Por André Motta Araújo
JÂNIO QUADROS E A DESCONSTRUÇÃO DO SISTEMA POLITICO BRASILEIRO
Jânio Quadros foi o primeiro político brasileiro do pós guerra a basear sua carreira no combate à corrupção e ao sistema politico tradicional.
O Brasil da segunda metade dos anos 40, quando Jânio se iniciou na política, vivia uma grande ressaca democrática do fim do Estado Novo e início da República de 1946, com novos partidos e novos políticos, mas a base do sistema tinha suas raízes na República Velha, reciclada pela Revolução de 30.
Nomes e famílias da Primeira República atravessaram os anos varguistas e chegaram a 1946 com surpreendente vigor, como o Deputado Artur Bernardes, eleito em 1946 para a Câmara dos Deputados e que já tinha sido Presidente da Republica de 1922 a 1926.
Nomes tradicionais de antes e durante a Era Vargas reaparecem por si ou seus descendentes como congressistas, governadores e prefeitos, de Norte a Sul do País, com nomes tradicionais agora na fase democrática, como Flores da Cunha, Benedito Valadares, Negrão de Lima, os Andrada, Adhemar de Barros, os Ramos e Bornhausen, os Tavora, os Ludovico e Caiado.
Os códigos da politica tradicional foram mantidos, o sistema estava de pé após reformas e reconstruções, os compromissos e as regras de conduta e de negociação se mantiveram, a antiguidade contava como valor, a lealdade era necessidade absoluta, o Congresso a partir de 1946 tinha um bom nível de qualidade, grandes nomes, bons oradores, uma elite intelectual, escritores importantes, juristas, era um sistema político bem azeitado.
Jânio Quadros, um anti sistema, colocou tudo a perder. Sua renúncia se deveu a incapacidade de se integrar ao sistema politico sentado no Congresso, Jânio não conseguia dialogar com s partidos a nível nacional. Sua experiência anterior de Prefeito e Governador deu certo porque era muito mais simples operar em legislativos locais homogêneos e menores, mas a nível federal o jogo era outro e Jânio não sabia e não queria jogar.
A RENÚNCIA DE JÂNIO QUEBRA O SISTEMA
A renúncia de Jânio em 1961 desarranja o sistema, porque o Vice que assumiu não tinha a capacidade de liderar o poder e desde o início ficou na dependência de forças fora do sistema político para governar, dependia dos militares, dos sindicatos e do empresariado.
Pela falta de um claro centro de poder, o País entrou em crises sucessivas de governabilidade que desembocaram no regime militar de 31 de março de 1964.
Pode-se dizer que Jânio, por sua renúncia, desarrumou o sistema que entrou em crise e não mais encontrou um claro eixo de sistema politico, evidentemente considerando o período militar como um intervalo com um poder fora do sistema democrático anterior e posterior.
O CENTRO DO PODER PÓS 64
Um centro de poder exige uma liderança clara, indiscutível. Tancredo teria sido essa liderança, Itamar Franco foi um centro de poder, FHC idem, Lula foi um centro de poder que colocou tudo a perder ao sacrificar José Dirceu e indicar Dilma, que não soube liderar o sistema, que se desfez nos seus mandatos para não mais se reconstituir, hoje o Congresso brasileiro é de baixa qualidade, não atende aos desafios do País, é dispersivo e desfuncional.
Um centro de poder exige um líder aceito por todas as correntes políticas, mesmo as adversárias, respeitado por suas convicções e estatura.
Jânio foi um ótimo Prefeito e Governador, mas não tinha envergadura para ser Presidente, faltava-lhe tolerância e paciência para lidar com todas as correntes políticas, perseguia adversários com inquéritos e prisões, algo incompatível com uma liderança aceita por todos.
O Brasil exige lideres de dimensão nacional, acima de ideologias e regionalismos, com visão de Estado e de País, o que não é coisa fácil.
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Dirceu ,herdeiro natural no quadro sucessório,era alvo do PSDB,midia e da FIESP,triunvirato à espreita ,que produziu a propina dos Correios,a incorporação de Carlinho Cachoeira como denunciante mor ,preludio do Mensalão do sicofanta Jefferson. Ali começou o ataque a Lula que resultou na assunção do miliciano.Aliás, Jango, era um Lula avant la letre,adiante de seu tempo e lamentavelmente pacífico.
Creditar à falta de “origem” do Jânio a crise política que culminou no golpe de 64 é acreditar que para governar o cidadadão deverá, obrigatoriamente, surgir de uma tradicional elite de poder e ao tempo negar que nas elites de poder nunca houve quebra de hegemonia e nem crises ou golpes.
Jânio renunciou ontem na circunstância em que, nos dias de hoje, Dilma permaneceu.
Ela pagou pra ver e deu no mesmo: o golpe lhe sobreveio.
Acreditar que os nossos governos tenham origem e estabilidade local é ser ingênuo.
Nada a ver a origem e sim a inserção no sistema. Dezenas de governadores na Republica de 46
tinham origem modesta mas se acoplaram ao sistema e aceitaram seus codigos. Janio queria
governar fora dos partidos, sua candidatura pela UDN foi uma farsa, como conta Carlos Lacerda
em suas memorias (“DEPOIMENTO”), Janio nunca foi homem de partido. Sua renuncia foi por
falta de articulação com o Congresso, ele se recusava a entender o Congresso.
Acredito, sinceramente, que Jânio tenha renunciado por exigência das tais “forças ocultas” que, como sabemos existem e fazem grandes estragos.
Não gostei da análise pretenciosamente histórica do Andre.
Minha cara, Janio chegou à Presidencia com a maior votação proporcional na historia da Republica, tinha poder real muito maior que JK, que saiu do governo como simbolo de corrupção, sendo Janio a “vassoura” paa varrer a corrupção. A difeença é que JK tinha um PROJETO DE PAIS, que realizou e
Janio não tinha projeto algum, a não ser combater a corrupção, era contraditorio em politica externa, seu plano economico era conservador,
comandado por um banqueiro (Clemente Mariani) ele renunciou quando tinha tudo para realizar um bom governo.
JK é o continuismo da sujeição do país ao Capital e Controle Externo como já havia feito Getúlio Vargas, que não entrou de cabeça nas Privatarias, por pressão do que restou da bancada paulista liderada por Monteiro Lobato. Torrou a Poupança Nacional acumulada dentro da Seguridade para construir um Elefante Branco no centro do país. Crendo que o Capital Externo nos financiaria, igualamente às Privatarias e Liberalismo de FHC. Na hora que o laço estava no pescoço, Banco Mundial atrelado à Interesses Europeus e NorteAmericanos deram uma chacoalhada nos JUROS e advinhe? Tudo que era Brasileiro virou Estrangeiro. Parece semelhante à atual época? E o pior que não aprendemos. Até hoje, tem quem endeuse JK e GV, Dois factóides, dois fantoches de uma Velha Politica Monarquista Atrasada Coronelista Caudilhista que conseguiu sobreviver. O resultado são estes trágicos 88 anos. Indústria da Miséria e do Atraso.
Análise rasteira, exatamente o tipo de pseudociência de que fala Jessé de Souza.
Jânio Quadros é a Política da 1.a República, República Paulista, tentando reconstruir o país depois de 1/4 de século fascista, ditatorial, caudilhista, assassino, policial, medíocre. Coincidência com a situação atual? Coincidência que as mesmas forças que derrubaram Jânio, mantém a Estrutura Absolutista Fascista do Golpe Civil-Militar de Quartelada de Baixíssima Patente de 1930 até hoje? Sindicatos pelegos como dos Professores, quase 1 século da Indústria do Analfabetismo, sustentados a ditatorial e obrigatória contribuição sindical, Justiça do Trabalho, Código Civil, Código Penal, CLT baseada na fascista ‘Carta del Lavoro’ de Mussolini, Policia Militar, Voto Obrigatório, OAB(1930), UNE(1938), USP(1934). De onde são nossas Elites destes 88 anos? De onde é Michel Temer. Emblemático ou coincidência? Afinal estamos na Terra das Coincidências !! O símbolo maior de era tão canalha, onde destruímos qualquer possibilidade desta Nação é o Lacaio-Mor do Fascista Tancredo Neves. Ministro da Justiça do Facínora, teve todos Cargos na República nestas décadas. Articula a queda e sua ascensão com 1.o Ministro na queda de Jânio. Produz dois factóides e marionetes que se tornaram Presidente: Juscelino Kubscheck e Itamar Franco. Fundador do PSDB de abjeta lembrança e avô do canalha que quase chega a Presidência, Seu Neto Aécio Neves. Jânio é a Política Paulista, democrática, liberal, libertadora, facultativa, igualitária que é sabotada, como já havia sido na Revolução de 1932. Será que é coincidência um Paulista novamente na Presidência da República depois de 88 anos? Afinal estamos na Pátria das Coincidências !!! Jânio tentou mudar tal realidade, destruindo os marionetes do fascista. primeiro com Adhemar de Barros em São Paulo, depois vencendo o Candidato do Ditador e de Tancredo Neves. O Brasil era vanguarda, era porto seguro, era cabeça. Em 1930 tornou-se em rabo. Finalmente, após quase 1 século temos a chance e liberdade de voltar ao seu protagonismo. É aniquilar a Velha Política e suas Elites, que não quer largar o parasitismo de décadas.
Meu caro, minha analise é fruto da vida e da experiencia e não de pesquisa academica. Conheci
Janio muito bem, meu irmão era amigo dele, quando Janio foi eleito Prefeito de SP contra FHC meu
saudoso amigo o ex-Deputado Dorival de Abreu foi Secretario de Governo de Janio, eu frequentava
diariamente a Prefeitura e tinhamos boas conversas com Janio, Dorivaal refundou o PTN (hoje PODEMOS), primeiro partido de Janio, do qual fui o primeiro Tesoureiro Nacional e dessa
conexão fuii paara a PRODAM, estatal da Prefeitura,como diretor financeiro. Conversei muito com
Janio já quando estava no flat depois de sair da Prefeitura e partir desse conjunto de conhecimentos faço minha analise.
[ “a renúncia de Jânio em 1961… o Vice que assumiu não tinha a capacidade de liderar o poder… dependia dos militares, dos sindicatos e do empresariado.” ] … pois é.?
“perseguia adversários com inquéritos e prisões, algo incompatível com uma liderança aceita por todos.”
Tipo a perseguição a Lula e ao PT, por parte de Janot, do PiG, da republiqueta de Curitiba e até do Bolsoasno??
Bolsonaro está para Jânio assim como um berimbau está para um escova de dentes…
Em nenhum momento comparei Bolsonaro a Janio.
De fato não , acho que fiz uma “hiperleitura” …
O conteudo da analise até que serve, mas dizer que o vice do Janio não tinha capacidade é forçar a barra. O vice na verdade não pode exercer o seu poder. A elite até trocou o regime para que ele não exercesse o poder. Outro ponto em relação na analise é fragil e incorreta
Jango não tinha poder real, se tivesse não teria aceito o parlamentarismo. A sua aceitação do parlamentarismo e a prova de que não tinha força politica para assumir a Presidencia.
JK tambem foi contestado pelos militares que não queriam que assumisse a Presidencia
MAS JK tinha outro nivel de capacidade politica e soube manobrar o poder, era um lider.
Tres presidentes heróis que se elegeram nos últimos 60 anos usando a bandeira “contra a corrupção” (Jânio, Collor, Bolsanaro). Por coincidência, os 2 primeiros não terminaram seu mandato…
o congresso já tinha boa parte de má qualidade antes mesmo quando havia lideranças (anos 90)
Qual o papel do oligopolio da mídia na desestabilização dos governos Lula e, principalmente, Dilma, até sua queda? Não estou dizendo que ela não cometeu erros, mas estes erros não aconteceram no vácuo.
O invencível oligopólio da mídia não desestabilizou somente os governos de Lula e Dilma.
Esse quarto poder é a língua ferina do mundo, que faz a guerra e desfaz a paz.