Judeus criticam comparação de Weintraub: “descabida” e “minimiza” perseguição nazista

"A Noite dos Cristais foi linchamento real a judeus. Objetivo de hoje foi tentar evitar que novas noites dos cristais aconteçam com outros povos e pessoas"

Foto: Luciana Freire/MEC

Jornal GGN – Após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparar as Operação contra bolsonaristas por Fake News a chacinas e perseguições sofridas pelo povo judeu durante o nazismo alemão, a comunidade judaica reagiu repudiando veementemente as declarações do ministro.

Em postagem em suas redes sociais, Weintraub, que tem origem judaica, afirmou que a Operação deflagrada nesta quarta-feira (27) era “como a Noite dos Cristais brasileira”. A Noite dos Cristais foi o início da onda de violência contra os judeus em 1938, com a chacina de dezenas de judeus mortos, mais de 250 sinagogas queimadas e cerca de 7 mil comércios, casas, cemitérios, hospitais e escolas judaicos destruídos.

Mas para o ministro da Educação do Brasil, aquela sequência de chacinas e mortes é comparável às buscas e apreensões dos autores de Fake News desta quarta. “Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!”, havia escrito Weintraub.

A Confederação Israelita do Brasil teve que corrigir o ministro e disse que a comparação dos episódios é “totalmente descabida e inoportuna”, e que representa, inclusive, uma ofensa, “minimizando de forma inaceitável” o histórico de perseguição aos judeus.

“Não há comparação possível entre a Noite dos Cristais, perpetrada pelos nazistas em 1938, e as ações decorrentes de decisão judicial no inquérito do STF, que investiga fake news no Brasil. A Noite dos Cristais, realizada por forças paramilitares nazistas e seus simpatizantes, resultou na morte de centenas de judeus inocentes, na destruição de mais de 250 sinagogas, na depredação de milhares de estabelecimentos comerciais judaicos e no encarceramento e deportação a campos de concentração”, teve que explicar a Confederação Israelita ao ministro da Educação.

“As ações do inquérito, por sua vez, se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso. A comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias”, continuou.

Além da Confederação, o coletivo Judeus pela Democracia também criticou a comparação infeliz do ministro. “A Noite dos Cristais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus”, lembrou a entidade. “A ação a mando do STF visa buscar quem financia Fake News e evitar novos linchamentos virtuais. A Noite dos Cristais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus. O objetivo de hoje foi tentar evitar que novas “noites dos cristais” aconteçam com outros povos e pessoas”, escreveu.

 

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador