Mais uma rodada da conta do golpe sendo paga, por Luis Felipe Miguel

Foto Tijolaço

Mais uma rodada da conta do golpe sendo paga

por Luis Felipe Miguel

O “Estado inchado” é outra das tantas mentiras que, repetidas à exaustão, ganham foros de verdade no Brasil. Os dados mostram que, em comparação com outros países, o funcionalismo público brasileiro é pequeno e a carga tributária é pequena. Apesar dos casos aberrantes amplamente divulgados pela mídia, até mesmo o salário médio do funcionalismo público é pequeno.

O que há são distorções: inchaços localizados da máquina administrativa quando há carências grandes de pessoal em muitos outros lugares, juízes com vencimentos nababescos, uma carga tributária que é muito maior para os pobres do que para os ricos (a porção da renda familiar que é consumida em tributos pelas famílias que ganham mais de 30 salários mínimos mensais é praticamente a metade daquela das famílias com renda de até dois salários mínimos).

A lógica diz que um país com o Brasil, com carências incompatíveis com suas riquezas e um potencial para o desenvolvimento que está longe de ser aproveitado, exige um Estado muito mais robusto. Mas nossas classes dominantes estão mais interessadas em saquear o país e subordinadas a interesses externos que vetam qualquer possibilidade de progresso sustentado no Brasil.

As medidas que o governo Temer anunciou ontem formam um dos maiores ataques ao Brasil em toda a nossa história. Foi determinado que 60 mil vagas não ocupadas ficarão a descoberto. O salário do funcionalismo foi congelado. Na verdade, foi reduzido, com o aumento da contribuição previdenciária para 14%. Novos servidores que venham a ser contratados terão rendimentos reduzidos (em mais uma violação flagrante da regra legal de “salário igual para trabalho igual”).

É mais uma rodada da conta do golpe sendo paga – e Meirelles deixa claro, mais uma vez, quem vai pagá-la. Diretamente, é o funcionalismo. Por tabela, todos os cidadãos que usufruem de serviços públicos. Nada de novo sob o sol, portanto.

Ninguém diz que o Estado brasileiro não tem problemas. Os cortes anunciados, porém, só contribuem para agravá-los – o rumo que está apontado é o do sucateamento completo.

 

Luis Felipe Miguel

6 Comentários

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  1. Sucateamento completo já!

    Bom dia senhores,

    diante de nossas “instituições sólidas, em estado de sublimação e rumo à sublevação, seria “ótimo” alcançarmos  o sucateamento completo.

    Talvez por aí, o “gigannte outrora   criança,  que se deitou  em   berço esplêndido, mas que hoje já é adulto,  levante-se. 

    Levante-se contra sua própria estupidez de agora: uma adultez estúpida, ignorante, imbecil, idiota, bestial entre outros adjetivos substantivados. 

    Levante-se e vá para as praças, as avenidas, as rodovias, os prédios públicos para a ruas, enfim, para todo que qualquer lugar público dessa república de ARAQUE, com um estado de democrático de direito de ARAQUE!

     

    Portanto, que venha o sucateamente completo!

    Chega!

     

    Palavra de ordem:

    Sucateamento completo já!

     

  2. Mas o q tem de tolos aqui no Blog aplaudindo isso…

    Porque, pela cabeça deles, os funcionários teriam aplaudido o golpe… Primeiro, nao é verdade que funcionários tenham aplaudido o golpe num percentual maior que o da populaçao em geral; a maioria dos funcionários está muito longe dos procuradores golpistas. Segundo porque, mesmo se fosse verdade, aplaudir que eles se f* por causa disso, além de enorme insensibilidade para com o infortúnio alheio, é burrice, porque quem será prejudicada é a populaçao em geral — e boa parte dos que batem palmas aqui no Blog nao apóia o Estado Mínimo, apenas nao sabe pensar e ver as consequências do que está apoiando. E terceiro porque nao é democrático, as leis e direitos nao devem existir apenas para os que concordam conosco, mas para todos.

    1. Desculpe-me debatedora

      Desculpe-me debatedora anarquista, 

      mas esse tipo de análise que você fez é “lugar-comum”.

      Repare bem o que eu disse. Veja que há elementos de esquerda nas entrelinhas.

      Saudações

      1. Nao era reaçao ao seu comentário mas aos de outras pessoas ontem

        O que houve de besteirol sobre “nao ter preço” ver os funcionários sofrendo, já que teriam segundo esses tolos aplaudido especialmente o golpe. Criancice de gente que pensa com o fígado, em vez de usar o cérebro para pensar.

    2. Ótima análise

      Concordo plenamente com seu ponto de vista. Estamos todos no mesmo barco, apoiadores ou não do golpe. Nessa, todos nos ferramos literalmente. Mas o que me dá nos nervos é ver a pusilanimidade em amigos que fizeram campanha pelo impeachment e agora dizem que quem botou o Temer lá foi quem votou na Dilma… 

      1. Lá isso dá nos nervos mesmo… É de uma falta de lógica total

        E o pior é que acho que tudo isso — tanto os tolos que batem palma p/ o desmonte do Estado sem ver que é isso que está em jogo qto esse “argumento” (argh!) que você cita — é o produto de uma imbecilizaçao das pessoas que está em curso, e atingindo os resultados pretendidos. Parece que pensar dá muito trabalho…

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