Cunha usou dinheiro da Petrobras para comprar ações da própria estatal

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Wilson Lima

Do Fato Online

Declaração de investimentos de uma das contas associadas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), apontam que ele utilizou recursos desviados da Petrobras para comprar ações da própria estatal.

As informações constam do dossiê encaminhado pelo Ministério Público da Suíça à PGR (Procuradoria-Geral da República). Na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou abertura de inquérito contra o parlamentar fluminense pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção após a descoberta de quatro contas secretas na Suíça. De acordo com relatório da PGR obtido pelo Fato Online, o dinheiro que abastecia as contas seria fruto de propinas referentes a um contrato de US$ 34,5 milhões da Petrobras para compra de um campo de exploração em Benin, na África Ocidental.

Extratos bancários referentes a uma das contas, a que está em nome da Netherton Investments Ltd, apontam uma imensa gama de investimentos feitos por Cunha. Estavam na carteira de investimentos do parlamentar ações de empresas brasileiras, russas e chinesas. Entre as companhias nacionais, segundo o banco Julius Bäer, onde o presidente da Câmara mantinha essas contas, estavam a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Eletrobras e a Petrobras.

Em dezembro de 2014, a conta tinha ativos investidos da ordem de US$ 1,190 milhão. Cunha aplicou US$ 365 mil na compra de papeis da Petrobras. Outros US$ 293 mil foram investidos por ele na Cemig e mais US$ 64,2 mil na Eletrobras, conforme o relatório da PGR.

Em 17 de abril deste ano, o capital investido nessas empresas foi alterado. Houve uma redução no volume aplicado por Cunha na Cemig, mas um crescimento no que ele aportou tanto na Eletrobras quanto na Petrobras. De acordo com o extrato da conta Netherton Investments, estavam sendo destinados US$ 439 mil para a Petrobras, US$ 282 mil na Cemig e US$ 60,9 mil na Eletrobras.

Veja abaixo extrato bancário de investimentos de Cunha

Off shore

De acordo com as investigações da PGR, a conta associada a Eduardo Cunha – cujo número é 45.486.752, foi aberta em nome da offshore Netherton Investments em 29 de setembro de 2008, no antigo Merryll Lynch Bank, atual Julius Bäer. Ela foi aberta por meio do escritório Posadas y Vecino Consultores, firma que também tem endereço em Genebra e possui como representantes, no formulário de abertura de conta, o uruguaio Luis Maria Pittaluga e o argentino Jorge Haiek Reggiardo.

“Os documentos referentes ao ‘Conheça seu Cliente’ (‘Know your Customer’) comprovam que o verdadeiro titular (beneficiário efetivo) dos ativos depositados na conta Netherton Investments é Eduardo Cosentino Cunha, enquanto o argentino Jorge Haiek e o uruguaio Luis Maria Pittaluga são meros operadores, pessoas autorizadas a realizar transações em nome da offshore Netherton Investments”, complementa a PGR.

Telefone do Congresso
Durante as investigações, documentos obtidos pela PGR apontam que em todas as contas associadas a Cunha estão passaportes (inclusive diplomáticos), endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, para a abertura das contas secretas na Suíça.

Nesta quinta-feira (22), o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no STF, determinou o sequestro de dinheiro do presidente da Câmara. Ao todo, 2,4 milhões de francos suíços, que equivalem a cerca de R$ 9 milhões, que serão transferidos para o Brasil e ficarão em uma conta judicial, para garantir ressarcimento aos cofres públicos em caso de comprovação da corrupção.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Gente, vamos e venhamos:

    Gente, vamos e venhamos:  Cunha nao eh nenhum Lula, muito menos Dilma.

    Ninguem ta vendo que esses vazamentos em serie sao pra ocultar outras coisas?

    Como, digamos, Aecio?

    1. É, pode ser um boi de

      É, pode ser um boi de piranha.

      Sacrifica-se um boi, normalmente o mais velho e doente, às piranhas, para a boiada( Aécio,Serra,FHC,Alkimin,Agripino…) passar incôlume do outro lado.

      1. Terrivel impressao que essa

        Terrivel impressao que essa eh a razao que gilmar mentes anda meio sumido da media com seus chiliques rococohs…

        Palavra pra se lembra mais tarde:  ZELOTES.

  2. Eu tenho a maior admiração por este gangster

    Por ele acrediatar e muito na empresa que ele estava roubando, a ponto de adquirir ações dessa empresa.

    Meus parabéns, Eduardo Cunha, pela sua confiança na nossa Petrobras. Valeu, bandidão!

  3. isso confirma que por mais

    isso confirma que por mais corrupto que se seja, o amor pelo Brasil fará com que traga esses recursos de volta. Só deveria ser mais simples  internalizar , com isenção para toda vida e com   70% de bônus se aplicar em ações de estatais, além de tudo isso ser sigiloso, ninguém pode ficar sabendo

  4. Cadê o Dornelles?Tô até
    Cadê o Dornelles?
    Tô até preocupado…
    Será que ele está bem de saúde?
    Lá no Country [de Ipanema] alguém tem notícia?
    Afinal, conhecem ele desde o começo da “Nova República”, né?

  5. Pedalada

    Se Eduardo Cunha utilizou dinheiro da Petrobras para comprar ações da própria Petrobras, poderíamos pedir ao Helio Bicudo um pedido de impeachment por conta dessa pedalada?

  6. e conluio com a imprensa?

    Aposto que uma pesquisa nas notícias dos dias anteriores às datas de compra de ações da Petrobrás revelaria grande profusão de fatos depreciativos da empresa. Ele tinha uma posição privilegiada para abastecer o mercado de más notícias, jornalistas econômicos devem custar baratinho na feira livre de fatos não confirmávies, para depois mandar comprar na baixa. Depois é só deixar que fatos promissores reais puxem o preço para cima, vender na alta e devolver dinheiro lavado para os membros da quadrilha.

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