MP-RJ não tem dúvidas de que morte de Marielle está ligado a milícias

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Agência Brasil

MP-RJ não tem dúvidas de que morte de Marielle está ligado a milícias

Por Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil  Rio de Janeiro

O procurador-geral de Justiça do estado do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse hoje (14) não ter dúvidas de que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes está relacionado a grupos de milicianos. Gussem discursou ao ser reconduzido ao cargo para mais dois anos de mandato à frente do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

“Não tenho dúvidas em afirmar que o caso Marielle e Anderson Gomes está relacionado a essas organizações criminosas”, disse ele. O assassinato completa hoje dez meses e segue em investigação sigilosa na Polícia Civil e no próprio Ministério Público estadual.

Gussen afirmou que as milícias representam “uma forma perversa de plantar o terror e o medo na sociedade” e destacou que, quando confrontadas pelo aparato estatal, elas reagem “com severos ataques a bens públicos e ameaças a autoridades”. O procurador-geral de Justiça lembrou ainda o ataque a tiros sofrido ontem pela delegada e deputada estadual Martha Rocha (PDT), que não se feriu com os disparos contra seu carro, mas teve o motorista baleado. A parlamentar relatou ter sofrido ameaças de milicianos .

“Espero que o lamentável episódio ocorrido ontem com a deputada estadual Martha Rocha não seja mais um capítulo dessa triste e grave história”, disse.

Duas linhas

Ao fim da cerimônia de recondução ao cargo, o procurador-geral de Justiça explicou que o ministério público estadual e a Polícia Civil trabalham em duas linhas de investigação distintas no caso Marielle. Enquanto os promotores cruzam dados do caso com outros processos e organizações criminosas identificadas, a Polícia Civil se debruça sobre o crime de forma mais específica.

“Elas necessariamente não são divergentes, podem até ser convergentes. São linhas que, com o andar dessa análise, podem desembocar na mesma organização criminosa”, disse ele, que ponderou que a investigação da Polícia Civil necessariamente vai passar pela avaliação do Ministério Público quando concluída.

O governador Wilson Witzel (PSC) disse que não teve acesso ao processo, que está em segredo de justiça, mas defendeu que uma resposta seja apresentada à sociedade rapidamente.

“Me parece que as duas têm que andar juntas. Se não for possível, aquela que estiver mais adiantada que dê a resposta pra sociedade. Se você tem uma investigação mais adiantada na policia, que a policia já apresente logo o resultado”, disse ele, que o que se espera do direito penal é uma resposta rápida à sociedade: “É muito melhor apresentar muitas vezes um resultado parcial de uma investigação. O inquérito pode ser cindido e continuar a investigação em outros fatos”.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Arf
    Dias desses assistia novamente o filme Big Short ou A Grande Aposta, sobre o crack de 2008…

    Abria o filme uma frase de Mark Twain que dizia algo assim, não são as dúvidas que nos trazem problemas, mas sim as certezas que sempre nos levam aos desastres…

    A frase se encaixa perfeitamente ao caso…

    Desde o início a necessidade midiática de determinar o culpado antes da apuração matou qualquer chance de elucidação do caso…

    A demora atual é para criar um roteiro que se encaixe nas cenas já filmadas… as tentativas pretéritas não convenceram…

  2. A manipulação da direita contra uma mártir
    Ao lembrar das pessoas da direita dizendo que ela era ligada ao tráfico, mesmo após provar que a foto que ela tava c/ 1 miliante era falsa ou que ela foi eleita por votos de idealistas que não eram sujeitos ao chefe do Morro, fico maior indignado.
    Ao ver que 1 político que nunca fez nada pela segurança do Rio e por isto sequer ser xingado por traficantes ou milicianos virar presidente me faz crer que os manipuladores venceram.
    Dezenas de milhões de brasileiros acham que ela era de alguma organização criminosa por ir nos morros. E que a morte de uma líder/parlamentar/servidora publica que lutava contra o crime foi apenas + um assassinato.

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