Medo de grampos ilegais faz governo aumentar segurança e reduzir telefonemas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – É destaque em O Globo desta terça-feira (14) que o medo de ser alvo de grampos ilegais tem feito setores estratégicos do Planalto aumentarem o nível de segurança, a ponto de reduzir ou descartar contato telefônico. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por exemplo, deixou de fazer uso de celular após entregar a primeira lista de políticos envolvidos na Operação Lava Jato ao Supremo Tribunal Federal. A Polícia Federal, que admitiu escutas clandestinas na sala do doleiro Alberto Youssef, também tem adotado medidas contra a espionagem.

Governo aumenta varredura contra grampos ilegais

De O Globo

Com o agravamento dos conflitos com a oposição e das disputas internas da base governista, o Palácio do Planalto decidiu aumentar o nível de segurança das áreas estratégicas do governo para evitar grampos e outras formas de espionagem. Desde março, entrou em vigor um alerta especial: setores sensíveis de cada ministério devem passar por varreduras contra escutas ilegais com regularidade. Em pelo menos um ministério, a varredura tem sido feita duas vezes por mês, segundo disse ao GLOBO um servidor que acompanha a escalada contra a espionagem na Esplanada dos Ministérios.

A preocupação do governo aumentou especialmente depois que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o escândalo de corrupção da Petrobras decidiu contratar a Kroll, empresa de investigação privada com sede nos Estados Unidos, com o pretexto de rastrear e repatriar recursos desviados da Petrobras. Delegados e procuradores, embora evitem tratar do assunto publicamente, consideram a contratação da Kroll uma excentricidade. O rastreamento e a repatriação de dinheiro desviado da Petrobras já vêm sendo realizados pelo Ministério Publico Federal e pela Polícia Federal, com sucesso sem precedentes na História das investigações criminais no país.

 

Com receio de grampos telefônicos e escutas ambientais, autoridades federais estão reduzindo drasticamente o uso do telefone. Algumas das mais visadas só tratam de determinados temas em conversas pessoais, de preferência sem a presença de assessores. Tamanho é o receio com a espionagem que, em alguns casos, assessores pedem para que visitantes evitem entrar na sala dos chefes com celular. A explicação é simples: programas de espionagem poderiam ser instalados em celulares sem que o dono do equipamento saiba.

PROCURADOR-GERAL EVITA CELULAR

Algumas autoridades não se sentem confortáveis nem mesmo com o uso de e-mails institucionais. A preferência é pelo e-mail pessoal, mais difícil de ser identificado numa espionagem clandestina. O medo do grampo se estendeu também à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal, especialmente na Superintendência de Curitiba. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deixou o celular de lado desde que pediu abertura de inquérito contra políticos acusados de se beneficiar da corrupção na Petrobras.

Na Polícia Federal o clima é ainda mais tenso. O risco da espionagem tem dados concretos. Há duas semanas, o ex-diretor de Inteligência José Alberto de Freitas Iegas e o agente Dalmey Fernando Werlang denunciaram, em sessão reservada da CPI da Petrobras, a existência de uma escuta ambiental na cela do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava-Jato. Os dois também relataram que foi instalada uma escuta na área especial para fumantes da sede da PF no Paraná.

O caso está sendo investigado pela Corregedoria-Geral da PF em Brasília. Iegas e Freitas apontaram como mandantes das escutas os delegados Márcio Anselmo e Igor Romário de Paula, coordenadores da Lava-Jato, e o superintendente Rosalvo Ferreira Franco. A acusação tem peso, porque Welang disse que foi ele próprio quem instalou a escuta na cela de Youssef no mesmo dia em que o doleiro foi preso. Como diretor de Inteligência, Iegas era a autoridade máxima da PF em assuntos relativos a escutas.

Após a sessão da CPI, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) criticou as declarações de Iegas, alegando que poderiam ser usadas por interessados em implodir a Lava-Jato, como a defesa dos acusados.

— As informações da Lava-Jato vieram das delações, não de escutas — disse o parlamentar.

Werlang afirmou que fazia as escutas e depois entregava um pen drive com as gravações das conversas ao delegado Márcio Anselmo e a uma delegada. Segundo o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), o agente teria dito que perguntas feitas nos interrogatórios de Youssef faziam referências a diálogos dele com Costa. No início das investigações, os dois dividiram uma cela.

As escutas foram descobertas no ano passado. A primeira versão era a de que a espionagem faria parte de uma disputa interna, entre Iegas e Rosalvo. O caso foi investigado numa sindicância. Com base na apuração, o juiz federal Sérgio Moro rejeitou pedido de Youssef, que queria medidas judiciais por causa das escutas na cela dele. A PF informou que instaurou “procedimento investigatório” sobre o que foi relatado à CPI e aguarda a conclusão para “tomar as providências cabíveis”.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Relembrando o que eu ja falei

    Relembrando o que eu ja falei antes:  ambos o carro da minha irma e o meu tem 10 anos de idade e ambos tem cameras com transmissao ao vivo.

    Nao, nao adianta me dizer que eu nao vi o que eu vi nao.  Vi sim.

  2. Aguento  mais não. É demais

    Aguento  mais não. É demais para minha limitada capacidade de apreender tanto surrealismo. 

    O Estado, o Poder na sua lídima expressão, ou seja, com a capacidade de Direito e de Fato de “fazer acontecer e mudar o que for necessário”, se apresenta incapaz até de assegurar um dos princípios mais caros no Estado de Direito, qual seja, o sigilo nas comunicações?  Que que é isso, minha gente? 

    Se é isso para os altos, poderosos dignatários da República, o que resta para o cidadão comum? 

    O que dizer da polícia “grampando” a própria polícia? 
     

  3. Coisas do Poder Delator, sic Judiciário

    Sérgio Moro coman da o Poder Deletador,…sic Judiciário…mas tá mais prá poder delator no sentido de delatar com o intuito de massacrar para deleite das massas,…delatar no sentido de depreciar, linchar..,…O Poder Delator não gosta da verdade nem a busca, dai que foge do uso de testemunhas como o diabo foge da cruz: delatores pagos para dizerem o que o juiz tucano quer ouvir, basta. As escutas telefônicas ilegais inserem-se nessa cultara da delação difundida pelo Poder Delator, sic Judiciário

  4. Grampos ilegais

    Lá em Curitiba algumas coisas andam ligeiras e outras bem lentas.

    O processo contra Cunha Lima – PSDB – de possível mal-feito em 2006 anda por lá devagar quase parando, a ponto de já haver pedidos de maior celeridade.

    O possível grampo ilegal aconteceu dentro do processo lavajato e o juiz condutor nada fez, apesar de solicitação de advogado.

    Já as ações processuais contra os aliados do governo federal andam sempre dentro de andamento adrede previsto, . com tanta pressa que atropelam até provas audiovisuais, trocando as pessoas envolvidas .

    E o CNJ e o STF quietos. Mudos, surdos e cegos . . . 

  5. ” varredura 2 vezes por mês “

      Só falta avisar os dias de varredura.

      Cultura de segurança de informações inexiste em Brasilia, e o maior problema não são telefones, e-mails – resumindo: Não esta no espectro eletromagnético, sequer no cyberespaço, ele se encontra na “lingua grande e solta”, tanto de politicos, ministros, assessores e demais cupinchas, todos estes querem ser “importantes”, ” possuem informações sigilosas” e FALAM para parentes, jornalistas, etc.., e os interessados em coligir informações, são especialistas em a partir de fiapos de varias fontes, montar um quadro possivel, e baseado neste estudo preliminar, definir quem ou que areas serão “grampeadas”,  operacionalmente tais ações podem ser levadas a efeito, até mesmo por pessoal interno, sempre é facil achar “desgostosos” e/ou rebeldes ( sem causa ou com causa, pagos ou 0800 ). NÃO ESTOU AFIRMANDO QUE ISTO OCORRE EM BSB, somente escrevo como um “estudo de caso”.

         Bancos, empresas aeroespaciais, de defesa, farmaceuticas, realizam varias varreduras, as vezes diárias, não apenas em suas redes, como tambem alteram de tempos em tempos, a encriptação de seus sistemas, e caso de reuniões importantes, tanto celulares como lap tops, são vetados, os participantes – independente de seu nivel hierarquico – passam por revista, tanto pessoal como eletronica, e ninguem reclama, não existe papel, elas são gravadas com aparatos remotos, analisadas posteriormente pelos participantes, e destruidas logo após – a frente de todos. 

          P.S.: Quando um delegado, Werlang, afirma que realizava as escutas, as transferia para um “pen drive”, e entregava a duas outras pessoas, já dá para aquilatar a porcaria de sentido de segurança dentro da própria PF, pois só neste caso, já são diretamente 4 a 5 pessoas envolvidas, e este pen drive foi descarregado no minimo em mais dois computadores, e com certeza não apenas os dois primeiros recebedores ouviram os fatos, e o que o Sr. Werlang e demais fizeram com o pen drive ?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador