EUA e UE discordam na abordagem à crise da Ucrânia

Jornal GGN – A discussão sobre o fornecimento de armas para a Ucrânia está causando uma divisão entre os Estados Unidos e a União Europeia. O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse na Conferência de Segurança da ONU que “fornecer armas [para Kiev] é não apenas arriscado, como também contraprodutivo”.

Enviado por Alfeu

Crise da Ucrânia expõe divisão no Ocidente

Da Deutsche Welle

Conferência sobre Segurança em Munique revela que discussão sobre fornecimento de armas para Kiev vem colocando UE e EUA em lados opostos. Enquanto europeus ressaltam riscos, americanos consideram possibilidade.

A mensagem conjunta que os mais altos representantes da diplomacia da Alemanha, da França e dos Estados Unidos tentaram passar durante a Conferência sobre Segurança, em Munique, foi bem clara. No que diz respeito à crise na Ucrânia, Washington, Berlim e Paris caminham juntos.

Os ministros do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e da França, Laurent Fabius, voltaram a explicar a racionalidade por trás de seus esforços na busca de uma solução negociada para o conflito na Ucrânia e reforçaram a posição contrária de seus países ao fornecimento de armas a Kiev. Nas palavras de Steinmeier, “fornecer armas é não apenas arriscado, como também contraprodutivo”

O secretário americano de Estado, John Kerry, reforçou repetidamente e com veemência não haver um racha entre EUA e Europa com relação ao fornecimento de armas à Ucrânia. “Deixem-me esclarecer a todos: não há divisão, não há racha”, afirmou Kerry. Em suas considerações, o secretário americano tentou evitar ao máximo a questão central que inquieta os líderes globais: afinal, a administração do presidente Barack Obama vai ou não fornecer armas ao governo ucraniano?

Dias atrás, o próprio Kerry afirmou que Obama iria decidir “em breve” sobre um eventual envio de armamento à Ucrânia. Em Munique, porém, ele minimizou a questão e disse apenas que “discussões” sobre o repasse às tropas ucranianas são “táticas, e não estratégicas”.

Tensões profundas

Esta visão, no entanto, é facilmente refutada pelo fato de que a missão Merkel-Hollande busca o fim do conflito por meio de uma negociação de paz. Além disso, ela também não é compartilhada pelo novo presidente do Comitê dos Serviços Armados do Senado americano, John McCain.

Minutos após o discurso de Kerry, McCain deixou claro que não considera o envio de armas à Ucrânia uma questão puramente tática. O senador republicano reiterou que o Ocidente precisa fornecer armas para que Kiev possa se defender e disse considerar Putin um agressor, cujo apetite não vai parar na Ucrânia.

Em seu discurso, desta vez, McCain usou palavras muito mais afáveis do que em um outro dois dias antes, quando fez duras críticas ao governo alemão, o qual acusou de “estupidez”.

Ainda assim, ficou bem claro para muitos que um protagonismo americano neste momento encontra a objeção da Alemanha, da França e, possivelmente, até mesmo do presidente dos EUA. E isso não é exatamente a imagem de uma unidade transatlântica.

“Há tensões muito, muito profundas”, disse Kristian Harpviken, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Paz em Oslo, em entrevista à DW. “Temos sentido essas tensões nos últimos anos. Mas a questão é, no caso de os Estados Unidos optarem por um apoio militar direto, se isso irá aprofundar ainda mais essas tensões ou não.”

Se as tensões transatlânticas serão administradas e contidas, ou se elas acabarão levando a uma aberta discordância sobre o curso das ações com relação à Rússia e a Ucrânia, porém, vai depender de duas coisas. Primeiro, do progresso e do resultado da missão Merkel-Hollande. E segundo, da decisão da Casa Branca sobre o envio de armas. E ambos os pontos estão interligados.

“Obama está sob uma incrível pressão para fornecer armas à Ucrânia”, acredita Fiona Hill, diretora do Centro para os Estados Unidos e Europa da Brookings Institutions, em Washington. “Mas até agora, ele não cedeu”, ressaltou, em entrevista à DW. Ainda é incerto, porém, quanto tempo mais ele irá resistir – ou mesmo se ele quer continuar resistindo.

Para Hill, esta é uma situação “extremamente perigosa”. Muitos em Washington querem ação imediata e não entendem a posição da chanceler federal alemã, Angela Merkel. O que faltou, acreditam, foi uma maior estratégia por trás dos pedidos para envio de armas à Ucrânia.

Grande risco

A divisão entre americanos que concordam com o fornecimento de armamentos a Kiev e europeus que se opõem a essa ação acaba levando a um questionamento: será que os parceiros transatlânticos estão mesmo preparados para a aposta de alto risco que a entrega de armas representa? Os europeus não estão. Os americanos republicanos, sim. A administração Obama – como de costume – ainda resiste.

“Se os Estados Unidos decidirem intervir na Ucrânia, isso fará com que as coisas melhorem ou piorem por lá? Essa é a grande questão”, resumiu Sunjoy Joshi, diretor da Observer Research Foundation (ORF), baseada em Déli, questionado pela DW.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Porkoshenko, Merdel e Bidê…

    …que foto sinistra!

    Dar armas para a nazigang do Porkoshenko e Yats and the rats apenas servirá para aumentar o envolvimento russo. Após os abates de helicópteros e aviões ucranianos os combates limitam-se aos confrontos terrestres, com a entrega de armas modernas aos batalhões SS a Rússia fará o mesmo para com as milícias, e pode ir além utilizando armas sofisticadas como mísseis de cruzeiro.

    Dar armas aos ucranianos para enfrentarem os separatistas servirá apenas para aumentar a destruição e os mortos, e o Obomba posar de líder militar.

    O Putin, devido à situação existente, jamais sairá com o rabo entre as pernas. Corremos o risco de uma guerra aberta, com a chegada das forças russas ao Dnieper. No máximo em dias.

  2. Decisão Unilateral?

    O mais impressionante é a admissão pelos analistas internacionais, assim, de forma natural, de que os Estados Unidos “vão decidir” se enviam armas à gangue fascista e neonazista de Kiev! Como se fosse simples invadir o quintal de Putin e dar início a uma guerra que trará consequências gravíssimas para a Europa e o mundo, sem consultar ninguém, para satisfazer, no fundo, o apetite de empresas como a Hulliburton e a irresponsabilidade conivente de republicanos do mundo das finanças!

  3. É natural que a Alemanha não

    É natural que a Alemanha não queira apoiar nazistas ucranianos contra a Rússia, quer porque isto pode fortalecer os nazistas alemães criando instabilidade política interna, quer porque pode prejudicar o comércio bilateral entre a Alemanha e a Rússia (um fator de estabilidade regional que interessa àqueles dois ex-inimigos que lutaram duas guerras mundiais). A crise na Ucrânia provavelmente foi criada pelos EUA para destruir o corredor energético/industrial/comercial Alemanha-Rússia-China. Até o presente momento os gringos não conseguiram seu intento e provavelmente terão que amargar mais esta derrota diplomática que poderia se transformar numa catástrofe militar. A balança do poder mundial já se deslocou dos EUA para outras terras e os gringos, sempre tão arrogantes, não perceberam que o século XXI não é e não será deles como o século XX.

  4. Nao esquecer  o caso do aviao

    Nao esquecer  o caso do aviao MH-17  ( Malaysia Airlines  sobre territorio da Ucrania).

    Os paladinos  dos direitos humanos  nos primeiros dias do  derrubamento do aviao com 298

    passageiros falaram que foram os  federalistas da Ucrania ou os russos. Dos dias de

    manchetes depois o mutismo. Os expertos holandeses, da OSCE, malasios, nao falam nada.

    Os federalistas  da Ucrania podem demostrar que foi um misil de um aviao do Governo do Kiev

    mas ninguem quer ouvir esta constantaçao.  Para os “civilizados” , os paladinos dos direitos humanos o que

    vale é o “dos pesos e duas medidas”. A economia mundial va estourar ja, o sistema e o imperialismo 

    quem dirige precisa de guerras para evitar o “end-bang”.

  5. Nao esquecer  o caso do aviao

    Nao esquecer  o caso do aviao MH-17  ( Malaysia Airlines  sobre territorio da Ucrania).

    Os paladinos  dos direitos humanos  nos primeiros dias do  derrubamento do aviao com 298

    passageiros falaram que foram os  federalistas da Ucrania ou os russos. Dos dias de

    manchetes depois o mutismo. Os expertos holandeses, da OSCE, malasios, nao falam nada.

    Os federalistas  da Ucrania podem demostrar que foi um misil de um aviao do Governo do Kiev

    mas ninguem quer ouvir esta constantaçao.  Para os “civilizados” , os paladinos dos direitos humanos o que

    vale é o “dos pesos e duas medidas”. A economia mundial va estourar ja, o sistema e o imperialismo 

    quem dirige precisa de guerras para evitar o “end-bang”.

  6. a geopolítica é um assunto

    a geopolítica é um assunto interessante pórque é preciso pegar todos

    os ângulos da questão e os interesses em jogo para perceber a atitude de cada jogador.

    alemanha, frança estão com os eua,mas não podem se

    confrontar com a rússia porque precisam,parece, do gás russo…

    do comércio com a rússia, etc….

    e aí pode voltar -se já não voltou – o velho esquema da guerra fria liderada pelos eua..

    o maniqueísmo e o fundamentalismo já existem.

    o perigo é ampliar essa guerra com armas nucleares.

    esse deve ser o maior  receio de ambos os lados e da humanidade…

  7. Como ……………………

    Como estão perdendo terreno na politica internacional, irão jogar todas as cartas para deflagarem possivelmente outra guerra mundial.

    Os Brincs, se fortalencendo, dentre eles principalmente a Russia e a China que já começam a praticar comercio utilizando suas moedas e defenestrando o dolar, é um perigo para a Águia, que ferida, irá fazer de tudo para impedir que este mecanismo se alastre!

  8. Tucanês

       Será que alguma boa alma, poderia definir para mim, o que são: “armas defensivas letais ” ( defensive lethal weapons ) , que a Ucrania solicitou aos Estados Unidos ?

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