Fundo que teve Meirelles como conselheiro amargou prejuízos com empresa acusada de corrupção

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Foto: José Cruz/Agência Brasil
 
Jornal GGN – A gestora de ativos Kohlberg Kravis Roberts (KKR), que teve o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como seu conselheiro sênior, teve prejuízo de cerca de R$ 1,5 bilhão com a empresa brasileira Aceco, especializada em fornecer salas-cofre para data centers.
 
A empresa de tecnologia é suspeita de fraudar o balanço para inflar lucros e subornar funcionários públicos no Brasil e no exterior para conseguir contratos. A KKR adquiriu 86% da Aceco em 2014, por R$ 1,2 bilhão. 
 
Matéria publicada na ocasião do negócio no jornal O Estado de S. Paulo afirmou que “a gestora contratou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como consultor sênior. Meirelles ajuda a empresa a entender o cenário macroeconômico do Brasil e identificar oportunidades de investimentos”.

 
O fundo tentou desfazer o negócio com os antigos sócios da Aceco, alegando ter encontrado fraudes contábeis e indícios de corrupção. Em matéria da Folha de novembro do ano passado, é mencionada uma investigação feita pela consultoria KPMG na qual foi descoberto o pagamento de R$ 57 milhões da Aceco para escritórios de advocacia, consultorias e outras, que podem ter sido usadas para repassar propinas. 
 
Também no ano passado, o Estadão publicou que a Aceco pagou pelo menos menos R$ 6,1 milhões à HL Dias Aparelhos de Refrigeração, que pertence ao ex-presidente da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) Humberto Luiz Dias. Em sua gestão, o órgão fechou contrato de R$ 6,9 milhões para a manutenção do datacenter, com inexigibilidade de licitação. 
 
Hoje (26), matéria do Buzzfeed mostrou que Meirelles, três meses antes de assumir o Ministério da Fazenda do governo Michel Temer, recebeu R$ 167 milhões em conta no exterior com uma empresa de consultoria, e outros R$ 50 milhões quando já era titular da Pasta.
 
Leia mais abaixo: 
 
Do Estadão
 
 
Fundo quer desfazer negócio com antigos sócios da empresa de TI, família Nitzan e General Atlantic, alegando fraudes contábeis e corrupção em contratos
 
Josette Goulart – 12 Outubro 2016 
 

O multibilionário fundo americano KKR amargou um prejuízo de cerca de R$ 1,5 bilhão com a empresa brasileira Aceco, especializada em fornecer salas-cofre para data centers. Este foi o primeiro investimento do fundo no Brasil e, desde que comprou a companhia, há menos de dois anos, o fundo só teve problemas. A Aceco está inadimplente no mercado, perdeu 400 funcionários nos últimos meses e os novos contratos escassearam. Além disso, o KKR tenta desfazer o negócio com os antigos sócios da empresa, sob alegação de ter encontrado fraudes contábeis e indícios de corrupção.

Na semana passada, o fundo americano sofreu outro revés. A Justiça reconheceu a compra de debêntures (papéis de dívida) que estavam nas mãos do Bradesco por um dos sócios minoritários, Jorge Nitzan. A família Nitzan era a antiga acionista controladora da empresa, que, junto com o fundo General Atlantic, vendeu 85% da Aceco para o KKR. A compra das debêntures tem um efeito: como a dívida, que não foi paga, era garantida por ações da empresa, a Aceco agora terá de ser colocada à venda. A opção para o KKR é depositar em juízo uma garantia de R$ 250 milhões para, com isso, retomar a empresa.

A Aceco TI é uma empresa muito conhecida no setor público. Até 2014, faturava cerca de R$ 1 bilhão com contratos que vão desde órgãos da Justiça, como tribunais do trabalho e Corregedoria Nacional da Justiça (CNJ), passando pelo Senado, por órgãos diversos do governo federal e chegando até empresas e secretarias de governos estaduais. Os serviços da companhia também se estendem a empresas privadas de grande porte. O grande trunfo da Aceco é ser a única do País com um selo técnico específico de qualidade no fornecimento de salas-cofre que confere a apenas à companhia a condição de poder prestar serviços para setores públicos. Várias licitações de que participou chegaram a ser questionadas, mas, nos casos analisados pelo TCU, a exclusividade foi reconhecida.
 

Suspeita. Agora, o KKR questiona alguns contratos com empresas fornecedoras da Aceco. O fundo alega, em um processo arbitral aberto contra os antigos sócios, ter encontrado cerca de R$ 57 milhões em pagamentos suspeitos feitos a 35 empresas de fachada entre os anos de 2012 e 2014. Outro ponto levantado pelo KKR na arbitragem, uma espécie de justiça privada, é de que aconteceram fraudes contábeis na empresa.

O fundo não fala do assunto e se pronunciou apenas por nota. “Estamos tentando recuperar as perdas relacionadas a fraudes e corrupção por parte dos antigos administradores da companhia”, diz o texto. “Todo este assunto está sendo levado a autoridades no Brasil e nós respeitamos seus processos”.

Jorge Nitzan também se manifestou por meio de nota. Na versão do acionista minoritário, o fundo americano errou o tempo do investimento. “A KKR comprou o controle da Aceco pouco antes de uma crise econômica sem precedentes no Brasil, com uma forte depreciação do Real no período”, diz trecho da extensa nota enviada ao jornal.

“Agora, a KKR está tentando desfazer o negócio e, para isso, culpa os outros sócios da Aceco por sua aquisição mal planejada, fazendo uma série de acusações, inclusive contra o Sr. Jorge Nitzan.” No texto, o acionista minoritário explica também que comprou a dívida do Bradesco para tentar salvar a empresa da falência. O outro ex-sócio, o fundo General Atlantic, não quis comentar o episódio.

Todo o caso corre em segredo de justiça ou sigilo do processo arbitral. O Estado no entanto teve acesso a uma série de documentos que foram anexados a um processo judicial há cerca de duas semanas e que, por alguns dias, permaneceram públicos. Nele, Nitzan acusa executivos da empresa de terem roubado documentos da companhia e transferido patrimônio no dia em que foi efetivada a compra do crédito do Bradesco.

A Auckland, empresa que na cadeia societária da Aceco é o veículo usado pelo KKR no investimento, transferiu os possíveis direitos da causa arbitral, estimada em US$ 560 milhões, à KKR. Em conversas telefônicas, transcritas nos documentos do processo, os executivos aventam a possibilidade de o objetivo de Nitzan, ao comprar a dívida do Bradesco, ser a de evitar que o processo arbitral siga em frente e com isso ter que devolver o dinheiro resultado da compra em meados de 2014.

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Redação

7 Comentários

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  1. Mas vai ter farsa tarefa para investigar ?

    Capaz, nada disso vem ao caso, não vão verificar nadica de nada, afinal, homem de mercado, faz parte da thurma. Agora o Zé Dirceu e o Paloci não podem prestar consultoria não, não são gente do ninho, esses sim são corruptos otários que pagam impostos da prestação de serviços.

  2. Meirelles está – merecidamente – em plena fritura

    Meirelles – atrevido demais em sua ambição – sem lastro! – é mais uma baixa da investida – frustrada – da Globo contra Temer. Não entregou a recuperação que prometeu e foi desleal com o chefe no momento de dificuldade. Para piorar, nao tem vergonha na cara e – Ministro da Fazenda do Brasil! – tem domicilio fiscal nos EUA (!)

    Entenda:

    Bomba: com corda no pescoço, os Marinho sangram a Globo para partirem para outra!

    Por Romulus & “Dom Cesar”

    A análise financeira das empresas do Grupo Globo entre 2014 e 2016 é reveladora: nem os Marinho acreditam no futuro da Rede Globo!

    As fragilidades financeiras das empresas do Grupo, combinadas com saques bilionários!, na forma de pagamento de dividendos aos irmãos Marinho, indicam que os donos estão, discretamente, partindo para outra (!)

    (“outra” qual? Será no Brasil??)

    E, nessa travessia, só o BNDES – e a publicidade estatal – salvam: sem a receita oriunda do Estado entrando no fluxo de caixa e sem a rolagem da dívida junto ao BNDES – para a qual os Marinho não têm garantia! – a Globo já era.

    Por isso, com Temer enterrando a denúncia de Rodrigo Janot na Câmara em agosto, a Globo terá de dar a meia volta mais humilhante de sua história!

    Como todos sabemos, desde março passado a Globo foi para o tudo ou nada contra Temer e…

    (aparentemente…)

    – … PERDEU!

    Como a sua “sobrevivência” (temporária…) no curto e no médio prazo depende totalmente do governo, não restará opção à Globo a não ser voltar a ser “chapa branca”.

    Tão chapa branca como na alvorada do Golpe (!)

     

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  3. pulga

    Porque o PLIMPIG põe esse foco no Meirreles agora? Há que se desconfiar!!! 

    A globobo faz carga contra o treme. Nem tanto que derrube o golpista nem tão pouco que o deixe à vontade.

    A boiada ensinada nivela por baixo: todo politico é ladrão, não adianta reclamar.

    O fato é: Com o GOLPE o assalto chegou a níveis nunca dantes vistos nesse pais. 

    Voltaremos a plantar cana! 

  4. Meirelles conduz uma politica

    Meirelles conduz uma politica economica desastrada. Desastrosa para o País, mas excepocional para os rentistas. Mirando daqui de baixo o temos como incompetente, mas se tomarmos o ponto de vista do alto o homem é um sucesso.

    Quanto ao papel de consultor senior, seja lá o que esse título significava no negócio, não me parece ter responsabilidade sobre o que os acionistas brasileiros da Aceco ocultaram da KKR, isso é com quem fez a due diligence.

    Quanto à KKR, se alguém quiser saber um pouco sobre quem são esses bad guys leia Barbarians at the gate, livro que conta a historia da LBO da RJR Nabisco.

    Em suma, ladrá que rouba de ladrão ….

  5. Exemplo?

    O Ministro que tenta convencer investidores para aplicar no Brasil possui milhões lá fora.

    Essa é a credibilidade do Governo Temer: zero

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