Palácio Bandeirantes gasta 13,4% mais água

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A situação da água na região Sudeste está desesperadora. No estado de São Paulo está terrível. Na região metropolitana de São Paulo causa pânico. Na cidade de São Paulo é como a visão do apocalipse anunciado. Isso para a população. Para Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo, a situação é bem mais cômoda.

Apesar da filha do governador anunciar em coluna social que agora só lava os cabelos dia sim dia não, alguém na comitiva do governador anda lavando os cabelos de 3 em 3 horas já que a conta de água do Palácio dos Bandeirantes aumentou 13,4% em relação ao mês anterior – embora tenha caído em relação a 9aneiro do ano passado. Pelas regras em vigor, no entanto, o Palácio estaria sujeito a uma multa de 20%.

O levantamento foi feito por Luís Adorno, do Rede TV!. Leia a matéria a seguir e, no final do texto, a nota do Palácio dos Bandeirantes dizendo que o repórter entendeu tudo errado.

Os grandes jornais paulistas denunciaram aumento de gastos de água na Câmara Municipal e em prédios da prefeitura, mas nada deram sobre os gastos do Palácio Bandeirantes  

do Rede TV! Notícias

Conta de água do Palácio dos Bandeirantes sobe 13,4%

Gasto da Secretaria Estadual da Casa Civil, que inclui o Palácio, passou de R$ 19,4 mil para R$ 22 mil. Governo diz que é preciso levar em conta mês das férias

Por Luís Adorno/RedeTV!

Consulta feita no site da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de SP) mostra que a Secretaria Estadual da Casa Civil – que inclui o Palácio dos Bandeirantes, onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) mora com a família – não reduziu o consumo de água, apesar da crise de abastecimento. O valor passou de R$ 19,4 mil para R$ 22 mil, nos meses de referência de fevereiro e março deste ano. Ou seja, houve um aumento de 13,4% no consumo.

A Sabesp afirmou que não vai se manifestar sobre o assunto. Procurada, a assessoria do governo diz que a conta de fevereiro é referente a dezembro de 2014 e a de março, referente a janeiro de 2015. Após a veiculação da reportagem, a assessoria de imprensa do governo estadual criticou o recorte feito pela reportagem do portal da RedeTV!. 

“A reportagem “Conta de água do Palácio dos Bandeirantes sobe 13,4%” erra ao reproduzir a comparação equivocada sobre o consumo de água no Palácio dos Bandeirantes”, afirma em comunicado oficial. Segundo a posição do governo, se um período maior de tempo for analisado com os valores da conta de água do local, será detectada redução de consumo (ver nota na íntegra ao final do texto).

O governo estadual anunciou em dezembro de 2014 uma multa, valendo a partir de 1º de janeiro deste ano, para quem aumentasse o consumo de água. Em uma coletiva de imprensa, Alckmin explicou que o aumento seria da seguinte maneira: quem consumisse até 20% a mais, pagaria 20% a mais, e quem gastasse mais do que 20% teria um aumento na conta de 50%. O percentual seria calculado com base na média de fevereiro de 2013 até janeiro de 2014.

Enquanto isso, o governador tucano continua negando, desde o ano passado, que haja racionamento de água em São Paulo. Nas eleições de 2014, quando Geraldo Alckmin foi reeleito no primeiro turno, com 57% dos votos, ele passou toda a campanha afirmando que não havia e que nem existia a possibilidade de ter racionamento de água no Estado.

No dia 14 de janeiro deste ano, porém, Alckmin assumiu pela primeira vez a falta de água nas casas e comércios de São Paulo. Entretanto, de maneira estratégica. “O racionamento já existe. Quando a ANA (Agência Nacional de Água) determina que você tem que reduzir de 33 para 17 [metros cúbicos por segundo] no Cantareira, é óbvio que você já está em restrição”, afirmou na saída de um evento.

Um dia antes da afirmação, no dia 13 de janeiro, a Justiça havia proibido a multa por aumento no consumo de água que o governo impôs. A justificativa era de que, para a multa existir, seria necessário assumir o racionamento de água. No dia 15 de janeiro, após Alckmin ter dito que “o racionamento já existe” à imprensa e a Justiça ter suspendido a proibição da multa por causa da declaração, ele voltou atrás e afirmou que foi “mal compreendido”.

Apesar das negativas oficiais do Estado, o diretor da Sabesp Paulo Massato chegou a afirmar, em 27 de janeiro, que São Paulo pode passar por um “racionamento drástico”, em que, se não chover, deve ser adotado um rodízio de cinco dias sem água e dois com abastecimento.

Confira a consulta feita no site da Sabesp:

Confira a nota do Governo de São Paulo na íntegra:

“A reportagem “Conta de água do Palácio dos Bandeirantes sobe 13,4%” erra ao reproduzir a comparação equivocada sobre o consumo de água no Palácio dos Bandeirantes. A reportagem despreza um dos mais basilares princípios da análise estatística que diz que as comparações devem ser feitas de forma sazonal, ou seja, um período deve ser comparado sempre com o mesmo período do ano anterior ou posterior.

Caso tivesse sido consultado antes da publicação, o Governo do Estado teria informado que a conta com vencimento em fevereiro/15 refere-se ao consumo de água no Palácio dos Bandeirantes no mês de dezembro e deveria ter sido comparada com o mesmo período do ano anterior (2013). Esta análise permitiria a reportagem identificar uma redução 35% no consumo de água entre os períodos. [A reportagem da RedeTV! entrou em contato com o Governo de São Paulo antes da publicação.]

A conta com vencimento em março/15 refere-se a janeiro do mesmo ano. Mês que teve um número maior de dias úteis em relação a dezembro e contou, já no primeiro dia do mês, com a cerimônia de posse do governador que levou cerca de 1.700 pessoas à sede do governo paulista. Se não tivesse se limitado a reproduzir um dado da internet, a reportagem teria constatado que o consumo em janeiro de 2015 foi 43% menor do que o registrado no mesmo mês de 2014.

A simples reprodução de uma análise feita na internet, além de desinformar os internautas, menospreza o esforço de toda a população na economia e do governo do Estado no enfrentamento da maior crise hídrica já registrada na região Sudeste.

O fato é que o Governo do Estado de São Paulo, pelo décimo mês consecutivo, conseguiu o bônus de 30% da Sabesp por reduzir o consumo de água. Em janeiro deste ano, o Palácio dos Bandeirantes registrou um consumo de 1.139m³, volume abaixo da meta estabelecida pela concessionária de 1.462m³.

Desde 2010, o Palácio dos Bandeirantes vem reduzindo fortemente seu consumo de água. A principal medida para a redução do consumo de água foi a implantação do PURA (Programa de Uso Racional da Água), que tem como principal meta o combate ao desperdício. Desde então, a redução no consumo de água no Palácio dos Bandeirantes superou a marca de 60%. Atualmente, a administração investe em campanhas educacionais, treinamento dos funcionários do restaurante, intensificação da caça aos vazamentos, ampliação da gestão por telemedição e troca de equipamentos que propiciem a maior economia de água. (válvulas, dispositivos limitadores, temporizadores, arejadores de saída d’água, substituição de boias e sensores de volume d’água, troca de tubulações e encanamentos antigos, construção de reservatórios para captação de águas fluviais, entre outras iniciativas)

Segue abaixo o histórico de consumo da sede do governo paulista nos últimos meses

Confira o histórico de consumo da sede do governo paulista nos últimos meses:

Janeiro/2015 – 1139 m³

Dezembro/2014 – 1049 m³

Novembro/2014 – 1231 m³

Outubro/2014 – 1354 m³

Setembro/2014 – 1329 m³

Agosto/2014 – 1245 m³

Julho/2014 – 1291 m³

Junho/2014 – 1441 m³

Maio/2014 – 1428 m³

Abril/2014 – 1306 m³

Março/2014 – 2051 m³

Fevereiro/2014 – 1800 m³

Veja o consumo nos meses utilizados para definir a meta do bônus

FEV/2013 – 1963 m³

MAR/2013 – 1837 m³

ABR/2013 – 1900 m³

MAI/2013 – 1759 m³

JUN/2013 – 1784 m³

JUL/2013 – 1768 m³

AGO/2013 – 1961 m³

SET/2013 – 1703 m³

OUT/2013 – 1834 m³

NOV/2013 – 1798 m³

DEZ/2013 – 1626 m³

JAN/2014 – 1986 m³”.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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    1. Estatística no racionamento dos outros é refresco.

      Não, a reportagem não errou.

      Mostrou de uma maneira muito didática como consumidores podem ser multados por aumento do consumo de água sendo que esse aumento foi provocado por variações estatísticas fora do controle do consumidor.

      Houve a cerimônia de posse do governador. Ela não podia ser adiada ou realizada sem consumo de água. No mínimo os banheiros do palácio deveriam estar funcionando. Essa é uma atenuante.

      Um cidadão comum recebeu a visita de um parente nesse período. Houve aumento do consumo. O cidadão comum deve ser penalizado, pois trata-se de um “gastão”.

      Aliás, a a fórmula usada para definir quando a multa deve ser aplicada é uma armadilha estatística que está sendo muito bem disfarçada. Fala-se em multa para quem aumentar o consumo.

      Ora, se a média é o ponto central entre variações aleatórias para mais e para menos e a partir de um momento ela passa a ser o limite máximo, a multa é para quem não diminuir o consumo e não para quem aumentá-lo.

      E aqui vem nova injustiça, ela penaliza mais o pequeno consumidor e pouco pesa para o grande consumidor.

      Não é dificíl reduzir o consumo do Palácio dos Bandeirantes ou do condomínio de alto padrão (5 piscinas) onde o governador tem apartamento. Basta um programa de racionalização do consumo no Palácio eliminado desperdícios (torneiras vazando, lavagem de escadarias, veículos e calçadas) e no condomínio basta interditar 3 das 5 piscinas.

      Mas para o cidadão comum, que já tem o seu consumo muito próximo do mínimo, impor a mesma cota é exigir um sacrifício maior.

      Interessante que a SABESP não domine conceitos estatísticos basilares tais como média e desvio padrão que poderiam ser utilizados para definir cotas de redução de consumo mais equinânimes entre pequenos e grandes consumidores.

  1. Sabe nada o GGN. Em breve

    Sabe nada o GGN. Em breve Geraldo Alckmin reabrirá, a um custo malúfico, aqueles poços perfurados pela PAULIPETRO que não verteram petróleo e sim água. Em alguns dias água a preço de petróleo com a cor semelhante ao mesmo estará chegando a casa de todos os paulistas. Ha, ha, ha…

  2. Mandei e-mail à Ombudsman da Folha

    O cargo mais decorativo que existe, Ombudsman da Folha. Mas como está lá eu mandei o e-mail. Perguntei até quando a Folha vai chamar o racionamento de “rodízio” de água. Disse que aquilo era aderir à versão oficial, encampar o Tucanês. E que quando a Folha fala da energia elétrica ela não deixa de usar “racionamento”…

  3. Guaianazes está desesperador!

    Guaianazes está desesperador! gente hoje faz quatro dias que estamos com as caixas fazias!

    Hoje a creche da minha filha fechou as portas não pode ficar com as crianças por falta d água!

    As 8hrs da manha começou chegar agua da rua .para conseguirmos encher um balde de 5 litros está demorando cerca de 15 minutos,de tão fraca que agua está no registro.

    E ai tem imbecis que diz : não está faltando água nas torneiras! eu pago a conta para ter agua no meu chuveiro,na minha lavanderia,na minha pia….não um fio de agua no portão da minha casa.

  4. O prazo esgotou…

    Para instalar o sistema que coleta água das chuvas.

    Quem o fizer agora estará contando com a boa vontade de São Pedro.

    Este é o momento para pensar em mudar de cidade, existem várias em SP com abundância de água.

    Se fizerem as contas morar numa distância de 200 km da capital poderá ser boa medida.

     

  5. São os eleitores suicidas de

    São os eleitores suicidas de Alckaedamin os responsáveis por esse terror aquático. Prancheta, fique sabendo que quando morrer, cê vai pro inferno, não tem nenhuma virgem te esperando lá em cima não, viu?

  6.  
    Se multar a família do

     

    Se multar a família do alckmim opus dei pelo incremento no consumo de água em tempos de penúria hídrica. Será um tiro no pé do paulista. O povo tem que se dá conta que o dinheiro que o Alckmim e seus parentes utilizam, é o nosso. E sendo assim, ao final, sairá mais caro para própria população de São Paulo, pois, os recursos sairão de sua algibeira. Deixa o néscio da opus dei se afogar no consumo perdulário e despudorado.

    Orlando

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