O Golpe está desorientado, por Alexandre Tambelli

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O Golpe está desorientado

por Alexandre Tambelli

Comentário ao post Xadrez da lista de Janot, o senhor do Tempo

Devemos pensar sempre a Lava-Jato como a ferramenta principal para o êxito do Golpe parlamentar no Brasil e que seu epicentro tem três atores centrais: Rede Globo & velha mídia aliada + Mercado Financeiro e Imperialismo Norte-Americano.

Todos os políticos que apoiaram o Golpe sabem que cumprindo o seu papel, estipulado pelos comandantes do Golpe, estão à-salvos de qualquer possibilidade de prisão mais prolongada, de perderem o dinheiro amealhado em suas relações, muitas vezes suspeitas, entre a Política e o Capital Privado e/ou Estado.

Tudo, e faz décadas, é feito de maneira a se fazer vistas grossas à corrupção dos que se aliam e defendem o epicentro do Golpe, tamanho o Poder amealhado pela Rede Globo & velha mídia no Brasil, aumentado a partir da Lava-Jato.  

A velha mídia e seu oligopólio da informação são especialistas em assassinar reputações, em denunciar sem provas e atrapalhar a vida política e pessoal dos progressistas, das esquerdas e seus governos, enquanto, fez e faz do Judiciário uma ponte de proteção aos seus aliados: todos os políticos que se juntaram para derrubar a Presidenta Dilma, eleita de forma legítima e pessoa sabidamente honesta.

Todos os políticos que votaram a favor do Golpe serão protegidos e/ou esquecidos pela Rede Globo & velha mídia e a sua Lava-Jato.

Prisões? Só para servirem ao propósito de ameaçar o Governo Temer e delatar algo contra LULA. Eduardo Cunha, Sérgio Cabral sabem do seu papel na Lava-Jato e sabem o que acontecerá com eles, o script já conhecemos desde as primeiras prisões em 2014, vide o doleiro Youssef.

Há uma simbiose entre o epicentro do Golpe e os partícipes no Parlamento do Golpe, eles não podem ser presos para valer, ter seus bens materiais acumulados no jogo de relações com o Capital Privado e o Estado arrancados, porque se quebra o elo, a relação simbiótica, se desata a confiança com o epicentro do Golpe dos que se associam a ele.

Se não mais for segura a certeza de impunidade aos políticos que se associam ao epicentro do Golpe quebrará o elo de confiança mútua entre as partes, não vale muito mais a pena se arriscar na simbiose; além de ter o fim, quase certo, da carreira política, o Político em simbiose com o Golpe não ficaria impune à Justiça, porque ela (a Justiça) passa a ter segurança para investigar, julgar e punir se houver delitos, dentro das Leis e da Constituição, a todos. E, ainda, o Político perderia, repetindo mais uma vez, o Capital acumulado a partir das relações com o empresariado e o Estado.

Vejamos que interessante, Cunha, representante da direita política, na Sentença dada por Moro a ele, não li que foi obrigado a devolver algum dinheiro para os cofres públicos; já José Dirceu, representante da esquerda política, até a casa que mora a mãe de 94 anos, comprada por Dirceu, Moro determinou que fosse confiscada para ressarcir os cofres públicos, apenas com o adendo, a Senhora de 94 anos pode morar lá até sua morte, porém, não sendo mais patrimônio de José Dirceu.

Fique claro.

Romper o Golpe, através do rompimento do Poder da Rede Globo de construir uma simbiose do Executivo, Legislativo e Judiciário com o epicentro do Golpe é a mais segura forma de restaurarmos a Democracia e a direção do Desenvolvimento soberano com Justiça Social do Brasil.

Não nos esqueçamos, a Lava-Jato só existe nestes moldes porque o epicentro do Golpe comanda o Brasil.

A Lava-Jato não me parece combater à corrupção, mas, combate, isto sim!, às esquerdas, Lula, Dilma e o PT e foi forjada, desde a primeira hora, para defender os interesses da Rede Globo, do Imperialismo Norte-Americano e do Mercado Financeiro Internacional – o epicentro do Golpe.  

Se romper a simbiose entre o epicentro do Golpe e os políticos aliados o Golpe acaba.

Se precisam fazer chantagens para garantirem votos na Reforma da Previdência, na Reforma Trabalhista e outras reformas é sinal de que o controle do Golpe pelos seus artífices está em cheque e que a Sociedade está tendo voz, adentrando além dos muros golpistas, e que Temer pode cair antes de 2018 e haver uma nova Eleição Direta Presidencial. 

Ameaçar a simbiose clássica entre políticos da direita e extrema-direita que sempre foram neoliberais e o epicentro do Golpe pode ser uma notícia nova e surpreendente. Se bem que não acredito que possam ir mais a fundo nesta ruptura, acabaria a segurança de se associar ao epicentro do Golpe.

Mesmo se pensando em começar tudo do zero, eliminando toda a direita e extrema-direita aliada do Golpe, e criando novos aliados, quem se arriscaria a se associar ao epicentro do Golpe no futuro, se ele pode quebrar a simbiose em uma situação de desespero como agora, com o fiasco do Governo Temer?

Na realidade temos uma conjuntura de fracasso do discurso ensaiado pelo epicentro do Golpe, eles prometeram o oásis e entregaram o caos ao Brasil e aos brasileiros.

A Lista do Janot foi posta em circulação como uma maneira de confundir o eleitorado, retirar de cena quase todos os políticos da velha política (não significa trabalhar por uma sentença condenatória para o político da direita e extrema-direita aliado do Golpe, esquece-lo, apenas) e dar força extra ao candidato novo, aquele que virá de fora da Política, para salvar o país do caos, caos que o próprio Golpe com sua operação Lava-Jato ajudou a criar.

Com a Lista do Janot se abre caminho para se ter uma Eleição com apoio do epicentro do Golpe à candidatura diferente da velha política. Provavelmente, a Lista tenha sepultado a chance de um Golpe dentro do Golpe via Parlamento.

Imaginemos a população brasileira assistir calada a este Congresso escolhendo um Presidente da República? Este seria o cúmulo do absurdo.

O epicentro do Golpe mudou de direção. E, como muda a biruta dele.

Vejamos que interessante. A Lista do Janot surgiu logo após o adiamento do julgamento da chapa Dilma/Temer no TSE. Talvez, se tenha a aposta no epicentro do Golpe de que Temer pode cair antes da hora, então, que caia sozinho, com empurrão do TSE cairia mais rápido. 

Sinal de fracasso do Golpe e da Lava-Jato: ter de colocar os políticos da direita e extrema-direita aliados do epicentro do Golpe, numa Lista de “corrupção”, junto da esquerda política, não é verdade?

Vão conseguir votar e aprovar reformas e projetos no Congresso, a partir de agora, a favor do neoliberalismo radical só se a população ficar em silêncio. Se as ruas forem barulhentas e a Greve Geral vingar haverá uma recolhida do epicentro do Golpe.

Agora, os próximos passos, veremos um processo de limar as candidaturas de políticos da esquerda + as candidaturas progressistas e defensoras dos interesses nacionais que apareçam, associá-las à corrupção, e alçar o “novo” Salvador da Pátria, o homem honesto, ao patamar de celebridade do noticiário antipolítica que se desenhará na Rede Globo & velha mídia.

A questão que fica é a seguinte: ganha o candidato do epicentro do Golpe e ele acreditará que pode manter o Governo Federal na direção do Neoliberalismo, mesmo que menos radical? Sendo que para ganhar terá de discursar contra tudo o que o Governo Temer fez e faz na economia e no campo social?

Como vão segurar o rojão sem explodir?

Collor durou pouco mais de 2 anos.

O “novo” Salvador da Pátria duraria quanto? 

O Golpe novo é eleger o sucessor de Temer, seja do jeito que der, com uma dobradinha cada dia mais afiada entre Rede Globo & velha mídia e Judiciário aliado: PGR/MPF/STF/TCU/JF/TST e etc.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

18 Comentários

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  1. Muito bom.
    Só não vejo tanta

    Muito bom.

    Só não vejo tanta desorientação assim, pois é no andar da carroça que as abóboras se ajeitam. A intenção de passar as reformas antissociais e o entreguismo segue inexorável. Essa última jogada é um aperto a mais, uma chantagem a mais, somente.

    Por isso que eu concordo: “Romper o Golpe, através do rompimento do Poder da Rede Globo de construir uma simbiose do Executivo, Legislativo e Judiciário com o epicentro do Golpe é a mais segura forma de restaurarmos a Democracia e a direção do Desenvolvimento soberano com Justiça Social do Brasil.”

    Mas isso ainda parece estar muito distante do horizonte das “lideranças” da esquerda.

    1. Saída é pelas ruas

      “Vão conseguir votar e aprovar reformas e projetos no Congresso, a partir de agora, a favor do neoliberalismo radical só se a população ficar em silêncio. Se as ruas forem barulhentas e a Greve Geral vingar haverá uma recolhida do epicentro do Golpe.”

       

       

    2. Cara Lucinei

      Vamos esquecer as “lideranças de esquerda”, pois elas  resumem-se ao Lula e não mais que 10 outros.

      Vamos é “botar o nosso bloco na rua” e começar a incomodar esta canalha!

  2. Problema de timing

    Zé Serra pediu o boné da Associação de Relações e entregas com o Exterior aos 22 de fevereiro. Então já sabia-se que essa seria a lista do Janot pelo menos uma semana antes, digamos 15 de fevereiro. São dois meses que TODOS do condominio foram avisados, alertados e providênciassem contra-ataques. 

  3. Hegemonia das coroporações

    Parece que as corporações MP/Judiciário/PF, em consórcio com a velha mídia, estão ditando ainda a agenda política e econômica do País.

    Como entre todos os aliados para o golpe não se teria como atender a todos os interesses ao mesmo tempo, pois o espólio não era suficente para tantos apetites, a guerra entre os então aliados em comum agora continua como um desdobramento da primeira vitória. Os políticos tradicionais, mesmo os alidados de primeiro momento, vão sendo descartados conforme não atendam mais os interesses desse ajuste oportunista ou não haja mais como esconder mais seus podres – vide o Aecio e o Serra – fogo amigo calculado.

    Mas o inimigo comum continua o mesmo e será bombardeado sempre que esboçar alguma chance de se tornar viável: a chance de uma escolha eleitoral direta que atenda a uma agenda minimamente igualitária na distribuição de renda ou  que tente mudar de verdade o sistema.

    Vão sobreviver só os mais fortes do condomínio do poder real.

    E os perdedores serão os de sempre: população mais pobre e progressistas em geral. A não ser que haja uma improvável reviravolta nesse cenário, com o povão finalmente acordando, no que sinceramente não acredito, dado o grau de indolência e pasmaceira da sociedade por um traço histórico, amplificado hoje em dia pelas imbecilidades propagadas nas redes “antissociais” e pelo neopentecostalismo dinheirista.

  4. Seria assim se assim fosse.

    Mas parece que não é bem assim que o senso comum é construído.

    Quão irrelevante é a parcela da população capaz de alcançar esse entendimento que parece claro para alguns?

    “Na realidade temos uma conjuntura de fracasso do discurso ensaiado pelo epicentro do Golpe, eles prometeram o oásis e entregaram o caos ao Brasil e aos brasileiros.”

    Quem constrói a sensação do cidadão médio que já foi devidamente treinado a sentir em vez de refletir, é a Globo/Mossack-Fonseca e seus canais associados. Com o poder de construir a interpretação da realidade a partir de uma fantasia, não é difícil inocular no imaginário do cidadão uma reedição atualizada da promessa com a justificativa que a crise gerada no governo “desastroso” de Dilma Roussef era maior do que avaliaram inicialmente e o desastre se aprofundou a partir de 2014, por culpa exclusiva dela e da continuidade de suas propaladas pedaladas. A destruição de dez porcento do PIB pela vaza a jato, a partir de março de 2014, e o boicote do Congresso capitaneado pelo malfeitor escolhido e sustentado, Eduardo Cunha, mantido até a viabilização do GOLPE, e a rejeição do resultado das eleições por parte dos perdedores em 2014, não teve nada a ver com o aprofundamento da crise.

    Pronto! Está remanufaturado e ajustado o cenário do GOLPE com perfeitas condições para realinhamento das propostas e promessas e lançamento do CANDIDATO SALVADOR DA PÁTRIA.

     

  5. O golpe está desorientado

    O espaço está aberto. ” O homem honesto patamar de celebridade”, candidato da Globo Luciano Huck, João Dorea,…. Temos que engolir essas figuras maqueadas?

  6. A Globo ainda não mudou o disco

    O “mau dia” Brasil de hoje (12/4/2017) deu o viés de que a corrupção, para variar, tinha como foco principal o PT. Nada de falar, ou dar algum destaque, para os malfeitos dos aliados tucanos.

    Diluiu as denúnicas de caixa 2, com as de propina – exemplo: dos 9 Deputados Federais do PT, só um teve inquérito aberto por corrupção, os outro 8 por somente por caixa 2.

    Mas a Globo só falava de Zé e Zeca Dirceu. Nada de falar de como os políticos da então oposição conseguiram se envolver em corrupção, mesmo não estando no Governo, ou comentar o óbvio:  o problema está no sistema eleitoral e no custo das campanhas.

    Ficou na cantilena manjada de zerar o jogo e nivelar a política por baixo, com destaque negativo para as esquerdas. Sinal aberto para o futuro ungido: o Collor 2 que surgirá.

    O drama é que a maioria das pessoas se informa por aí… Dái o resultado dos descalabro que vivemos e o desespero do porvir.

  7. o golpe….

    Se realmente é golpe, se a operação policial/judicial/midiática está poupando e escondendo muitos, se existem interesses e interfêrência estrangeiras e nosso Governo, Políticos e Partido no Poder permitiram tal prática, não anteviram, nem tinham armas e provas contra tal ação, se permitiram deixar a Nação tão exposta e fragilizada, então realmente não é digno nem competente, nem tem a menor capacidade de comandar o Brasil. Foram mediocres. E estamos muito pior que imaginávamos.  

  8. eleições

    “quem grita mais chora menos”

    Novas eleições, vamos passar o Brasil a limpo e tals. O diabo é que a mídia do Brasil tem um único lado.

    Então tá. Perguntinha: Em quem o povo vai votar? Resposta: Em quem a globobo mandar. A globobo (e suas metastases) governa conforme o seu interesse. Que é ditado pelo exterior, dizem. E pelo vil metal temos a certeza.

    Se você é candidato, louco para arrumar uma “boquinha”,  vai preferir gritar no megafone da globobo ou chorar em cima de um caixote?  

    1. Caro Emerson57

      Voce nos enche de esperanças quanto ao nosso futuro, não acha?

      Se nem acreditar podemos, teremos mesmo é que pastar, como gado antes do abate!

  9. Claro, nunca existiu uma

    Claro, nunca existiu uma “orientação” do “golpe”.

    O que houve foram vários setores oportunistas que sem juntaram.

    A esquerda precisa deixar de ser infantil e se concentrar no verdadeiro problema, que é a lava jato, o MP e o judiciário.

    Não adianta o pessoal da esquerda não acreditar, corretamente, nas delações sem provas contra o Lula, mas usar, oportunisticamente, como vêm fazendo vários sites, mesmos tipos de delações, sem provas,  contra integrantes de outros particos, como se provas fossem.

    Pessoal, é preciso um mínimo de coerência.

      1. Sim, Marly e

        Sim, Marly e misteriosamente…não foi citado em mais nada…não se abriu nenhum inquerito….e o esperto correu e mudou de partido. Aí tem coisa.

        1. Temos que ficar alertas!

          Temos que denunciar. O povo est´´a hipnotizado, e infelizmente, a maioria  totalmente alheia aos acontecimentos. Abraços!

  10. “Há uma simbiose entre o

    “Há uma simbiose entre o epicentro do Golpe e os partícipes no Parlamento do Golpe, eles não podem ser presos para valer, ter seus bens materiais acumulados no jogo de relações com o Capital Privado e o Estado arrancados, porque se quebra o elo, a relação simbiótica, se desata a confiança com o epicentro do Golpe dos que se associam a ele.

    Se não mais for segura a certeza de impunidade aos políticos que se associam ao epicentro do Golpe quebrará o elo de confiança mútua entre as partes”

     

    É Justamente por isto, mais do que por qualquer outro motivo, que não deve haver diálogo entre FHC e Lula. Pensando estrategicamente, a única coisa que pode fortalecer as esquerdas de modo perene é a perspectiva de punição para os políticos traidores da pátria – sendo o FHC o principal, mais inescrupuloso e perigoso deles – e essa perspectiva só poderá se construir se a esquerda – não apenas partidos e seus membros, mas advogados e promotores não filiados – começarem um movimento para indiciar a direita pelos seus crimes de lesa-pátria – é esse movimento deveria ser a prioridade agora. 

    Muito mais do que a questão da reforma da previdência, um movimento para indiciar os traidores pelos seus crimes (acumulados desde a privataria) deve ser a prioridade porque a encruzilhada do governo com relação à previdência revela dois caminhos para a derrota – no longo prazo. 

    Se a previdência for aprovada, todo esse congresso que está aí hoje, assim como os partidos dos traidores, serão praticamente varridos do mapa eleitoral pós-2018. 

    Se a reforma previdência não for aprovada (e nem as outras medidas anti-CLT que visam empurrar a população para a informalidade), os super-ricos – o baronato reminiscente dos fazendeiros de café, da Mídia grande e dos bancos – desejará reinvestir seus lucros semestrais da renda fixa pública – lucros do tesouro direto – em mais títulos de tesouro direto. Seria diferente se a reforma fosse aprovada porque essa reforma condenaria a previdência pública a ser extinta em menos de uma década ao induzir seus contribuintes a migrar para previdência privada; essa migração para a previdência privada é o que se deseja com essas reformas – essa migração a verdadeira missão do Temer, embora ele, provavelmente, não entenda isto; essa migração é a jogada da super-elite no momento porque isto implicaria aumentar substancialmente os lucros dos bancos – o que significa maior distribuição de juros e dividendos para os acionistas de bancos, em especial para aqueles que possuem ações BBDC4, ITSA4 e ITUB4. Portanto, se a reforma da previdência for aprovada, os super-ricos irão investir sua próxima leva de lucros semestrais em ações dos bancos que fornece os principais programas de previdência privada, prevendo que ocorrerá a migração da previdência pública para a previdência privada desses bancos ao longo dos próximos 5 ou 10 anos.

    Em resumo, a jogada da reforma da previdência – a jogada do golpe – é, na verdade, a substituição do rentismo da renda fixa pública – o rentismo da taxa Selic – pelo o rentismo das ações de bancos cujas ações garantirão uma distribuição de juros e dividendos turbinada pela adesão ampla da população aos seus programas de previdência privada. Ou seja, se a reforma não passar, os super-ricos vão fazer lobby para a taxa Selic não cair – “somos o país da renda fixa e mudar isto vai contra a nossa natureza” – de modo análogo aos fazendeiros do Vale do Paraíba que fizeram lobby contra a abolição e contra a modernização do país promovida pelo Barão de Mauá.

    E se a taxa Selic não cair, o país quebra e todo esse congresso que está aí hoje, assim como os partidos dos traidores, serão praticamente varridos do mapa eleitoral pós-2018. 

    A posição na qual o consórcio do golpe se colocou em uma situação que poderia ser descrita uma coma espécie de assimetria negativa – perde ao escolher qualquer uma das opções que estão na mesa – e isto é muito importante para entender a natureza do golpe – isto revela muito sobre o que esse consórcio é e a natureza limitada desse consórcio pode nos dizer algo sobre quem realmente está por trás do golpe.  

    Um estrategista busca ser pôr em posições cujas duas ou três opções/caminhos a serem seguidos implicam ganhos; ou ainda, se por em posições cujas escolhas obedecem a uma assimetria favorável: se eu estiver certo, ganho muito, mas se eu estiver errado, perco pouco. 

    O complexo da “elite brasileira” (Mídia grande + terço conservador da classe média alta + políticos e seus grandes financiadores como os bancos) se colocou em uma posição cujas escolhas implicam perdas – todas elas implicam em perdas – e perdas potencialmente letais – é bom que se diga. Diante do risco de ruína – ou da ruína iminente se aproximando deles de modo aparentemente inevitável – eles tendem a tomar medidas (desesperadas) no sentido de jogar o país no caos total para impedir eleições. A questão é: isto tudo é imprevisível? Ou até mesmo difícil de calcular? Depende…

    Para uma “elite” que faz de tudo para evitar a competição acirrada por posições de status e quer manter seu prestígio com o mínimo de esforço sim; isto é imprevisível – esse é o caso da “elite brasileira”.

    Para uma elite de verdade, que forma gênios e coopta gênios de países estrangeiros (e até mesmo rivais geopoliticamente), expondo seus filhos e filhas a uma competição intelectual brutal ao longo de suas respectivas formações educacionais, não; isto não é imprevisível porque eles possuem gente que se qualificou – passando anos e anos estudando 8, 10, 12 horas por dia – para se tornar apto a pensar essas coisas. Essa é a elite do Eixo City Wall-Street – uma elite que se propõe a ser autônoma e a “do the thinking” para elites que não queiram ser autônomas (e nem elite de verdade) como é o caso da “elite brasileira”.

    A conclusão que se tira das premissas expostas acima é que a “elite brasileira” não é a estrategista do golpe; e esta frase pode ter dois sentidos: 1) A “elite brasileira” pode até mesmo estar liderando o golpe, mas ela não é a estrategista do mesmo porque ela não composta de estrategistas – como elite, ela não é uma estrategista “at all”; 2) A “elite brasileira” é só mais um peão no tabuleiro (ou talvez no máximo um bisbo, ou cavalo, mas não chegaria a uma torre) cujas peças são movidas pelos estrategistas do Eixo City-Wall Street. 

    No caso da opção 1), a esquerda provavelmente vencerá os embates eleitorais nas eleições assim como os embates sangrentos nas insurreições sociais que provavelmente estão por vir.

    No caso da opção 2), colocar o complexo “da elite brasileira” em uma posição desesperadora – dotada apenas de opções perdedoras – para que ela aja de um modo desesperado faz parte da estratégia dos estrategistas do Eixo City-Wall Street. Essa ação desesperada visaria mergulhar o país na barbárie para evitar as eleições e, teria como parte da sua implementação, a degeneração completa dos padrões morais da sociedade para que ninguém se indigne com mais nada, acompanhado da maximização do processo de psicopatização da sociedade para facilitar a implementação de táticas do tipo divide et impera. No caso dessa possibilidade 2), a ação do terço progressista da classe média deve ser, o mais rápido possível, no sentido de estabelecer vínculos com a periferia através de rodas de discussões políticas com os jovens – importante frisar – indo até a periferia não para doutrina-los, mas sim para ouvir o que eles pensam e sentem com relação a sociedade. O que importa aqui é gerar espaços/encontros de confraternização nos quais possa florescer um espírito comunitário, criando vínculos com a periferia.

    Segundo a pesquisa recente da Perseu Abramo sobre os habitantes das periferias, o poder de atração das igrejas evangélicas não reside em seu discurso reacionário, mas sim no espaço de confraternização e espírito comunitário com os quais eles envolvem seus frequentadores. Caso a possibilidade 2) esteja correta, um país mergulhado no caos (com saques e insurreições violentas acontecendo com a mesma frequência com que aconteciam protestos em 2013), as massas serão disputadas por líderes sociopatas dos movimentos neopentecostais que irão encarar a situação como uma oportunidade para instalar uma república teocrática. Tal desfecho impediria qualquer possibilidade do Brasil se lançar no mundo como uma potência modernizadora – tal desfecho significa eliminar o desenvolvimento científico e o softpower brasileiro, tirando-o da competição por mercados internacionais (em especial o Africano ao longo de seu boom populacional desse século). Uma mudança tectônica como esta seria, certamente, a mudança de perfil do Brasil (enquanto povo e país) com a qual os verdadeiros estrategistas do golpe sonham – e com a qual as multinacionais do Eixo City-Wall Street mais lucrariam. 

     

     

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