Moro admite articulação para 2022 e diz ser irrelevante julgamento de Bolsonaro

O ex-juiz Sérgio Moro revela, a cada dia, seu real interesse por assumir a Presidência do país. Em entrevista, Moro admitiu que está articulando com outras figuras

Foto: Marcelo Cabral/ABr

Jornal GGN – Dois anos após deixar a Operação Lava Jato para se tornar ministro de Jair Bolsonaro e, posteriormente, romper com o atual governo, o ex-juiz Sérgio Moro revela, a cada dia, seu real interesse por assumir a Presidência do país. Em entrevista a O Globo, Moro admitiu que está articulando com outras figuras, como Luciano Huck, João Doria, Mandetta e Amoêdo, para o pleito de 2022.

Na entrevista, Moro afirmou, ainda, que não se sente arrependido de ter aceito o convite para trabalhar no governo, não pelo presidente em si, mas porque a decisão foi “apoiada, até por pesquisas da época, por grande parte da população”, ou seja, obteve a popularidade pretendida.

Eleições: “há uma movimentação”

Ainda negando escancarar que ele próprio irá disputar as eleições, disse apenas que está conversando com pessoas que ele enquadra como “centro” para as eleições presidenciais, que fugiriam dos extremos de Bolsonaro “e igualmente do PT”.

Entre os nomes do centro, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro listou o apresentador Luciano Huck, que no pleito anterior já demonstrava interesse em ingressar na disputa, o atual governador do PSDB de São Paulo, João Doria, o candidato da direita João Amoêdo (Partido Novo), entre outros como o ex-ministro da Saúde que criticou a gestão do coronavírus pelo governo, Luiz Henrique Mandetta, do DEM, e o atual vice-presidente, que também já foi descartado por Bolsonaro, Hamilton Mourão (PRTB).

Bela Megale perguntou a Moro se estava articulando com lideranças para construir uma terceira via de candidatura. A resposta foi confirmando: “Eu ficaria bastante desapontado se chegássemos em 2022 e tivéssemos apenas, como perspectivas eleitorais, dois extremos polarizados, a esquerda e a direita. O brasileiro tem um perfil mais moderado, e essa moderação favorece comportamentos de tolerância, que é o que nós precisamos, e o fim desse ciclo de ódio, que envolve principalmente as figuras do presidente (Bolsonaro) e igualmente do PT, especialmente o ex-presidente Lula.”

Mas não admitiu que ele próprio faria parte desta disputa: “A construção disso é uma coisa importante, e não necessariamente passa por mim. Existem várias pessoas”. Ao responder sobre as conversas que teve com Huck na semana passada, o ex-juiz disse que há “muita especulação”, mas o que ele “pode dizer” é que “há uma movimentação de pessoas com perfil de centro que têm conversado”. E negou que exista um plano “preestabelecido”, caracterizando apenas como “conversas”.

Ainda, voltando a negar que ele tem interesse no posto maior da República, disse que “todo mundo está conversando”, que “isso não significa que vou ser candidato” e planteando o tom heróico, que sua “preocupação é com o momento atual”.

“O que penso é que essa polarização de hoje obscurece os debates reais que temos que realizar. É meu desejo, como o de muita gente, que, em 2022, tenhamos alternativas não polarizadas”, continuou. Ainda, deixando claro que não pretende sair da cena política, Moro afirmou que seu “plano é continuar sendo uma voz ativa em prol dos princípios e bandeiras nas quais acredito”.

Críticas a Bolsonaro: “há retrocessos sim”

Na entrevista, Moro não deixou de criticar Bolsonaro, afirmando que o país está hoje “cada vez mais isolado na perspectiva internacional” e que isso terá consequências para a economia. Também criticou a gestão ambiental do atual mandatário.

Relacionado ao tema ambiental, Moro defendeu que “o discurso dessa liderança [do presidente] nega qualquer problema e invoca, a meu ver, com cálculo eleitoral, a questão da Amazônia com perspectiva ufanista, de que é nossa e que, por isso, podemos fazer o que quisermos.”

Disse que “há retrocessos sim”, em comparação ao combate à corrupção, “não só por decisões de outros poderes”, disse, em referência ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter contrariado decisões da Lava Jato, “mas também por uma certa inação do Poder Executivo”.

Entre as suas bandeiras, que foram deixadas de lado pelo governo Bolsonaro, Moro mencionou a omissão do governo sobre defender a prisão em segunda instância que, segundo ele, contraria “as promessas de campanha feitas em 2018”. Também disse que o governo Bolsonaro voltou a fazer “loteamento político-partidário”, que é a entrega de cargos públicos em troca da aprovação de medidas no Congresso. “Isso também acaba sendo uma possível fonte de oportunidades de práticas de corrupção.”

Investigação contra o governo: “irrelevante”

Bela Megale perguntou se essa “omissão” e “retrocessos” do governo Bolsonaro na Justiça se relaciona com a investigação contra o seu filho, Flávio Bolsonaro. Moro disse que “não tem condições de responder por ele”, mas admitiu as “falhas” do mandatário.

Ainda, Moro foi questionado sobre o que espera da investigação que foi aberta pela Procuradoria no STF sobre a possível interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, que partiu das próprias acusações feitas por Moro, quando deixou o governo.

E, em contradição ao que se posicionou nas investigações contra o ex-presidente Lula, o ex-juiz disse ser “irrelevante” para ele o desfecho da investigação contra Bolsonaro. “Eu não tenho interesse pessoal nesse inquérito. O que o STF decidir sobre o depoimento do presidente e o que for concluído, não dou muita importância. Para mim, é irrelevante.”

 

Redação

10 Comentários

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  1. O camisa preta do Paraná é irrelevante.
    O complexo midiáticos golpista é que deve ser observado.
    Essa gente está toda arranhada devido a vitória do engomadinho contra o troglodita lá na terra dos falcões do norte, que contou com o apoio maciço da mídia local e já estão pensando,sabujos que são, em fazer o mesmo por aqui.
    Se tentarem,nosso troglodita terá enormes chances de sair vitorioso novamente.
    Aqui,diferentemente de lá, existem eleitores de esquerda ,todos com a mágoa entalada na garganta, é sabem muito bem quem foram os responsáveis por essa situação.
    Assim,se quiserem tirar o troglodita,terão que,minimamente, devolver o que foi roubado do povo brasileiro e apoiar a candidatura do bloco popular de esquerda.
    Sem isso,essa gente pode se preparar para engrossar a população de Miami e,quem sabe,em 2024,votar em um engomadinho ianque.

  2. Sujo Moro pode ser considerado um verdadeiro “Children of the Corn” plantado no Brazil. Ele adora a sujeira da Embaixada da EUA que “It Walks Behind the Brazilian Rows”. E agora ele finalmente revelou sua verdadeira face de embusteiro profissional.

  3. Moro pode ir tirando seu cavalinho da chuva, seu reinado já acabou. Cometeu erros irremediáveis. Alçou a fama em troca de prender a maior liderança popular do país e depois se alinhou com a extrema direita mais retrógrada. Sem contar a sua falta absoluta de carisma e sua completa inépcia. Moro já era.

  4. Moro está desempregado e desmoralizado. Necessita manter o seu nome e a imagem em evidência para não cair no esquecimento. Seu empenho em ser candidato a presidente da república visa angariar os votos de confiança da classe dirigente, a elite do país, para a qual serviu até ser defenestrado. Agora, necessita novamente do apoio da direita e ultradireita nacional e, também, da colaboração do Depto. de Justiça dos USA, a fim de armar-se para enfrentar a frente de esquerda que está se formando para disputar o poder nas eleições de 2022, além do próprio Bolsonaro. Portanto, terá dois potenciais adversários para suplantar. Tem dois anos pedregosos pela frente.

  5. Ciro Gomes perde tudo (principalmente eleições), mas não perde a piada:
    https://www.viomundo.com.br/politica/ciro-diz-que-moro-levou-16-meses-para-descobrir-que-estava-cercado-de-prostitutas.html
    Detonado por Rodrigo Maia (prócer da direita), por Ciro Gomes (prócer sabe-se lá de que), quem será o próximo a enxovalhar o Moro?
    O Marreco devia metamorfosear-se e tentar ocupar a vaga do Louro José no programa da Ana Maria.
    Voz irritante, pelo menos, ele tem.

  6. O sujeito só usa métodos de baixeza da velhíssima política velhaca. Primeiro não queria ser político. Depois deturpou um processo judicial para se alinhar ao pior da politica. Prometido como superlativo, foi um retumbante fracasso, mesmo num governo alinhado a sua verve autoritária. Sai do governo querendo criar um escândalo e agora torna-se balão de ensaio das tentativas globais de se manter viva na política, com uma dupla midiática. Nestes 2 anos que faltam para a próxima campanha, tenho muitas dúvidas que a globo resista, com o seu poderio de hoje, que já é bastante reduzido, quem dirá o trio HUMOR (HUck + MOro + Rosângela)?

  7. Não se iludam. É candidato fortíssimo. Os donos do verdadeiro poder (mídia suja, banqueiros, agronegócio e urubus externos) moverão céus e terra para garantir sua eleição. Farão qualquer coisa suja para tal. A sujeira da lava jato tornar-se-á café pequeno diante do que farão para cumprirem seu “desideratum”.

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