Após reforma, Cunha atua para dissolver e manter o controle de parte do blocão

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O adiamento da sessão do Congresso agendada por Renan Calheiros (PMDB) para analisar os vetos da presidente Dilma Rousseff (PT) a projetos que criam despesas insuportáveis para a União foi um sinal de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), não pretende ceder tão fácil às estratégias do governo para desidratar seu poder de influência sobre boa parte dos deputados.

Com ajuda de partidos que não foram contemplados com a reforma ministerial – PR, PTB e PP, principalmente – Cunha conseguiu esvaziar a sessão do Congresso mais uma vez, transferindo o compromisso de deputados e senadores com a chamada pauta-bomba para esta quarta-feira (7). A espectativa é que Dilma mantenha os vetos, mas sem a ajuda da oposição. O deputado Bruno Araújo (PSDB), por exemplo, já avisou que, para desgastar o Planalto, pretende votar pela derrubada dos vetos, a despeito da crise econômica.

Também nesta quarta-feira, por articulação de Cunha, segundo o Estadão, os líderes do PP, PTB, PSC, PHS e PEN se reúnem para discutir um novo nome para representá-los. Antes, as cinco legendas junto ao PMDB formavam o chamado blocão. Mas agora, a maioria dos partidos rejeitam a liderança ascendente do deputado Leonardo Picciani (PMDB).

Picciani foi quem ajudou o governo a contemplar o PMDB da Câmara com dois ministérios de peso – Saúde e Ciência e Tecnologia – na última reforma ministerial. Os dois titulares escolhidos por Dilma são ligados a Eduardo Cunha, inclusive. Mas após ser contemplado, Cunha atua para desidratar a influência de Picciani sobre a bancada peemedebista.

Para isso, sob orientação de Cunha, os partidos do blocão devem anunciar o rompimento com o PMDB, já que Picciani, líder da bancada, decidiu se alinhar com o governo após a reforma ministerial. Nesse cenário, o megabloco que possuia 149 votos vai se dividir em dois: um suprapartidário com cerca de 83 votos, e outro genuinamente peemedebista, com os 66 votos que formam a bancada liderada por Picciani.

O deputado fluminense, no entanto, terá de se esforçar para não perder mais nomes do PMDB para o bloco sob comando de Cunha. Mesmo em meio à reforma ministerial – que ampliou para sete o número de pastas controladas pelo partido -, 22 deputados do PMDB declaram-se contra a manutenção da aliança com o PT. Ou seja, o que restará do blocão poder saltar de 83 para 105 deputados, enquanto Picciani (e o governo Dilma) teriam a fidelidade de 44 peemedebistas.

Segundo informações da Folha, o novo ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB), disse que vai trabalhar para que os dissidentes do PMDB caiam de 22 para 15. Enquanto isso, o blocão estuda eleger André Moura (PSC), aliado de Cunha, para representar o grupo. 

Cabo de guerra

Cunha tem manobrado para adiar a análise dos vetos de Dilma não só para desgastar o governo, mas porque decidiu medir forças com o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Quando Dilma vetou o trecho da reforma política que viabilizava o financiamento empresarial de campanha, Cunha reuniu o blocão e demandou ajuda de Renan para colocar em votação, em regime de urgência, uma PEC (Proposta de Emenda Constituição) que contornasse a proibição a esse tipo de doação.

Mas Renan disse que seria “inútil” discutir isso após o Supremo Tribunal Federal tornar o financiamento privado inconstitucional. Além disso, o senador alertou que os vetos são mais importantes para a economia e conjuntura política do País do que uma reforma que será contestada na Justiça, desafiando a opinião de Cunha.

Segundo informações da Folha, “aliados de Renan dizem que, quanto mais Cunha forçar para que o presidente do Senado paute a PEC do financiamento eleitoral, menos ele se empenhará para fazer o assunto andar.”
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Resumindo

    Resumindo a reforma ministerial não adiantou em nada, Dilma e Michel Temer  não tem controle sobre o parlamento, deputados e senadores estão atuando em  causa própria. Nada de novo.

  2. Deprimente

    enquanto a mídia e o Congresso não começarem uma oressão  para a degola desse talibã evangélico, o país e o governo vão continuar refêns desse bandido. O psís atravessanfo grave crise com recessão e esses gangsters, em vez de trabalhar, ficam medindo forças. 

  3. “O deputado Bruno Araújo

    “O deputado Bruno Araújo (PSDB), por exemplo, já avisou que, para desgastar o Planalto, pretende votar pela derrubada dos vetos, a despeito da crise econômica.”

    Ester é o PSDB, o único partido de oposição ao Brasil, segundo o presidente da agremiação Aécio Neves.

    E tem muita gente que ainda leva este partido – que por onde governa causa desgraça – a sério

  4. Cunha todos nós, mas todos

    Cunha todos nós, mas todos mesmo, sabemos de quem se trata, agora esses apátridas que, não sei de onde são, porque brasileiros com certeza não são, com certeza vão ter o retorno. Independente da crise que ocorre no país e no mundo, sinceramente, não é aceitável o que esses pseudos parlamentares fazem com nosso país e, se nosso povo tiver um pouco de esclarecimento esses indivíduos nunca mais poderão exercer nenhum, mas nenhum mesmo cargo político. São indignos e com certeza já sabemos quem são “eles”. 

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