O novo PMDB é pior que a antiga Arena, por Fábio de Oliveira Ribeiro

O novo PMDB é pior que a antiga Arena

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Em sua nova propaganda veiculada através do Facbook, o PMDB afirma que a reforma da previdência é essencial para que o governo possa custear programas sociais e construir estradas. Diz o texto:

“Se a reforma da Previdência não sair”

Tchau Bolsa Família

Adeus Fies

Sem Novas Estradas

Acabam Programas Sociais”

A propaganda é evidentemente um engodo. Desde que o usurpador chegou ao poder programas sociais foram extintos ou drasticamente reduzidos até se tornarem irrelevantes. Tudo isto ocorreu antes da reforma da previdência. Portanto, os dois temas não estão relacionados e o próprio Michel Temer já demonstrou publicamente que pretende construir um Estado que cuide apenas dos interesses da elite brasileira e internacional.

O texto também relaciona a reforma a reforma da previdência à construção de estadas como se as duas coisas fossem custeadas pela mesma fonte. Outra mentira deslavada. As obras públicas são pagas com impostos diretos recolhidos ao Estado. A previdência é custeada por empregados e empregadores. A única previdência custeada pelo Estado é a dos servidores civis e militares, mas nesta Michel Temer não pretende mexer.

Desde que a Arena encontrou seu fim com a redemocratização do Brasil, o PMDB se tornou o partido político mais importante do país. De uma maneira ou de outra, os peemedebistas sempre estiveram no governo ou deram sustentação ao governo mediante suborno (compra de votos para reeleição de FHC, por exemplo). Nas últimas duas décadas o Brasil nunca precisou reformar a previdência para construir estradas.

É evidente, portanto, o abuso retórico cometido pelo PMDB. Para reduzir os custos dos empregadores, Michel Temer quer enfiar a reforma da previdência privada goela abaixo dos trabalhadores brasileiros. Ele se comporta como se não tivesse que dar satisfações ao povo e como se os brasileiros fossem idiotas dóceis que podem ser facilmente manipulados com algumas frases de efeito.

Se levarmos em conta esta propaganda, podemos concluir que o usurpador e seu partido já incorporaram todas as características do regime que dominou o Brasil de 1964 a 1988. Além de autoritário, Michel Temer pressupõe que é totalmente livre para agir e que não tem obrigação de prestar contas de suas ações aos cidadãos brasileiros. O PMDB virou um clone tardio da Arena. Se vestir uma farda, o usurpador poderia ser confundido com um general-presidente dos anos 1970. Portanto, convêm lembrar o que os generais fizeram quando estiveram no poder. Farei isto recorrendo a uma fonte isenta.

(The Brazilian Economy – Growth and Development, Werner Baer, third edition, printed USA, 1989, p. 86)

Do fragmento acima transcrito, podemos concluir que a Ditadura Militar aumentou os investimentos públicos na economia. Os programas governamentais (incluindo investimentos em infraestrutura, como a construção de estradas por exemplo) foram fatores determinantes para que a economia crescesse independentemente das forças de mercado. Nenhuma redução de direitos trabalhistas e previdenciários foi necessária (ou referida como necessária no texto) para que o milagre brasileiro se tornasse uma realidade. A única crítica feita ao período é o aumento da concentração de renda. O autor dá a entender que o mercado seria mais capaz de distribuir renda do que o Estado. Todavia, nunca é demais lembrar que quando atuam num mercado totalmente livre de regulação os agentes privados visam o maior lucro com o menor custo.

Ao extinguir programas sociais, congelar investimentos em saúde e educação, revogar direitos trabalhistas e reformar a previdência, o usurpador pretende libertar as forças de mercado. Isto certamente produzirá duas coisas: mais exclusão social e; uma maior concentração de renda. Isto ocorrerá, por exemplo, mediante a redução de contribuições dos empregadores ao INSS.

Os militares foram capazes de aumentar a proporção de investimentos públicos em relação ao PIB de 17,1% (1947) para 22,5% (1973). Em troca da redução da reforma da previdência, Michel Temer não oferece aos brasileiros nem mesmo o aumento dos investimentos públicos na economia. Muito pelo contrário, ele pretende reduzir a participação do Estado na economia através de privatizações para que os agentes privados possam lucrar mais num curto espaço de tempo.

Na década de 1970 a Arena produziu crescimento econômico com baixa distribuição de renda mediante o aumento dos investimentos estatais. O novo PMDB pretende produzir um aumento da concentração de renda mediante redução de investimentos públicos e a revogação de direitos previdenciários e trabalhistas. Portanto, apesar das semelhanças aparentes o partido do usurpador pode ser considerado uma antítese piorada da Arena.

Fábio de Oliveira Ribeiro

10 Comentários

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  1. Publicação de comentário que

    Publicação de comentário que tarda, não é publicação é censura. E se for, ADEUS mais um blog da ditadura.

    Moro extingue punibilidade, mas nega absolvição sumária de Marisa Letícia   –

    https://jornalggn.com.br/noticia/moro-extingue-punibilidade-mas-nega-absolvicao-sumaria-de-marisa-leticia

     

    Fábio de Oliveira Ribeiro

    Esta decisão é tecnicamente

    sex, 03/03/2017 – 19:03

    Esta decisão é tecnicamente correta.
    Absurda e repugnante foi a aceitação de uma denuncia fundamentada apenas nas convicções de um promotorzinho mequetrefe que usa o cargo para fazer política partidária.

     

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    Meire

    O ERRO (DOLO) inicial, torna

    sex, 03/03/2017 – 20:04

    O ERRO (DOLO) inicial, torna todo o resto ERRADO (DOLOSO). Ainda que fosse CULPOSO, só demonstra a inépcia do agente do crime, agente esse que um dia, por todos os seus crimes será punido.

    I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

    Ademais, a denúncia deve especificar fatos concretos, de modo a possibilitar ao acusado a sua defesa, não podendo se limitar a afirmações de cunho vago.

    1. MeireO ERRO (DOLO) inicial,
      imagem de MeireMeire

      O ERRO (DOLO) inicial, torna

      O ERRO (DOLO) inicial, torna todo o resto ERRADO (DOLOSO). Ainda que fosse CULPOSO, só demonstra a inépcia do agente do crime, que um dia será punido.

      I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

      Ademais, a denúncia deve especificar fatos concretos, de modo a possibilitar ao acusado a sua defesa, não podendo se limitar a afirmações de cunho vago.

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  2. Trouxas somos nós que
    Trouxas somos nós que assistimos a tudo inertes, imbecis os que acreditam que a mídia é isenta, parvo é aquele que crê que a justiça persecutória combate a corrupção, aliás, o medo que o cabelo branco tem do mineirinho ou é caso pra psicanálise ou de polícia.

  3. Consta que o criador dessa

    Consta que o criador dessa peça de “marquetingue” é o marqueteiro do Dória. Para mim é como aquele filme com a Meryl Streep, A escolha de Sofia. “Então que filho voce escolhe que eu mate? Sua bolsa família ou sua aposentadoria?

    PS: Sem contar que vai ajudar os coxinhas arrependido a serem ainda mais contra a reforma da previdência. Todos tem horror ao “bolsa esmola”

     

  4. O que faz alguem dentro de um
    O que faz alguem dentro de um partido desses….como pode alguém que bate cartão votar neste partido. Uma coisa me intriga até hj, o que faz Roberto Requião neste partido?

  5. Discordo em parte, em 1964 os

    Discordo em parte, em 1964 os militares tomaram o poder por razões ideológicas, mesmo que, desde sempre, os interesses norte-americanos estivessem presentes nos amestrados milicos. Agora, os GOLPISTAS tomaram o poder única e exclusivamente para roubar o que puderem do estado brasileiro, mesmo que, para tanto, tenham também de agradar os interesses traidores e apátridas. Os de agora são apenas isto: ladrões, como sempre foram.

  6. A  Arena ao menos apoiava uma

    A  Arena ao menos apoiava uma ditadura com um viés nacionalista, o PMDB é um lixo de corruptos fisiológicos, aproveitadores da pior espécie que se pode conceber, não tem nenhum projeto de nação, são golpistas nefastos do nível de Romero Jucá e um gusano rastejante como Temer, PMDB nunca foi um partido político com qualquer liderança capaz de se apresentar para disputar o nobre cargo de prresidente da república, só o golpe ou a soprte grande permitiu que estes quadrilheiros chegassem ao poder.

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