Fiesp continua com a cabeça em 64, diz filho de Jango

 

Da Rede Brasil Atual

Para filho de Jango, Fiesp ‘continua com a cabeça em 1964’
 
João Vicente diz que as Forças Armadas estão alinhadas com a legalidade, enquanto entidade paulista e mídia tradicional não evoluíram. E identifica interesses “entreguistas” no pré-sal

“Vejo com tristeza que a Fiesp continua com a cabeça em 1964, quando conspirou contra a legalidade e financiou ações golpistas”, diz João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, em entrevista à Agência Sindical, publicada ontem (21). Ele se referia à Federação das Indústrias paulista, que decidiu apoiar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e tem sido ponto de apoio dos manifestantes antigoverno.

Na entrevista, João Vicente cita entidades criadas no pré-golpe, como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), que ajudaram a derrubar o governo Jango, produzindo peças de rádio e televisão contra as reformas de base e também combatendo o comunismo. E ressalta a postura atual das Forças Armadas, “alinhadas à legalidade, ao que estabelece nossa Constituição”.

Isso não ocorre com outros setores, acrescenta. “A mesma evolução não se vê na Fiesp ou na grande mídia, que fazem campanha pela derrubada do governo.”

Ele lembra que a figura do impeachment está prevista na Constituição, mas que existe um rito a ser seguido e que “não pode ser atropelado por algum juiz ou pelo Congresso Nacional”. Caso contrário, emenda, “fica claro que existe uma conspirata orquestrada”.

O filho de Jango, deposto em 1964 e morto no exílio em 1976, defende unidade para defender a democracia e a legalidade. “É preciso ter unidade no sindicalismo e agregar parcelas da sociedade. Não importa se a pessoa é conservadora, desde que defenda a ordem jurídica”, afirma, que elogia o senador Roberto Requião (PMDB-PR), mas critica o que chama de “ala golpista” da legenda. “Desde 1989, o maior partido do Brasil não lança candidato a presidente. Temer não tem voto. É diferente de Jango, que, quando vice pela primeira vez, foi mais votado que o próprio Juscelino.” Em 1955, quando se podia votar em presidente e vice de partidos diferentes, JK teve 36% dos votos e Jango, 44%.

João Vicente relaciona as tentativas de desestabilizar o governo Dilma à disputa pelo controle de um setor estratégico. “É um velho desejo de parte da elite nacional e dos entreguistas. Eles querem, de todo jeito, entregar nossas reservas do pré-sal.”

 

Redação

15 Comentários

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  1. Muito boa e oportuna a

    Muito boa e oportuna a manifestação do João Vicente.

    A propósito, indaga-se:

    Será que o IPES pode nos dar pistas de como funciona o “financiamento” de certos interesses aqui nos “Estados Unidos do Brasil”?

     

    Vai saber…

  2. Em 1964, pelo menos a FIESP

    Em 1964, pelo menos a FIESP era comandada por INDUSTRIAIS, hoje são apenas herdeiros-alugadores de galpões, como essa triste figura do Skaff, sócio do Cunha e do Paulinho da força. Mais um exemplo de a história se repetir, mas como farsa.

  3. FIESP é ponta de lança da plutocracia

    Os movimentos golpistas possuem vários operadores, entre os principais protagonistas, mesmo que não apareçam nos holofotes. A lista seria grande: os principais líderes do PSDB, com destaque para o conspirador-mór, José Serra, Gilmar Mendes, Eduardo Cunha e a banda podre que ele representa na Câmara dos Deputados, nomes de juízes, promotores e procuradores do Poder Judiciário, os principais veículos da mídia oligopolizada, com destaque para a Rede Globo, etc, etc, etc.

    Mas, em que pese isso, tenho a impressão de que os verdadeiros mentores do golpísmo hoje respondem pelo nome difuso de plutocracia. O chamado 1% querendo manter privilégios de qualquer forma, que têm fortes laços também com interesses estrangeiros em riquezas brasileiras (por exemplo, o pré-sal). Acho que aí reside o núcleo duro do golpe.

    E a FIESP é uma das pontas  de lança da plutocracia. Está, no meu entendimento, no centro nervoso do golpe, entre outras instituições que representam a plutocracia.  

  4. Fiesp vive dos impostos que os brasileiros pobres pagam

     

    .

    Usa sistema 4 S paga financiar o GOLPE .

    O tamanho do cérebro da burguesia paulista é menor que o de uma noz.

  5. A elite paulista só sabe

    A elite paulista só sabe olhar para o próprio unbigo, quando estava favorecida pela desoneração fiscal, estava tudo bom, estava tudo bem, esquece que o deficit vei também devido a desoneração…… Temer esta com as cartas na mão, Temer é o lacerda de Hoje, o golpista da vez.

  6. Talvez seja o capítulo mais

    Talvez seja o capítulo mais vergonhoso de toda esta tentativa de golpe que sacudiu o país, a participação do órgão de classe dos industriais paulistas na mais desabrida subversão, pedindo “menos impostos”, como se fossemos uma província espoliada do Império Romano. É tão insustentável esta história de menos impostos, que qualquer um, basta consultar um enxame de informações pelo Google, pode bem saber que nem de longe somos um país de muitos impostos. Isto leva a crer que até desejariam detonar o Google, porque ainda estão com a cabeça lá mesmo em 64, quando mesmo os militares já evoluíram para o século XXI. Isto também faz suspeitar que o que querem não é de modo algum menos impostos: O que verdadeiramente querem é, como eles mesmo dizem, “seu país de volta”, a volta de um estado perfeitamente patrimonialista, como sempre usufruíram ao longo dos séculos. Uma vergonha inaceitável, principalmente vinda de quem deveria ser o primeiro a zelar pelo respeito às instituições e à ordem democrática. Muito triste.

  7. Pesquisem

    Nassif: Gularzinho está errado.

    A FIESP não está com a cabeça em 64. A FIESP é 64, continuamente revivida. Pesquisem e vejam .

    Em 64 nasceu lá. Parto difícil, quase fórceps.

    Criou-se lá. Infância e juventude transviadas, nos anos de chumbo.

    E lá vive, até hoje. Doidivana encantada, sonhando como retorno de Don Sebastião…

  8. ‘Isso é bobagem’, diz

    ‘Isso é bobagem’, diz ex-ministro de Jango sobre acusações de ‘golpismo’ contra Lava Jato

    Ingrid FagundezDa BBC Brasil em São Paulo12 março 2016BBC BrasilImage copyrightIngrid FagundezImage captionEx-ministro vê falta de lideranças no país

    Na reta final de seu governo, quando agitações políticas formavam terreno próspero para o golpe militar, o então presidente João Goulart chamou seu ex-ministro do Trabalho Almino Affonso para uma conversa.

    Segundo Almino, Jango se disse num impasse. Era preciso fazer as reformas propostas, porque os apoiadores cobravam, mas elas nunca passariam. A situação econômica piorava e o governo não tinha apoio no Congresso – a oposição batia cada vez mais forte.

    Dali a poucos meses, o então deputado foi um dos responsáveis por alertar o presidente sobre os generais que saíam de Minas Gerais. Jango foi derrubado e teve início a ditadura militar no Brasil.

    Hoje com 86 anos, o advogado amazonense familiarizado com as ameaças à democracia se diz angustiado com o momento político do país. Apesar de considerar “uma bobagem” a hipótese de que um golpe contra o governo esteja se desenrolando hoje, ele diz temer pelo futuro das instituições.

    Leia também: Fundador do PSDB diz que pedir prisão de Lula foi ‘exagero’ e critica oposição do ‘quanto pior melhor’

    “Alguns entreveriam algo contra o que está (no poder), contra o Lula, o meu medo é muito mais amplo”, afirma.

    “Temo que, com a crise política e econômica e a falta de lideranças que assumam como deveriam o desafio, o país mergulhe num impasse institucional.”

    Para Almino, que conviveu com figuras como Tancredo Neves e foi conselheiro de Lula, não há líderes políticos. Nem nos Estados (“não encontro um”), nem no Congresso, nem no governo (“Dilma é incapaz”). Até a figura de Lula, que diz admirar, tem sua grandeza “diluída” frente às acusações de corrupção.

    O ex-deputado fala de um vazio no poder. Mesmo favorável ao impeachment, “instituição prevista na Constituição”, se preocupa com a sucessão de Dilma e diz que era mais fácil diagnosticar os problemas às vésperas da ditadura militar.

    “O que me angustia é que você está em um país sem horizonte.”

    Leia abaixo trechos da entrevista.

    Leia também: Cinco anos de tsunami no Japão: a destruição vista por fotógrafo que fugiu das águasLeia também: ‘Vão caçar o que fazer’, diz promotor sobre confusão entre Hegel e EngelsImage copyrightUltima HoraImage captionPara Affonso, isolamento é característica comum entre Dilma e Jango

    BBC Brasil – Há um discurso recorrente, sobretudo entre apoiadores de Lula, que com as últimas etapas da Lava Jato está em curso um golpe na democracia. Você concorda?

    Almino Affonso – Isso é bobagem. A explicação que o Moro deu (sobre a condução coercitiva de Lula) me parece de uma validez total. Ele precisava ter o depoimento. Cabe a ele analisar se as hipóteses têm fundamento ou não. Não vejo nisso (um golpe).

    Para considerar um golpe eu seria obrigado a admitir que não há causas para esse quadro que está havendo. Se levanta a proposição do impeachment e não faltam temas que o justifiquem. O resto é a decisão dentro das instituições, no Senado.

    (O impeachment) se formaliza por figuras que respeito muito, mas cadê a base política delas? O (Hélio) Bicudo não tem peso político. O PSDB assumiu a proposição? Não. Ficou lá rolando na mão do Cunha. Como se dá o golpe dessa forma? Tem que ter meio, começo, fim.

    BBC Brasil – Você é a favor do impeachment?

    Almino Affonso – Em princípio, sou favorável. É difícil a pergunta. Tenho a impressão que o problema maior do impeachment é quem fica em seguida. Mas, se disser que sou contra, parece que concordo com isto (o governo). E o impeachment é um instituição prevista na Constituição, não significa nenhuma ruptura da ordem democrática.

    BBC Brasil – A crise política ameaça o sistema democrático de alguma forma?

    Almino Affonso – O que me angustia é que você está em um país sem horizonte. Suponha que venha a vencer o impeachment, assumiria o PDMB. Neste quadro dramático que estamos vivendo, imaginar o PDMB governando… não consigo ver.

    O PSDB hoje é uma fratura de ponta a ponta. As grandes figuras não se falam. Você tem Aécio e Serra, adversários fidagais. O presidente Fernando Henrique, que é a liderança nacional, não gosta de intervir. Como PSDB fará no poder?

    BBC Brasil – Há uma ausência de líderes políticos?

    Almino Affonso – É visível. Faça um exercício comigo. Precisamos lançar um candidato a presidente da República, que assuma esse país que está precisando de uma figura que respeite, em que se acredite. Corra os nomes dos governadores, me arranje um para ser nosso candidato. Não encontro! Quando volto ao passado, podia haver a divergência que houvesse, não faltavam quadros.

    BBC Brasil – Quais são os riscos?

    Almino Affonso – Não se sabe para onde vai. Havia um cidadão na velha Grécia, chamado Aristóteles, que dizia “não há lugar vazio, o vazio é ocupado”. Sou rigorosamente contrário a qualquer movimento golpista, parta de onde partir. Peço a Deus que não ocorra, mas temo… porque estamos entrando num período que me angustia.

    BBC Brasil – Mas você vê um movimento golpista?

    Almino Affonso – Não vejo, temo. É a frase do Aristóteles. Está se dando um vazio. A presidente não é presidente, a Câmara não é Câmara. Quase todos os Estados estão em pré-falência…

    BBC Brasil – Você refutou a possibilidade de um golpe em curso hoje.

    Almino Affonso: Alguns entreveriam algo contra o que está (no poder), contra o Lula, o meu medo é muito mais amplo. Meu medo é pelas instituições… excetuando o setor jurídico, que é uma coisa excepcional a meu modo de ver, o que há em torno do Moro.

    É uma coisa nova nesse país. O Supremo tem tido uma posição democrática excepcional.

    BBC Brasil – Fora as jurídicas, você teme pelas outras instituições?

    Almino Affonso – Sim. Mas de onde vem, como vem, não sei.

    Leia também: Fundador do PSDB diz que pedir prisão de Lula foi ‘exagero’ e critica oposição do ‘quanto pior melhor’Image copyright.Image caption’Espero do fundo da alma que não se repita o que eu vi em 1964′

    BBC Brasil – Era mais fácil em 1964 diagnosticar os problemas do que é hoje?

    Almino Affonso – A partir de um certo instante, diria que sim. Pela sucessão de fatos que foram nos cercando.

    Por exemplo, um dos problemas de caráter social que ganhou presença no debate político foi a reforma agrária. Para haver, era necessário ter uma reforma da Constituição.

    Apresentamos no governo uma emenda para que a forma de indenizar as pessoas que tivessem terras desapropriadas fosse um título da dívida pública. Foi derrotada com o apoio das principais lideranças do país.

    Os que eram favoráveis à reforma agrária passam a dizer “na lei ou na marra”. Ou seja, cria um clima de antagonismo em que o racional cede lugar ao “eu quero”. Está começando a acontecer isso entre nós. A divergência não tem muita delicadeza. Eu vi tudo isso lá trás.

    Temo que, com a crise política e econômica e a falta de lideranças, o país mergulhe num impasse institucional. Espero do fundo da alma que não se repita o que eu vi em 1964.

    BBC Brasil – Nossa democracia ainda é muito frágil?

    Almino Affonso – Muito. Não dá para você conceber um regime democrático sem partidos políticos. A forma de você articular as opiniões do povo é pelos partidos. E através disso a sociedade vai escolhendo seus representantes.

    A articulação partidária é vital para o regime democrático. Isso supõe democracia interna no partido, militância, supõe que você possa opinar e ser ouvido. Os partidos não se reúnem. Se eu quiser um partido para discutir as minhas inquietações, não tenho onde ir. Internamente não está havendo democracia.

    BBC Brasil – Você vê viabilidade no impeachment de Dilma?

    Almino Affonso – Acho que agora cresceu. A história do Delcídio do Amaral, líder do governo no Senado, vem com acusações gravíssimas. “Ah, ele não merece confiança, isso é falso.” Mas como merecia confiança durante anos, na liderança do governo no Senado? Se ele não está (falando a verdade) que esmaguem as declarações.

    E outro, que me parece mais grave como possibilidade, é o TSE, pela visão de que a eleição da Dilma e do Michel é anulável. Gilmar Mendes deu declarações dizendo que é viável que o TSE casse a chapa. Ele será presidente do TSE, pode influir na decisão.

    BBC Brasil – Assim como Jango, diz-se que Dilma está isolada. Você vê relação entre eles?

    Almino Affonso – Sem dúvida Jango estava isolado. Na hora que ocorre o fato decisivo do golpe, ele não tem um exército com ele. Me recuso a fazer comparações imediatas, porque são dinâmicas diferentes, com algumas coisas semelhantes.

    Em primeiro lugar, acho que Dilma está isolada. Está isolada, ela que me perdoe, porque é incapaz. Ela não é uma chefe de Estado. Tenho admiração pela história dela, lutando contra a ditadura, presa, torturada, é uma pessoa que lutou mais do que eu, que estava no exílio. Mas vejo nela uma tal falta de comando que é impressionante.

    BBC Brasil – Como fica a figura do Lula nesse cenário conturbado?

    Almino Affonso – Lula fica na história do país como uma figura de uma grandeza maior do que muitos possam pensar. A sua ascensão, vindo do sertão do Nordeste, na mais absoluta pobreza, e ter feito a carreira política que fez… É tão excepcional na história da democracia brasileira.

    Pode-se discutir que a técnica não foi adequada, mas ninguém pode negar que houve uma ascensão social. Tudo isso é mérito. Mas o que hoje pesa nele ou no governo do PT a respeito da corrupção desfaz enormemente a grandeza do Lula. Do fundo d’alma, torceria para que ele pudesse demonstrar por A mais B o quanto são falsas as acusações contra ele.

    Mas ele não vai de forma frontal contra as acusações que lhe fazem. Tem um discurso emocional, em causa própria, mas não dá resposta ao país. Portanto, aquela grandeza da qual comecei falando está sendo diluída.

     

  9. E não apenas

     Livro 1964 de Ângela de Castro Gomes e Jorge Ferreira

    “No calor dos acontecimentos de março e abril de 1964 e das noticias propagadas pelas principais midias do Pais, uma dicotomia foi se estabelecendo de forma clara: de um lado, o bem; de outro, o mal. Era impossivel não tomar uma posição. (…) No mês de março de 1964, o momento politico foi muito tenso e a luta ocorrreu em diversas frentes….”

    1964 é um livro sobre a historia recente do Brasil, acessivel, bem documentado e nos remete o tempo todo ao momento atual.

     

  10. Talvez seja o capítulo mais

    Talvez seja o capítulo mais importante de toda esta tentativa de golpe que sacudiu o país, a participação do órgão de classe dos industriais paulistas, sob o signo do refrão do “menos impostos”, como se fossemos uma província espoliada do Império Romano. É tão insustentável esta história de menos impostos, que qualquer um, basta consultar o Google, pode bem saber que nem de longe somos um país de muitos impostos. Isto, esta crença de que ninguém vai ao Google saber de nada, leva a crer que eles lá ainda estão mesmo com a cabeça em 1964, embora os próprios militares já tenham evoluído para o século XXI. Isto também faz suspeitar que o que eles lá querem não é apenas menos impostos: O que verdadeiramente querem é, como eles mesmo dizem, “seu país de volta”, a volta de um estado perfeitamente patrimonialista, como sempre do Brasil usufruíram ao longo dos séculos.

    Agora entendemos tudo com muito mais clareza. O que estamos presenciando no país, não é um simples golpe. Também não é uma revolução, porque não há re-evolução de coisa alguma, e sim, tentativa de re-involução. O que estamos presenciando é uma revolta, no estilo de muitas que já existiram no Brasil. Isso nos faz ficar muito mais tranqüilos. Tivemos muitas revoltas no Brasil, revoltas contra o progresso e a favor da permanência do atraso. Mas sempre eram revoltas populares contra as elites e o governo, quando o povo temia que mudanças pudessem ser nocivas para eles, como tradicionalmente o eram. A Revolta do Quebra Quilo, por exemplo, foi uma reação do pequeno comércio contra as tentativas de modernização do governo imperial, que pretendia impor a padronização segundo o sistema métrico nas transações comerciais. Ou a Revolta do Ronco da Abelha, que foi reação popular à instituição do recenseamento e do registro civil de nascimento, casamento e óbito, que o povo temia que servisse para controlá-lo, levá-lo à guerra compulsoriamente ou reescravizar quem era livre.

    Mas a atual revolta é inédita! Raymundo Faoro precisava estar vivo para ver o fenômeno que estamos assistindo. Em lugar de populares ou pequenos burgueses, temos agora como revoltosos as próprias classes dominantes e sua periferia cortesã, a classe média alta e remediada. Eles estão lutando contra a democracia universal, que pôs o velho Brasil de ponta-cabeça e criou um outro país dentro do Brasil, um novo país que fugiu quase completamente a seu domínio. O que estamos vendo não é uma revolta do progresso contra o atraso, é o contrário. Uma revolta do atraso contra o progresso, como as anteriormente citadas, mas sendo o contrário delas! Não uma revolta popular e sim elitista! Isso nos deixa muito mais confortados. O país não está involuindo, está apenas assistindo a uma grande reação contra o progresso. Estamos diante de uma revolta patrimonialista, muito bem organizada, mas que não tem uma proposta de progresso que não seja o velho e empoeirado liberalismo que serve apenas às elites e deixa os restos aos mais pobres. Se deixar. Ela está tentando espalhar o caos para depois refazer do caos a antiga ordem patrimonialista.

    A mídia, a despeito de pertencer material e espiritualmente aos ideais patrimonialistas, também é apenas um instrumento do golpe, ou revolta. A Lava Jato também é mero instrumento do golpe ou revolta, ou levante. E a participação estrangeira, embora tenha interesse em pontos importantes como o domínio das reservas de petróleo e o controle do Banco Central, é apenas marginal, não é fundamental. Quem é fundamental, quem está no centro da revolta ou golpe, quem está no olho do furacão, é ela, a FIESP! Faoro não pôde ver isso, é uma pena para o aprofundamento de nossos conhecimentos sobre nós mesmos. O nome mais apropriado historicamente para este golpe será “O Levante Patrimonialista.” E sua principal palavra de ordem, sem dúvida, é “Queremos nosso país de volta”.

  11. Chevron abre novas vagas: oligarcas e apparatchiks (no estado)!

    Nessa fase de xepa, ofertas de fim de feira do Império para a nossas “elites”, como a FIESP, OAB, maçonarias e “mafionarias” estão tão generosas que estimularam ao paroxismo a irresponsabilidade golpista, haja vista que a oitiva ilegal e humilhante de Lula em Congonhas saltou aos olhos dos democratas: ouvir Lula numa sala separada por uma porta de vidro do lobby do aeroporto lotado de gente “VIP” e “diferenciados” da cidade mais explosivamente dividida é pura provocação; parece tentativa de conseguir um cadáver para criminalizar, via parceria midiática, a militância de esquerda. Com relação à esquerda golpista reflito que, pela vivência que tive na Seção de Agitação e Propaganda do PCB nos 80’s, uns assemelhados a esquerdistas “porralocas” com alguns ex camaradas no atual PPS entraram de cabeça no “modo” Processos de Moscou, porque conspiram com a direita, apoiando e sendo sócios políticos, declarados ou não, das masmorras “estalinistas” da república do Paraná, até obterem as delações editadas que lhes permitam, pelo golpe, saltar de apparatchiks da casta demotucana para apparatchiks mais rentáveis na “Temerária” era pós “ponte sobre as instituições democráticas”, além de garantirem a impunidade de seus aliados na confusão; ou até mesmo virarem oligarcas sócios do Império em uma vindoura era de fundamentalismo liberal Yeltsin/Serra, se aproveitarem a xepa golpista! Não esqueçamos do provável resultado: a regressão social pós URSS, Oriente Médio e África saariana com seus fundamentalismos que estão devorando a civilização, inclusive os golpistas, porque golpear a esquerda é golpear a distribuição de renda, aviltando o mercado cativo natural da FIESP e dos clientes das associações liberais alinhadas com o golpe como as de médicos, dentistas, advogados, ou engenheiros; porque o mercado só produz para quem tem dinheiro e seus vencedores jogam com cartas marcadas para distorcê-lo, porque contam com informações privilegiadas, crédito e capacidade produzir mais com menos na era de protecionismos disfarçados. Nosso capitalismo é sem dinheiro, precisa de proteção num pacto com os trabalhadores que passa pela manutenção da CLT e crescimento programado da massa salarial. A alternativa é trágica: um narcoestado com eduardocunhas a convencer os nossos jovens sobre o que fazer nas comunidades terapêuticas evangélicas para adictos, ou cadeia; né, Perrela! 

  12. não é só a fiesp, ´precisa

    não é só a fiesp, ´precisa investigar esses

    grupós que recebem financiamentos de entidades ianques…

    eles agem abertamente….

    não há um meanismo constitucional para impedir essas ações?
    ,institutos na época do jango tb faziam propaganda abertamente

    contra o governo…

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