Mais de 40 grupos prometem oposição à “retórica violência, intimidação e perseguição” de Bolsonaro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Do Friends Of Earth 

Quarenta e seis grupos ambientais, organizações acadêmicas, organizações de direitos humanos, sindicatos trabalhistas, grupos religiosos e outras organizações da sociedade civil prometeram se opor a qualquer “retórica odiosa e atos de violência, intimidação ou perseguição” por parte do novo governo de Jair Bolsonaro no Brasil, como eles proclamam em uma declaração aberta hoje.

Os grupos, que incluem a Associação Brasileira de Estudos, a Amazon Watch e a AFL-CIO, expressam preocupação com “posições do presidente eleito que representam uma séria ameaça à democracia, direitos humanos e meio ambiente”. “E desejam reafirmar nosso apoio aos indivíduos e grupos corajosos no Brasil que se esforçam para defender direitos e liberdades constitucionalmente protegidos em um ambiente cada vez mais desafiador”.

“A eleição do extremista de direita Jair Bolsonaro como o próximo presidente do Brasil representa uma crise para os direitos indígenas, a floresta amazônica e nosso clima global”, disse Christian Poirier, diretor do Programa Amazon Watch.

“Um aumento nos ataques violentos contra os povos indígenas e movimentos sociais já ocorreu desde a eleição. A comunidade ambiental e de direitos humanos do Brasil não recuará diante dessa emergência, e nem nós apoiaremos a eles.”

A declaração descreve como “Bolsonaro ameaçou reduzir as salvaguardas ambientais nas florestas protegidas da Amazônia, enquanto aboliu os direitos constitucionais sobre os territórios indígenas, a fim de permitir a expansão de atividades destrutivas de agronegócios, extração de madeira e mineração.”

Escrevendo que “o presidente eleito Bolsonaro tem frequentemente tomado posições que são fundamentalmente em desacordo com os valores democráticos”, os assinantes da declaração detalham como Bolsonaro ameaçou não reconhecer os resultados das eleições presidenciais se ele não fosse proclamado o vencedor, e que ele falou favoravelmente sobre a antiga ditadura militar do Brasil.

Eles também notaram que ele falou em expurgar ativistas de esquerda e descreveu membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto como “terroristas”. Ele disse que a polícia do Brasil, já notória por matar milhares de pessoas todos os anos, deveria ter menos contenção no uso da força letal e busca uma resposta mais militarizada ao crime.

A declaração observa: “Dois líderes do MST foram assassinados por homens armados mascarados em 8 de dezembro” e “muitos temem que a odiosa e ameaçadora retórica de Bolsonaro esteja fazendo o Brasil – já líder mundial em assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente – um lugar muito mais perigoso”.

Ele [o documento] também detalha vários comentários misóginos, racistas e homofóbicos que Bolsonaro fez, que muitos também consideram contribuir para um clima social e político que encoraja a violência e o ódio contra as comunidades minoritárias.

“É importante que as pessoas nessas comunidades no Brasil, que lutaram tanto tempo por igualdade, saibam que não estão sozinhas. Vamos apoiá-los”, comentou a Dra. Gladys Mitchell-Walthour, presidente da Associação de Estudos do Brasil. “Faremos o melhor que pudermos para apoiar acadêmicos brasileiros, ativistas e cidadãos em geral. Nós não apoiamos ações antidemocráticas de líderes ou cidadãos.”

“É difícil exagerar a ameaça que Bolsonaro representa para as comunidades minoritárias no Brasil, inclusive para as comunidades indígenas já ameaçadas pelas indústrias extrativas e grileiros”, disse Jeff Conant, Gerente Sênior do Programa Internacional de Florestas da Amigos da Terra dos EUA. “Grave é o perigo que Bolsonaro representa para a inestimável floresta tropical e outros tesouros ambientais do Brasil, ou mesmo para o próprio planeta, já que ele parece desconsiderar a mudança climática e colocar os interesses comerciais antes de tudo.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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    1. Voto popular o cacete
      Ganhou a eleição mais fajutamente fraudada da história da República, com o candidato preferido do povo preso político em uma masmorra curitibana.

      Fora Bozo!

      1. Não importa que foi fraudada.

        Não importa que foi fraudada. O fato é que as aparências são de eleição legítima… aliás, se as eleições não foram legítimas, porque a esquerda aceitou o resultado?

        No final das contas, o brasileiro, o povo mais otário da Terra, validou um ditadorzinho de terceira categoria pelo voto popular. É bom sempre lembrar que todo o sofrimento que o povo brasileiro sofre hoje e irá sofrer no futuro, teve o aval do povo.

        Agora é aguentar a bucha.

  1. Eis o tão falado – e poucas

    Eis o tão falado – e poucas vezes tão nitidamente exposto – “soft power”. Ou alguém acha que esses estadunidenses aceitarão obedecer e submeterem-se à coordenação, às ordens e orientações dos ativistas brasileiros? O que os move é justamente a ideia de que os “superiores precisam ajudar os inferiores”. Ideia que, diga-se de passagem, muitos brasileiros de boa fé ingenuamente compram e até agradecem.

    “Só na Amazônia perdemos 2.000 árvores por minuto.”, diz a estadunidense Annie Leonard num vídeo chamado “A estória das coisas” (“The story of stuff”, 2007), no meio de um texto totalmente orientado para o ego (o que dá credibilidade aos fatos narrados, segundo o próprio documentário, é que ela conferiu pessoalmente o que diz) e que trata dos EUA como se fossem errados mas ainda o mais importante país do mundo… senão o único.

    “Perdemos, quem, cara Annie?”, pode-se perguntar.

    Ou seja, qual a diferença entre deixarmos outro país cuidar do nosso para o mal ou para o bem “do mundo”? Principalmente por um povo que se acha o padrão, o certo, o modelo a ser seguido por todos os outros povos do mundo?

  2. Quando muito jovem, estudando

    Quando muito jovem, estudando num coégio particular em Ipanema, pela primeira vez vi alguém dizer que a Amazônia deveria ser entregue ao Estrangeiro porque no Brasil ninguém sabia lidar ocm tamanha riqueza. Como o rapaz era muito jovem, foi tempos depois que eu presumi ele ter falado pelo que diziam seus pais, judeus também. 

    Os anos se passaram e eu, que sempre tentei enxergar o que tem por trás de certas notícias, jamais vi com bons olhos uma mulher suiça, ou de qualquer outro país, dizer que estava embrenhada na mata da Amazônia por amar os bichos. Um dia aparecia uma com uma preguiça no colo, noutro, era uma loira bacana de olhos azuis cuidando de macacos, ou de araras, etc.

    Mais adiante, vimos a saber de pastores adentrando o ambiente indígena dessas matas com o argumento de evangelizar os primitivos brasileiros. Não somente pastores brasileiros, esses neo-pentecostais que só pensam em ficar ricos à custa da miséria humana, mas até ditos pastores da Holanda já tiveram seus momentos de visibilidade na mídia.

    A roubalheira de produtos da floresta por estrangeiros para produção de cosméticos naturais nunca foi barrada pelas autoridades, ao que sabemos, mesmo isso sendo um fato bastante conhecido. Saber como essa gente consegue passar na alfândega não é difícil, se a corrupção também existe entre os delegados da polícia estrangeira dos nossos aeroportos.

    A Amazônia é soberba em riqueza de todo tipo. Até diamante azul soube que existe, quando Aldo Rebelo, como ministro do governo Lula fez essa revelação.

    São muitos absurdos que vimos assistindo, de há muito, contra nossas matas e nossas águas, mas agora, ao tudo indica, o negócio tomou proporções de guerra. E a palavra guerra soa muito bem aos ouvidos daquele amarelo de topete. Desde que seja para destruir a terra dos outros, está pronto pra qualquer negócio, sobretudo se está diante de um país entregando-se como uma prostituta. 

    Fico muito triste com todas essas confirmações de mortes e ameaças de morte de índios e de todos nosos irmãos já tão sofridos por nunca conseguirem sequer um pedaço do chão, que é deles, para poderem plantar e viverem do sustento dessas terras sonhadas, e sempre tomadas à força, na selvageria por quem esbanja riqueza e prepotência.

    Tomara mesmo que surjam pessoas, instituições, e tudo, enfim, capaz de nos ajudar nessas horas tão difíceis.

  3. E ainda dizem que Deus é brasileiro

     

    Coitado de Deus

     

    POR  · 27/12/2018 – no tijolaço

    Já não é caso de política ou de diplomacia.

    É de psiquiatria ou, talvez, quem sabe, de exorcismo.

    O futuro ministro das Relações Exteriores – prestem atenção, o homem que vai representar e cuidar dos interesses do Brasil perante o mundo – definitivamente surtou em seu delírio místico reacionário.

    Deus, diz ele, promoveu uma aliança entre o astrólogo Olavo de Carvalho, Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, para trazê-lo de volta depois dos anos dos “ateus” da Nova República.

    O delírio não é meu e, para provar publico trecho da reportagem de O Globo sobre o artigo de Ernesto Araújo numa revista fundamentalista dos Estados Unidos;

    Em artigo para a edição de janeiro da revista americana The New Criterion, o futuro chanceler Ernesto Araújo afirma acreditar que a divina providência “uniu as ideias de Olavo de Carvalho à determinação e ao patriotismo de Jair Bolsonaro” para pôr fim ao regime “corrupto e ateu” que, segundo ele, emergiu no Brasil com a Nova República e teve seu auge nos governos do PT.

    No texto, ele cita Deus 12 vezes e afirma que, com o governo que toma posse em 1º de janeiro no Brasil, “Deus está de volta, e a nação está de volta: uma nação com Deus”.

    “Meus detratores me chamaram de louco por acreditar em Deus e nos atos de Deus na História — mas eu não ligo”, escreve Araújo, que tem sido criticado dentro e fora do Itamaraty por defender ideias que vão contra as tradições diplomáticas brasileiras, como o abandono de acordos internacionais e a adoção de políticas contra a China, maior parceiro comercial do Brasil.

    Segundo ele, além de Bolsonaro e do guru da direita Olavo de Carvalho, a Operação Lava-Jato contribuiu para a mudança de regime. “Especialmente desde os grandes protestos contra tudo de 2013, eventos sociais, políticos e econômicos começaram misteriosamente a se encaixar”, escreve ele.

    Depois do João de Deus, temos um novo charlatão colocando o Senhor em maus lençóis.

     

     

     

      

     

      

     

     

     

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