Empreiteira da Lava Jato admite vínculo entre contratos com Alckmin e doações a tucanos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Lista apreendida na sede da Queiroz Galvão mostra cálculo de repasse ao PSDB nacional em cima dos rendimentos do VLT da Baixada Santista 

Jornal GGN – A informação de que a Operação Lava Jato não se limita a negócios entre grandes empreiteiras e a Petrobras começa a render frutos e a respingar em outros partidos políticos além de PT, PMDB e PP – recorrentemente citados em reportagens sobre o caso. No final de novembro, a CartaCapital já havia mostrado que o doleiro Alberto Youssef intermediou contratos para as empresas envolvidas no escândalo e administrações do PSDB, como em Minas Gerais e São Paulo.

Neste domingo (14), a Folha aponta que a Queiroz Galvão encampou obras públicas junto ao governo paulista – capitaneado por Geraldo Alckmin (PSDB) – e admitiu que parte do dinheiro recebido retornava aos cofres do partido em forma de doações oficiais.

Segundo o jornal, a Polícia Federal apreendeu, em novembro passado, planilhas na sede da empreiteira Queiroz Galvão, em São Paulo, durante a sétima fase da Operação Lava Jato. Os documentos mostram que a empresa associa valores recebidos pelas obras a doações eleitorais para partidos e candidatos.

A Folha destacou que o PSDB não é o único beneficiado, colocando na roda a campanha de Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo este ano, assim como a do adversário Paulo Skaf (PMDB). A campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) também foi citada como destinatária de doações oficiais da Queiroz Galvão, além de José Serra (PSDB).

No entanto, a empresa admitiu que no caso do governo tucano em São Paulo, havia um cálculo sobre o valor recebido por determinada obra que deveria chegar às campanhas eleitorais. O exemplo publicado pela Folha foi o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) da Baixada Santista. 

“Após descontos, o valor [lucro da empresa com a obra] chegava a ‘117.500’, possivelmente R$ 117,5 milhões, sobre o qual incidia o cálculo de ‘1,5%’ vezes ‘66%’, resultando numa doação de R$ 1,16 milhão. Esse valor constituía uma ‘ProfPart’, que a Queiroz Galvão reconheceu ser uma ‘Provisão Financeira para o PSDB'”, publicou a Folha. “Assim, segundo o cálculo, dois terços do valor destinado a doações (1,5% do recebido líquido [pelo VLT]) foi para o PSDB”, completou.

Há outros valores associados a outras obras realizadas em São Paulo, como o CSS (Contorno de São Sebastião) e CEML (Consórcio Monotrilho Leste), realizados pelo governo de São Paulo, e a ETGUA, uma referência à Estação de Tratamento de Água de Guarulhos, na Grande São Paulo, esta executada pela Prefeitura de Guarulhos.

A Queiroz Galvão informou que os números “não necessariamente se converteram em doações” e que todas as doações realizadas “atenderam, estritamente, aos limites permitidos pela Lei”.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a empreiteira doou R$ 3,7 milhões ao diretório nacional do PSDB este ano. Outros R$ 3,5 milhões foram destinado à campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Procurado, Alckmin não se manifestou sobre o assunto. A Prefeitura de Guarulhos também não comentou a notícia.

Segundo o Brasil 247, o PSDB emitiu uma nota na qual afirma que não há “qualquer relação entre doações, todas elas contabilizadas e declaradas, e contratos públicos”. “O que existe é uma ginástica de blogs sujos pagos pelo governo federal para tirar o foco das investigações que desnudam a gestão petista na Petrobras”, diz o texto. “Investigação séria envolve delações premiadas e provas efetivas de corrupção – não o jornalismo de planilha.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Somente Lobão e as meninas do

    Somente Lobão e as meninas do Jô é que acreditam na versão do PSDB, de que a culpa pelas propinas aos tucanos é dos blogs sujos. Ou seja, dinheiro superfaturado das empreiteiras que vai para os tucanos é limpinho e cheiroso, enquanto dinheiro também de superfaturamento que vai para o PT é mar de lama. Ah, tá bom, viu tucanos e sua mídia golpista. Vamos todos acreditar nisso daqui pra frente.

  2. “PSDB emitiu uma nota na qual

    “PSDB emitiu uma nota na qual afirma que não há “qualquer relação entre doações, todas elas contabilizadas e declaradas, e contratos públicos”. “O que existe é uma ginástica de blogs sujos pagos pelo governo federal para tirar o foco das investigações que desnudam a gestão petista na Petrobras””:

    Eh, a culpa eh do PT, tucanada.

  3. Que todos sempre roubaram,

    Que todos sempre roubaram, não é  novidade. Mas, o   lulismopertisnmo, como dizia Golbery,  transformaria isso em questão de orgulho nacional, parte da cultura dos brasileiros, obrigatório ser corrupto,  e, portantlo, legalizar.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador