Equipe de Paulo Guedes exige atestado de antecedentes criminais a jornalistas que participarão de coletiva em Fortaleza

Os jornalistas que se credenciaram para a coletiva foram obrigados a apresentar atestado de antecedentes criminais, exigência inédita e absurda que atenta contra a liberdade de imprensa.

Foto: Amanda Perobelli / Reuters

da Agência Saiba Mais

Equipe de Paulo Guedes exige atestado de antecedentes criminais a jornalistas que participarão de coletiva em Fortaleza

por Rafael Duarte

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgaram nota nesta segunda-feira (2) repudiando a exigência apresentada pelo Ministério da Economia para os jornalistas que participarão de coletiva com o ministro Paulo Guedes na próxima quinta-feira, em Fortaleza (CE).

Os jornalistas que se credenciaram para a coletiva foram obrigados a apresentar atestado de antecedentes criminais, exigência inédita e absurda que atenta contra a liberdade de imprensa.

A seguir a nota na íntegra das duas entidades:

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiam com veemência a exigência colocada pelo Ministério da Economia, chefiado pelo economista Paulo Guedes, de que jornalistas apresentem “atestado de antecedentes criminais” para poderem obter credencial para a cobertura da agenda do ministro em Fortaleza.

Uma obrigatoriedade completamente inédita e absurda. Como reportou nesta tarde o jornal O Povo, uma cobrança “nunca antes apresentada para o acompanhamento de autoridades durante suas passagens pelo Ceará”. Nem presidentes demandaram tal questão.

Para o Sindjorce e a FENAJ, a medida do Ministério faz parte da cruzada liderada por Bolsonaro contra a imprensa, sobretudo contra os veículos e os profissionais que comentem o “pecado” de fazer jornalismo em tempos de autoritarismo, de disseminação do ódio e de destruição de direitos sociais e trabalhistas.

Mas a grande verdade é que se fosse atendido este critério de antecedentes, muitos integrantes do Governo Bolsonaro não poderiam nem estar em seus cargos. É o caso do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, condenado por improbidade administrativa, e pode ser o caso de Guedes, que é, segundo reportagem d’O Globo (https://glo.bo/2kefODE), suspeito de cometer crimes de gestão fraudulenta e temerária à frente de fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013.

O fato é que os atuais representantes do Governo Federal, eleitos em meio uma onda de desinformação e da mentira, mais uma vez criam empecilhos para o trabalho de jornalistas. O tratamento dado aos jornalistas desde a posse de Jair Bolsoanro só é comparável ao praticado em ditaduras, autocracias e outros regimes e formas de governos autoritários ou fascistas.

Enquanto sociedade civil organizada, representações de classe e lideranças populares, não podemos nos calar diante de todos esses atos imperiosos.

Seguimos atentos em defesa da democracia e de uma imprensa livre, crítica, plural e voltada ao interesse público.

OBSERVAÇÃO GGN

NOTA DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA COLETIVA DE GUEDES

Nota de Esclarecimento
A AD2M Engenharia de Comunicação, empresa contratada para conduzir as relações com a imprensa para a palestra “A Nova Economia do Brasil”, a ser realizada em Fortaleza com o Ministro da Economia Paulo Guedes, vem por meio desta esclarecer o mal-entendido a respeito do acesso aos profissionais jornalistas para o evento.

A agência pede desculpas aos profissionais de imprensa e às entidades representativas da categoria pelo equívoco da inclusão da solicitação de antecedentes criminais para a cobertura do referido evento.

Em momento algum houve orientação por parte do Ministério ou das empresas promotoras para tal procedimento. Por um erro interno da agência, replicamos inadvertidamente um documento utilizado pela empresa organizadora para a contratação de profissionais que estarão a serviço do evento, mas totalmente dispensável no caso da Imprensa.

Reforçamos nossos sinceros pedidos de desculpas pelo equívoco.

Cordialmente,

A Diretoria – AD2M Engenharia de Comunicação

 

Redação

9 Comentários

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  1. A pergunta que deveria ser feita é: por que cargas d´água submeter profissionais de imprensa a uma palhaçada dessas. Esse ministro não tem nada a dizer sobre o Brasil de ontem, de hoje, de amanhã. A melhor atitude dos jornais seria dispensarem essa pauta e mandarem seus jornalistas entrevistarem os reitores e professores universitários sobre o fim do pesquisador científico no Brasil, que começa com o fim das bolsas de mestrado e doutorado no exterior. Um mecanismo simples que fez a China e a Coreia do Sul se transformarem em grande potências científicas e econômicas.

  2. A banca optou por escolher um perfeito louco varrido para cumprir a sua agenda imunda.
    Esperar algo de útil, algum rasgo de inteligência por parte deste idiota é o mesmo que desejar oito meses de verão no Alasca.
    Na verdade, esta exigência espetaculosa pode ser um meio para evitar entrevistas que digam respeito à péssima situação econômica que o país enfrenta, já são meses de economia encolhendo sem que exista perspectiva de melhora, e agora começou a devastação dos 400 bilhões de dólares em reservas acumuladas pela guerrilheira.
    Alguém, quem sabe o bolsonaro, deveria lembrar ao ministro muy amigo da Previdência que taxa elevada de desemprego significa menos $$$ girando, logo, menor arrecadação de impostos, etc…, deveria lembrar ao ministro que a grana mensal proveniente de aplicação em SELIC não ajuda em nada, só tem por finalidade o acúmulo de grana por parte da banca e mais nada, pois o $$$ não gira.
    O raciocínio me parece bastante elementar, mas devo estar completamente equivocado.

  3. Olhando a composição, as relações e os apoios do atual governo, pelo visto só serão habilitados quem possuir alguma anotação criminal.
    Só os parças!

  4. peraí, …. o entrevistado também precisou tirar o atestado de antecedentes, … não sei não, … acho que quebraram o galho dele, … tem um monte de processos…

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