Moro cede às redes sociais e recua de nomeação de Ilona Szabó

Ilona, de fato, seria uma voz divergente. Ela é contrária ao afrouxamento das regras de acesso a armas e já questionou pontos do controverso pacote anticrime de Moro

Jornal GGN – Uma onda de ataques nas redes sociais aliada à pressão do presidente Jair Bolsonaro, fizeram com que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, revogasse a nomeação da especialista em segurança pública Ilona Szabó de Carvalho como membro suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

Quando Moro assumiu, o fez com compromisso de carta branca do presidente. Ele escolheu a especialista para um cargo voluntário e sem funções executivas do governo, e foi alvo de uma campanha massiva em redes sociais contrárias ao nome de Ilona. Uma queda nos likes do ministro. Alie-se a isso a pressão de Bolsonaro. Então Moro voltou atrás e pediu desculpas à especialista.

E é bem por medo de perda de apoio nas redes que Moro voltou atrás. Os militantes bolsonaristas atacaram Moro apontando que Szabó defende posições diferentes do governo em temas como armamento e política de drogas. Além disso, pesou na campanha o fato de que a especialista se posicionou contra a candidatura de Bolsonaro durante as eleições.

Ilona, de fato, seria uma voz divergente. Ela é contrária ao afrouxamento das regras de acesso a armas e já questionou pontos do controverso pacote anticrime de Moro, considerando preocupantes as medidas que ampliam o tal direito à legítima defesa.

Moro teria tentando convencer o presidente de que Ilona era o nome ideal, e que questões ideológicas não iriam interferir. Mas foi desautorizado, e acabou por revogar a nomeação em tempo recorde.

Ilona Szabó tem mestrado em estudos de conflito e paz pela Universidade de Uppsala, na Suécia. É cofundadora e diretora-executiva do Instituto Igarapé, que produz pesquisas sobre segurança, justiça e desenvolvimento. É também colunista na Folha.

A especialista lamentou que o Conselho não tenha vozes divergentes, ganhando aí a polarização, perdendo a pluralidade e o debate de ideias. “Lamento profundamente que grupos minoritários mais extremados consigam impedir que pessoas comprometidas com o bem público, mesmo com divergências, possam sentar na mesa para a construção de um bem maior”, declarou ela à Folha.

Nota do Ministério da Justiça aponta que o recuo se deveu, sim, às críticas. “Diante da repercussão negativa em alguns segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o ministério respeitosamente apresenta escusas”, diz a nota. O ministério ainda defendeu a nomeação.

Depois dessa decisão do governo, o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sergio de Lima, pediu exoneração da vaga que ocupa no conselho. A decisão foi em solidariedade a Ilona que, segundo ele, “foi colocada em uma situação constrangedora”.

Ilona não é uma neófita no tema. Ela, além de fazer parte de vários conselhos e instâncias, também teve acesso a todos os ministros da Justiça nos últimos 15 anos. “Precisamos de um presidente que pense na República, que governe para um país diverso, plural, e que saiba que faz parte do jogo democrático a pluralidade de vozes”, disse ela.

A especialista acredita que o fato de ser mulher contribuiu para uma maior virulência dos ataques.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Enquanto isso, apareceu a Margarida, olê, olê, olá. Apareceu a Margarida, olê, Seus Cavalheiros!

    Minto. Quem deu as caras foi o Fabrício Queiroz, ex-motora e ex-assessor do Flávio Bolsonaro:

    “Queiroz diz que gerenciava salários para expandir ‘atuação parlamentar’ de Flávio Bolsonaro sem conhecimento do deputado
    Ex-assessor afirmou ao Ministério Público que considerava a prática lícita e negou que tenha se apropriado dos valores. Foi a 1ª vez que ele prestou esclarecimentos ao MP sobre movimentações atípicas de dinheiro”

    https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/03/01/queiroz-diz-que-fazia-gerenciamento-financeiro-para-expandir-atuacao-parlamentar-de-flavio-bolsonaro-sem-conhecimento-do-deputado.ghtml

    Antes, o Capataz do Laranjal da Família Miliciana dava outra versão para o cascai movimentado em suas contas bancárias:

    “RIO – Os promotores do Ministério Público do Rio (MP-RJ) ouviram um ex-funcionário do gabinete de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) admitir que repassava mensalmente quase 60% do próprio salário a Fabrício Queiroz , ex-assessor do agora senador. Em depoimento concedido no dia 11 de janeiro e divulgado na quarta-feira pelo “G1”, Agostinho Moraes da Silva afirmou que os R$ 4 mil entregues todos os meses a Queiroz (a quem chamou de “amigo”) eram aplicados na compra e venda de automóveis, negociação mais rentável para ele do que investimentos tradicionais em banco.

    Segundo Silva, o lucro mensal de 18% teria sido pago por Queiroz em espécie e as transações, não declaradas à Receita Federal, teriam ocorrido enquanto os dois eram lotados no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando o parlamentar ainda era deputado federal. O salário líquido de Silva, à época, era de R$ 6 mil. No início deste mês, o filho do presidente Jair Bolsonaro assumiu a vaga no Senado para a qual foi eleito em outubro.

    O depoente disse que a prática era vantajosa “na medida em que lhe retornava um valor maior do que seria em caso de investimentos bancários tradicionais””

    https://oglobo.globo.com/brasil/queiroz-recebia-quase-60-do-salario-de-colega-lotado-no-gabinete-de-flavio-bolsonaro-na-alerj-23473174

    Já os salários da filha e da esposa do Fabrício Laranja Queiroz que eram depositados mensalmente na conta bancária do Fábricio Queiroz não era para expandir ‘atuação parlamentar’ do Flávio Bolsonaro mas para tirar sua família da Comunidade onde eles moravam:

    “Eu morava, no meu primeiro casamento, em um apartamento arrumadinho, tinha piscina, tinha a coisa toda. Eu me separei e vim morar na comunidadezinha, comunidade só de trabalhadores. No Rio de Janeiro. Esse mérito de dinheiro eu queria explicar ao MP. São pessoas da minha família. Eu GERO o dinheiro da minha família, EU QUERIA TIRAR ELES DA COMUNIDADE. E minha filha trabalha comigo desde cedo, desde 15 anos. E em todas as eleições elas estiveram presentes. Quando teve a oportunidade eu pedi pra empregá-las porque elas eram muito eficientes”. – Fabrício Queiroz, em entrevista ao $BT.

    Como insinuou o Vice-Presidente Mourão, tem algo de podre no Reino das Laranjas:

    “O ex-motorista, que conheço como Queiroz, precisa dizer de onde saiu este dinheiro. O Coaf rastreia tudo. ALGO TEM, aí precisa explicar a transação, tem que dizer”. – Mourão.

    Essa laranja é podre, não é sadia. Deve ser esmagada, segundo o Alexandre Frota.

  2. Coisa dos tempos obscuros que vivemos. Se não pensar e agir como querem e determinam os gurus de extrema direita, influenciadores do Clã Bolsonaro, não serve, é espião, portanto, adversário.

  3. Não faz o menor sentido a presença de uma pessoa super-qualificada nesse governo tão tosco.
    É garantia de frustração e desentendimentos de ambas as partes.
    Sorte dela pela dispensa e azar nosso, mais uma vez.

  4. Quando usava o cargo de juiz para perseguir Lula, Sérgio Moro tinha autoridade e não tinha ética. Agora que virou Consiglieri de mafiosos ele não tem nem ética nem autoridade. A única coisa que ele não perdeu foi a liberdade. Mas até isso ele perderá se a mesa virar.

  5. Tinha um Coxinha dizendo que o Morionete, é não o Bolso, fez bem em demitir a moça, e não que o Moro fez mal em nomeá-la, pois já que o Morionete foi obrigado a exonerá-la, então ela não é uma laranja sadia, que, ao contrário das laranjas sadias, deva ser poupada com base em critério ideológico, e não técnico

  6. Frio e calculista: esse é o perfil do ex-juiz Sérgio Moro. Desavergonhado que é, Moro suportará todo tipo de humilhação à frente do Ministério da Justiça, até que se cumpra o prometido: sua indicação para o STF. Uma vez entronado, e praticamente intocável, traçará planos para se vingar dos Bolsonaros, empenhando-se em destituí-los para em seguida se apresentar como alternativa às bagunças bolsonatistas.
    Moro acredita que gerou Bolsonaro, e Bolsonaro acredita que está controlando Moro. Se o ex-juiz de primeira instância, agora ministro da justiça, for realmente alçado à ministro supremo, o mandato do ex-Capitão sequer completará os quatro anos para os quais fôra eleito.

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