Israel retoma ataque em Gaza após fim da trégua

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Israel retomou os ataques aéreos em Gaza após declarar que as sete horas de trégua humanitária terminaram e que não havia prometido parar sua campanha militar sangrenta na Faixa de Gaza antes de alcançar a segurança a longo prazo para o seu povo.

Nesta segunda-feira, oficiais palestinos disseram que um ataque aéreo israelense atingiu um alvo próximo a uma usina de dessalinização em Gaza, matando duas pessoas e ferindo outras 16.

As imagens do derramamento de sangue em Gaza, que contabiliza mais de 1.800 vidas palestinas ceifadas e 67 vidas tomadas em Israel, têm aumentado as tensões em toda a região, sendo Tel Aviv alvo de fortes críticas pelo número crescente de vítimas civis.

“Quantas mortes para fazer com que pare o que deve ser chamado de massacre em Gaza?”, clamou o chanceler francês Laurent Fabius.

O principal diplomata da Rússia, Sergei Lavrov, também fez coro à crescente chamada para um acordo que ponha fim à violência. Esta notícia foi passada pelo seu ministério nesta segunda-feira.

No Cairo, as conversações de trégua entre a delegação palestina e autoridades egípcias estavam em curso. Uma fonte egípcia afirmou ter apresentado as demandas dos palestino à Israel, nesta segunda, e que está pressionando por uma extensão do cessar-fogo para permitir que as conversas continuem. “Agora estamos aguardando a resposta israelense”, afirmou a fonte.

Israel recusou o convite para participar, com o Hamas acusando Tel Aviv de tentar sabotar as negociações como forma de evitar assumir sua culpa por estes “massacres crescentes” em Gaza. Os Palestinos querem que Israel retire todas as tropas da Faixa de Gaza, acabe com os oito anos do bloqueio do enclave e abra as passagens da fronteira.

Netanyahu desafiador

Enquanto o mundo todo clama por uma trégua, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu disse que não haveria fim sem, primeiro, garantir um período de longo prazo de calma para o seu povo.

“A campanha em Gaza continua”, disse ele ao final de um período de trégua humanitária de sete horas, que diminuiu a violência no maltratado enclave palestino. “Esta operação só vai terminar quando for estabelecida a segurança e a tranquilidade para os cidadãos de Israel por um período prolongado”, disse ele.

As tropas de Israel haviam começado a sua retirada do enclave sitiado no fim de semana. Mas a trégua humanitária teve um início instável, com um ataque aéreo que alvejou uma casa num campo de refugiados na cidade de Gaza, matando três pessoas, entre elas uma menina de oito anos de idade, segundo declarou o serviço de emergência.

“Não há nenhuma trégua”, reagiu Ayman Mahmud, que vive na vizinhança, “como pode isso ser uma trégua”. “Eles são mentirosos”, desabafou, “eles sequer respeitam seus próprios compromissos!”.

Hamas acusou Israel de quebrar a trégua humanitária. “A quebra da trégua pela ocupação depois de ter sido anunciada por eles mesmos e mirar famílias palestinas e suas casas minutos após decretar a trégua, mostra as mentiras da ocupação a respeito da trégua humanitária”, disse o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.

Autoridades de Gaza denunciam que 1.848 palestinos foram mortos e mais de um quarto dos 1,8 milhão de residentes estão desabrigados. Além disso, apontam que 3 mil casas palestinas foram destruídas ou danificadas. Médicos, em Gaza, contam que recuperaram 32 corpos dos escombros.

 

Incidentes em Jerusalém

Nesta segunda-feira as tensões explodiram em Jerusalém, que viu seu primeiro ataque mortal em mais de três anos.

Um palestino bateu uma escavadeira na lateral de um ônibus, derrubando-a e matando um israelense e ferindo outros cinco, segundo informou a polícia local.

O motorista foi rapidamente morto a tiros por dois policiais que aconteceu de estarem na cena, frustrando o que a polícia descreveu como um “ataque terrorista”.

Logo depois, enquanto o corpo do palestina jazia na rua onde o incidente aconteceu, que é na divisa entre leste e oeste de Jerusalém, curiosos correram para o local, tanto israelenses quanto palestinos. Quando a polícia foi remover o corpo, alguns israelenses na multidão começaram a assoviar e a gritar “Morte aos árabes!”.

Na mesma área, dezenas de israelenses podiam ser vistos tentando atacar carros árabes, assim como um ônibus público com um motorista árabe, mesmo depois de terem sido parados pela polícia, narrou um correspondente, criando uma situação muito volátil.

Os populares israelenses também atacaram um ônibus que transportava trabalhadores árabes, e os policiais tiveram que tirá-los da área. Depois disso, um homem armado, em uma moto, abriu fogo contra um soldado israelense que estava parado à beira da estrada na área próxima do Monte Scopus, ferindo-o gravemente, segundo a polícia.

Informações da Al Jazeera e agências

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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    1. Hitler era

      O minúsculo Hitler era um hipócrita com maiúsculas, assim como os seus sucessores sionistas. Como o primeiro, terão um fim trágico. Isso se não acabarem com a Terra antes.

  1. Triste realidade no gueto de Gaza
    Recebi o texto abaixo em um boletim dos Médicos Sem Fronteiras, uma das poucas ONGs que respeito. Em minha opinião, o ataque israelense à Gaza, seria como nossas forças armadas, cercarem, bombardearem e atacarem indiscriminadamente alguma favela ou periferia com o argumento de defesa contra marginais e traficantes…

    “MSF condena fortemente ataque contra o hospital Al Shifa

    O ataque de ontem contra o hospital Al Shifa, onde cerca de duas mil pessoas tinham encontrado refúgio, demonstra que os civis não têm para onde ir e evidencia as atuais dificuldades para fornecer ajuda de emergência em Gaza.

    29 de julho 2014 – A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) condena fortemente o ataque ocorrido ontem, 28 de julho, contra o hospital Al Shifa, onde uma equipe cirúrgica de MSF está trabalhando. Al Shifa é o principal hospital de referência na Faixa de Gaza. Esse último bombardeio contra uma instalação de saúde, onde milhares de pessoas tinham encontrado refúgio desde o início da operação Margem Protetora, há três semanas, demonstra que não há lugar seguro para os civis em Gaza e evidencia as dificuldades para fornecer ajuda de emergência na região.

    Um membro da equipe de MSF estava no prédio quando o ambulatório do hospital Al Shifa foi bombardeado. Embora ninguém tenha se ferido neste mais recente ataque, já é o quarto hospital em Gaza a ser atingido desde o dia 8 de julho. Os demais foram os hospitais Geral Europeu, Al Aqsa e Beit Hanoun.

    “Atacar hospitais e seus arredores é completamente inaceitável e representa uma séria violação do Direito Internacional Humanitário”, denuncia Tommaso Fabbri, coordenador-geral de MSF nos Territórios Palestinos. “Quaisquer que sejam as circunstâncias, as instalações e o pessoal médico devem ser protegidos e respeitados. Mas hoje, em Gaza, os hospitais não são os refúgios seguros que deveriam ser”.

    Uma hora depois do ataque ao hospital Al Shifa, um míssil atingiu o campo de refugiados de Shati. Os feridos, na maioria crianças, foram transferidos para esse hospital. “Dois terços dos feridos que eu vi eram crianças”, disse Michele Beck, referente médica de MSF em Gaza.

    Na Faixa de Gaza, 1,8 milhão de pessoas, incluindo mais de 160 mil deslocados, vivem em uma área estreita e muito povoada. “Os moradores de Gaza estão cercados pelo mar e as fronteiras estão fechadas”, diz Marie-Noëlle Rodrigue, diretora de operações de MSF. “Quando o exército israelense ordena aos civis que saiam de suas casas e de seus bairros, para onde eles podem ir? Os moradores de Gaza não têm liberdade de movimento e não podem se refugiar fora de Gaza. Eles estão efetivamente presos”.

    Tanto para MSF, como para as demais organizações médicas e humanitárias que estão em Gaza, trabalhar e se deslocar pelos arredores é extremamente difícil e perigoso. Nas últimas três semanas, condutores de ambulâncias e paramédicos do Crescente Vermelho foram mortos e feridos. No dia 20 de julho, houve um ataque aéreo a 300 metros de um veículo de MSF claramente identificado. No mesmo dia, um míssil caiu – mas não explodiu – a cerca de 10 metros de uma instalação de MSF no hospital Nasser, no sul de Gaza.

    Nas últimas três semanas, as equipes de MSF só conseguiram chegar ao hospital Nasser em duas ocasiões. MSF foi forçada a suspender suas atividades cirúrgicas no hospital, apesar das necessidades médicas extremas nesta área gravemente atingida, onde a maioria dos feridos são mulheres e crianças.

    “Temos uma equipe cirúrgica pronta para trabalhar no hospital Nasser, mas sem garantias de segurança de ambas as partes do conflito não podemos correr o risco de enviá-los”, diz Nicolas Palarus, coordenador do projeto de MSF em Gaza.

    Para as organizações, a entrada de profissionais e suprimentos médicos em Gaza está extremamente difícil. A passagem fronteiriça de Rafah, do Egito, e os cruzamentos de Erez e Kerem Shalom, de Israel, estão parcialmente abertos, mas há riscos de explosões e danos colaterais. “A população está sendo mantida refém, com quase nada e ninguém entrando ou saindo”, diz Marie-Noëlle Rodrigue.

    Devido ao intenso bombardeio, os doentes e feridos também estão encontrando dificuldades para chegar aos hospitais. Além disso, metade dos centros de saúde de Gaza não estão funcionando. Na Cidade de Gaza, onde vivem cerca de 800 mil pessoas, apenas quatro dos 15 centros de saúde estão abertos.

    “Além da emergência, as necessidades médicas básicas, como saúde materna e tratamento de doenças crônicas, bem como o acesso à água potável e alimentos, simplesmente não estão sendo atendidas”, diz Nicolas Palarus.

    Em resposta à emergência, MSF está apoiando o hospital Al Shifa na cidade de Gaza com uma equipe cirúrgica completa, equipamentos médicos e suprimentos de emergência. Também houve doação de estoques de emergência para as farmácias centrais do norte e do sul da Faixa de Gaza. A clínica de pós-operatório de MSF na cidade de Gaza está funcionando com apenas entre 10 e 30% de sua capacidade porque a intensidade do bombardeio impede pacientes de chegarem à instalação. Atividades regulares de MSF no hospital Nasser, em Khan Yunis, foram interrompidas pelo conflito. MSF atua em Gaza há mais de 10 anos, oferecendo serviços médicos, cirúrgicos e psicológicos. A organização também respondeu às emergências em 2009 e 2012 em Gaza.
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  2. Conde Drácula.

    Bibi Netanyahu quer fazer pequena a fama de sanguinário do Conde Drácula.Usando praticas de Hitler, só faz trocar camaras de gás por  bombas,granadas e outras munições explosivas doadas pelos EUA. Até onde? Só ele decide. 

  3. O círculo vicioso da cegueira!

    Já que não consseguem conviver com o diferente, o “longo prazo de calma para seu povo” só virá quando exterminar todos os seus vizinhos…

    O probrema é que sempre existirão vizinhos por mais terra que ocupem e exterminem seus moradores…

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