Deveria a aviação francesa bombardear a Síria ou os bairros árabes na França?

Por Rogério Maestri

Deveria a aviação francesa bombardear a Síria ou os bairros árabes na França?

Por mais absurda que pareça a pergunta, é algo que dentro da lógica de retaliação que está sendo empregada na Síria e Iraque, por países que não estão sendo chamados pelo governo Sírio para combater o DAESH se justifica plenamente a pergunta.

Afinal quem foram os terroristas que perpetuaram o bárbaro atentado ao Bataclan? Pois excetuando um deles que era sírio os demais eram europeus nascidos e criados em famílias francesas sem e com religião muçulmana.

Ismaël Omar Mostefaï, um jovem Francês filho de um emigrante argelino com uma senhora de portuguesa convertida ao Islã, ele nasceu em Courcouronnes dans l’Essonne uma pequena cidade situada a vinte e sete quilômetros ao Sudeste de Paris. Samy Amimour, outro jovem francês nascido a Drancy outra pacata comunidade próxima a Paris, filhos de pais não religiosos e perfeitamente integrados na cultura francesa.

Poder-se-ia ir mais adiante, porém as histórias seriam as mesmas, logo fica bem claro que não são enviados do Iraque, Irã, Líbia ou Síria que perpetuaram os atos terroristas, logo a origem dos terroristas não explica os bombardeios às regiões sobre o domínio do DAESH.

Da mesma forma o Estado Sírio assim como o Estado Iraquiano lutam contra este grupo autodenominado como Estado, porém como não são aceitos por nenhum país do mundo como Estado, como não tem fronteiras definidas e mantidas pacificamente dentro dos territórios sírio e iraquiano, também não são um Estado, e muito menos aliados ou tolerados pela Síria e pelo Iraque.

Como os terroristas na imensa maioria não eram sírios ou iraquianos, como o DAESH é mais um grupo terrorista que leva o terror não só para a Europa, mas principalmente para os cidadãos sírios e iraquianos através das formas mais diversas e possíveis de atos que qualquer pessoa religiosa muçulmana ou não aceitaria. Por que as fronteiras dos países devem ser violadas e populações que caíram reféns do DAESH submetidas a bombardeios?

Esta é a verdadeira questão, segundo os governos europeus e norte americano, este DAESH há poucos anos, antes de começar a assassinar repórteres ocidentais, recebiam ajuda diretamente ou indiretamente através de aliados dos países ocidentais.

Enquanto o DAESH jogava bombas em Mesquitas Xiitas, trucidava cristãos sírios que eram aliados ao governo sírio, os governos ocidentais achavam lícitas as suas ações e ainda as financiavam. No momento em que estas ações deixam de matar somente muçulmanos xiitas, alauitas, grupos sunitas, drusos e cristãos sírios (não cristãos europeus), este grupo se torna indesejável. Tudo em nome da derrubada do governo Bashar al-Assad.

Assad não seria o que se poderia denominar um presidente democrático europeu, porém fica difícil manter uma democracia representativa totalmente aberta num país que vem sendo atacado há décadas pelos aliados dos ocidentais, primeiro pelos israelenses e posteriormente pelos “grupos pró-democracia” sírios, nos quais se inseriam até algum tempo atrás o DAESH, ou a filial da Al-Qaeda a frente Al-Nusra, ou ainda a Ahrar al-Sham e outros grupos menores.

Voltando ao foco da questão, os países ocidentais, como a França, apoiam num primeiro momento grupos terrorista que são de oposição aos governos Sírios e Iraquianos, grupos estes que empregam jovens franceses para promover ações terroristas contra franceses. Como retaliação os franceses e outros, sem o acordo do Governo Sírio, bombardeiam estados independentes e reconhecidos, para retirar os antigos aliados.

Dentro desta lógica estúpida, era mais fácil a França retirar parte de sua população de determinadas áreas e bombardear estes focos de terroristas, mesmo que com isto matem franceses que não apoiam os terroristas.

Completamente idiota esta resposta à pergunta proposta no título, mas é baseada na lógica de represálias contra o DAESH.

Redação

26 Comentários

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  1. Incrivel!!!!!!Ainda mais

    Incrivel!!!!!!

    Ainda mais radical que o Eric Zemmour*

    E isso num blog soi-disant progressista. 

    Eric Zemmour é um jornalista de extrema-direita que disse que “Ao invés de bombardear Raqqa a França deveria bombardear Molenbeek (suburbio de Bruxelas de onde vieram os terroristas)”.

    1. Leste até o fim? Provavelmente não!

      Se fosse feita uma leitura completa de todo texto veria que eu mesmo digo que a proposta é completamente imbecil!

      Agora dentro do conceito da geração Twitter, que só consegue ler um número limitado de linhas o teu comentário é perfeito, mas felizmente ou infelizmente não são todos que acham que a exposição de uma ideia não pode ultrapassar mais que quatro linhas!

      1. Li sim,
        e compreendi que o

        Li sim,

        e compreendi que o senhor usa o absurdo para apresentar a sua proposta, so não vi proposta nenhuma.

        Ou seria de esperar que o Bachar Al-Assad peça uma intervenção francesa. Mas ai se colocaria o problema do reconhecimento do Governo Al-Assad  pela França o que o senhor sabe não é o caso desde 2012. 

         

        O proposito do senhor poderia, ainda, ser criticar a ajuda da França a alguns grupos que o senhor cita, no entanto, a França nunca financiou o Daech e apoia muito pouco os grupos do Exército Sirio Livre, tanto que eles criticam a França sem cessar por isso. 

        Ou, quem sabe, dizer que a França deveria atacar o problema no seu proprio territorio. Mais uma vez seria subestimar o senhor se eu enumerasse todas as ações do governo francês. Medidas intensificadas depois da intauração do Estado de urgência. Sem contar o que os outros ministérios fazem en amont, mesmo se é ainda insuficiente ou ineficaz.

        O que sobra são as frases de abertura e a final porque a afirmação de que a França age em retaliação não tem sentido. 

         

         

         

         

        1. Se não viu proposta porque a mesma não havia.

          Qualquer um que em um curto artigo de alguns parágrafos que pensasse em levantar algumas hipóteses conclusivas não só sobre o conflito, mas sobre outros aspectos poderia ser chamado de no mínimo irresponsável. Este pequeno artigo foi escrito mais como uma reflexão do que outra coisa.

          Acho importante ressaltar que a imagem de aderentes aos movimentos do DAESH, que não se enquadram no perfil de filhos de imigrantes malsucedidos e vivendo a margem da sociedade europeia é algo intrigante e que merece reflexão.

          Como segundo item que foi levantado no artigo, tem-se os resquícios colonialistas na Europa e principalmente na França que insiste até os dias atuais manter tropas colonialistas espalhadas por toda a África, protegendo a “democracia” e os interesses franceses.

          A França age sim por retaliação, porém uma retaliação talvez não tão intensa, como muitos esperavam, exatamente pelos dois problemas citados que não permitem uma visão correta de como e onde retaliar.

          É importante pensar melhor nos motivos que levam a ida de diversos jovens franceses e europeus em geral a se alinhar ao DAESH. A existência de movimentos wahhabistas faz sentido no meio dos desertos da Arábia Saudita do que no resto do mundo, prefiro a denominação wahhabistas a salafitas, para não confundir os salafitas que procuram a sua Jihad na luta interna para se aproximar do profeta, do que aqueles que confundem esta Jihad com uma necessidade de agressão aos infiéis. Voltando ao assunto, um movimento wahhabista só se propaga devido ao estímulo econômico que os países do Golfo dão a estes, transformando o que seriam fiéis que lutam em mercenários da religião.

          Agora sim passando a uma hipótese e não se mantendo em meras reflexões, no meu ponto de vista o aliciamento destes mercenários da religião se dá dentro de um contexto social atual que facilitou extremamente a adesão pouco refletida de jovens a qualquer seita, religião ou mesmo partido político que empregue perspectivas não racionais, porém instigantes, do protagonismo individual em algo bem maior não importando muito a racionalidade do movimento.

          Sempre personalidades carismáticas ou discursos radicais atraíram militantes não muito interessados em refletir a onde se encaixam os movimentos que são atraídos, a volta a condições feudais de organização da sociedade cheias de certezas e de valores absolutos atraem não só muçulmanos mas também militantes fundamentalistas cristãos, judeus, budistas, sikhis ou qualquer outra religião ou filosofia (colocaria nesta os liberais). E nesta capacidade de atração de determinadas personalidades que discursos fechados e axiomáticos talvez estejam uma das hipóteses que me é cobrada.

          Quanto ao colonialismo, a única coisa surpreendente é que pessoas que se acham como ser pensantes não reconhecem nas sempre presentes tropas coloniais francesas na África (Níger: drones e forças especiais, Tchad: 950 homens e uma base aérea, Mali mais de 1600 soldados, Senegal 350 soldados e mais base aérea, Costa do Marfim 450 soldados, Gabão 950 soldados, República Centro Africana 1600 homes, chifre da África mais de 2000 soldados), e atualmente tropas espanholas aumentando dia a dia, que se trata de um neocolonialismo. Ou seja, me impressiona a miopia da intelectualidade francesa em não reconhecer esta ocupação de fato.

    2. É exatamente por ser progressista que opiniões variadas têm vez

      Aqui não é panfletóide de míRdia.

      As coisas podem ser discutidas.

      O importante é poder aproveitar o caldo resultante.

      Prétendument.

       

  2. Daesch, Daech, Daexe, Daish, Daisx……….

      De onde saiu este “acronimo” ?

      O nome oficial do ISIS/ISIL , por extenso ( arabe não se utiliza de acronimos e/ou siglas * ), é: al – Dalwa al – Islamiah al – Iraq ( Eraq ) wa al – Sham ( Xam ) , sendo “Dalwa” Estado, e Sham ou Xam ( Siria ), vocabulo que alem de se referir especificamente a Siria/Libano, tambem pode, em uma conotação coranica, significar o “Levante”, pois é um território a oeste de Meca.

       Arabistas europeus, particularmente franceses, declararam que o termo é pejorativo, pois o som do termo remete ao vocabulo arabe “daesc”, que pode significar, de acordo com a colocação na frase, como: “espezinhador”, “aquele que amassa”, ” o que oprime “…….., portanto governantes começaram a utiliza-lo, só que tem um problema, que mesmo que algumas facções do ISIS/ISIL considerem este termo como ofensivo, o ocidental quando o utiliza acaba “reconhecendo” a situação de “dalwa”, de um “Estado” – Como diria Vicente Mateus : “torna-se uma faca de dois “legumes””, é ofensivo, depreciativo em certos termos, mas politicamente inconveniente.

        ” Bombardeio ” de bairros arabes na França (  pode-se estender a operação: Bélgica, Holanda, Alemanha, Suécia ), já é realizado há tempos, não com bombas, mas com a exacerbação do preconceito cada vez mais constante, o qual levou, a jovens nascidos nestes paises, seus cidadãos, muitos deles completamente inseridos nestas sociedades, ou pelo menos há anos tentando, caso de Mostefai que até dois anos atrás nem sabia ler o Corão, ou aquela moça morta no apartamento em Paris, que até um ano atrás fumava, nunca tinha usado um hijab, era baladeira, o bombardeio do preconceito os transformou, a sociedade na qual nasceram os recusou, eles buscaram outra.

         * siglas : O arabe não utiliza, nem o farsi iraniano, ou patsho paquistanês, pois pode levar foneticamente a outras palavras, tanto que a Força Aerea da Arabia Saudita coloca em suas aeronaves a sigla anglicizada RSAF ( Royal Saudi Air Force ), e a iraniana faz a mesma coisa com a sigla, tambem oriunda do inglês IRIAF ( Islamic Republic of Iran Air Force ).

      1. Não utilizam “siglas”

          Meu arabe para leitura é péssimo, e transliterar para o ocidente expressões em arabe não dão muito certo, um exemplo possivel é como se intitula o “Califa” atual : Abu Bakr al-Baghdali, em tradução literal fica : ” Pai dos dromedarios de Bagdá ” ou ” O criador de dromedários de Bagdá “.

           Mas ele se utiliza da referencia coranica de ” Abu Bakr “, anteriormente conhecido como Abdul Ka’aba ( escravo da Kaaba ), e após sua conversão ao Islã, sendo considerado o 1o crente no Profeta alterou seu nome para Abdullah ( escravo de Allah ), e Muhammad o chamava de Abu Bakr , por seu gosto de dromedários, ele era dono destes animais, possivelmente de acordo com alguns haddits, parente da 1a esposa do Profeta ( Khadija – dona de caravanas ),e pai da 2a esposa do Profeta ( Aicha ). 

            Outra razão coranica para Baghdali utilizar “Abu Bakr ” , considerado pelos sunitas como o 1o Califa, refere-se a diferenciar-se dos xiitas, pois Abu Bakr ao nomear seus sucessor como Califa a Omar ibn – Khattab, renegou a Ali primo e genro do Profeta, iniciando o problema entre os sunitas e os xiitas ( seguidores de Ali ).

  3. DAESH é um grupo midiático,

    DAESH é um grupo midiático, que utiliza da mídia e de ataques terroristas por fanáticos pelo mundo para ganhar manchetes de jornais e provocar medo e sitiamento militar pelo mundo. Não poderiam roubar o petróleo Sírio sob outro prestexto. No IRaque, Líbia, Libéria, Afeganistão. O que eles precisam é um pretexto, se não tem um pretexto sólido; inventam. Mas para inventar um pretexto sólido precisam de um amplo apoio midático; como possuem a maioria dos canais de mídia, facilita bastante. Porém, as pessoas hoje, não caem fácil nestas mentiras como antigamente. Então, é preciso algo amedrontador e aterrador como foi o ataque de 11 de setembro. Eles não precisam fazer o ataque Flase-flag eles mesmos, podem induzir pessoas fanáticas para tal. Como a maioria dos ataques false-flag (falsa bandeira) são Judeus. É provável que os ataques aos judeus na Argentina, EUA entre outros foram feitos pela agência de burrice israelense. 

    Não só é provável a participação israelense como eles admitiram um ataque tal no Egito: 

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_de_bandeira_falsa

  4. Israel tem medo do Irã e do

    Israel tem medo do Irã e do crescimento da corrente islamita; pois representam um inimigo para o domínio da região e seu rico petróleo. Afinal estas religiões brigam entre si à séculos.

  5. A minha miopia deve me

    A minha miopia deve me impedir de ver as sutilezas que o senhor agora insiste não existem. Autant pour moi. Et tant pis si ce serait prétendument prétentieux d’écrire en français comme quelqu’un a insinué.  J’ai vu que vous avez fait des études à Grenoble et c’est à vous que je m’adresse.

    E é porque é ao senhor que falo que eu entro em detalhes que, tenho certeza, o senhor conhece.

    Por exemplo a Françafrique que é mais resultado da corrupção dos dirigentes africanos e das ligações que eles têm com empresarios franceses e a realpolitik que leva alguns politicos a utilisarem estas ligações, mas não tem nada de neoconolialista.

    Assim como o senhor sabe que as “forças de ocupação francesas” na Africa ficam nas bases e so saem em intervenções avalizadas pela ONU ou em resposta ao pedido de um pais como no Mali ou da Republica Centro-Africana.

    O senhor citara com certeza o caso da Libia que como o senhor sabe foi provocada mais pelos interesses pessoais de Nicolas Sarkozy que pelos campos de gas que a Total ganhou.

    E claro que a adesão de pessoas que fogem do perfil padrão do jihadiste é preocupante, mas é a exceção e alguns exemplos que o senhor confirmam a regra. Lembro de um vizinho da moça que morreu em Saint-Dénis que a descreveu como “Une fille en recherche de soi-même. A une époque elle était rappeuse, l’autre pute. D’un coup elle a mis le niqab”.

    Finalmente lembrando que o tiers-mondisme comporta muito preconceito e é uma porta aberta para a demagogia eu justifico o meu primeiro comentario no qual o senhor se junta a Eric Zemmour, se não na ideologia ao menos na justificação.

    1. Lentes de contato ou óculos

      Miopia pode ser corrigida com óculos, lentes de contato e até cirurgia. Mas retórica não desfaz a ação criminosa do governo francês (e não de um eventual presidente ou primeiro-ministro seu) na Síria, onde está infringindo o direito internacional e cometendo atos de agressão bélica injustificáveis. É o ranço imperialista, por mais retórica que se coloque para disfarçar o odor. Não faz muito tempo aconteceu na Argélia, no Vietnam, em vários países da África…. Deveria se recolher à sua insignificância de vassalos dos EUA.

    2. Franco CFA

         Alem das intervenções militares francesas – sempre bom lembrar, que solicitadas por suas ex-colonias – a dominação francesa em Africa sub-saariana é continua na forma do controle da economia destes paises, algo que é aceito desde 1958 por todas elas, independente de qual espectro politico governava, tanto a França como a estes paises ( mais de 10 ), e claro, que tal relação, de mais de 50 anos, subsiste em parte, pela conjugação de interesses dos governantes africanos com o Estado francês e suas empresas e capitais. Franco CFA  é a moeda destes paises, uma forma de currency board, anteriormente atrelada ao Franco francês, e hoje ao Euro.

          Quanto ao “nobre franco – polaco ” e suas relações com o berbere , os fundos aplicados em campanhas politicas, e outros “negócios”, foram mais importantes que as peripécias posteriores da Total. E dizem algumas linguas ferinas, da Dassault/AirBus/Thales, que o nobre teve que se explicar bastante, pois travou varios negócios, e o governo francês, a ele posterior , para “pagar o prejuizo” destes grupos, teve que negociar as encomendas de Khadafi, com os sauditas, omanitas e egipcios.

          

      1. Meu caro Junior, seus

        Meu caro Junior, seus comentarios são sempre precisos e densos. È preciso registrar a grande diferença entre a colonização francesa e a britanica em Africa e no Oriente Medio.  São modelos muito diferentes e que chegaram a resultantos distintos.

        Os ingleses se isolavam completamente dos nativos em “compounds”, ilhas (como em Lagos) ou bases (como Habbanya no Iraque), enquanto os francesas faziam questão de espalhar sua cultura junto à população  e especialmente junto à elite

        local. Se o nativo adquirisse a “”expressão francesa””, ai entendida a cultura, a lingua, a postura e a visão francesa, ele era considerado francês, do que resultou grandes personalidades francofonas como Leopold Senghor, que foi presidente do Senegal e grande intelectual da cultura francesa ou Felix Houbougny, que foi Ministro da Saude da França, Senador e Presidente da Costa do Marfim, ambos negros puros mas de ” expressão francesa”, isso na colonização britanica nunca existiu, o inglês fazia questão de não se misturar e nem fazia questão de que os nativos adquirissem alguma “expressão britanica”.

    3. “tiers-mondisme”

      “(…) et c’est à vous que je m’adresse”…  Ulalá, c’est épatant!

      Et bien sûr, “não tem nada de colonialista” não… Deve ser a tal missão “civilizatória” contra a “barbárie”.

       

      1. Quousque tandem abutere patientia nostra

        Qu’est-ce que vous épate dans ma phrase? 

        A moi ça m’épate de voir tant de gens faire semblant de parler d’autres langues et je me demande si ce ne sont pas les mêmes qui disent que une citation en latin ne vaut rien quand on a Google.

        Quoique utiliser une phrase où je m’adresse à une seule personne et dans laquelle la langue est utilisée pour exclure les autres qui viennent parasiter la discussion m’épate aussi. Non. Ca m’escagasse plutôt.

          1. Entendi.
             
            No entanto é

            Entendi.

             

            No entanto é complicado de discutir idéias quando o meio da discussão é considerado como palco. Um problema da modernidade, como Daech.

            A discussão acaba se concentrando nos personagens e recusando isso eu me coloco fora deste esquema parecendo que eu me coloco acima. 

            Ainda por cima eu piorei as coisas escrevendo ao autor do artigo em francês. Eu queria lhe dizer “Você parece conhecer bem a França, ter acesso a fontes de informação de ideologias diferentes do mainstream (Mediapart por exemplo), ou mais acadêmicas (Le Monde Diplomatique), deve conhecer o uso demagogo do passado colonial e o mal que este discurso faz. Acredito mesmo que o senhor deve conhecer Slavoj Zizek (ele é citado o tempo neste site), talvez tenha lido Quelques réflexions basphlématoires, etc. Porque então repetir um discurso que não tem mais sentido, que é utilizado pelo que a de ndopior na politica e que é distorcido por Daech?
             

          2. ok

            Antifa,

            Embora poucas vezes tenha lido, aqui, algo tão siderante quanto “la langue est utilisée pour exclure les autres”, o seu “entendi” muda razoavelmente as coisas. Faz com que seja possível o diálogo (preferencialmente, em português mesmo, para não excluir ninguém). 

            Então ficamos assim: você foi arrogante e eu – reconheço – fui demasiado impaciente. É o tal problema da modernidade, como você diz, agravado por esse fim de ano catastrófico que insiste em não terminar no Brasil. Estamos todos estressados, à flor da pele.

            Entendo seus argumentos e discordo deles, por tudo o que já foi colocado por rdmaestri.

            Enfim… “Tant qu’y aura des militaires, Giroflé Girofla, soit ton fils, soit le mien,on n’verra par toute la terre jamais rien de bien…On t’tuera pour te faire taire, par derrière comme un chien…Et tout ça pour rien !Et tout ça pour rien !”

            https://www.youtube.com/watch?v=j0c-QRMVqNA

             

             

          3. Eu deveria ter dito “…dans

            Eu deveria ter dito “…dans laquelle la langue a été choisie pour exclure les autres…”

            Todo codigo exclui os que não o compreendem. 

            MAs você entendeu. Se tivesse mensagem privada neste blog eu usaria isso.

    4. Caro(a) Antifa.

       

      Não gosto de cair em meros slogans que na realidade empobrecem os debates, mas também não posso passar batida a referência a Françafrique pois só a definição desta pseudo-aliança dado sem muita necessidade de pesquisa pela própria Wikipedia em francês, é altamente reveladora:

      L’expression « Françafrique » est utilisée de façon péjorative pour dénoncer l’action néo-coloniale prêtée à la France en Afrique (o grifo é meu) fondée sur l’ensemble des relations, des réseaux d’influence et des mécanismes politiques, économiques et militaires qui lient la France à ses anciennes colonies en Afrique, ainsi qu’à quelques autres pays africains.

      Le terme « Françafrique » est utilisé régulièrement pour dénoncer la politique étrangère de la France en Afrique, que les faits soient avérés ou non : soutien supposé apporté aux Hutus responsables du génocide Tutsis au Rwanda en 1994 ; affaire Elf ; interventions militaires dans les pays en crise (Côte d’Ivoire, Mali, Centrafrique), etc.”

      Ou seja, é reconhecido implicitamente o papel neocolonial da França na África, e exatamente a tua própria citação de uma forma explícita aceita o neocolonialismo e pior, num ato falho, a sua visão eurocêntrica da política francesa, explico melhor através da frase.

      Quanto à frase “a Françafrique que é mais resultado da corrupção dos dirigentes africanos e das ligações que eles têm com empresarios franceses e a realpolitik que leva alguns politicos a utilisarem estas ligações, mas não tem nada de neoconolialista.”

      Primeiro, ligações entre governos e empresários franceses é o cerne do neocolonialismo, pois o que difere o colonialismo do neocolonialismo, não é simplesmente por um ser antigo e outro ser novo, o que difere é que no colonialismo a influência da nação colonizadora era direta na administração das colônias, já no neocolonialismo os vínculos são mais “modernos” e o domínio da moeda e da relações de trocas são mantidas por vínculos não governamentais, ou seja, tentando escapar da definição da expressão neocolonialismo deste um exemplo que cai diretamente sobre ela.

      Agora o mais surpreendente na frase, um verdadeiro ato falho se encontra na contraposição entre a “troca” colonizado-colonizador, colocas do lado do colonizado “da corrupção dos dirigentes africanos” e do lado do colonizador “com empresários franceses e a realpolitik”.

      A estrutura da frase é de uma clareza infernal da manipulação das palavras e papéis, de um lado se tem “corruptos dirigentes africanos” e do outro não temos, o que seria justo e correto “corruptores empresários franceses”. Quando se vive num país como o Brasil, onde a manipulação da imprensa é feita linha a linha tem que se dar conta dos detalhes, pois como diz o ditado “o diabo mora nos detalhes”, logo fica bem claro que a assimetria no tratamento dos africanos (corruptos) e dos franceses (empresários) esconde não só uma assimetria mas também uma imensa MENTIRA. Vejamos qual é a mentira, os governantes (corruptos) africanos se revezam regularmente através de eleições, golpes internos, intervenções de nações estrangeiras ou mesmo assassinatos, PORÉM os elegantes “empresários” franceses são sempre os mesmos!!! Não há golpe, não há eleição nem muito menos assassinato, só há uma constância na ação destes elegantes senhores, O ATO DE CORROMPER QUE ESTÁ NO PODER.

      Ora, ora, achei a outra frase um verdadeiro primor de retórica neocolonialista sobre a defesa de tropas francesas na África:

      “Assim como o senhor sabe que as “forças de ocupação francesas” na Africa ficam nas bases e so saem em intervenções avalizadas pela ONU ou em resposta ao pedido de um pais como no Mali ou da Republica Centro-Africana.”

      Se as forças militares francesas não são forças de ocupação, por que elas estão ocupando o espaço físico dos países africanos? Se elas agem após pedidos da ONU, ou dos mesmos políticos e governantes africanos, que anteriormente foram definidos como “corruptos ligados a empresários franceses”, por que elas tem que estar na África? Não seria mais fácil com toda a facilidade de deslocamento de tropas, partir da França continental e ir “ajudar” as “democracias” africanas.

      As respostas destas duas perguntas simples postas anteriormente pode que se resumir numa só palavra: INTIMIDAÇÃO. As tropas neocoloniais francesas estão colocadas em solo africano não por motivos militares estratégicos, pois se fossem meras tropas que entrassem em ação quando solicitadas, uma brigada francesa (entre 7000 a 8000 homens) poderia rapidamente deslocar 2000 homens em qualquer momento para qualquer país africano em questão de no máximo 12 horas. Porém sem a presença das tropas francesas talvez algum governante africano “corrupto ou não” poderia cair em tentação em não chamar as tropas francesas!

      A política francesa na África até certo ponto como definiu um aluno meu de um país não francofone, é mais agressiva do que a inglesa, pois além de querer retirar lucro na ocupação neocolonial ainda tenta impingir falsos valores franceses de “Liberté, égalité, fraternité” que na realidade só valem para a França continental! Ou seja, entre o pragmatismo e truculência anglo-saxã e a gentileza e truculência francesa os africanos gostam mais de nenhum dos dois!

      Gostaria de ver a gentileza e presteza da “Armée française” se num futuro próximo algum país africano assinar um acordo de cooperação com a China e esta enviar um pequeno grupo de 50.000 ou mesmo 100.000 soldados para garantir a segurança institucional no país.

      Só para não deixar o fechamento da discussão sem crítica, não me considero “tier-mondiste”, pois para se considerar como tal precisa-se admitir a existência de um “tiers-monde” e além da definição que se encontra na Encyclopédie Larrouse de tiers-monde, “ensemble des pays qui sont exclus de la richesse économique répartie entre les nations”, há nesta definição uma conotação que tenta eternizar a exploração e o saque das riquezas desses países que não pertencem a OCDE.

      E fechando, a acusação de juntar-me a qualquer membro da direita, é um belo “Argumentum ad hominem”, que deve ser utilizado em discussões de botequim (ou de bistrô, numa liberdade poética de tradução) e não em discussões em que se pode refletir sobre o que está escrito.

      1. O senhor disse
        “… é

        O senhor disse

        “… é reconhecido implicitamente (grifo meu) o papel neocolonial da França na África, e exatamente a tua própria citação de uma forma explícita aceita o neocolonialismo e pior, num ato falho, a sua visão eurocêntrica da política francesa…”

        Tendo citado antes

        Le terme « Françafrique » est utilisé régulièrement pour dénoncer la politique étrangère de la France en Afrique, que les faits soient avérés ou non (Grifo meu): soutien supposé apporté aux Hutus responsables du génocide Tutsis au Rwanda en 1994 ; affaire Elf ; interventions militaires dans les pays en crise (Côte d’Ivoire, Mali, Centrafrique), etc.”

        Ou seja a sua utilização de Françafrique é um slogan. Uma pena ja que o senhor tem os meios de se informar. 

        Igualmente uma pena o senhor tomar a comparação da sua conclusão com a de Eric Zemmour como um ataque pessoal. Afinal as duas conclusões se diferenciam bem pouco e desde então eu tenho tentado mostrar onde esta o erro que leva a esta conclusão, mas o senhor prefere tomar por ataques pessoais e me insultar denunciando ainda o meu comentario como uma falacia pelo simples fato de mostrar a concordância entre o senhor e Zemmour.
         

        O senhor comete ainda o mesmo deslize que valeu a Michel Onfray de ser citado por Daech e que o aproximam tanto da extrema-direita neste momento ” On ne va pas faire la loi chez les musulmans. Les musulmans sont chez eux. Dans ces cas là, pourquoi on ne va pas faire la loi en Israël… Il faut arrêter de faire la politique coloniale qui est la nôtre, sous prétexte que ce serait les droits de l’Homme qui nous animerait !”. Com boas intenções, sem duvida: Respeitemos as decisões dos outros povos mesmo se eles decidem de fazer um genocidio”. Os senhores supõem que Daech respeita os desejos do seu povo.

        P.S.: Que horror ser comparado a um filosofo de esquerda como Michel Onfray!!!!!!

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