Maia mudou lealdade a Temer após encontro com representante da Globo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Beto Barata/PR
 
Jornal GGN – Rodrigo Maia (DEM-RJ) vem confirmando que sua postura discreta guarda por trás as articulações para os próximos passos da política nacional: deve abandonar de vez a sua fidelidade a Michel Temer em nome de manter certa estabilidade para os próprios aliados, que hoje dominam o Congresso Nacional.
 
Além do apoio de grande parte dos que se consideravam aliados de Temer no mundo político, a concordância de Maia para a queda do presidente contou com o aval de representantes do mercado e da Globo. Desde um encontro que o deputado teve com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet, no último domingo, o diagnóstico passou a ser certeiro: a queda do atual presidente é irreversível. 
 
O que está em jogo agora é como se dará essa transição até as eleições 2018, quando os próprios parlamentares precisam estar munidos de força política, alianças e, sobretudo, apoio do mercado para as campanhas eleitorais. 
 
Maia é visto como o sucessor ideal porque não almeja, efetivamente, o posto da Presidência da República. Ao mesmo tempo, é discreto e faz tramitar na Câmara os interesses da aliança PSDB, PMDB e DEM, além de outros partidos, sem esbravejar extremismos ideológicos. Assim o apoio, naturalmente, foi quase unânime de todos os segmentos que hoje se encontram levemente rachados entre pró-Temer e fora Temer.
 
E a comunicação do deputado presidente da Câmara é transparente com o próprio mandatário peemedebista, com quem mantem uma relação de amizade. No último domingo (09), disse a Temer que a sua saída do Planalto já era quase irreversível. Admitiu que seria possível salvá-lo na primeira votação, mas não das seguintes que chegarão à Casa Legislativa. 
 
Em nome do menor desgaste, preferível que parlamentares não sacrificassem toda a imagem de seus partidos para manter o presidente no posto. Entre ambos, apesar de não publicamente informado, a estratégia acertada é a de indicar não um rompimento, mas a continuidade do que se tem hoje no comando do país.
 
Não à toa, um dos principais partidos aliados, o PSDB, apenas ainda não se decidiu pelo desembarque definitivo do governo porque aguarda a confirmação da aprovação das reformas esperadas, conforme insinuou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
 
Reportagem da Folha de S. Paulo desta terça-feira (11) descreve que após se encontrar com o presidente da República, Maia foi a um almoço com Paulo Tonet, da Globo, onde também estavam os deputados Benito Gama (PTB-BA) e Heráclito Fortes (PSB-PI) e o ministro Fernando Bezerra Coelho (Minas e Energia). Todos os políticos haviam se dirigido ao local com carros não oficiais, e permaneceram lá por cerca de cinco horas.
 
Á Folha, o deputado Heráclito disse que não “teve nada de conspiração” e que o encontro estava “marcado há mais de um mês”. “Era para ser lá em casa mas Tonet resolveu fazer na casa dele. As pessoas estão vendo coisa onde não existe. Maia tem sido muito correto”, disse ao jornal.
 
Mas foi de lá que Rodrigo Maia resolveu convidar deputados, ministros e líderes de partido para jantar em sua residência oficial, após a reunião com Temer, e demonstrar uma postura diferente na lealdade ao mandatário.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Bom para os banqueiros…

    Lealdade entre golpistas?

    O Itau poderá abocanhar parte da JBS adquirindo a Alpargatas…

    No fim o sistema financeiro vai engolir a economia formal, os juros altos só facilitam as coisas para os banqueiros…

    Por isso a PEC 55 já é uma realidade…

    O resto é um parto…

    1. Togados e correlatos poupados dos cortes “ad aeternum”?

      Sei não. 

      A prioridade é a banca, extremamente voraz.

      Com a receita minguando, uma hora vão ter que descumprir esses acordos e incluir as excelênciar no rol dos lesados, cortando os auxílios, por exemplo,

      Aí vão tb passar apuros. A não ser que tenham outras fontes de renda….

      Alguns sabidamente tem. Mas todos, duvido.

  2. Rodrigo Maia conversa com o pai, Cesar Maia:

    Tom Cardoso – Rodrigo Maia conversa com o pai, Cesar Maia:

    – Pai, eu cheguei lá.
    – Sim. Vão virar sua vida de cabeça pra baixo. Você precisa mudar alguns hábitos.
    – Já estou mudando, pai.
    – Está nada. E essa coleção de carrinhos em miniatura no seu quarto?
    – É o meu hobby, pai.
    – Porra, moleque. Você já tem 47 anos! E esse boneco gigante?
    – É o Kiko. Ele é bochechudo como eu.
    – Deixa o Bolsonaro descobrir isso. Joga tudo isso fora!
    – Tá bom! Tá bom! 
    – Outra coisa.
    – Fala.
    – Chega dessa de história de “mãeeeeeeeeeeeeee, cabei”.
    – Ah, pai, mamãe gosta tanto. Ela quem quis manter essa tradição.
    – Não! Chega disso! É bizarro. 
    – Tá bom! Tá bom!
    – Aliás, filho, agora fiquei curioso.
    – O que, pai?
    – Quando dava vontade de fazer o número de 2 lá na Câmara, a quem você recorria?
    – Pedia pro tio Moreira. 
    – Agora chega, tá?
    – Tá bom! Tá bom!

     

  3. A queda de Temer e a posse de

    A queda de Temer e a posse de Maia tem um lado bom e um lado péssimo = o bom é que sairá o judas do Temer – poderia ir prum cemitério, mas aí é pedir muito da história do Brasil. Agora  o péssimo é fortalecer ainda mais a globo. Um país que é fraco perante um grupo de comunicação não tem como ser no futuro um país-potência de verdade. 

  4. GLOBO DESESPERADA PARA ELEGER RODRIGO MAIA: BNDE$$$?

    GLOBO DESESPERADA PARA ELEGER RODRIGO MAIA: PRECISA DE GRANA DO BNDES? SERÁ ISSO?

    Por Romulus

    – Conversão da Globo ao “Fora, Temer”: tudo menos civismo.

    – O projeto de longo prazo: a tutela da classe política pela dobradinha mídia/ juristocratas – juízes/ procuradores/ policiais federais.

    – No médio prazo, o medo: o FBI investiga o esquema FIFA. Sem ter feito o próximo PGR, a Globo passa a contar apenas com mecanismos extremos: “perdão presidencial”, “anistia do Congresso” e dissuasão, com a ameaça de ataques midiáticos ou de impeachment da nova PGR pelo Senado.

    – No curto prazo, a corda no pescoço: o endividamento das Organizações Globo junto ao BNDES. Segundo fonte do Blog, os Marinho não estariam conseguindo rolar a dívida desta vez. O problema seria não terem bens para dar em garantia. Nem mesmo as ações na Globo!

    – Uai… qual o problema, irmãos Marinho? As ações da Globo não são mais de vocês?!

     

    Lembram da bailarina do Chico?

    “Procurando bem, todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina”

    Pois é…

    Procurando bem, todo mundo tem pereba…

    Santo mesmo, imaculado, só no altar de Igreja.

    A Globo, certamente, está longe dessa condição.

    Fora a bilionária sonegação fiscal descoberta anos atrás, parece que há outros fantasmas do passado rondando as mansões dos irmãos Marinho…

     

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