Jornal GGN – Até então blindado pela imprensa, o queridinho do mercado financeiro, Henrique Meirelles, começa a receber ultimatos por conta do ajuste fiscal rigoroso prometido, mas não encaminhado. Há algumas semanas, a grande mídia vem dando espaço a artigos e notinhas que dão conta de que o governo Temer tem um prazo para entregar o que se espera dele na economia, a começar pela redução de despesas e investimentos públicos com a aprovação da PEC do teto dos gastos.
Ao invés disso, o que Temer tem feito é, nas palavras de opositores políticos, pagar a fatura cobrada por setores que ajudaram a derrubar a presidente Dilma Rousseff. É o caso dos vários reajustes de servidores públicos, incluindo o do Judiciário. Mesmo o aumento acima do que foi previsto por Dilma para o Bolsa Família, numa tentativa de aumentar a popularidade de Temer junto às camadas mais pobres, foi vista como medida indigesta para o mercado.
O prazo de Temer é, segundo nomes do mercado, o final das eleições municipais deste ano. Até lá, o impeachment estará concluído e não haverá mais desculpa para o interino postergar medidas impopulares com a desculpa de desestabilizar o processo de afastamento definitivo de Dilma.
Mas, segundo o Painel da Folha desta segunda (8), há temor por parte do mercado que passadas as eleições, Temer se sinta poderoso o suficiente para continuar encampado medidas econômicas que, em tese, não condizem com o ajuste fiscal duro que deveria deflagrar. Cai a confiança de que o ministro da Fazenda tenha pulso forte o bastante para impedir que isso aconteça.
“Um sintoma ilustra a mudança de humor: até aqui preservado, Henrique Meirelles começa a sofrer críticas. Dois executivos avaliaram recentemente que o ministro da Fazenda não tem conseguido frear o ímpeto gastador da área política. Trata-se de uma percepção perigosa: caso haja dano de imagem, o poder do chefe da equipe econômica de restaurar plenamente a confiança cairá na mesma proporção”, escreveu a jornalista Natuza Nery.
O aviso a Meirelles casa com o surgimento de boatos de que o ministro da Fazenda tem a pretensão de concorrer à presidência da República em 2018. Para isso, teria demandado de Temer superpoderes para sua Pasta, como a transferência da área que cuida da elaboração do Orçamento anual para a Fazenda – há décadas, esse setor está sob os cuidados do Planejamento.
Na semana passada, houve burburinhos de que Temer estaria disposto a entregar o ouro a Meirelles. Outros ministros alertaram para o perigo de dimensionar demais os poderes de um único titular.
Meirelles é filiado ao PSD, e seria o nome do partido para 2018. A candidatura, se a economia for bem sucedida até a próxima eleição, é uma ameaça ao próprio PMDB – que pretende ter candidato próprio na disputa – e ao PSDB. Meirelles, apesar de ser um nome que agrada ao mercado, poderia ser trabalhado pelo marketing político para fazer as vezes de um outsider – nome de fora da política convencional, com carreira executiva no exterior.
Nesta segunda (8), o GGN publicou um artigo de Andre Araujo sobre a postura de Meirelles na Fazenda. Para Araujo, “Meirelles e Goldfajn [presidente do Banco Central] são delegados do mercado financeiro e SÓ ISSO. Não tem qualquer visão maior, de País, do social na economia, do alcance político das medidas econômicas, nem tocam no item desemprego, para eles é irrelevante, só pensam em um torto ajuste fiscal que nem toca nos supersalários e na conta de juros.”
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Tiro no pé
Com o golpe, pelo que se viu até agora, a plutocracia deu tiro no pé e parte dela sairá perdendo. Mesmo a plutocracia depende de mercado consumidor forte que será enfraquecido pela desorganização econômica promovida pela camarilha golpista, desorganização que causará inflação grave, desemprego, aumento da carga fiscal, aumento dos juros (bem, os rentistas continuarão ganhando muito a custa dos setores produtivos). Ganha a nomenclatura, ao menos inicialmente, com os aumentos estratosféricos a ela concedidos incompatíveis com a capacidade econômica estatal. Quem perde para valer é o Povão, a baixa classe média e a pequena burguesia com inflação, desemprego, extinção de negócios, aumento de impostos, degradação de serviços públicos, aviltamento de salários e aposentadorias, consequências inevitáveis da orgia econômica que a camarilha golpista está a promover para se manter no poder.