No Prêmio Camões, Raduan Nassar discursa contra Temer e irrita Roberto Freire

 
Jornal GGN – Nesta sexta-feira (17), Raduan Nassar, considerado um dos maiores escritores brasileiros, recebeu o Prêmio Camões de 2016, aproveitando para discursar contra o governo de Michel Temer.
 
“Infelizmente, nada é tão azul no nosso Brasil”, disse o escritor, acrescentando que “vivemos tempos sombrios, muito sombrios”. Ele também criticou Alexandre de Moraes, “figura exótica indicada agora para o Supremo Tribunal Federal” e a nomeação do ministro Moreira Franco, citado na Operação Lava Jato.
 
A fala do autor de Lavoura Arcaica irritou Roberto Freire, ministro da Cultura, que afirmou que Raduan é “um adversário político do Governo recebendo um prêmio do Governo ele considera ilegítimo”. 

 
O escritor amazonense Milton Hatoum lembrou que o prêmio foi anunciado em maio de 2016, quando o processo de impeachment ainda não estava concluído e Dilma Rousseff ainda ocupava a presidência da República. 
 
Leia mais abaixo:  
 
Do El País
 
Discurso de Raduan Nassar contra Temer durante prêmio literário irrita ministro da Cultura
 
Durante entrega do Prêmio Camões 2016, escritor paulista fez duras críticas ao Governo
 
Sua fala despertou a reação de Roberto Freire, que abandonou o discurso ensaiado para rebatê-lo
 
Um dos maiores escritores brasileiros, o paulista Raduan Nassar, professa que aposentou a caneta há mais de 30 anos, mas demonstra que não a força de sua voz. Autor de romances seminais da literatura brasileira, Lavoura Arcaica e Um copo de cólera, Raduan foi convocado na manhã desta terça-feira ao Museu Lasar Segall, em São Paulo, para receber o Prêmio Camões de 2016 – entregue a cada ano pelos governos de Brasil e de Portugal a escritores expressivos da língua portuguesa. Direto, ainda que polido, ele aproveitou a oportunidade para se manifestar contra o Governo de Michel Temer, referindo-se a ele como “repressor”.
 
O que era para ser uma homenagem à sua obra foi transformado pelo próprio escritor em um pequeno e contundente ato de protesto. Com isso, despertou reações acaloradas não só do público presente, mas sobretudo do ministro de Cultura Roberto Freire, presente no ato ao lado do embaixador de Portugal no Brasil, Jorge Cabral, e de Helena Severo, presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
 
O discurso de Raduan foi forte, ainda que breve. Depois de confessar “dificuldade para entender o Prêmio Camões, ainda que concedido pelo voto unânime do júri” e agradecer a Portugal, o escritor disse que “infelizmente, nada é tão azul no nosso Brasil” e que “vivemos tempos sombrios, muito sombrios”. Sua fala fez menção a episódios recentes da agitada vida política nacional, como a “invasão na sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo”, a “invasão nas escolas de ensino médio em muitos estados” e a “violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua”. “Episódios perpetrados por Alexandre de Moraes”, a quem o escritor se referiu como “figura exótica indicada agora para o Supremo Tribunal Federal”. Ao STF, Raduan dirigiu duras críticas, questionando a nomeação do ministro Moreira Franco, citado na Operação Lava Jato, e recordando, por comparação, o imbróglio em torno da nomeação de Lula à Casa Civil em 2015.
 
As reações dos presentes foram imediatas e se acirraram quando, depois da fala de Jorge Cabral, o ministro Roberto Freire deixou de lado o discurso que trazia impresso para “lamentar”, como disse, o ocorrido. “O Brasil de hoje assiste perplexo a algumas pessoas da nossa geração, que têm o privilégio de dar exemplos e que viveram um efetivo golpe nos anos 60 do século passado, e que dão exatamente o inverso”, reagiu. Diante de gritos e vaias e da interrupção da sua intervenção algumas vezes por alguns dos presentes, o ministro reagiu dizendo que “é fácil fazer protesto em momentos de governo democrático como o atual” e que “quem dá prêmio a adversário político não é a ditadura!”.
 
Diante da declaração de Freire de que “é um adversário político do Governo recebendo um prêmio do Governo que ele considera ilegítimo”, escritores presentes no evento ressaltaram que o Prêmio Camões 2016 foi anunciado em maio de 2016, quando o impeachment ainda não havia sido concluído. “É preciso ressaltar que ele aceitou o prêmio em maio do ano passado, quando o Governo ainda era o de Dilma Rousseff”, destacou Milton Hatoum. Segundo o escritor amazonense, autor do premiado romance Dois irmãos, entre outros, o governo atual “adiou por muito tempo a entrega desse prêmio, justamente por medo dessa repercussão”. No meio, o discurso político de Nassar – que se manifestou contra o impeachment anteriormente – já era esperado por todos.
 
Ao final da premiação, muitas pessoas procuraram Raduan Nassar para parabenizá-lo pela honraria e também por suas palavras. Houve também quem se dirigisse “envergonhado” à equipe do ministro, que deixou o museu poucos minutos depois de intervir, e também aos assessores do embaixador português com pedidos de “desculpas”. Discreto, Nassar, à sua vez, conclui que “não há como ficar calado”.
 
Redação

14 Comentários

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  1. Pena que não tenhamos o vídeo

    Pena que não tenhamos o vídeo pra ver melhor a cara de R. Freire. Esse homem, que parecia prometer uma escalada na política por méritos, foi se acanhando, se diminuindo, e por pouco não sumiu de vez. Porém, envergonha muito os que um dia confiaram na sua inteligência.

  2. Imagine que Raduan Nassar

    Imagine que Raduan Nassar expressou um nada do que está entalado na garganta. 

    A doação das Telles; e agora a vend de terras a estrangeiros, por exemplo, são apenas mais duas patadas desse Governo entreguista, desmoralizado, anti-patriota.

     

  3. perfeito!
    essa parte é comum

    perfeito!

    essa parte é comum a todos nós: expor os golpistas.

    ridicularizar o ridiculo q são.

    envergonhá-los pela vergonha q eles trazem a todos.

    expor seus erros e apontar as correções.

    somos um só. e somos muito maiores q os golpistas.

     

    Pra corrigir erros, reDILMA-se!

  4. Quem estava deslocado na

    Quem estava deslocado na solenidade era o ministro (com m minúsculo mesmo) e não o grande Raduan Nassar. A importância do prêmio recebido, a liberdade de opinião e a própria ocasião conferiam ao escritor o direito de se pronunciar contra um governo ilegítimo e que tem como ministro da cultura (minúsculo também) uma figura como o senhor Roberto Freire.

    Parabéns Raduan Nassar. Quanto ao ministro, se ficasse calado se tornaria um poeta, quem sabe?

  5. canalhas de berço

    Roberto Freire é um triste exemplo do político profissional brasileiro, aquele que encara a vida política como mero meio de ganhar dinheiro, no caso dele, já não tendo cacife politico para se eleger, vende-se por qualquer cargo bem remunerado.

    Alguns ex-comunistas e esquerdistas arrependidos, como ele, são canalhas de berço, que sempre tiveram um carater fraco e corrompido…

  6. MinC xinga todos os presentes na cerimônia

    provavelmente eles consideram todos como zumbis petistas controlado por Lula…

     

    Esclarecimento: cerimônia de entrega do Prêmio Camões

    O Ministério da Cultura (MinC) lamenta, mais uma vez, a prática do Partido dos Trabalhadores em aparelhar órgãos públicos e organizar ataques para tentar desestabilizar o processo democrático. Durante a cerimônia de entrega do Prêmio Camões de Literatura, em São Paulo, o ministro da Cultura, Roberto Freire, teve sua fala interrompida por manifestantes partidários, sinal de desrespeito à premiação oficial dos governos de Brasil e Portugal.

    Considerada a mais importante distinção da Língua Portuguesa, o prêmio concedeu 100 mil euros (sendo 50 mil euros arcados pelo MinC) ao escritor brasileiro Raduan Nassar. O agraciado foi respeitado por todos durante sua fala, ao contrário do que ocorreu com o ministro da Cultura, interrompido de forma agressiva. Apesar de ser um adversário político do governo, Raduan recebeu o prêmio, legitimando sua importância. Uma premiação literária com essa dimensão não merecia esse comportamento intolerante de alguns, que tentaram partidarizar o evento. Assessoria de ComunicaçãoMinistério da Cultura  http://www.cultura.gov.br/banner-1/-/asset_publisher/G5fqgiDe7rqz/content/esclarecimento-cerimonia-de-entrega-do-premio-camoes/10883?redirect=http%3A%2F%2Fwww.cultura.gov.br%2Fbanner-1%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_G5fqgiDe7rqz%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-1%26p_p_col_count%3D4

  7. Eita Pernambuco velho..quem te viu, quem te vê !!

    …….. já foi uma manga saborosa, gerando sabores mil,  Gylberto Freyre, Miguel Arraes, João Cabral de Mello Neto, Antônio Nóbrega e outros  do mais alto nível…….

    ——  já hoje,  restou só o  caroço-estéril, mendonça filho, roberto freire e raul jungmann…..   É  a treva !!!

  8. Raduan

    É a resistência do velho combatente que não se entrega. Não capitula. Não dialoga. Não há diálogo com golpistas. Valeu velho/jovem Raduan. Tomemo-lo como exemplo. Jamais esqueçamos dessa escória que tomou o poder tão bem representada no quinta coluna Freire. 

  9. Ex-comunista que mente

    Quem indicou Nassar foi Dilma e não MT-43. Essa história de governo dando prêmio a adversário político é pilantragem de Freire. A premiação já estava acertada antes do Golpe de Estado. Se o atual governo garfasse os 50 paus, criaria uma crise diplomática, atestando mais uma vez seu subdesenvolvimento. Ademais, a obra de Nassar é maior e infinitamente mais duradoura que qualquer governo.

    As palavras, quando bem esgrimidas, cortam o couro da alma. Foi o que fez o escritor. Daí a irritação do ex-comunista e atual golpista. Intelectualmente despreparado, vestiu a carapuça. Não suportou a espada do velhinho. E fugiu.

    Depois, soltou uma nota ridícula, não assinada, fingindo indignação. Aliás, o vitimismo é o câncer da direita e da extrema-direta. Os caras SEMPRE reclamam de barriga cheia: trololó, mimimi, nhenhenhé, corrupção, direitos humanos, homens de bem, homens de deus… Enchem o saco.

  10. O anão moral Roberto Freire

    O anão moral Roberto Freire calculou errado a estatura do gigante moral Raduan Nassar que bem poderia ter se restringido às declarações formais e insípidas tal qual caldo de bila, e não ter optado por exercitar o seu papel de cidadão e denunciar um governo ilegítimo. 

    Não satisfeito com a suprema petulância de querer silenciar o escritor através do argumento mentiroso de que o prêmio era uma prova do viés democrático do governo a quem ele presta vassalagem, o ressentido ainda solta uma nota politiqueira, vagabunda, colocando a culpa no PT. 

    O nobre povo pernambucano não merecia essa “coisa”. 

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