Execução de Marielle chega à ONU, por Marcelo Auler

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Execução de Marielle chega à ONU

por Marcelo Auler

em seu blog

Nesta terça-feira (20/03), em Genebra (Suíça), os representantes diplomáticos de todas as nações com assento na 37ª Seção do Conselho de Direitos Humanos da ONU, tomarão conhecimento das denúncias relacionadas à execução da vereadora carioca, Marielle Franco.

Estarão em um documento endossado por mais de 60 ONGs e entidades defensoras dos Direitos Humanos, de diversas nacionalidades. Associarão o assassinato da vereadora e defensora dos Direitos Humanos, à intervenção militar promovida pelo governo brasileiro no Rio de Janeiro.

O crime é inserido em um contexto de perseguição existente no país aos defensores dos Direitos Humanos.

“O mandato parlamentar de Marielle centrou-se no racismo estrutural e na violência policial sofrida pelos pobres, negros e jovens nas favelas e no empoderamento de mulheres negras e da comunidade LGBTI”, diz o texto a ser lido ao meio dia, em Genebra, 08H00 em Brasília.

 

“Muitos que falam a verdade ao poder no Brasil enfrentam violência e estigmatização sem precedentes, já que o país está no topo das mortes dos defensores” (dos direitos humanos), ressalta o documento.

Paralelamente, nos bastidores da reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU uma carta denunciando a situação de risco de ativistas leigos em comunidades carentes brasileiras, incluindo a favela de Acari que Marielle também denunciou, circula entre alguns conselheiros.

A carta foi encaminhada ao Relator Especial da própria ONU sobre a situação de defensores e defensoras dos direitos humanos, Michel Forst.

Houve até uma tentativa de se levar à Genebra a jovem Buba Aguiar que, como o JORNAL DO BRASIL noticiou na edição de segunda-feira, viu-se obrigada, junto com outros 14 adolescentes, a deixar a região em que residem com medo de se tornarem a “bola da vez”.

Por falta de passaporte, Buba não pode ir à Genebra. O caso dela e de seus companheiros de Acari, porém, ainda não será tratado publicamente.

Na reunião desta terça-feira serão pedidas garantias à companheira de Marielle, assim como à sua assessora que estava no carro e conseguiu escapar dos mais de nove disparos que vitimaram a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes.

Para se evitar que diplomatas brasileiros tentassem interferir para evitar a leitura das denúncias contra o Brasil por conta do assassinato de Marielle, as entidades defensoras dos Direitos Humanos mantiveram o documento em sigilo. O documento, porém, foi adiantado em confiança ao JORNAL DO BRASIL.

Nele se denuncia também que o governo brasileiro vem cortando verbas destinadas aos programas de proteção aos defensores de direitos humanos, os quais, segundo a denúncia, se encontram “subfinanciados” e com valores “insuficientes”.

Havia, por parte dos representantes brasileiros junto ao Conselho de Direitos Humanos da ONU promessa de revisão destas verbas, com a ampliação dos programas de proteção às pessoas perseguidas. Mas foram apenas promessas, jamais cumpridas.

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. Com Supremo, com tudo.

    Por esses dias meu marido sobre a questão da violência, depois do assassinato de Marielle, disse (ele que sempre evita criticas ao Brasil) “mais o Brasil é um Pais surreal. Tem um presidente que não é presidente. Um judiciario que pensa que tem a missão de decidir quem pode ou não pode governar o Pais. As pessoas são sorridentes e ao mesmo tempo agressivas. A maioria do povo é mestiço e negro mas é aniquilado pela minoria que se pensa branca. Para quando uma revolução?” 

    Olhando o semblante de Chico Buarque durante a manifestação por Marielle, vi um sofrimento enorme naquele rosto. Fiquei pensando que Chico lutou tanto para que o Brasil saisse da ditadura, se assumisse enquanto Pais, se desenvolvesse e não abandonasse seus filhos à margem da civilização. Eis que com mais de 70 anos, la esta Chico Buarque caminhando numa manifestação pelas memas demandas de ha 50 anos.

    Não sei se teremos um dia nossa revolução. Mas começo achar que também vou morrer sem ver o Brasil construir uma verdadeira nação.

  2. Operação exigente e planejada. Pelotão numeroso.

    Para garantir que o veículo atirador pudesse emparelhar com o que conduzia o alvo justamente na seção do trânsito fora da cobertura de qualquer câmera, em dia e faixa horária definíveis pelo alvo, num lugar como o Rio de Janeiro, muita gente. Força local? Numa operação dedicada como essa seriam notados seus agentes, comprometeriam sem querer desde o planejamento.

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