Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Golpe. Até advocacia parece uma farsa, por Armando Coelho Neto

Golpe. Até advocacia parece uma farsa

por Armando Rodrigues Coelho Neto

… eis que me deparo com um registro de Marcela Temer, ironizando a Presidenta Dilma Rousseff:  “Dilma já encaminhou o seguro desemprego”. “Ahhh esqueci que a querida foi demitida por justa causa, Justíssima Causa !”. Pois bem, Marcela (a oca) no meio do lixo revelador do golpe, resolveu dar pitaco. Descrita por uma latrina impressa  como “bela, recatada e do lar”, quis aparecer como a cereja do bolo, mas revelou-se a mosquinha da bosta, do lixo. Sempre ouvi dizer que é melhor ficar calado e deixar as pessoas pensando que você é idiota do que abrir a boca e as pessoas terem certeza. E, para não correr o risco de endossar a violência contra a mulher, hoje potencializada e tão ao gosto dos golpistas, paro por aqui. Melhor pensar e torcer que tudo seja mentira. Só pode ser mentira!
 
Mas, uma coisa é certa e, gostando ou não, as gravações divulgadas mostram não apenas os bastidores do golpe. Traz à lume um sistema podre, arcaico e que em nome do “Fora PT e levem Dilma e Lula juntos”, dele não se quer abrir mão. Aliás, um “sisteminha” necrosado, cuja profundidade meus coleguinhas da PF, em grande parte, não alcança. Sequer posso dizer que os capitães do mato estejam sendo técnicos, na medida em que, com suas lupas no escuro, só conseguem ampliar a escuridão. Pobre PF! Será que se acredita mesmo que só o PT é corrupto e que o golpe é a saída?

 
Perdida na euforia do golpe, engolindo a seco o ministro da Justiça dos sonhos, os valentes guerreiros estão frustrados com o adiamento do reajuste salarial e ao que tudo indica, terão que cumprir meta. O que seria obrigação natural está precisando de puxão de orelha . Aquela história de “aguarde-se em cartório” – um depachozinho chinfrim clicherizado pra deixar inquérito parado pode diminuir. Ficou de lado a arrogância com a qual afrontavam a presidenta Dilma Rousseff. Pior, quantos deles engrossaram passeatas, sensibilizados com apelos diretos e indiretos da latrina midiática. Hoje, a sigla PF corre grande risco de se confundir com PF (Pato da Fiesp).
 
Eis parte da realidade do pais do golpe, no qual não dá pra saber sequer o motivo pelo qual gravações espúrias estarem vindo a público.´Como delegado, juro que não consigo responder a mais primária pergunta do meio policial: a quem interessa o crime? Sem resposta, divago sobre o suposto propósito de promover a catarse entre petistas e outros que apesar de não o serem, têm a visão clara de quem vive na eterna obsessão de vender o País. Com as entranhas do golpe à mostras, o novo Cacique Juruna revela que “está todo mundo junto”. Noutras palavras, o golpe teria apoio da Corte Suprema, que tenta a todo custo passar a ideia de isenção, ainda que entre seus membros alguns não escondam a parcialidade politiqueira. O novo Juruna ressuscitou até o Exército Brasileiro, que estaria monitorando o Movimento dos Sem Terra. 
 
Perdoem-me por tantos “ões”! Às turras, segredinhos e segredões são revelados por meio de gravações que, a exemplo de muitas delações, técnica e legalmente a nada se prestam. Afinal de contas, seria necessário comprovar serem verdadeiras para alcançar algum valor probante. Sem valor jurídico algum, prestam-se a mostrar que é golpe mesmo, e daí? Serve para alimentar o noticiário das latrinas midiáticas, que aqui ou ali, uma ou outra é premiada com algum furo de reportagem. Nessa trilha, a latrinocracia ganha novos ares, quando se tenta a qualquer custo sujar o nome da Presidenta da República, cujo projeto político foi aprovado por 54 milhões de brasileiro. 
 
Sedimentada a grande farsa, soa natural que a agenda da educação abra o inusitado espaço para um ator pornográfico, cujos dotes específicos precisam de lente de aumento e jogos de luz. A que se presta,  oh patos da Fiesp, o tal encontro? A que se presta, oh coleguinhas capitães do mato, senão para vulgarizar e escarnecer os inquietos espíritos verdadeiramente democráticos? A que se presta, oh, caolha justiça (assim mesmo com letra minúscula), senão para envergonhar o Brasil no cenário internacional?   
 
Estamos vivendo sob a égide de um golpe sujo, arquitetado na base de sistemática violação de direitos constitucionalmente protegidos. E aí, quando se observa o papel dos advogados de defesa, é mesmo de se perguntar: as grandes bancas de advogados eram mesmo aquilo tudo? Onde estão as teses fantásticas de defesa com apelos humanos, democráticos e legalistas que enriqueciam os escaninhos da tal Corte Suprema, e que absolviam Deus e o mundo? Ou era mesmo verdade a lenda das relações promíscuas daquela Corte com as tais grandes bancas? Como podem ver, só tenho dúvidas. A única certeza é o golpe e até o instituto da defesa pode ser uma farsa.
 
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo
Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

8 Comentários

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  1. Demorou mesmo pra cair a

    Demorou mesmo pra cair a máscara dos “grandes advogados”. Nunca passaram de “grandes lobistas”.

    Estar assistido por advogados caros sempre serviu só pra isso: demonstrar distinção. Diferentemente dos “advogados d porta de cadeia”…

    O fato é que Juiz sempre julgou pela cara. Essa ficha que – incrivelmente – demora pra cair. Judicialização da política, das relações sociais, ativismo judiciário… ainda são fenômonos de “superfície” diante disso.

  2. bancas

    Não serão as “grandes bancas de advogados”, na realidade, grandes escritório de corretagem de sentenças e acórdãos, e, o judiciário uma feira livre?

  3. MEU MESMO PRINCIPIO, É TUDO UMA FARSA PARA ESCRAVIZAR O POVO.

    Não houve defesa, não houve, tenho essa certeza pessoal também.  teve um Banco desmostrando a necessidade de afastar a Presidenta, porque em um trimestre passado havia lucrado cinco bilhões e alguma coisa e que no trimestre corrente havia lucrado 200 milhões a menos, mesmo assim lucrando acima de cinco bilhões, foi o ITAÚ, falei, é só ler colunas ecônomicas para traz. É tudo uma farsa geral. Enfiaram a mão nos bolsos nacionais e com grande ajuda do governo que já não defendia nem a si próprio.

  4. Gilmar, Cunha e Temer são os paradigmas

    O sistema sócio-econômico-político chamado Brasil está podre, pois suas instituições são de Merda!

    Um Supremo Tribunal comandado por Gilmar Mendes; um Legislativo comandado por Eduardo Cunha; um Executivo comandado por Temer… Só podemos ter instituições de merda…

    Vivemos uma grande oportunidade de mudança, provocando a ruptura desse sistema podre.

     

  5. Tragicomédia à brasileira

    Delegado Armando, uma coisa é certa em meio a essa confusão a que fomos jogados: o senhor tem senso de humor e consegue fazer rir demostrando a tragicomédia que vivenciamos.

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