Jornal GGN – Fato que passou sem maiores comentários na imprensa nacional diz respeito à migração do ex-deputado federal Carlos Manato (PSL-ES) da Casa Civil para o Ministério da Educação. A imprensa capixaba também foi ligeira no assunto, uma vez que apenas destacou que, “de acordo com o Manato, a mudança ocorreu a partir de um convite do ministro da pasta, Abraham Weintraub” [1]. Até aqui, nada de muito estranho no atual governo Bolsonaro.
Entretanto, em 2018, o então deputado federal Manato (PSL-ES) disputou o governo do Estado do Espírito Santo. Naquele tempo, houve pelo menos uma matéria de circulação nacional informando que o deputado tinha ligações históricas com a Scuderie Le Cocq, uma milícia capixaba conhecida como esquadrão da morte [2]. O registro de filiação de Manato na Le Cocq era o número 687. Conforme constou na matéria: “A Scuderie teve sua extinção confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio/ES) no final de 2005. Para a Justiça, a entidade abrigou e protegeu, por vários anos, pessoas acusadas de pistolagem, tráfico de drogas e roubos a bancos. A Le Cocq foi apontada, entre os anos 80 e parte de 2000, como o braço armado do crime organizado capixaba”.
Ainda de acordo com a matéria citada, “quando entrou para a Scuderie Le Cocq em 1992, Manato era médico do Hospital Evangélico. Ele, ao preencher a ficha de filiação, colocou a esposa e a filha como dependentes. Manato teve três padrinhos para entrar na Le Cocq: dois delegados de Polícia e um investigador. Todos já estão aposentados”. Manato entrou na vida política em 1994, pelo PSDB. A carreira política de Manato deslanchou.
Em nota, a assessoria do deputado Manato alegou então que: “Em 1991, Carlos Manato, na época médico, concluiu o curso da Escola Superior de Guerra (ESG), vindo a integrar a Associação dos Diplomados na Escola Superior de Guerra (ADESG). Durante o curso, alguns amigos policiais o convidaram para também fazer parte da Le Cocq, que, segundo eles, seguia as mesmas linhas da ESG”.
Manato não é o único ex-deputado federal capixaba com vínculos de proximidade com a Scuderie Le Cocq. O ex-deputado federal Lelo Coimbra (MDB-ES), amigo e aliado histórico do ex-governador Paulo Hartung (ex-MDB), é o atual secretário especial de Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania [3]. Lelo Coimbra, a partir do seu falecido irmão José Coimbra (PSDB-ES), tinha ligações de muita proximidade com essa milícia capixaba [4]. O misterioso assassinato do juiz Alexandre Martins Filho é um episódio obscuro da história recente capixaba. No dia 3 de abril de 2007, o site Congresso em Foco publicou que a então deputada federal Iriny Lopes (PT-ES) “pediria, pela terceira vez, a federalização do caso da morte do juiz Alexandre. Em duas oportunidades, ela levou, sem êxito, a mesma solicitação ao então procurador-geral da República, Cláudio Fontelles”. Ela não logrou êxito. Fato é que o crime organizado tem um histórico de ligações próximas com a política capixaba [5].
Em matéria publicada no GGN, em 07/12/2017, revelaram-se relações delicadas entre vários atores envolvidos nas questões citadas [6]. Mostrou-se então o quebra-cabeça capaz de jogar luz sobre quais seriam os reais interessados e responsáveis pela morte de Alexandre Martins Filho, em março de 2003, juiz de 32 anos que investigava o crime organizado no Espírito Santo. Para os interessados no assunto, recomendamos a leitura dessa matéria.
Fontes:
[1] http://tribunaonline.com.br/manato-deixa-a-casa-civil-e-vai-para-o-ministerio-da-educacao
[4] https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/as-conclusoes-da-policia-2/
[5] http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/lsquo_a_gazeta_rsquo_um_grampo_esquecido/
[6] https://jornalggn.com.br/justica/quem-foi-o-ex-procurador-de-confianca-de-hartung/
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Faltou nesta matéria, dizer que Carlos Mannato é um dos principais líderes evangélicos do Espírito Santo.