Após Lava Jato, irmãos Batista vendem quase metade de R$ 50 bilhões da JBS

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Após o escândalo envolvendo a JBS e o grupo J&F, os empresários irmãos Wesley e Joesley Batista venderam quase a metade do império de seus negócios para tentar salvar parte de suas ganâncias. Em uma somatória de mais de R$ 50 bilhões, cerca de R$ 24,4 bilhões já foram arrecadados pela família com a venda de negócios, enquanto outras empresas ainda pertencentes aos Batista atingem R$ 26,4 bilhões. É o que traz levantamento feito pela Folha de S. Paulo, em reportagem deste domingo (01).
 
Entretanto, a fonte dos cálculos – os próprios empresários – pode trazer números nem tão reais: enquanto em meio à crise envolvendo a JBS no Judiciário e suas negociações, tanto a nível nacional como internacional, o frigorífico está sendo sbavaliado por investidores, o comprador da fabricante de celulose Eldorado pode ter oferecido mais do que ela vale.
 
As estimativas são de que como grande parte da cartela de recursos da JBS vem dos Estados Unidos, com 51% de representação no mercado de compradores, e o próprio Brasil com 13%, a estratégia dos irmãos Batista foi a de vender parte das empresas, antes que as autoridades norte-americanas pudessem provocar mais estragos à imagem junto a investidores.
 
Por outro lado, os irmãos pretendem manter o máximo da originária JBS, fundada em 1953 pelo seu pai, e vender o restante das empresas com o fim de pagar dívidas e também de acalmar credores. Com isso, as empresas já vendidas, apesar de terem um valor de quase metade do grupo, entregam de receita líquida apenas 9% do que arrecada de lucro a própria JBS.
 
Entre as vendidas estão, além de parte da JBS, as empresas Alpargatas (R$ 3,5 bilhões), Vigor (R$ 4,3 bilhões), metade da Itambé (R$ 600 milhões), e as operações da JBS no Mercosul (R$ 1 bilhão). Os irmãos já colocaram à venda também as termelétricas da Âmbar (R$ 800 milhões) e a empresa de higiene e limpeza Flora (R$ 400 milhões).
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Dificilmente vão sobreviver

    Um comentário aqui do leitor Boetorum Brasiliensis, há algumas semanas, chamou a minha atenção. Informava que o grupo J&F tinha que rolar R$ 20 bi de endividamento com vencimento em 2017. Suponho que o bem informado leitor teve acesso aos balanços ou informações bancárias. 

    Em sendo assim, as chances de sobreviverem são escassas. Já se desfizeram das Havaianas por R$ 3,5 bi. 

    Isto porque bancos não são e nunca foram entidades benemerentes. 

    Ao contrário, bancos são entidades que emprestam o guarda chuva em dia de sol e tomam em dias de temporal.

    Para rolar um endividamento de módicos R$ 20 bilhões, há duas situações a considerar. a empresa em boa skituação e a empresa que está balançando, seja por dificuldades financeiras, seja porque seus donos estão…presos.

    Se a empresa está em boa situação, os bancos fazem de tudo para que os capitais continuem emprestados, incentivam a rolagem da dívida. Se a situação é inversa, daí é o inferno. 

    Assim, temos que os bancos, nessa hora, são implacáveis. Exigem, o verbo é esse exigem amortização do principal, reforço de garantias, majoram os juros para cima, exigem que a empresa se desfaça de ativos (Havaianas), e por aí vai. 

    Não há o que comemorar. A quebra da J&F vai levar a pecuária e pecuarista brasileiro juntos. Vamos voltar a uma situação corriqueira, vigente nos anos 90 do século passado. 

    No tempo em que o Banco do Brasil ainda admitia que os clientes entrassem agência adentro (hoje impensável, isso consome estrutura – gente, seres humanos), dois pecuaristas se encontram na agência Centro Campinas. Um deles pergunta ao amigo e colega de infortúnio, ambos pecuaristas no MT: “Onde vc tá matando?”

    Responde o pecuarista de Canarana (MT): No Mataboi (hoje pertencente ao grupo J&F). 

    O outro pergunta, aflito: quero saber só de uma coisa: Pagam em dia? Porque estou de saco cheio de tomar calote”

    Nos anos 90, ficou na história a quebra do Araçafrigo, em Araçatuba (SP). Pecuaristas da regi]ao tinham que viajar por 150 Km para abater os bois, todos os frigoríficos da região quebraram. No Estado de SP. Se fosse no MT, grandes ditâncvias, normal, mas não em SP. Isso porque frigoríficos eram empresas que anoiteciam e não amanheciam. 

    Dificilmente vão sobreviver, o mais provável é que sejam vendidos para algum grupo estrangeiro. 

    Disse o Delfim, há poucas semanas na Carta: “Um país só pode ser consierado como tal se conquistar três autonomias: energética, militar e alimentar.”

    Não sobrou nenhuma. Bem vindos a Puerto Rico. 

  2. Comentário de 21.06.2017

    De onde vem (ou vinha) o dinheiro do JBS?

    Talvez, e certamente, seja vício de ex-bancário, mas as contas precisam fechar. Analise-se o comportamento dos dois grupos empresariais que se envolveram no gangsterismo político-financeiro dos últimos anos, o Odebrecht e o JBS.

    1) Grupo Odebrecht – Vence uma licitação superfaturada para uma obra, como são todas as licitações, sem exceção, por hipotéticos R$ 100 milhões. Ainda por hipótese, a obra vai custar R$ 30 milhões, R$ 70 milhões entram efetivamente no caixa da empresa, aí incluída a margem de ganho, que garantem o fluxo da atividade. Os R$ 30 milhões restantes são para distribuir entre a tigrada. Note-se que o dinheiro da tigrada não saiu do caixa da empresa, que ficou preservado, mas do sobrepreço cobrado da Petrobras, ou do caixa do governo, seja municipal, estadual ou federal, o que licitou a obra. 

    2) Grupo JBS – Ainda que o conglomerado atue em várias frentes, como se vê no texto acima, a atividade principal é comprar boi a R$ 120/130 a arroba, processar e vender no mercado interno e externo. Não há fornecimento para o governo, onde se poderia embutir um sobrepreço para fazer frente ao naco a ser entregue aos tigres. Haja chinelo havaiana. Como é que um grupo empresarial, que além de assegurar um padrão de vida nababesco aos seus proprietários (imóveis no exterior, iates padrão Onassis, sem esquecer da Ticiana Villas Boas), uma remuneração estratosférica ao seu Conselho de Administração, ainda pode sangrar o caixa em alegados R$ 600 milhões para financiar campanhas, além de comprar o Congresso, subornar o CADE, o Judiciário, pagar mesadas ad eternum? E a facilidade com que distribuía dinheiro entre a alcatéia faminta (coletivo de tigres)? Que margem de lucro é essa?

          a) O JBS cresceu exponencialmente, em curto prazo, praticando uma política agressiva de compra de concorrentes e diversificando atividades, movido a pesado endividamento, que tem um custo alto de carregamento;

         b) O BNDES não é e nunca foi a casa da mãe Joana, não doa dinheiro, empresta, no limite transforma parte do endividamento em participação acionária, portanto não é daí que sai o dinheiro;

         c) a atividade central do conglomerado é o processamento de carnes (bovina, suína), cuja matéria prima é adquirida no mercado, e vendida nas mais variadas formas. É uma atividade comercial como todas as outras, sujeita a demanda, custos de produção, cotações internacionais, ou seja, margens estreitas. Claro que em grande escala, geram uma receita na mesma proporção, mas as margens são estreitas. 

         d) o segmento de frigorífico de bovinos no Brasil tem um histórico trágico de quebradeiras. Até 15 anos atrás, a fama de frigorífico era de empresa que “anoitecia e não amanhecia”, considerado segmento de alto risco financeiro. Não há um único pecuarista no Brasil que não tenha guardada de recordação uma NPR – Nota Promissória Rural emitida por um frigorífico e não paga, calote. O JBS alterou substancialmente esse panorama. Concentrou o mercado? Sim, mas qual segmento da economia que não se concentrou? Só o que não se alterou foram as margens da atividade, não há mágica. As margens estreitas que inviabilizavam os frigoríficos do passado, permanecem. Não dá para brincar de Papai Noel, dinheiro não é capim e não aguenta desaforo. Uma coisa é fornecer para o Estado com 30% a 50% de sobrepreço, outra bem diferente é atuar no mercado numa atividade comercial de comprar, processar e vender. 

    A orgia financeira do JBS cobra seu preço. Agora, as contas começam a fechar. 

    https://jornalggn.com.br/noticia/depois-de-delacao-jbs-pretende-vender-r-6-bilhoes-em-ativos

     

     

  3. Perseguiçao implacavel

    Perseguiçao implacavel aos g5ranes g5rupos nacionais pela nossa grande midia ao mesmo tempo em que fatias do presal e a base de alcantra esta sendo doadas !

     

    1. perseguição….

      Não entemdi o comentário de Fernando J. O primeiro é uma idiotice (se for deste Boetorum está explicado).”Academicismos e Ilusões”. O segundo é brilhante. “…Tentar salvar parte de suas ganâncias…” Como somos um Terra de Estúpidos e Idiotas? E ainda queremos culpar a outros ou a Fantasmas !! Bandidos no Governo Brasileiro, no qual votamos e escolhemos, estão destruindo 500 mil empregos brasileiros na JBS. Outros 500 mil empregos brasileiros na Odebrecht. Fora outros milhões de empregos em outras Empresas Brasileiras, na Petrobrás, no Pré-Sal ou nas Empresas de Eike Batista. E estamos dando tudo isto de graça aos Interesses e Empresas Estrangeiras, que estão pagando o que qierem pela Liquidação Tupiniquim. E sabem o que farão?O que fazem há 1século. Trarão o restolho, as sobras, em empregos braçais, enquanto importam Empregos altamente especializados, Produtos Acabados, Royalties e Licenças dos seus países de origem. Tudo superfaturado, e ainda remeterão 25% do seu lucro, totalmente limpo para a Matriz. Somos a Pátria de Gênios. Não dá para entender o porquê da nossa situação, com tanta inteligência sobrando. Como pode?! Os caras não lêem nem mesmo Belluzzo, Delfim , Bresser, Amorim, Samuel Pinheiro…que escrevem aqui !!! E ainda passamos uma mendagem ao Mundo e às famílias, filhos, homens e mulheres que trabalham nestas empresas brasileiras: Que estes são todos corruptos. Fazem parte desta estrutura toda. Afinal foi a JBS ou outra brasileira qualquer que é corrupta. Não nos faltam nem as penas. Brasil/2017. É muito fácil de entender. 

  4. Liquidez é fator chave, mas resta um flanco vulnerável

    Complementando o artigo e os comentários abaixo, entendo que a estratégia do Grupo JBS frente ao cenário de risco que enfrentam é correta.

    Encolhe para diminuir as frentes de batalha e de risco. Concentra atenção e esforços reforçando a estrutura principal de negócio e diminuindo a fragilidade perante credores, ao mesmo tempo que a desmobilização gera caixa livre e cria um colchão financeiro para amortecer os choques que, eventualmente, virão. Sob a ótica dos credores Isso aumenta a segurança do fluxo de reembolso das obrigações e o interesse em rolar a dívida. Também, confere melhor capacidade de gerenciamento e o consequente desestimulo a possíveis hostiles takeovers.

    A incógnita que resta repousa no terreno judicial. No momento é um fator de risco imponderável. É o flanco vulnerável do exército dos Batista.

     

     

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