Governo Macri piora índices econômicos e Argentina volta a tomar empréstimo no FMI

Cerca de 32% dos argentinos estão vivendo abaixo da linha da pobreza - 42% de crianças e adolescentes estão neste grupo. Em apenas um ano inflação aumenta 47% e salário mínimo não acompanha

Jornal GGN – Desde que Maurício Macri foi eleito presidente da Argentina, em novembro de 2015, o preço do litro de leite passou de 10,50 pesos (R$ 0,95 na cotação atual) para 40 pesos (R$ 3,60). Já o preço do gás subiu mais de 1.000%. O poder de compra da população caiu drasticamente. Só em 2018, a inflação foi de 47% e produtos básicos como carne, manteiga, frutas e verduras saíram da dieta de quase um terço da população.

Segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) em um ano, entre 2017 e 2018, cerca 2,7 milhões caíram para baixo da linha da pobreza (aumento de 6,3%) – 800 mil desse total vivendo na indigência. Atualmente, cerca de 32% dos argentinos compõe o grupo mais pobre do país.

O Indec também apontou que para uma família de dois adultos e duas crianças não ser pobre precisa mensalmente de 27.570 pesos (cerca de R$ 2.500). O valor é duas vezes o salário mínimo no país (12.500 pesos, ou R$ 1.127 reais).

No final de março, a Unicef, braço da ONU para a infância chamou atenção sobre os impactos da pobreza sobre as crianças. “Cerca de 42% (ou 5,5 milhões) dos meninos, meninas e adolescentes vivem abaixo da linha de pobreza”, advertiu a entidade.

A população idosa também está no grupo dos mais vulneráveis: a aposentadoria mínima paga na Argentina está abaixo do salário mínimo. Segundo dados oficiais, cerca de 70% dos 8 milhões de aposentados recebem 10.400 pesos (R$ 940).

Em um ano (2017 para 2018) a inflação (47%) teve a maior alta em três décadas e, mais recentemente, a moeda argentina voltou a sofrer forte desvalorização: 13% no primeiro trimestre de 2019.

Esse quadro de recessão fez boa parte das pequenas e médias empresas fecharem as portas no país, contribuindo para o desemprego que alcançou 9,1% em 2018 – o percentual mais alto desde 2015.

A volta ao FMI

A Argentina enfrenta um panorama complexo para reverter o quadro de recessão. Maurício Macri assumiu o poder atribuindo os problemas que já estavam sendo enfrentados na economia às chamadas medidas populistas implementadas pela antecessora, Cristina Kirchner.

Acontece que a política dos “tarifaços”, como chamam os argentinos em relação às medidas Macri, não surtiu o efeito esperado. Desde ao ano passado, aumentaram as manifestações contra o governo. Uma das reivindicações, não atendidas pela Casa Rosada, é que os ajustes salariais sejam indexados à inflação.

Outros problemas da Argentina são uma indústria pouco diversificada e a falta de confiança da população em relação a própria moeda. Por isso, mudanças cambiais são sentidas com mais força na Argentina do que nos países vizinhos.

Neste cenário estão afastadas as chances de uma reeleição de Macri. No dia 11 de agosto os argentinos irão às urnas votar nas primárias, quando escolherão quem disputará a eleição presidencial de 27 de outubro. É possível que Cristina Kirchner retorne à disputa e enfrente Macri.

Até lá, o presidente argentino tenta encontrar saídas para ressuscitar o crescimento econômico. Em janeiro, a atividade econômica subiu 0,6%, o primeiro índice positivo após um ano em baixa. O país também aguarda a entrada de dólares provenientes da venda da colheita recorde de soja. E, neste mês, em abril, aguarda a entrada de US$ 10 bilhões de um total de US$ 57 bilhões de empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

*Com informações da BBC News Mundo

Redação

2 Comentários

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  1. Não merece nenhum comentário o governo desse sujeito. O que deve nos preocupar,e muito,é que lá,como aqui,apesar de toda esta desgraça que está sendo implementada,esse sujeito vai se candidatar a reeleição com chances reais de vitória.
    É preciso quebrar o encanto que hipnotizou grande parte da população mundial.

  2. Provável cenário para o Brasil. A partir da mesma mentalidade política do atual “governo” brasileiro. É a “maldição Orloff” que se repete no Brasil. A não ser que o povo saia às ruas e exija mudanças na rota de colisão traçada pelos “neoliberais”.

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