Gleisi Hoffmann critica a operação policial em sua casa

Jornal GGN – Em coluna no Blog do Esmael, a senadora Gleisi Hoffmann fala sobre a operação que levou à prisão preventiva do seu marido, o ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. “Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou de um esquema como o que estão acusando-o. Ele sabe que eu nunca o perdoaria!”, garante a senadora.

Para ela, houve abuso na condução das buscas. E um uso excessivo do aparato policial com o objetivo de gerar impacto midiático. “A operação montada para a busca e apreensão em nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até helicópteros foram usados, força policial armada, muitos carros! Pra que isso, chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de dinheiro público desnecessário, é isso!”.

Os motivos são políticos. “Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que colheu muitos elogios no exercício de seu cargo. É também uma tentativa de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores que discordam dos argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma presidenta, legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos”.

A senadora diz que é contra a prerrogativa de foro privilegiado, mas exige que a polícia trate com respeito todo cidadão. “Nas remexidas em minha casa, sequer o computador que meu filho adolescente utiliza em seus trabalhos escolares foi poupado. Agora, é prova de processo criminal. Senti naquele momento todo o mal que pode causar o controle de segmentos do Estado sem limitações. Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia. Sou uma pessoa de fé. Acreditei e liguei no final da tarde de quinta-feira porque meu guri sente falta do computador que usa para jogar e comunicar-se com os amigos. Responderam que só hoje, segunda, 26, começariam a analisar o disco rígido e não há mais data para devolvê-lo. Buscavam achar dinheiro? Cofres? Documentos que pudessem nos incriminar? Não acharam nada, nada! O que provavelmente tenha frustrado a operação espetáculo”.

Abaixo, a íntegra do artigo:

Do Blog do Esmael

Um espetáculo desnecessário

Por Gleisi Hoffmann

A prisão de Paulo Bernardo foi um despropósito do princípio ao fim. Prisão preventiva? Prevenir o que? Um processo iniciado em meados de 2015, sem nenhuma diligência feita, nenhuma oitiva realizada, mesmo por diversas vezes ter ele solicitado para depor?

Qual risco oferecia meu marido à ordem pública? A instrução processual? A aplicação da lei? Sempre esteve à disposição das autoridades, em endereço conhecido, há mais de dois anos não ocupa nenhum cargo público, é aposentado pelo Banco do Brasil, depois de 38 anos de contribuição previdenciária.

Conheço o Paulo há muitos anos. Sei de suas virtudes e de seus defeitos. Sei especialmente o que não faria. E não faria uso de dinheiro alheio para benefício próprio. Não admitiria desvios de recursos públicos para sua satisfação ou da família. Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou de um esquema como o que estão acusando-o. Ele sabe que eu nunca o perdoaria!

O patrimônio que construímos ao longo de nossa vida nem de perto chega ao que estão acusando-o de ter se beneficiado. São dois imóveis adquiridos antes de 2004 e um, no qual moramos em Curitiba, adquirido em 2009, financiado junto ao Banco do Brasil, por 20 anos. É uma dívida, mais que do que um patrimônio, constantes das declarações de imposto de renda.

A imprensa noticiou nosso apartamento como uma grande cobertura. O condomínio tem 160 apartamentos, com vários prédios pequenos. O que dizem ser cobertura é o último apartamento, no oitavo andar, um pouco maior que os demais. É confortável, jamais luxuoso.

A operação montada para a busca e apreensão em nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até helicópteros foram usados, força policial armada, muitos carros! Pra que isso, chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de dinheiro público desnecessário, é isso!

Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que colheu muitos elogios no exercício de seu cargo. É também uma tentativa de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores que discordam dos argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma presidenta, legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos.

O que vemos é a mesma e repetida seletividade que vem marcando decisões do Ministério Público e de juízes que promovem carnavais midiáticos contra alguns políticos, ao mesmo tempo em que protegem e retardam decisões de outros, sobre os quais há provas mais do que suficientes para uma ação contundente, definitiva.

Não estou aqui a reclamar o respeito como parlamentar com mandato popular e prerrogativa de foro, sobre o qual, aliás, já me manifestei contrária e assinei uma Proposta de Emenda Constitucional para extingui-lo. Mas o respeito com que qualquer mulher ou homem deve ser tratado por agentes de estado, principalmente os que exercem a função policial. Senti na própria pele o que aflige diariamente milhares de pessoas, homens e mulheres, atingidos pelo abuso do poder legal e policial.

Nas remexidas em minha casa, sequer o computador que meu filho adolescente utiliza em seus trabalhos escolares foi poupado. Agora, é prova de processo criminal. Senti naquele momento todo o mal que pode causar o controle de segmentos do Estado sem limitações. Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia. Sou uma pessoa de fé. Acreditei e liguei no final da tarde de quinta-feira porque meu guri sente falta do computador que usa para jogar e comunicar-se com os amigos. Responderam que só hoje, segunda, 26, começariam a analisar o disco rígido e não há mais data para devolvê-lo. Buscavam achar dinheiro? Cofres? Documentos que pudessem nos incriminar? Não acharam nada, nada! O que provavelmente tenha frustrado a operação espetáculo.

Minha luta aqui e agora é pela restauração da dignidade do nome de meu companheiro, duramente atingido pelas precipitações do noticiário. Sei que é uma cruzada difícil, contrariar a onda corrente.

Ainda não encontrei alívio para a minha dor, para a dor dos nossos filhos, apesar do testemunho de amigos e companheiros que, mesmo na adversidade, não perdem a fé e ousam falar com coragem, o melhor instrumento de combate que temos.

Quero agradecer aqui, publicamente, minha bancada de senadores e senadoras, que na primeira hora fizeram-me uma linda nota de solidariedade. Também a todos e todas que externaram carinho, confiança e apoio através de telefonemas, e mails, mensagens.

Muito obrigada aos que se solidarizaram comigo e com todas as pessoas da minha família. Tudo que tenho para oferecer de volta é a minha amizade e compromisso na luta por um mundo melhor. Podem contar comigo. Hoje e sempre.

Redação

10 Comentários

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  1. Não é fácil em senadora? Nada

    Não é fácil em senadora? Nada de defesa de Paulo, mas bem vê-se que há uma clara perseguição aos membros da esquerda. Isso é um duro golpe do judiciário fascista do Brasil.

  2. Lava-jato e o povo.

    Essa operação Lava-jato, é somente para lavar o Brasil do PT;  se o PT está nessa situação de extermínio, é graças a maioria do povo brasileiro, incluíndo os que mais se beneficiaram com as políticas do PT, o Campo, as Favelas, as Periferias das grandes cidades e os grupos chamados de vulneráveis viraram as costa para o PT; Deve ser porque não precisam mais das políticas de estado, estão se achando “classe média”; passaram a acreditar que se tem um errado nessa história toda de corrupção, mãe de todas as desgraças de suas vidas, é culpa do PT, justamente aquele que mudou sua vida e imagem do país, hoje não presta mais; tem que ser exterminado, basta houvir as ruas para confirmar. Lembro de Gilberto Carvalho, sobre as vaias a presidenta Dilma na abertuda da Copa do Mundo; ” não foi só as elites que a vaiaram”. Talvés até os pedreiros e suas familias, com gratuídade entraram nas vaias; não houve aplausos. Difícil acreditar que ainda exista um pouquinho de justiça nessa porcaria de país; se o povo é esse.

  3. A Policia Federal do Brasil

    Esse juiz Moro, esse outro juiz aluno da professora golpista, procuradores da república midiáticos e seletivos, juntamente com políciais federais militantes políticos ao proteger e isolar os ladrões do Psdb se tornam corruptos iguais aos Cerverós e Paulo Roberto Costa que eles mandaram pra casa para aproveitar o dinheiro roubado da Petrobrás. Ou dos ladrões do Psdb de quem nunca são aceitas as denúncias nas delações seletivas por eles conduzidas. Esses ladrões estão livres justamente porque os principios dos condutores da Operação  Lava Jato os aproxima moral e eticamente  no vale tudo do uso de empresas e instituições públicas brasileiras.

    E a Policia Federal do Brasil transformou-se na Guarda Pretoriana do Psdb golpista. Obedece ordens de “capos” da imprensa e de juizes e procuradores corruptos que protegem a corrupção de um imenso rol de políticos golpistas do país. 

  4. O filho do FHC apareceu na

    O filho do FHC apareceu na delação premiada do Cervero. Negócio de US$ 1 bilhão rendeu propina de US$ 100 milhões, segundo o delator. 

    E dai?

    Não vem ao caso. Imaginem o tratamento  que seria dispensado ao filho do Lula.

    No Brasil da lava jato, o crime compensa. 

     

  5. Que país é este?

    Este festival de absurdos que antige o país, o estado de direito, normas legais, presunção de inocência (valor inquestionável internacional), praticado  por autoridades menores sem contestação de seus orgãos de controle . Tratamento desumano que atinge família da Senadora Gleise sem nenhuma mínima explicação para tal arbitrariedade.  Não cabe nenhuma omissão na busca e puinição destes autores de crime. Nossa história por certo cobrará muito de autoridades que se acovardam.

  6. SERIA UM GOLPE? É SIM, É UM GOLPE DE ESTADO

    SERIA UM GOLPE? É SIM, É UM GOLPE DE ESTADO
    >> https://gustavohorta.wordpress.com/2016/03/30/seria-um-golpe-e-sim-e-um-golpe-de-estado/

    “…Houve em 2014 uma eleição totalmente protegida pelas leis constitucionais e pela legislação eleitoral em vigor. Estas eleições, ainda que disputadas de forma acirrada, tendo uma campanha eleitoral recheada de mentiras e ‘maracutaias’, com diversas ocorrências que, no mínimo, podem ser consideradas sob suspeição, como o “acidente” aéreo que matou um dos candidatos, aeroportos construídos de forma suspeita, helicópteros carregados de pasta base de cocaína (nunca investigados), crise hídrica em um certo estado da União, etc., apresentou um resultado consistente com a vontade popular. Houve um candidato eleito no segundo turno, a presidente Dilma Rousseff, que obteve a maioria dos votos, algo acima de 54,5 milhões de votos, ainda que um de seus adversários, sem reconhecer a derrota, já no dia seguinte, tenha pedido mais de uma recontagem de votos que, diga-se de passagem, confirmaram os resultados originais. Começava aí o processo golpista de sabotagem. …”

    coxinha Traidores da Patria 71

  7. O exibicionismo mediatico é

    O exibicionismo mediatico é um mega desvio de função da PF, cabe ao Ministro da Justiça a correção de rota, o exibicionismo de força é uma forma de intimidação da Democracia, para que fardamento camuflado de selva em pleno centro de São Paulo portanto armamento pesado como foi o vasculhamento da sede do PT?

    Em qualquer democracia a invasão da sede de um partido é por si só um evento dramatico, se ocorrer é uma mega crise politica por si só, é evento rarissimo.

    Na fronteira Brasil Paraguai em Ponta Porã com Pedro Juan Caballero há quadrilhas com metrlalhadoras de base fixa ararrachadas em vans, como carro armado militar, não seria lá o enfrentamento com uso de armas militares da PF? 

    O trafico de armas e drogas corre solto, a PF está enfrentando na fronteira? Ou só se usa aparato para prender gente sem nenhum risco de revide, geralmente pessoas de idade com endereço fixo onde mora coma a familia? Ai é facil prender, que tal prender o chefe do trafico em Ponta Porã?

    Há um claro desvio de função e todo esse deslocamento do aparato sem outra finalidade que não a de exibição pela Globo tem altos custos, mas não estão sempre reclamando que faltam recursos? Passagens de muitos elementos, varios carros

    de escolta para prender homens pacatos de pijama em casa?

    Se é para exigir correção no Pais não se pode aplicar metodos irregulares para atingir tal objetivo.

    Um exemplo recente foi a prisão dos dirigentes da FIFA em Zurich, nao se viu ninguem algemado, não houve nenhuma movimentação fora do normal na porta do hotel , o preso Marin saiu pelos fundos, sem fotos.

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