Crise: a marcha pela água em São Paulo

Sugestão de Antonio Ateu

“Vivemos uma seca de investimentos”: Guilherme Boulos fala ao DCM na Marcha Pela Água em SP

https://www.youtube.com/watch?v=mIW0tbLBaac]

[video:https://vimeo.com/120811340

passeata água

Vinte mil integrantes do MTST marcharam na tarde de ontem até o Palácio do Governo para exigir providências do governo Geraldo Alckmin em relação à “crise hídrica”, eufemismo da moda para irresponsabilidade governamental.

Um boneco representando o governador dentro de uma banheira vazia e sob um chuveiro seco percorreu todo o trajeto empurrado por manifestantes e levado até a frente do portão número 2, para visitantes. Um caminhão pipa também acompanhou, escoltado por “seguranças”.

Após breve negociação, uma comissão foi autorizada a entrar e ser recebida por representantes da Casa Civil e da Casa Militar.

Guilherme Boulos, coordenador do movimento, falou ao DCM sobre as reivindicações:

“Vamos exigir um plano emergencial do governo para lidar com o problema da falta d’água, com o racionamento seletivo que afeta a periferia. Esse plano envolve distribuição de caixas d’água, cisternas, desenvolve a necessidade de perfuração de poços artesianos nas periferias. Ao mesmo tempo, exige ter transparência para lidar com a crise. O primeiro passo é admitir o óbvio: já existe racionamento em São Paulo e é preciso minimizar esse problema com medidas populares. O racionamento, que eles dizem que pode ocorrer ou não, na prática ele já existe mas contra os mais pobres”, disse.

“Mas nós não vamos admitir que só a periferia sofra e carregue nas costas o preço da irresponsabilidade desse governo. A seca que nós vivemos é uma seca de investimentos que acontece porque o dinheiro da conta d’água de cada um, em vez de se destinar para obras e melhorar o abastecimento, esteve virando lucro para acionista. Estamos aqui para denunciar que enquanto o governo e a Sabesp estabelecem multa para aqueles que consomem mais, existem contratos com 500 empresas que quanto mais consomem, menos pagam. O Shopping Eldorado, o Shopping Higienópolis, a Rede Globo, uma série. Queremos o rompimento desses contratos.”

Se essa distinção já é revoltante para quem tem seu teto de alvenaria, não é difícil imaginar o que provoca naqueles que nunca são atendidos por um mínimo de atenção. Nas ocupações tudo é precário. De modo geral ali não tem saneamento básico e fica ainda pior nessa situação.

“A água é cortada às 15:00 e só volta no outro dia pela manhã, às 7:00. A gente precisa de ajuda da comunidade. Estocamos água em baldes para o banho pois quando voltamos do trabalho não tem mais água e pela manhã precisamos sair antes dela voltar”, disse Susan Mara Camargo, que vive na ocupação Estaiadinha desde 2013.

A população que ontem esteve ressentida e irritada com o trânsito formado pelo protesto (mais de um carro bacana passou pela reportagem buzinando e com uma das mãos para fora com o dedo do meio em riste), poderia lembrar hoje cedo que talvez alguns de seu funcionários e empregados domésticos não tenham conseguido tomar um banho decente antes de iniciar mais uma jornada.

 

Os manifestantes em frente ao Palácio dos Bandeirantes

Os manifestantes em frente ao Palácio dos Bandeirantes

Guilherme Boulos fala ao DCM

 

Redação

7 Comentários

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  1. Discurso de ontem:
    “Quando a

    Discurso de ontem:

    “Quando a água falta no Brasil, e todo mundo tem que saber disso, aumenta o preço da energia sim, porque você passa a pagar por aquilo que não pagava, que é a água e o vento. Qualquer outra forma de energia tem que pagar. Ela funciona como uma espécie de reserva, que você só vai usar quando precisar. Nós estamos precisando. Então, eu quero explicar a vocês que os aumentos de preços da energia são passageiros. Eles estão em função do fato de que o país enfrenta a maior falta de água dos últimos cem anos. Isso não significa que nós vamos ter qualquer problema sério ou mais sério na área de energia elétrica. Não iremos ter porque temos todo um sistema de segurança. Mas isso também não significa que vamos sair por aí jogando energia pela janela e não consumindo de forma racional”.

  2. e os coxinhas??

    quando eles vão protestar contra o aumento da conta de água. com certeza será bem mais do que 20 centavos.

    por 20 centavos na passagem de ônibus fizeram todas aquelas manifestações, e a falta dágua até agora nadica de nada!!!

    1. A referência aos 20 centavos

      A referência aos 20 centavos remente ao MPL, sem dúvida. Mas dai nao se deve esperar nada com relação a agua ou qualquer outro tema. Se a memória nao me trai, uma portavoz do MPL, Mayara, comunicou que o movimento não iria admitir introdução de outros temas (como agua) nas suas manifestacoes. O problema do MPL é, segundo ela, exclusivamente transporte, mais especificamente, onibus. E municipal. O foco é esse, disse ela. Nao podia ser mais clara e direta. Para bom entendendor, basta…

  3. É culpa de São Pedro!

    É claro que é culpa de São Pedro, como a nossa mídia diz.

    Se o estado se chamasse São Pedro, ao invés de São Paulo, teríamos aguá pra valer.

    Engraçado, quando se fala em crise energética, o governo federal foi incompetente, mas quando é sobre a hídrica, é porque não choveu!!!!!

    Engraçado também que se esqueceram que a alteração nas tarifas de energia elétrica teve apoio da FIESP na época, mas isso não é mencionado agora. 

    Que coisa, falta de memória seletiva!

    Deve ser uma doença nova.

    1. Creio que não seja uma doença

      Creio que não seja uma doença nova, não, Fabio Pereira. Cinismo e ignorância são coisas bem antigas. Lá no tucanistão é que virou uma epidemia.

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