No dia seguinte ao enterro da denúncia, aliados correm por interesses no Congresso

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]


Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – O enterro da denúncia contra Michel Temer foi o primeiro passo dado pelos parlamentares governistas para se chegar ao segundo: aprovar, o quanto antes, as reformas paralisadas, medidas econômicas de interesse, inclusive, a tentativa de abertura do financiamento eleitoral por empresas. A corrida tem um fator adicional: além da forte impopularidade que assola neste momento o governo Temer, uma nova denúncia deve ser protocolada a qualquer momento, que os próprios aliados não garantem mais segurar.
 
Além de Medidas Provisórias que assumem a prioridade na Câmara e no Senado, pendem ainda as reformas política e da Previdência, interesses que atendem grande parte da gama dos partidos aliados, possibilitados pelo mandatário peemedebista e que exigem respostas imediatas, frente à pressão popular que só deve aumentar a cada dia. 
 
A reforma política discute, neste momento, o uso do fundo eleitoral público para alimentar as campanhas de 2018. Também na proposta que se diz reformar o sistema como se elegem hoje os representantes no Executivo e Legislativo, está a tentativa de incluir um prazo maior para proibir a prisão de candidatos.
 
Se atualmente este limite é de 15 antes da eleição, o projeto estabelece que a imunidade passa a valer desde o registro da candidatura na Justiça Eleitoral. Também foi aventada a proposta de incluir novamente um sistema que possibilitasse a doação por empresas, similar ao que ocorria antes da minirreforma eleitoral, em 2015. Entretanto, grandes modificações não são esperadas porque as medidas precisam ser aprovadas até setembro deste ano.
 
Isso porque as regulamentações estabelecem que, para valerem ao pleito eleitoral, mudanças devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional um ano antes do registro da candidatura, ou seja, no prazo de um mês. 
 
Além dessa reforma que interessa a todos os partidos, os governistas precisam agilizar na reforma da Previdência. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 267, que prevê as mudanças nas regras de aposentadoria, ainda está em debate na Câmara. De acordo com o presidente da Casa, até então um dos mais fiéis aliados de Michel Temer no Congresso, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo precisará reestruturar sua base para conseguir aprovar essa e outras medidas. Sem indicar que é a favor ou contra o presidente, fez a seguinte análise: 
 
“O governo tem hoje uma base menor. [Mas] se olhar [o cenário de] quatro semanas atrás, o governo teve um resultado melhor do que todos projetavam. Agora, se projetar um futuro, você vê que para votar as reformas, principalmente a da Previdência, o governo vai precisar reorganizar a base.”
 
Uma das principais lutas é a recuperação do PSDB como um dos principais aliados. O partido já demonstrou que se interessa pelas propostas econômicas do governo Temer, mas a aproximação tem o limite até o ponto em que impacta redutos eleitorais a confiarem no partido que apoiaria um governo que se investigasse corrupto. 
 
Por isso, Temer, ao mesmo tempo que viu o recuo dos tucanos na orientação da bancada na votação da denúncia, nesta quarta, como uma quase dissidência, não prescinde da tentativa de recuperar a aliança, com o discurso de que dela depende para aprovar as reformas.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O tucanato não medrou. Sabia

    O tucanato não medrou. Sabia que o Temer teria os votos necessários, dispensando os votos dos seus.

    Perder São Paulo, o seu feudo, seria muito custoso.

    1. Jogo combinado. PSDB virou majoritariamente centrão.

      PSDB deu 26 votos a favor (*) e 21 contra.

      (*) 22 votos “sim senhor” + 4 faltas 

      PSDB foi o 4o. a dar mais votos a Temer só ficando atras de PMDB, PP e PR.

        1. Muitos golpistas jogaram pra platéia

          Não só o PSDB, os outros golpistas também jogaram pra platéia.  Eles tinham a conta certa para aprovar o arquivamento e, o resto estva sobrando. Aproveitaram para passar uma imagem de que há um certo equilíbio no meio daquela cambada de ladrões golpistas.

          Se ganham de lavada, o PT e as esquerdas sobem no conceito.  

          94% da população está a favor do afastamento.

           

  2. Multidão massiva e fúria
    …pendem ainda as reformas política e da Previdência, interesses que atendem grande parte da gama dos partidos aliados, possibilitados pelo mandatário peemedebista e que exigem respostas imediatas, frente à pressão popular que só deve aumentar a cada dia.  É verdade: a pressão popular aumenta a cada dia. Ontem, por exemplo, aqui em SP, havia uma multidão de 36 populares no Masp. Em Copacabana um amigo carioca me disse que a massa popular reunida passava de 45 pessoas… Em Curitiba, Salvador, Sta. Catarina e Porto Alegre somadas ultrapassava mais de 173 manifestantes. O golpe não resistirá até o final do ano!! 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador