Cunha mostra musculatura no Conselho de Ética e na votação da meta fiscal

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Aliados do presidente da Câmara conseguiram adiar a decisão sobre processo de cassação e de projeto que coloca o governo Dilma em risco de novo pedido de impeachment

Jornal GGN – Atingido pela Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), continua mostrando musculatura suficiente para salvar a si mesmo e seguir tratorando os projetos que interessam ao governo Dilma Rousseff (PT). Na terça (1), atuando nos bastidores, o peemedebista conseguiu mobilizar aliados e saiu vitorioso das duas batalhas programadas para o dia: a reunião do Conselho de Ética para discutir o processo que pode cassar seu mandato e, mais à noite, a sessão do Congresso que deveria aprovar a alteração da meta fiscal.

No Conselho de Ética, aliados de Cunha passaram ao menos três horas discutindo questões de ordem para evitar a votação do relatório preliminar que pede a continuidade da investigação interna contra o presidente da Câmara, a reboque das revelações da Lava Jato. Cunha é acusado pela Procuradoria Geral da República de se beneficiar do esquema de corrupção instaurado na Petrobras.

Conforme relatado pelo GGN, para ganhar tempo, a tropa de choque do presidente da Câmara no Conselho passou horas debatendo a validade do registro de presença de deputados suplentes que poderiam, na ausência de titulares, votar no processo de cassação. A ideia dos aliados era garantir o voto de suplentes que ajudariam Cunha, mas parlamentares interessados no oposto acabaram interferindo nos planos.

A sessão conturbada ainda sofreu com superlotação – mais de 100 deputados se inscreveram para comentar o relatório que pede a continuidade da investigação contra Cunha – e o resultado foi o agendamento de um novo encontro, que deve ocorrer nesta quarta-feira (2), às 14h.

Mas a reunião corre o risco de ser cancelada e Cunha ganhar mais tempo no Conselho de Ética. Isso porque o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB), marcou para as 12h desta quarta uma nova sessão conjunta da Câmara e Senado, para debater o projeto que altera a meta fiscal. Sem a aprovação da medida, o governo Dilma não consegue executar despesas discricionárias este ano e ainda corre o risco de virar alvo de um novo pedido de impeachment em 2016, por crime de responsabilidade fiscal.

Mesmo com obstrução permanente de partidos de oposição ao governo, a sessão do Congresso de ontem foi tocada por Renan em ritmo acelerado, livrando a pauta dos quatro vetos presidenciais que travavam a discussão sobre a meta fiscal. Mas, por volta da meia noite, quando o caminho estava livre para o assunto que interessava à Dilma, o plenário já se encontrava “esvaziado” – cerca de 220 deputados estavam presentes, quando o quórum mínimo para debater uma matéria desse porte seria de 257 deputados. Renan teve de adiar a votação.

Nos bastidores, ventilou-se que a derrota foi mais um recado de Cunha ao PT e ao governo. Horas antes da sessão do Congresso, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, emitiu uma nota pressionando os três deputados petistas que estão no Conselho de Ética a votarem contra Cunha.

Os jornais passaram o dia noticiando que o trio estava sendo direcionado pelo Planalto a sustentar o mandato do presidente da Casa, na tentativa de evitar a deflagração do processo de impeachment. Mais cedo, deputados petistas também lançaram um abaixo-assinado atacando a permanência de Cunha na presidência da Câmara.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. O presidente da comissão fez cera e enrolou o que pode

    Fez discursinho, deu explicações desnecessárias, filosofou, deu margem a discussões paralelas, reclamou do ar condicionado, do espaço, tentou o que pode para alongar e atrasar a votação, com a ajuda de parceiros na “platéia”.

    E conseguiu.

  2. E a justiça

    Aqui ela toma o seu ritmo habitual. Preguiçosa, vacilante, omissa, vai e não vai, deixa pra lá. O que é que o cunha esta fazendo na presidência da câmara? 

    Alguns acham que ele é deixado lá para fazer besteiras mesmo, com a parceria do psdb. Lamentável. Somos prejudicados em ambos os lados, cunha e lava jato.

    1. Se por um lado, segundo seu

      Se por um lado, segundo seu comentário, o Cunha continua lá com parceria do PSDB, será justamente os votos do PT que salvarão ou não o mesmo.   E agora ???   o PT (governo) vai votar pela ética, ou seja, pela saída de Cunha ???  duvido muito, vai virar parceiro de Cunha tal qual o PSDB…. 

      Nossos políticos são um lixo…

    2. PSDB está pedindo a cassação

      PSDB está pedindo a cassação do Cunha, rompeu com o mesmo assim que provas contundentes apareceram contra ele. Cabe se informar. No momento Cunha conta com o apoio da Bancada Evangélica e do Palacio do Planalto.

  3. “Votaremos com uma metralhadora no pescoço.”
    Cunha é um terrorista e como tal chantageia. O maior erro é ceder a chantagem de terrorista  e se  o PT ceder votando pela interrupção do processo,  vai cometer um  grande erro porque ele vai continuar chantegeando e o PT vai continuar refém desse gangster. Zé Geraldo admite que são chantegeados e reféns de EC. : ” Votaremos com uma metralhadora no pescoço.”http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2015/12/01/votaremos-com-uma-metralhadora-no-pescoco/

     

  4. Ja temos terroristas

    Ja temos terroristas politicos contra a populacao. Faltam agora terroristas populares q ataquem diretamente os politicos e suas propriedades particulares.

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