Como a elite que frequenta Davos afundou a economia mundial

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Andy Robinson relata, em entrevista ao GGN, a experiência de retirar a maquiagem do Fórum Econômico Mundial – evento que reúne anualmente empresários que recorrem ao “capitalismo filantropico” na tentativa de reparar os danos que provocam à economia mundial

Jornal GGN – O que o empresário Jorge Paulo Lemann e o escritor Paulo Coelho têm em comum? Segundo o jornalista Andy Robinson, do La Vanguardia, ambos os brasileiros podem ser chamados de “Davos Man” – um tipo podre de rico que frequenta o Fórum Econômico Mundial e patrocina boas causas com o intuito de reparar os danos que provoca ao capitalismo mundial.

No livro “Um repórter na Montanha Mágica – Como a elite econômica de Davos afundou o mundo”, Robinson relata a experiência de nadar contra a maré na tentativa de retirar a maquiagem do Fórum de Davos. Para ele, naquela Montanha Mágica, tudo gira em torno de “publicidade” e “hipocrisia”. Ali, a nata do empresariado mundial se reúne para fazer negócios enquanto fingem preocupação com as crianças famintas na África. 

A maioria dos “Davos Man” observados por Robinson tem por hábito sediar suas multinacionais em paraísos fiscais, contando com a tolerância de governantes – que se comportam como verdadeiros aliados e fazem vista grossa às dificuldades para o Estado provocadas pelos dribles fiscais – e da grande mídia internacional – controlada financeiramente pelos mesmos magnatas que circulam pela Suíça. 

Em entrevista exclusiva ao GGN, Robinson comentou sobre a crise econômica brasileira e o cenário na Europa. Na visão dele, é compreensível que haja algum “desencanto” com a maneira como Dilma Rousseff conduz o país, mas seria “muito equivocado pensar que a alternativa de Davos é melhor” do que o modelo adotado pelo governo para superar a tormenta.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

***

https://www.youtube.com/watch?v=z7gMQwFPQTw height:394]

GGN: O que te motivou a escrever um livro sobre a elite econômica que frequenta Davos?

Andy Robinson: Bem, eu já trabalhava para o [jornal] La Vanguardia como correspondente em Nova Iorque há oito anos quando virei correspondente do mundo econômico e passei a cobrir as reuniões de Davos, a partir de janeiro de 2008. Ainda não havia chegado os efeitos da crise. Em janeiro de 2009, tudo já havia mudado. Havia uma sensação de que, pela primeira vez, os banqueiros comiam as próprias unhas! Aquele ano tiverem de barrar a parte extravagante da conferência de Davos, pois faziam muitas festas. Tiverem de adotar um tom discreto depois da crise, porque havia uma raiva crescente nas ruas dos Estados Unidos e da Europa, contra aqueles que provocaram a crise.

Então comecei a escrever um blog porque a forma de dar informação sobre Davos é muito centrada em discursos oficiais e na fala de presidentes. Quando, na realidade, o mais interessante é um pouco do que se observa por ali. Há os homens e algumas poucas mulheres dos mais poderosos do mundo financeiro e empresarial. E é interessante observar sua linguagem corporal, o que fazem, e tudo o mais. Eles ficam num local dos alpes suíços que [o escritor] Thomas Man chamou de Montanha Mágica. Esses elementos me parecem mais interessante do que o título: ‘Dilma Rousseff vai investir em infraestrutura’, ou o quer que seja. Portanto, comecei a escrever um blog em primeira pessoa. Acho que as pessoas gostavam do blog, e a partir daí, decide escrever um livro no mesmo estilo.

GGN: Como se chama o blog?

Andy Robinson: O blog se chama Diario Itinerante. Ele existe desde 2002, quando eu estava nos Estados Unidos, mas agora o faço num âmbito internacional. É um blog muito sui generes porque escrevo, talvez, a cada semana. Não é atualizado a cada minuto. São crônicas de minhas impressões conforme vou viajando. Digamos que, quando fui a Davos, fazia uma série de [postagens no] blog a cada dia. (…) Pouco a pouco pude fazer comentários que chamam atenção e levam o leitor a um nível um pouco mais afastado àquele mundo das celebridades e mais próximo da política e da realidade crua que está atrás da fachada.

GGN: Então está certo dizer que o seu livro mostra os bastidores do Fórum de Davos? 

Andy Robinson: Sim, o livro trata um pouco do que existe por trás da fachada. Na fachada política existe um componente de relações publicas, (…) uma suposta filantropia, com celebridades como Bono Vox anunciando seu próximo projeto para as crianças famintas na África, em colaboração dos banqueiros. É uma realidade cheia de maquiagem, não?

GGN: Você diria que esse olhar que você tem sobre o Fórum de Davos é um olhar que a imprensa mundial nunca teve? Você acha que foi um recorte um pouco pioneiro para o livro?

Andy Robinson: Eu pioneiro? Não sei se fui pioneiro. Talvez. Mas há um livro de Lewis Lapham que se chama The Agony of Mammon que saiu nos anos 1980, um pouco do mesmo estilo que o meu. Mas, no geral, creio que no jornalismo que se faz em Davos há um pouco de propaganda. Os meios se prestam muito a essa operação de relações publicas, infelizmente.

Há um exemplo: este ano houve uma subida nas tarifas para Davos, o franco suíço havia se valorizado, ficou bastante mais caro esse ano, e houve queixas por parte de alguns participantes. Uma carta do diretor de marketing do Fórum Mundial explicou que o valor da cobertura midiática que eles conseguiriam ali era superior ao que custaria a participação. Isso demonstra que, pelo menos para o diretor de marketing, é certo que toda a cobertura será positiva. E cremos que seja verdade, pois há poucos artigos críticos.

GGN: Ter um blog enquanto cobria o Fórum e escrever sem maquiagem não dificultava seu acesso à elite? 

Andy Robinson: Bem, em Davos há uma espécie de hierarquização dos meios de comunicação. Existe uma categoria chamada ‘líder midiático’ que tem uma série de privilégios. Pode chegar a quase tudo, às melhores festas, aos hotéis nas montanhas. Isso os líderes midiáticos podem fazer, mas a maioria dos jornalistas, como eu, tem outra categorização: repórter de imprensa. A nós só é permitido entrar em determinadas sessões de debates, onde a informação é controlada. Portanto, já estava discriminado, de antemão, as sanções que poderiam aplicar numa cobertura um pouco mais critica.

Quanto publiquei o livro na Espanha, muita gente me perguntou: ‘Você acha que vai ser convidado de novo a Davos depois de ter escrito esse livro?’ Porque é difícil conseguir a credencial normal do repórter de imprensa. E eu sempre dizia que seria muito pior se me dessem a credencial de líder midiático, porque isso significaria que estavam começando a me cooptar, não? É difícil ser jornalista crítico num mundo dominado por chefes de marketing e relações publicas, em jornais cada vez mais controlados pelas pessoas de Davos. 

GGN: Parece uma promessa do livro explicar como a eleite econômica de Davos afundou o mundo. Como você resume isso?

Andy Robinson: Eu utilizo a elite de Davos como uma mostra representativa de uma elite que está concentrando cada vez mais poder econômico conforme a distribuição de riqueza e da renda em países como EUA e Europa. É cada vez mais desigual, um pouco o que comenta Thomas Piketty em seu livro ‘O Capital no século 21’. Estamos vivendo, na Europa, condições, no que se refere à distribuição dos ganhos do crescimento, que se parece cada vez mais com o Brasil. Não estou dizendo que existe uma pobreza tão severa como a que existia no Brasil, mas o Brasil sempre foi um país conhecido por sua extrema desigualdade. E o que se observa nos indicadores de desigualdade da Europa é que ela está crescendo de uma maneira muito significativa.

Na Espanha, desde o início da crise, o chamado coeficiente Gini – o indicador da desigualdade – disparou. Acho que a ideia de que essa elite está afundando a economia mundial parte da base de que o capitalismo pode destruir-se a si mesmo, caso permita esse nível de desigualdade. Porque o capitalismo, sobretudo nessa fase, depende do consumo massivo, que por sua vez depende de um poder aquisitivo, que durante anos esteve baseado no salário, no Estado de Bem Estar, numa classe média consumista que facilitaria a acumulação de capital.

O que estamos vendo agora é o desapreço da classe média e a miséria da classe trabalhadora, e uma elite que tem cada vez mais. E isso gera problemas de crescimento sustentável porque o consumo se baseia cada vez mais em endividamento. E a elite, se dirige cada vez mais à atividade especulativa. 

Esses empresários de Davos, necessitam, até certo ponto, que alguém lhes diga não. São como crianças mimadas que querem ter cada vez mais, não querem regulação, não querem pagar impostos, mas destruirão sua própria economia caso alguém não lhes diga: ‘Olhe, existem algumas normas aqui.’

GGN: Mas quem poderia impor essas normas?

Andy Robinson: É uma boa pergunta! Porque o que se vê em Davos é que os governos são simpáticos aos enormes poderes empresariais. Há uma espécie de porta giratória, na qual os políticos vão a Davos, se rodeiam de banqueiros e empresários e acabam firmando acordos para pactuar um marco de desregulação financeira. Quando deixam o governo, se incorporam ao conselho de um banco. Não é exagero meu, é exatamente o que se passa. Observe Tony Blair, primeiro ministro da Inglaterra. Uma vez que deixou o poder, que trabalho conseguiu? De conselheiro de JP Morgan, um banco de Wall Street. É um exemplo, há outros. Então, esse é o problema: quem vai colocar normas a um sistema descontrolado? Não sei. Precisamos de novos governos.

https://www.youtube.com/watch?v=KIqmYPSsKts?list=PLZUPpD2EGpfrKPY21wS5J1b3sHAcCfTl4 height:394]

GGN: No livro, você classifica o empresário Jorge Paulo Lemann como um Davos Man. O que isso significa?

Andy Robinson: Davos Man é um personagem que ganha milhões de dólares, passa toda a sua vida voando em aviões privados e dormindo em hotéis cinco estrelas. Uma pessoas que realmente deixa de pertencer a um país, uma espécie de cidadão global, mas cidadão muito privilegiado, não? Creio que Paulo Lemman, ao ser o principal acionista de empresas como Heinz e Burger King, é um exemplo desse arquétipo de Davos Man.

Há um capitulo no livro sobre um povoado na Suíça, próximo a Davos, com 15 mil habitantes e 30 mil empresas registradas, muitas delas são sedes corporativas de multinacionais. Lá encontrei a sede do Burger King, uma oficina pequena, com quatro mesas, três empregados. Por que? Porque não pagam impostos. 

Paulo Lemman pode ser uma pessoa com muita compaixão, é um filantropo, que também é outra característica do arquétipo de Davos. Mas essa filantropia de fazer doações para que brasileiros possam ir a universidades de elite, como Harvard, faz parte da ideia de ‘eu tenho um dever, tenho que devolver algo para a sociedade’. Mas por que não mudam a política tributária de suas empresas para pagar impostos? Isso é um pouco da hipocrisia de Davos. 

https://www.youtube.com/watch?v=Wq7L1EgsAB4 height:394]

GGN: Esse capitalismo filantrópico, que é o termo usado para ironizar a postura do Davos Man em seu livro, te incomoda?

Andy Robinson: Sim, muito! Veja: não se pode permitir que haja uma evasão tributária endêmica, na qual nenhuma empresa multinacional paga impostos. Ao longo dos últimos anos, grupos como Tax Justice Network, da Inglaterra, criaram manifestos contra Amazon, Google, Starbucks. Nenhuma dessas empresas pagam impostos, elas usam paraísos fiscais em cidades na Suíça, nas ilhas Caymman, em outros lugares, para quase reduzir a zero sua carga tributária. O que não se pode é fazer isso e depois apresentar-se em Davos como um filantropo, alguém com bom coração.

Acho que há uma relação simbiótica entre a evasão tributária por parte dessas empresas e esse novo filantropo-capitalismo. Por exemplo: há restos de um fundo de investimento especulativo multimilionário que se chama Arpad Busson, do francês e ex-noivo da atriz Uma Thurman, Arpad Busson. Ele está gerenciando dezenas de escolas públicas na Inglaterra, que não foram privatizadas na totalidade, mas a gestão foi concedida, por parte do governo de David Cameron, à Arpad Busson, porque eles são um tipo de ‘empreendedores brilhantes’ que vão melhorar a rede de educação. Mas a rede de educação está se deteriorando. Tem muito a ver com as crises de financiamento dos Estados. Há politicas de austeridade selvagens no Reino Unido para reduzir o déficit público e a dívida pública, mas esse déficit público está relacionado ao fato de que empresas como a Arpad Busson não pagam seus impostos.

GGN: Há outros brasileiros citados no livro como um Davos Man além de Lemman?

Andy Robinson: No prefácio para a edição brasileira do livro há essas referências ao Brasil. Mas no livro em si há só uma passagem sobre Luciano Coutinho, [presidente] do BNDES. Ele vai normalmente a Davos. É um comentário passageiro sobre os construtores espanhóis que, de repente, depois de terem criado uma bolha imobiliária na Espanha e, por sua vez, provocado uma crise terrível de moradia, ficaram sem trabalho. Quando vão à Davos, falam com Coutinho para saber se há algum trabalho que possam fazer no Brasil.

Também saiu algo sobre Paulo Coelho, que é um dos chamados ‘empreendedores sociais’ em Davos, parte dessa operação de relações públicas, assim como Bono Vox.

GGN: E Lula?

Andy Robinson: Lula aparece um pouco no livro. Ele foi recebido no Fórum nos anos de 2004 e 2005, como um grande representante brasileiro que combinava a luta contra a pobreza com um modelo business-friendly. Os mercados de Davos estavam encantados com a política brasileira. Porque Davos não é abertamente neoliberal. Ele está disfarçado de algo mais centro-esquerda, usa termos como empreendedor social, stakeholder society, possui um componente de filantropia, como dizíamos antes.

Os políticos que melhor representam a filosofia de Davos não são Margaret Thatcher, ou Ronald Regan, por exemplo, que são a direita pura e dura [da política e economia]. O que cai melhor em Davos é Tony Blair, Bill Clinton, até Lula, em certa medida.

Mas bem, Lula e Dilma podem ter usado a estratégia de pensar que não é tão ruim ser amigo de Davos e ao mesmo tempo fazer políticas que não são do interesse do homens de Davos – como, por exemplo, manter a Petrobras uma empresa estatal. Talvez agora seja importante evitar uma percepção de desencanto a respeito aos governos de Lula e Dilma por parte dos homens de Davos. É preciso muito cuidado. Eu entendo que há um desencanto e tudo o mais [com a condução da economia brasileira hoje], mas seria muito equivocado pensar que a alternativa de Davos seria melhor [do que o modelo adotado pelo governo brasileiro].

Eu vim ao Brasil para as eleições [de 2014], e vi que Armínio Fraga [potencial ministro da Fazenda do candidato derrotado Aécio Neves, do PSDB dizia que era preciso aprender que os bancos públicos não funcionam. O jornalista que participou daquela entrevista deveria ter perguntado: “E os bancos privados?” Porque obviamente os bancos privados provocaram a maior crise da Europa e dos Estados Unidos. Então, por parte de Armínio Fraga, houve uma falta de honestidade intelectual ao fazer uma critica a um banco como o BNDES, um banco público. Há alguns problemas com esse modelo, sim, mas dizer que não devemos crer nele é como dizer para termos apenas bancos privados. É uma loucura. Os bancos públicos ajudaram muito o Brasil a evitar os problemas que temos hoje na Espanha.

[video:https://www.youtube.com/watch?v=OnMuMm8hX_M?list=PLZUPpD2EGpfrKPY21wS5J1b3sHAcCfTl4 height:394

GGN – Você conta que uma vez encontrou Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, e foi apresentado por ele ao modelo econômico que o governo Lula adotou para atravessar a crise de 2008. Para alguns economistas, esse modelo apoiado no consumo trouxe, em parte, o Brasil à crise atual. Qual é a sua avaliação?

Andy Robinson: Sim, obviamente há uma crise aqui. Eu não fui critico ao modelo no início, porque foi um modelo muito inteligente, esse de tirar gente da pobreza e utilizar essas pessoas como uma nova fonte de demanda para crescimento interno, crescimento que não está exclusivamente na exportação, que é o modelo de muitos países, do Banco Mundial, do FMI, só exportar, exportar. Mas o problema é que aqui tenho a sensação de que o consumo demasiado não melhorou o sistema de educação, por exemplo.

Há a necessidade de criar serviços públicos que podem ser mais importantes do que o consumo. E acho que há outro problema no modelo defendido pelos governos de Lula e Dilma, de ser agressivo na extração de matérias primas. Digamos que me estranha um partido de esquerda ter optado por [exportar à China, só porque é um país supostamente mais próximo do que os Estados Unidos. Se fosse uma empresa norte-americana comprando ferro, a grande maioria dos militantes do PT estaria dizendo: “Que barbaridade!” Mas quando é uma empresa vinculada ao Estado brasileiro exportando à China, agem como se fosse um passo mais próximo ao socialismo. Isso é uma contradição.

Imagens e edição: Pedro Garbellini

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Por que ainda acontece?
    O que

    Por que ainda acontece?

    O que ele disse é perfumaria.

    Quando mostra até o ventre deles, a própria mídia encobre.

  2. Nas livrarias vejo proliferar

    Nas livrarias vejo proliferar obras que pretendem revelar os segredos da economia, administração de empresas, mercado financeiro, etc… utilizando como pano de fundo a obra de Sun Tzu.

    O neoliberalismo nega a validade conceitual da “guerra de classes” forjada por Marx, mas na sua estrutura mais profunda admite a mesma ao tratar a criação e concentração de riqueza como uma dimensão da “arte da guerra”.

    Economia é guerra e os generais tem seus duplos no campo neoliberal: os economistas e os capitalistas.

    Um estadista francês, Georges Clemenceau se não me engano, dizia que a guerra é um assunto muito sério para ser deixada nas mãos dos generais. Impossível não admitir, portanto, que a economia é um assunto muito sério para ser deixado nas mãos dos economistas e capitalistas.

  3. Escolha a pílula: azul ou vermelha?

    Muito boa a pequena entrevista.

    Eu já li sobre Davos. Não me lembro mais onde nem quando. A entrevista me fez lembrar desta “coisa” conhecida como Davos.

    Eis ai o ” espírito” da coisa.

    Quero aproveitar a oportunidade para perguntar aos caros debadotes:

    Qual a pílula você vai escolher? Escolha a pílula….

     

     

  4. E o círculo se fecha, a AIG que era dona do Unibanco que é do It

    O esquema não resites ao planeta todo se indignando, lenta e paulatinamente todos vão acordando para o que realmente está acontecendo, na frente de todos, despudoradamente.

    The Shocking 2008 AIG Report On The Motives Behind Europe’s “Perpetual Crisis” And The Death Of Greece

    http://www.zerohedge.com/news/2015-07-15/shocking-2008-aig-report-laying-out-motives-behind-europes-perpetual-crisis-and-deat

    Yesterday, Nomura’s Richard Koo presented one of the better assessments of the situation in Greece, when he said that the “IMF is slowly beginning to understand the Greek economy”, which explains its strategic U-turn, one which now demands far greater debt cuts than what Europe, and Germany in particular, is willing to concede.

    Koo further notes that “the reason is that Greece’s GDP has plunged because fiscal consolidation was carried out during a balance sheet recession, resulting in a destructive deflationary spiral that has devastated the lives of ordinary Greeks. While the nation may appear to be making progress when we view the data as a percentage of GDP, the raw data show an economy in collapse. This difference in perspectives widened the gap separatingEuropean creditors who thought everything is going well, and the Greek public who has been suffering serious declines in their standard of living. And this rift in perceptions was perhaps nowhere as evident as in the results of the national referendum on 5 July.”

    The observation of the Greek economic devastation is absolutely accurate, and is no surprise to our readers: it has been our base case that not only Greece, but the rest of Europe’s peripheral countries would suffer an ongoing deterioration in living standards due to lack of an external rebalancing (thanks to the common currency) leaving internal devaluation (plunging wages, deflation, economic devastation) as the possibility to remain competitive in the Euro Area; however where our opinion differs from that of Koo is the “motives” behind the creditors’ unwillingness to honestly interpret the situation on the ground in Greece.

    Yes, it is true that it is the same creditors who were the next beneficiaries of some 90% of incremental debt-funded proceeds entering Greece (only 11% of the €220+ billion in Greek bailouts ever reached the general population), and as a result they may have had the impression that ordinary Greeks are also enjoying the spoils of their bailout.

    They were not, as the events of July 5 showed.

    But while the former Fed economist will surely attribute this “oversight” to mere carelessness or at best, stupidity, even if an entire nation of 11 million people is suffering more than ever in history as a result of what is, at best, a failed experiment, there may be a more ulterior truth to events in Greece in the past 5 years especially considering Germany’s stern insistence on not writing off Greek debts despite what is now an accepted fact that without a major debt haircut Greece simply is unviable.

    Meet Bernard Connolly.

    Barnard is a British economist whose rise to prominence started when he worked for many years at the European Commission in Brussels, where he was head of the unit responsible for the European Monetary System and monetary policies. In other words, if any one was familiar with what the ascent of the Euro would lead to, it would be him.

    We say “eventual” because he was terminated by the Commission in 1995. The catalyst may well have been his book “The Rotten Heart of Europe: The Dirty War for Europe’s Money, a negative treatment of the European Exchange Rate Mechanism” which Eurocrats did not take too very lightly.

    However, Bernard is more notable not his books, or his employment in Brussels, but where he went next and what he did there.

    After ending his relationship with Europe, Bernaned worked at Banque AIG, the Paris-based financial arm of the infamous AIG whose collapse together with that of Lehman, was the primary catalyst for the great financial crisis. Bernard however was not in the front office and did not trade CDS, but was the global strategist. Here is euro skepticism flourished and culminated in a report on May 30, 2008, months before the GSEs and Lehman failed, and AIG was bailed out.

    The report was titled “Europe – Drive or Driven”, and it should have been a must read for all Greek (and Europeans) some 7 years ago as it not only lays out precisely why Greece is now on the verge of not only sovereign capitulation but total collapse, but presents what may be the true motives behind Europe’s perpetual crisis and why it almost appears as if the core European countries demand that the sick men of Europe, because Greece is just the first of many, remain and keep Europe in a state of perpetual turmoil.

    And since this report is as relevant now as it was 7 years ago, we lay out some of its key highlights again.

    From May 30, 2008

      

    The Global Economic Crisis and the EMU Crisis

    The global crisis is the result of intertemporal misallocation (Greenspan; EMU).In effect, there has been a global Ponzi game.In Europe, this was intensified by the myth that “current accounts don’t matter in a monetary union”: EMU is the biggest credit bubble of them all.The treaty says that government should have the same credit status as private sector borrowers.Monetary union means greater economic instability.These two factors should mean a worsened credit standing in EMU, yet government bond spreads actually diminished in EMU and ratings agencies actually upgraded governments

    When the bubble bursts…

    A collapsing credit bubble in the world means collapsing domestic demand in deficit countries (e.g. US, Britain, Balkans, Baltics – and several euro-area countries)In the US, and to some extent Britain, domestic demand is being supported by rate cuts and, in the US, by a fiscal stimulusIn the affected euro-area countries, it isn’tIn the absence of support for domestic demand, affected countries will be forced into an improvement in net exports via improved competitivenessIn the US and Britain, this is happening through currency depreciation; in the euro area it isn’t.

    [ZH: it is now, but for Greece it is far too late, plus any incremental “support” merely makes the European debt bubble even greater as we have shown recently]

      

    And the implied real exchange rate movements are enormous…

    Obstfeld and Rogoff saw a need for perhaps a 65% real effective exchange rate move for the US if current account adjustment were sudden (e.g., after a housing collapse).The effect is linear in the size of the current account deficit relative to the size of the traded goods sector, so for the four
    large euro-area deficit countries we get the required real exchange rate movements as:Greece: 94%Spain: 55%Portugal 36%Italy: 9%France 15%

    …meaning huge required inflation differentials between blocs within the euro area

    If the ECB tries to avoid depression in the deficit bloc (i.e., keeps its inflation rate at, say, 3%) and the deficit countries as a bloc (equivalent to about 2/3 of euro-area GDP) have to improve competitiveness by, say, 30%, over a five-year period, then that would involve euro depreciation of 50% and (witp/3 passthrough into German Bloc CPI) a rise of 17% (almost 3½% a year) German Bloc price level, taking German Bloc inflation to around 6½% for five years.

    The ECB did not. Instead it chose the following, which is also why youth unemployment in the periphery is about 50%:

      If instead the ECB tried to keep euro-area inflation at 2% (and no change in the euro), all the competitiveness change would have to come from Latin Bloc deflation; that would almost certainly involve a horrible depression, financial chaos, widespread default, social distress and possibly political instability.But this would mean substantial euro-area deflation, too, so hitting the euro-area target must involve substantial euro depreciation and a substantial increase in German Bloc inflation.These are all first-round calculations – they do not take account of wage-price spirals in the German Bloc as economies overheat.

    And this is where it all comes home for Greece:

      

    Things are even worse for individual countries

    If the ECB decides to avoid depression, deflation and default in the weakest country (Greece), the required depreciation of the euro would be enormous and German Bloc inflation would be well into double digits for several years.If weak countries have, individually, little political influence, it will be hard for them to get the ECB to bail them out via low interest rates and a weak euro.But if there is no ECB bailout, vulnerable economies face catastrophe.

    That’s not only how it all played out, but it has also led – as we have seen – to Greece which clearly had “little political influence” to lose it all, and is now on the verge of abdicating its sovereignty to an oligarchy of unelected political bureaucrats and German industrial interests (remember: German exports account for 40% of GDP and a weak EUR is far, far more valuable than a strong DEM).

    In further retrospect, the above assessment and the current events also explain Wolfgang Schauble’s cryptic statement to Welt am Sontag in this 2011 interview:

      

    Schauble: “We decided to arrive at a political union via an economic and currency union. We had the hope – and we still have it today – that the Euro will gradually bring about political union. But we’re not there yet, and that’s one of the reasons why the markets are distrustful.

     

    Welt am Sontag: “So will the markets now force us into a political union?”

     

    Schauble: “Most member states are not yet fully prepared to accept the necessary constraints on national sovereignty. But trust me the problem can be solved.”

    And, thanks to Greece, we are about to see precisely how.

    So is there an other way out? The answer is yes – and it is precisely the basis for Varoufakis huge “game theory” gamble over the past 6 months, a gamble which was all about “who has more leverage” as we explained in January. However, thanks to the arrival of QE just in time, it allowed the ECB to set and control market prices (markets which no longer had to discount adverse outcomes and merely frontrun a central bank) of equities and bonds, in the process crushing all Greek leverage.

      Current account deficits can be closed without a corresponding reduction in the trade deficit if current transfers are big enough.The treaty prohibits a takeover of a country’s public debt, but does not prohibit additional transfers to support private spending.The ECB is in effect already helping some banking systems by accepting increasingly risky collateral (but note that this may be helping German, Dutch/Belgian banks as well as, say, Spanish banks – note public disagreement between Mersch and Weber).But the numbers involved in a complete fiscal bailout would be staggering:eliminating current-account deficits within the euro area by fiscal bailouts would require the surplus countries (the German Bloc) to make payments equivalent to 16% of their total government revenues (7% of their GDP).

    Yes, Varoufakis was right, and will be right in the end: the cost of a Grexit would have been too great in the future. However he did not anticipate that Europe has a just as powerful counterweapon: locking up Greek deposits indefinitely right now.

    Greece folded.

    Which brings us to the final question: What Europe Wants?

    Here is Connolly’s answer:

    To use global issues as excuses to extend its power:

    environmental issues: increase control over member countries; advance idea of global governanceterrorism: use excuse for greater control over police and judicial issues; increase extent of surveillanceglobal financial crisis: kill two birds (free market; Anglo-Saxon economies) with one stone (Europe-wide regulator; attempts at global financial governance)EMU: create a crisis to force introduction of “European economic government”

    And there it is: in four simple bullet points laid out in a 7 year old presentation, a prediction which is about to be proven right. Because once Greece folds, next will be Italy, Spain, Portugal, and so on, until the European Economic Government, also known as the “European Empire”, controlled by a handful of “northern” European players and the bankers financially backing them, shifts from mere vision to reality.

    * * *

    Full presentation below

    h/t @TrueSinews

    Average:

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador