Imperatriz Leopoldinense pede passagem!

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – A Imperatriz Leopoldinense ganhou manchetes por estes dias. Seu samba-enredo para o Carnaval deste ano trata de assunto polêmico, e foi atacado pela bancada ruralista do Congresso, capitaneada por Ronaldo Caiado, e pela grande mídia. O tema é cidadania, mas os opositores já fizeram disso um outro carnaval, Caiado pedindo CPI e uma âncora da Globo pedindo que índios morram das causas que sempre os acometeram, sem remédios. 

A Escola fez um esclarecimento público. Afirmou e reafirmou suas crenças em um mundo plural, onde as questões relevantes merecem destaque também na avenida. Seu presidente relata que o tema foi pinçado sem critério, sem conhecimento do todo e sem apreciação do conjunto. Leia a nota de esclarecimento a seguir.

NOTA OFICIAL DE ESCLARECIMENTO

O carnaval é uma festa popular e o desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, considerado o maior espetáculo a céu aberto do mundo, é um patrimônio da cultura brasileira. Um dos principais atrativos turísticos da cidade do Rio de Janeiro, o carnaval carioca atrai visitantes de diversas regiões do Brasil e do mundo inteiro.

A festa emprega milhares de trabalhadores nos mais diversos setores, gerando desenvolvimento e oportunidades de negócio, além de injetar dinheiro em nossa economia. Só no carnaval de 2016 foram arrecadados mais de 3 bilhões de reais, segundo dados da Empresa de Turismo do Rio de Janeiro – RIOTUR .

Seja nos ranchos, nos blocos, nos salões ou na Avenida, o carnaval, mesmo terminando na quarta-feira de Cinzas, desperta sonhos e paixões nos foliões. As escolas de samba são um capítulo à parte, um espaço democrático que liga os todos os cantos da cidade e celebra a diversidade. E falar de diversidade é falar da Imperatriz Leopoldinense.

Considerada uma das escolas de samba mais tradicionais do carnaval carioca e uma das maiores campeãs da Era Sambódromo, a Rainha de Ramos – como é carinhosamente chamada por seus torcedores e comunidade –, tem na sua essência um compromisso com a cultura. Os enredos sobre a formação do povo brasileiro estão enraizados em nossa história. Aliás, gostamos muito de contar boas histórias.

Orgulhamo-nos de nossa trajetória de grandes enredos com temática cultural, inclusive fomos a primeira agremiação a fundar um departamento cultural, prática posteriormente adotada por todas as nossas co-irmãs, cujo propósito é preservar nossas raízes e memórias. Colecionamos desfiles inesquecíveis e sambas que são considerados verdadeiros clássicos do carnaval, que nos renderam prestígio, reconhecimento de importantes setores da sociedade e, claro, muitos campeonatos.

Temos a marca do pioneirismo em nosso pavilhão, conquistamos oito vezes o título de campeã do carnaval carioca no Grupo Especial, além de importantes prêmios nacionais e internacionais. Nestes quase 60 anos de fundação e de bons serviços prestados à cultura brasileira, a Imperatriz Leopoldinense teve em seu quadro grandes mestres do carnaval, já celebrou importantes vultos de nossa rica Literatura, juntou o erudito com o popular, uniu o sagrado e o profano, cantou a nossa mestiçagem e a fé de nossa brava gente brasileira espalhada por todos os rincões deste país de dimensões continentais.

O homem do campo é presença constante em nossos desfiles e exaltamos por muitas vezes na Avenida o solo brasileiro, este chão abençoado por Deus onde tudo que se planta, dá. No carnaval de 2016, ano em que, vencendo preconceitos, homenageamos a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, adentramos no universo rural, trouxemos algumas riquezas do estado de Goiás e dedicamos um setor inteiro de nosso desfile à agricultura, por entendemos a importância deste segmento para nossa economia .

Comprometida em dar voz à diversidade, a Imperatriz Leopoldinense, que já cantou em carnavais anteriores o descobrimento do Brasil e celebrou as raízes africanas através da figura e do legado de Mandela, decidiu levar para a Marquês de Sapucaí em 2017 o enredo “Xingu – o clamor que vem da Floresta”, de autoria do carnavalesco Cahe Rodrigues.

Vamos falar da rica contribuição dos povos indígenas do Xingu à cultura brasileira e ao mesmo tempo construir uma mensagem de preservação e respeito à natureza e à biodiversidade.

Segundo relato da própria população que vive ali, a região do Xingu ainda é alvo de disputas e constantes conflitos. A produção muitas vezes sem controle, as derrubadas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do progresso e do desenvolvimento afetam de forma drástica o meio ambiente e comprometem o futuro de gerações vindouras. Os resultados, como sabemos, são devastadores e na maioria das vezes irreversíveis.

Acreditamos que, para além do entretenimento, o carnaval e a escola de samba – levando em consideração que os olhos do mundo se voltam para nossa festa – têm um compromisso com o social e o desenvolvimento sustentável.

Após a divulgação de nossas fantasias, algumas delas denunciando o uso irresponsável de agrotóxicos, fomos alvo de uma intensa campanha difamatória. Embora não seja nossa intenção generalizar, importantes pesquisas científicas apontam os diversos males que o agrotóxico traz para o solo, para o alimento e consequentemente para a saúde de quem o consome. Este é apenas um aspecto do nosso rico e imenso enredo, mas desde então temos recebido críticas e inúmeras notas de repúdio dos mais diversos setores do agronegócio.

Até em função de certa confusão registrada em algumas dessas falas, ressaltamos e esclarecemos que no trecho de nosso samba “o Belo Monstro rouba a terra de seus filhos, destrói a mata e seca os rios” estamos nos juntando às populações ribeirinhas, às etnias indígenas ameaçadas, aos ambientalistas e importantes setores da sociedade que se posicionaram contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Não é uma referência direta, portanto, ao agronegócio, como alguns difundiram. Os impactos negativos desta obra ao meio ambiente serão imensuráveis, estão constantemente nas pautas de debates, são temas de discussões recorrentes em audiências públicas e foram amplamente divulgados pela imprensa nacional e estrangeira.

Em nenhum momento atacamos o setor do agronegócio e seus trabalhadores. A sinopse de nosso enredo está disponível para consulta pública em nossos canais oficiais de comunicação. Mesmo depois de todos os esclarecimentos prestados por nosso carnavalesco aos mais diversos veículos de comunicação, temos sido atacados com críticas injustas e até com ofensas ao samba, importante matriz de nossa cultura, e ao carnaval, a maior festa popular do planeta.

Por fim reforçamos que o nosso enredo não versa contra esta importante cadeia produtiva de nossa economia nem desqualifica os seus incansáveis trabalhadores. Como poderíamos exaltá-los de forma grandiosa num carnaval para em seguida criticá-los no outro?

A nossa mensagem é de preservação, respeito, tolerância e paz. Todos os que acreditam nesses valores estão convidados a celebrar conosco.

Salve o verde do Xingu, viva o carnaval, a Imperatriz Leopoldinense e todos os trabalhadores do Brasil!

 

Luiz Pacheco Drumond

Presidente

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Tentar conciliar ou confrontar?

    Fui nascido e criado em Ramos, sou torcedor da escola, e apesar de ter me mudado, ainda frequento o bairro. Também fui ritmista da escola por muitos anos. Lamento ver minha escola envolvida nessa polêmica. E ainda mais numa polêmica que parte daquele que, definido por quem o conhece muito bem, seria “uma voz a procura de um cérebro”. Sinceramente, como progressista, não sei dizer se a conciliação é a melhor estratégia. Como profissional do setor elétrico, foi duro também ver a ignorância do carnavalesco sobre Belo Monte. Tenho que admitir, entretanto, que se tivesse partido para o confronto, teria que estar muito bem respaldada (“com as costas bem quente!!”), pois correria o risco de ser prejudicada pelos julgadores, e até mesmo vir a ser rebaixada. Sabemos que o desfile do grupo especial no Rio é um programa da Rede Globo, e reconhecendo que a Imperatriz não é uma escola com muita torcida, não custaria nada para a Velha Golpista influenciar para que prejudicassem a escola.

  2. Tentar conciliar ou confrontar?

    Fui nascido e criado em Ramos, sou torcedor da escola, e apesar de ter me mudado, ainda frequento o bairro. Também fui ritmista da escola por muitos anos. Lamento ver minha escola envolvida nessa polêmica. E ainda mais numa polêmica que parte daquele que, definido por quem o conhece muito bem, seria “uma voz a procura de um cérebro”. Sinceramente, como progressista, não sei dizer se a conciliação é a melhor estratégia. Como profissional do setor elétrico, foi duro também ver a ignorância do carnavalesco sobre Belo Monte. Tenho que admitir, entretanto, que se tivesse partido para o confronto, teria que estar muito bem respaldada (“com as costas bem quente!!”), pois correria o risco de ser prejudicada pelos julgadores, e até mesmo vir a ser rebaixada. Sabemos que o desfile do grupo especial no Rio é um programa da Rede Globo, e reconhecendo que a Imperatriz não é uma escola com muita torcida, não custaria nada para a Velha Golpista influenciar para que prejudicassem a escola.

    1. tentar….

      Imperatriz você queria falar das mazelas do nosso país? Por que não começa com os milhões de reais detinados às esolas de samba em cidade que tem bairros e favelas  com indices de doenças medievais que não são nem controlados? Dinheiro que não vai para tratamento de lepra, microcefalia, colera, tuberculose, dengue…Dinheiro que não vai para creches, para postos de saúde, para saneamento básico. Por que não mostra os valões das favelas onde estão tais escolas. Privada e fossa aberta para 50/100 mil pessoas? Por que não mostra que todas escolas são comandadas por (Presidentes) chefões criminosos do jogo do bicho, por traficantes de drogas? Tem escola de samba do  RJ que tinha até rota de fuga para traficantes. E é a queridinha da RGT. Usada para autoridades mundiais visitarem a “maravilha brasileira” que é morar numa favela. O que a Policia e a Justiça carioca disse daquilo? E a disputa pelo controle destas escolas e seus escolhidos que via de regra são definidos com assassinatos? Interessante que dizem que o crime no RJ não tem controle. Só que estas escolas ficam em favelas ou bairros controlados pelo tráfico. Dia de ensaio ou eventos vai ate lá milionários, artistas, politicos, autoridades, a elite carioca. Dinheiro, jóias, status, carrões, notoriedade e nunca sofreram com criminalidade neste lugar? Coincidância?  

  3. Marxismo cultural

    Marxismo cultural é um termo do qual Olavo de Carvalho e os seguidores de sua seita muito se utilizam, más o que vem a ser esta expressão esdrúxula?

    E bom conhecer,  para saber com quem se está lidando…

    ———————————————-

    O que é o Marxismo Cultural?

    O marxismo cultural tem sido apelidado de “o maior câncer no mundo ocidental”, mas poucos sabem o que é.

    Definição de Marxismo Cultural:

    Marxismo Cultural: Uma ramificação do marxismo que deu origem ao políticamente correto, multiculturalismo e “anti-racismo”.

    Ao contrário do marxismo tradicional que se concentra na economia, o Marxismo Cultural enfoca a cultura e sustenta que todo comportamento humano é resultado da cultura (não hereditariedade / raça) e portanto maleável.

    Os marxistas culturais negam absurdamente a realidade biológica do gênero e da raça e argumentam que gênero e raça são “construções sociais”. No entanto, os marxistas culturais apoiam a política de identidade racial dos não brancos.

    Os marxistas culturais apoiam tipicamente a ação afirmativa baseada na raça, o estado de proposição (ao contrário de uma nação enraizada na ascendência comum), elevando as religiões não-ocidentais acima das religiões ocidentais, códigos de fala e censura, multiculturalismo, as normas sexuais desajustadas e o feminismo anti-masculino, a expropriação dos brancos e a imigração massiva do Terceiro Mundo para os países ocidentais.

    Os marxistas culturais promoveram a idéia de que os brancos, em vez de dar à luz bebês brancos, deveriam casar-se ou adotar filhos não-brancos interracialmente. Samuel P. Huntington sustentou que o Marxismo Cultural é uma ideologia anti-branca. Os críticos do marxismo cultural sustentaram que os marxistas culturais pretendem cometer genocídio contra os brancos por meio da imigração não-branca em massa, da assimilação, da adoção transracial e da miscigenação.

    Marxistas culturais notáveis: Antonio Gramsci, Horkheimer e Adorno, Herbert Marcuse, Franz Boas, Israel Ehrenberg (aka Ashley Montagu), Richard Lewontin, Stephen Jay Gould e outros

    Conceitos para se opor ao marxismo cultural:

    Genophilia: O amor da própria raça. Um instinto natural que os marxistas culturais querem negar (pelo menos para os brancos).

    Religião Identiária: Uma forma mais antiga de religião que enfatiza as obrigações ancestrais. Ferrenhamente negada pelos marxistas culturais cristãos (pelo menos para os brancos). Ao longo de quase toda a história humana, a religião identitária (aka, ethno-religião), tem sido a norma.

    Leukophobia: O medo irracional dos brancos organizados racialmente.

    Nação: A própria palavra ‘nação’ (do latim ‘nasci’) implica ligação por sangue. O entendimento tradicional (não-marxista) da nação implica homogeneidade racial. (Até muito recentemente, a Europa sempre foi racialmente homogênea e os EUA, no censo de 1960, eram 90% brancos).

    Citações notáveis:

    “A própria essência do Marxismo Cultural é o apoio da imigração em massa / fronteiras abertas”.

    “O objetivo final dos marxistas culturais é o genocídio branco.”

    “A correção política é o marxismo cultural”.

    “Os marxistas culturais tomaram conta das instituições da mídia, da educação, do cristianismo (conservador e liberal), do direito e das finanças, com o objetivo de aniquilar a civilização ocidental em geral e os brancos em particular”.

     

     

     

    Fonte: What is Cultural Marxism?

  4. O Carnaval e a Imperatriz

    O Carnaval e a Imperatriz Leopoldinense são incompatíveis com a sustentabilidade.

    A Imperatriz Leopoldinense e o Carnaval precisam da Belo Monstro.

    Quantos megawatts são gastos para iluminar os sambódromos e ruas Brasil a fora para as Escolas de Samba e a Imperatriz Leopoldinense desfilarem? Por que as Escolas e a Rainha de Ramos não desfilam durante o dia com luz natural?

    Quantos milhôes de televisores ligadois em Brasil e em mundo para ver a Imperatriz passar na avenida com um samba popular?

    Milhôes de freezers ligados 24 horas por dia gelando as geladas para os insaciáveis foliões, o Carnaval é incompatível com o s índios do Ximgúi.

    Eu vi o comentário da âncora da Globo.que na Record e ela não é uma ogra genocida.

    A Letícia Sabatela também demoniza o Belo Monstro…..

     

     

  5. Apenas uma pequena correção:

    Apenas uma pequena correção: a “Jornalista” que falou que os índios deviam morrer era da Rede Goiás, que é afiliada da Record, e não da Globo como foi dito na matéria.

     

    Deixem os preconceituosos e os pseudo-jornalistas falarem sozinhos, esse pessoal sequer deu o trabalho de ler uma vírgula da sinopse querem criticar uma coisa que não acompanham no dia a dia, além de disserminar ódio e arrogância nos cariocas. O enredo é para fazer um alerta para a preservação das etinias que resistem no Parque Indígena do Xingu, e o “Belo Monstro” fala sobre a Usina de Belo Monte. Onde é que tem agronegócio no enredo? Fizeram um escarcel por uma interpretação equivocada. Salve o verde do Xingu! Salve a Imperatriz!

  6. Leopondinense
    Há que distinguir agricultura familiar do latifúndio. Com algo em torno de 10% dos recursos destinados ao latifúndio, a primeira é a grande produtora de alimentos no país e quem de fato emprega n área rural, representando mais de 70% dos empregos no campo, seguidas das propriedades médias, ficando o latifúndio com apenas algo em torno de 3% Ao longo da história, o latifúndio foi responsável pela morte ou escravização de milhões de índios e negros, que continua perseguir até hoje (basta olhar vários projetos em tramitação no congresso, inclusive a PEC 215), envenena  o solo e nossas nascentes, é extremamente concentrador de renda e riqueza (aproximadamente 44% das terras agriculturáveis em poder de 1% da população), além de manter uma bancada extremamente conservadora no congresso, que, nos últimos anos posicionou-se sempre contra  qualquer ação afirmativa em favor dos pobres, dos mais fracos e dos excluídos, como o Mais Médicos e foi uma das grandes responsáveis pelo golpe. Redirecionar os recursos destinados ao latifúndio para a agricultura familiar e para o desenvolvimento de uma indústria de tecnologia de ponta, com alto valor agregado, certamente só traria benefícios ao país. É preciso destruir esse sofisma que o latifúndio é a salvação do país. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador