Demissão de coronel do MEC expõe disputa entre militares e olavistas no governo Bolsonaro

O diretor da Secretaria Executiva do Ministério da Educação, coronel-aviador Ricardo Roquetti, foi exonerado neste final de semana

Foto: Reprodução Redes

Jornal GGN – Uma disputa entre duas frentes do governo de Jair Bolsonaro, os militares e os “olavistas”, ocasionando, inclusive, a demissão do diretor da Secretaria Executiva do Ministério da Educação, o coronel-aviador Ricardo Roquetti, expôs neste final de semana mais uma crise interna da gestão Bolsonaro.

O conflito começou após integrantes da pasta do grupo do escritor Olavo de Carvalho afirmarem que os militares do Ministério da Educação estariam tentando expurgá-los da pasta, com o suposto objetivo, entre outros, de impedir as investigações da “Lava Jato da Educação”, uma apuração sobre os contratos do Ministério em gestões anteriores, anunciada por Bolsonaro.

Após receber as acusações, Olavo usou as redes sociais, na última sexta (08) para pedir que seus alunos, indicados por ele para ocupar cargos na pasta de Educação de Bolsonaro, abandonassem o governo. No Facebook, Olavo de Carvalho chegou a dizer que os militares induziam o coronel-aviador da reserva, Ricardo Wagner Roquetti, do programa da Secretaria Executiva, a “tomar atitudes erradas”.

Olavo também disse que tais militares estariam jogando a culpa em seus alunos, indicados por ele para ocupar cargos no Ministério, e os acusou de “trapaceiros e covardes”. Os alunos do escritor diziam que os militares teriam isolado Vélez Rodriguez a “sabotar” medidas defendidas pelo próprio mandatário Jair Bolsonaro.

Um dos principais aliados de Olavo no governo, Silvio Grimaldo, assessor especial do Ministério, chegou a escrever também no Facebook, na manhã de sábado, que foi um dos que sofreu rebaixamento de cargo por pressão dos militares e acusou o presidente Bolsonaro de se alinhar a “generais positivistas” do que se “alicerçar em ativistas e intelectuais”.

Grimaldo também disse que era decorrência dessa pressão dos militares a demissão do diplomata Paulo Roberto de Almeida, do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. Ele havia sido exonerado depois de ter divulgado textos críticos ao próprio ministro do Itamaraty, Ernesto Araújo.

“Com o tempo, a influência do coronel sobre Vélez aumentou, e ele acabou abandonando qualquer pretensão de ter uma função específica (…) Perambulava pelo gabinete como a eminência parda do ministro, dando ordens, tomando decisões, indicando amigos para os cargos que vagavam”, disse Grimaldo no Facebook, que também foi afastado na última sexta (08).

Após a repercussão da crise chegar aos ouvidos de Bolsonaro, o mandatário entrou na onda da disputa escancarada pelas redes sociais e por Olavo e decidiu demitir o militar, o coronel-aviador da reserva, do cargo de diretor do programa da Secretaria Executiva do MEC, neste domingo (10). A decisão foi tomada depois de se reunir com o ministro Vélez Rodrigues, na manhã de ontem.

Redação

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