton de Fátima Bernandes?

    Acreditaria nisso se carros da Globo fossem incendiados, alguns estúdios seus de jornalismo invadidos e destruídos (sendo televisionado o ato pra todo mundo ver); acreditaria nisso se boçais como Moro e Aécio levassem porradas da população atingida pelo golpe.

    1. Já comentei aqui diversas

      Já comentei aqui diversas vezes, para sairmos dessa letargia social, deveríamos implantar milhares de rádios piratas (esqueçamos a proibição, pois no Brasil o judiciário está apodrecido e ou corrupto) em comunidades proletárias e conclamarmos a população para reagir a esta calamidade .

      Em respeito aos seus filhos, netos e futuras gerações, é fundamental uma reação armada contra todos estes exterminadores do nosso futuro .

      Atualmente a montagem (e desmontagem, caso necessário) desses equipamentos são rápidos e pouquíssimos complexos.

      Imaginamos comunidades quase inacessíveis como os morros cariocas emitindo diuturnamente a escabrosa situação política e econômica brasileira . Qual seria a reação dessas sofridas populações ? 

       

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