Temer prepara benesses do apoio ao impeachment

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Enquanto a última arma de Dilma Rousseff era o seu próprio discurso histórico e as respostas incisivas, firmes e recheadas de notório conhecimento jurídico e econômico, durante o inquérito que a colocou na cadeira de ré do impeachment, o interino Michel Temer recorria às já conhecidas táticas de governabilidade adotadas nestes mais de 100 dias: oferecimento de cargos, intervenções diretas e jogos de apoios, para agora garantir seus 54 votos.
 
O resultado é quase irreversível: de acordo com balanços de O Globo e da Folha, 53 senadores já anunciaram que votarão pela saída definitiva de Dilma, prevista para ocorrer nesta quarta-feira (31). Dos 8 que ainda não opinaram, ao menos um já é certo pela felicidade de Temer: quatro são do PMDB, entre Renan Calheiros, Edison Lobão, Jader Barbalho e João Alberto Souza. Os outros quatro são de partidos nanicos que também contam com as trocas de favores do interino.
 
Apesar disso, as falas de Dilma alcançaram o voto favorável à sua absolvição de dois dos senadores: Telmário Motta (PDT-RR) e Otto Alencar (PSD-BA). Com isso, já são 20 senadores que se declararam contra o impeachment. Tendo este cenário em vista, para não mostrar que a guerra foi dura e difícil, Temer não descansa com a simples maioria de vitória no jogo. Ainda nesta segunda-feira, o interino provou que quer a diferença com uma margem.
 
Ligações
 
Durante a sessão que durou mais de 14 horas, a senadora Rose de Freitas, correligionária de Temer do Espírito Santo, brincou com o colega Fernando Bezerra (PSB-PE) que falaria a favor de Dilma. Bezerra foi correndo contar aos aliados de Temer.
 
O interino ligou diretamente no celular da senadora, que recebeu a ligação chorando. Esclareceu que se tratava de uma brincadeira e que jamais imaginou que o senador iria fazer a fofoca. “Que puxa-saco”, criticou Rose a Aloysio Nunes (PSDB-SP). A informação é do Painel da Folha.
 
O jornal também traz outra cena dos bastidores sobre o estado de alerta de Temer, que fingiu não ter movido os braços ou estar despreocupado com a sessão desta segunda. Um dos parlamentares que não havia manifestado o seu voto, Roberto Rocha (PSB-MA), foi contemplado com um bom motivo oferecido por Michel Temer.
 
O governo interino garantiu ao senador uma diretoria do Banco do Nordeste, em troca de um voto favorável ao impeachment. A promessa do cargo veio imediatamente após Roberto Rocha ter conversado com Lula, ainda nesta segunda. Como o senador é um dos nanicos que ainda não opinou sobre o voto, Temer quis assegurar o dele.
 
E não foi só essa a ação bondosa do interino anunciada justo nesta segunda. Alertado que a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no plenário do Senado, não era apenas para acompanhar o discurso de Dilma, como também para conversar com senadores a fim de obter votos pela absolvição da presidente, Temer também entrou em campo.
 
O peemedebista entrou em contato com todos os parlamentares do Maranhão que foram procurados por Lula neste fim de semana e conseguiu a promessa de voto pelo interino. Entre eles, João Alberto e Edison Lobão (PMDB), este último que também não havia divulgado publicamente a sua posição final.  
 
Excursão da vitória
 
Em outra manifestação de otimismo, na forma de uma certa celebração pela saída definitiva de Dilma, Temer disse que levará com ele para uma viagem presidencial à China uma comitiva de parlamentares.
 
Já garantiu espaço no seu avião, além dos ministros Eliseu Padilha e José Serra, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o senador e braço direito de Temer, Romero Jucá (RR). Entre os deputados, estarão Beto Mansur (PRB-SP), Pauderney Avelino (DEM-AM), Fábio Ramalho (PMDB-MG) e Altineu Côrtes (PMDB-RJ).
 
A viagem será feita imediatamente após o anúncio do resultado do impeachment.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. excursão da revelação, primeira de várias…

    o Brasil passará a ter, ou ser, a maior concentração de terras do mundo nas mãos de estrangeiros

    esquema planejado e combinado foi o seguinte:

    como Lula é o maior e melhor especialista em recuperação de países quebrados, não terá o que recuperar

    estudem Paraguai hoje

    o golpe se autodestruirá em breve, no máximo 2 anos, mas como país

    não é um governo que tomam ou compram, é um país

  2. estudem equações políticas fechadas…

    sistema predador-presa……………………………………………o futuro se revela por aí, sempre

    os predadores golpistas de hoje serão, ou seus descendentes, os mesmos do futuro, pois desse tipo de equação política só resultam duas condições, ou o fim do predador ou o fim da presa, alternado-se respectivamente num vice-versa infindável como governos de direita e de esquerda, com o Estado ou tesouro nacinal cada vez menor

  3. Nossa, quantos senadores sem

    Nossa, quantos senadores sem caráter que temos. Querem condenar uma mulher inocente em troca de benesses.

    Que decepção, senadores! Não há crime de responsabilidade da presidente Dilma!

    O povo brasileiro com certeza ficaria muito feliz em poder escolher um novo presidente e um modelo de governo. O plano de governo deTemer não é o que foi eleito.

    Nunca pensei que o Brasil fosse um país sujeito a ruptura democrática. Vocês envergonham o Brasil para o mundo.

  4. Aonde estão os “paladinos da

    Aonde estão os “paladinos da luta contra a corrupção”, em especial o suposto juíz Moro, diante desses atos de corrupção ativa realizados em plena luz do dia?

  5. Carta de um (ex)eleitor de Cristovam

    Sr. Cristovam,

    Redijo este texto na condição de um mero eleitor seu, digo, ex.

    Me arrependo um pouco de ter me engajado de forma tão passional nas suas campanhas para governador do DF.

    Relembro quantas vezes me dirigi ao comitê de campanha, mesmo com pouco dinheiro, para comprar adesivos, botons, camisetas, bandeiras.

    Meu carro, todo enfeitado de vermelho, tremulava suas bandeiras pelas ruas de Brasília, numa campanha bonita, contra os poderosos, então representados por Roriz, Luiz Estevão, Filipelli, dentre outros.

    Angariei a ira de integrantes da minha corporação, que apoiava o grupo então adversário em percentual de 90%. Mas não me deixei intimidar. Tinha, no meu íntimo, a convicção da luta pelos menos favorecidos, pela democracia e contra os poderosos.

    Fiquei puto com o Lula quando ele te demitiu do Ministério da Educação por telefone. Só podia ser coisa do Dirceu. Hoje, acho que ele te conhecia muito bem.

    Me arrependo um pouco de ter votado em você para senador. Mas não me engajei na campanha. Algo me sinalizava que a sua postura não era mais a mesma e que o ressentimento havia tomado conta da sua capacidade de avaliação.

    Quando veio o seu apoio ao Aécio e à turma da Direita na última eleição presidencial, foi a gota d’água. Deixei de respeitá-lo como político. Afinal, Aécio se mostrou, segundo delações, um corrupto da marca maior. Talvez ele mereça um voto de confiança, assim como a Celina Leão. Mas e a Dilma? E a turma da esquerda? Já foram julgados e condenados pela mídia e pela opinião pública, com beneplácito de parcela substancial do judiciário.

    Hoje, Gilmar Mendes considera absurdos os vazamentos, quando as apurações se aproximam de seus chegados. Quanta diferença. Dois anos considerando todos os vazamentos absolutamente normais, sem esboçar qualquer reação. Tudo era permitido para desgastar o governo Dilma. Contrariando nossa Constituição, Juiz de primeira instância podia grampear presidente da república, ministros de estado e até conversa de investigado com advogados. Vivenciamos um estado de exceção. A mídia golpista dava ênfase. Nenhuma voz se levantava. Seria essa a nossa justiça?

    Vejo você defendendo uma Nova Esquerda, moderna, me dá asco. Se você defende, conforme suas declarações, a flexibilização dos direitos trabalhistas, a extinção dos direitos conquistados, com muita luta, na previdência, é sinal de que essa sua Nova Esquerda já existe e tem nome. O nome dela é Direita.

    Você não é mais de Esquerda. Basta olhar ao lado e ver quem tem votado com você. Caiado, Bolsonaro, Feliciano, Agripino, Fraga, Cunha, etc. É esta a sua turma.

    Quando compareci na manifestação anti-golpe na esplanada, tive a absoluta convicção que aquele era o meu lugar. Me vi junto à classe artística popular, aos sem-terra, aos indígenas, integrantes dos movimentos negro e feminista, LGBTs, estudantes, pessoas simples e humildes. Não tenho medo de errar. O meu lado é este. Do outro lado, vi um bando de mauricinhos e patricinhas, que em momento algum se posicionaram politicamente contra a corrupção, a não ser neste momento, inflados pela mídia, visando retirar a esquerda do poder. Usam o rigor máximo com alguns e fingem não ver a corrupção daqueles que sempre estiveram no poder ao longo da nossa história. Será que ficam esperando o Jornal Nacional e a revista Veja trazerem notícias bombásticas, martelando contra os poderosos de sempre?  Não batem mais suas panelas, que por sinal, nunca estiveram vazias.

    Na verdade, aqueles que perderam as últimas eleições jamais aceitaram a derrota. Já estavam comemorando na casa da Andrea, irmã do Aécio, quando saiu o resultado. Balde de água fria. Partiram para o confronto. Pediram recontagem dos votos, foram atendidos, perderam. Pediram e fizeram auditoria nas urnas, perderam. Resolveram fazer o impeachment. Mas qual o argumento? Pasadena não deu, pois foi antes do mandato. Petrobras também não. A mulher estava limpa. Nenhuma citação. Descobriram um certo procurador do TCU, militante, que estava questionando as contas do governo. Foi por aí.

    Com apenas 2,5 meses de governo, passeata bastante divulgada pela mídia, pedia a destituição da presidenta eleita. Entre os organizadores, o MBL, que se apresentou como apartidário, mas logo depois foi desmascarado, ao se constatar que seus dirigentes tinham vínculos com os partidos tradicionais. Posteriormente, uma gravação comprovou que o movimento contava com recursos financeiros advindos do PMDB e do PSDB, dinheiro do fundo partidário? Dinheiro do contribuinte? Quem pagou este pato? A FIESP, patrocinadora das manifestações, também se viu envolvida em desvio de recursos do SESI e do SENAI. Dinheiro público patrocinando o golpe.

    A nossa legislação proíbe os partidos políticos de propor impeachment. Mas isso não é problema para os golpistas. Arranjaram uns laranjas. O PSDB contratou por 45 mil reais a possessa Janaina, que tratou de juntar dois ex-políticos à “causa”. O mais novo achou o trem meio sem pé sem cabeça, mas acabou aderindo.

    Dilma tem sua parcela de culpa sim. Desonerações fiscais e outras medidas equivocadas prejudicaram muito a nossa economia. Mas existem inúmeros outros aspectos, não propalados pela mídia, que contribuíram muito para a nossa crise econômica, entre eles cito o cenário internacional, a desaceleração da China, a queda acentuada do preço das commodities, a crise hídrica, a derrocada de importantes empresas envolvidas em corrupção, além da pauta bomba aprovada pelo Congresso, aumentando gastos em momento de crise. Dilma se viu obrigada a vetar tais projetos, mesmo ciente do desgaste que tais vetos causariam na sua popularidade. É inegável, também, que Dilma sofreu boicote de “aliados” dentro do próprio governo.

    Usar o argumento das pedaladas fiscais para retirar uma mulher honesta do poder e colocar um governo corrupto (benefício da dúvida?) no seu lugar, é algo impensável do ponto de vista democrático.

     O TCU é um importante órgão auxiliar do legislativo. Emite pareceres quanto às contas do governo, mas pela Constituição, as contas do Presidente da República precisam ser aprovadas ou rejeitadas pelo Congresso Nacional. Ora, o Congresso não julgou as contas de Dilma. Como poderiam dar início ao processo sem este julgamento? A ânsia golpista saiu atropelando tudo, a toque de caixa na Câmara, até o desfecho naquela tragicômica tarde de domingo. Para os apressados golpistas, havia o risco de serem desmascarados.

    Pareceres do Ministério Público Federal e dos Peritos do Senado, jogando por terra todos os argumentos dos golpistas, foram solenemente ignorados no julgamento de Dilma.

    Desculpa esfarrapada para o golpismo. Se pedaladas fossem motivo suficiente para retirar um governante do poder, não restaria um presidente, um governador, um prefeito. Às favas os 54 milhões de votos que ela recebeu, não é mesmo? “Às favas os escrúpulos de consciência”, como disse Jarbas Passarinho ao baixar o AI 5.

    Sabemos que a grande maioria dos senadores foi comprada com cargos no governo do interino. Prefiro crer que esse não seja o seu caso. Mas a lisura do julgamento fica altamente comprometida. Os senadores atuam como juízes e não poderiam, em hipótese alguma, aceitar, muito menos requerer, benefícios do maior interessado na causa. No caso, o usurpador, traidor que se apossou do poder.

    Compare a postura de Temer com a postura de Itamar Franco, no impeachment de Collor. Itamar já estava rompido com Collor há nove meses, mas só se propôs a reunir os partidos e nomear cargos, após encerrado todo o processo do julgamento. Quanta diferença!

    Numa eleição, não elegemos simples candidatos a presidente e a vice. Votamos naquela chapa que tem o programa de governo mais próximo daquilo que acreditamos. Quando um vice se une à então oposição, numa conspiração para depor a presidenta, oferecendo cargos, e passa a defender o programa derrotado nas urnas, não estamos diante de um processo democrático.

    Quando a então oposição perde quatro eleições presidenciais seguidas e mesmo assim chega ao poder, com o seu programa de governo, sem o voto popular, não estamos diante de um processo democrático.

    Quando o processo de deposição é instaurado mediante ameaça, conduzido e presidido por um corrupto psicopata, logo a seguir descartado, não estamos diante de uma democracia.

    Romero Jucá, em conversa com Machado, deixou bem clara a estratégia golpista. Referindo-se à lava-jato disse: “tem que trocar o governo para estancar a sangria.” Disse também que era para fazer um acordão com o Supremo, com tudo. O Supremo não se defendeu.

    Não estamos vivendo num regime parlamentarista, onde muda-se o governo ao bel prazer da maioria do legislativo. O parlamentarismo foi derrotado em plebiscito realizado em 1993 aqui no Brasil. O povo escolheu o presidencialismo. Se querem mudar, consultem o povo. Acatar os interesses escusos dos nossos pouco nobres legisladores não é nada democrático.

    Tu te tornarás eternamente responsável pelos atos do governo golpista, composto exclusivamente por homens brancos ricos. Não foi esta a plataforma escolhida pelo eleitor em 2014. Este processo não é democrático.

    Você se diz defensor da educação, mas o interino se propõe a congelar (corrigir apenas pela inflação) os gastos com a educação por 20 anos. Com o seu aval. Você faz parte desse projeto irreversível, caso continuem no poder. Que retrocesso. Que contradição…

    A Petrobras perderá a prerrogativa do pré-sal. Pior, com o seu aval. O sistema de partilha, que destina recursos para a educação também irá pelos ares, num projeto entreguista. Com o seu aval. Já venderam aos noruegueses o bloco de Carcará (entregue) por, no mínimo, um terço do seu valor, causando um prejuízo equivalente a três vezes o rombo deixado pelos ladrões na Petrobras.  Sem o espanto da mídia golpista, a Petrobras do interino é a única petrolífera do mundo que não quer petróleo. Enquanto as petrolíferas do mundo inteiro investem em pesquisa e prospecção, com riscos de não encontrarem nada, a nossa empresa entrega o poço de mão beijada. Produzindo!

    Me recuso a acreditar que alguém com o seu passado vá realmente confirmar o voto pelo golpe. Neste caso, deixarei de respeitá-lo como homem. Seria um arrependimento muito grande de ter votado em você para reitor da UnB, afinal, foi ali que tudo começou. Não fosse reitor da UnB, não seria o tendencioso político golpista de hoje. Elegemos na UnB o embrião de um golpista? Um defensor da ruptura democrática?

    Eu detestava o Capitão Azevedo, reitor que expulsamos da UnB, mas o respeitava. Pelo menos, era autêntico e coerente com aqueles da Direita que o defendiam.

    Saudade mesmo, sinto de Darcy Ribeiro, que dizia:

    “Fracassei em tudo que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças, não consegui. Tentei uma universidade séria, não consegui. Mas meus fracassos são minhas vitórias. Detestaria estar no lugar de quem venceu.”

    Tenho certeza que, se vivo estivesse, nosso grande mestre estaria, mais uma vez, do lado dos “derrotados”.

    ATavares

    Brasília – DF

  6. O paquiderme

    Quem é este paquiderme na ponta da poltrona, com expressão arrogante, cara de mentecapto e olhar debochado? O que ele faz? Por que está ali:? Por que ri?

  7. Oh! o Coronel voltou….

    A redenção do Nordeste não durou mais que 10 anos. O pior de tudo é a volta do clientelismo, do coronelismo que voltaram graças ao voto daqueles traidores que por ironia forma os mais beneficiados. Esse politicos do nordeste não passam de nazistas corruptos, é uma praga muito pior que  a Zika  a dengue e a chicugunhia juntas.

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