O programa econômico dos golpistas, por Emir Sader

Enviado por Webster Franklin

Do Brasil 247

O programa econômico do golpe do 1%

Por Emir Sader

Com a desenvoltura de um gerente de banco na sua agência, Henrique Meirelles se põe a anunciar as prioridades de um governo golpista, que expressa os interesses do 1% mais ricos do pais. Pergunta-se: quem lhe deu o mandato para enunciar o programa derrotado sucessivamente pelo brasileiros em quatro eleições?

Estão contidos no programa do gerente, a começar, claro um teto para os gastos públicos, com desvinculação das receitas. Por que não um teto para os lucros dos bancos? Porque é um programa que satisfaz os banqueiros.

Consulte o povo para ver se ele quer a desvinculação das receitas de educação e saúde, definido pela Constituição de 1988, para que se atenda os interesses dos banqueiros de pagamento das dividas a eles, ao invés de investir no que interessa à população? É uma obsessão da direita essa desvinculação, ansiosa para colocar as mãos nesses recursos, que atendem aos que necessitam os serviços públicos. Acreditam que agora, mediante um governo que quer se instalar por um golpe, vão conseguir, ja que não conseguiram nunca democraticamente, pelo voto popular.

Reforma da Previdência é outro enunciado do gerente, preocupado com que os trabalhadores trabalhem mais tempo e recebam menos, ferindo direitos adquiridos. Quem lhe deu delegação para isso?

Reforma do sistema tributário, com sua “simplificação”, eufemismo para dizer que vão se diminuir impostos dos ricos, que já pagam pouco ou nada ou sonegam, para que possam dispor de mais recursos para especular nos bancos, para enviar ao HSBC, para abrir empresas off shore em paraísos fiscais.

Não reclamem depois da reação popular, que não vai poupar os que pretendem violar a democracia brasileira e os direitos dos cidadãos, que não votaram por eles não vão tolerar que atentem contra a democracia e contra os direitos da grande maioria.

É o programa do 1% mais rico, defendido por um vice golpista, que dispõe do apoio de 1% da população nas pesquisas. Um programa contra a grande maioria, contra a democracia, contra os direitos dos trabalhadores.

Um programa que só poderia mesmo ser aplicado mediante um golpe, porque não condiz com os interesses da maioria, que o rejeitou quatro vezes seguidas. Confirma que se trata de um golpe. Se quiserem alguma legitimidade, submetam essas medidas a um referendo popular. Como conheceu seu resultado, fogem do povo e conspiram, nas sombras da residência do vice golpista contra a democracia e os direitos da grande maioria.

Se se atreverem, apesar disso, a colocar em prática essas medidas, por mais que as submetam ao mais vergonhoso Congresso que o País ja teve, sem com isso obter nenhum tipo de legitimidade, vão ter que contar com a ira do povo contra eles. O povo não vai ser resignar a que golpistas firam a democracia, conquistada com tanto esforço, para desde ai atacar os direitos adquiridos pela luta do povo e confirmados por governos eleitos democraticamente pelo povo.

O pais não é um banco, o governo não é feito para maximizar os lucros dos mais ricos,  o Brasil não é mais uma ditadura, para ser governado por uma elite que representa os mais ricos. A cruel ameaça de retirar o bolsa família de 40 milhões de pessoas representa bem os desígnios desses corruptos que querem assaltar o poder e atacar os direitos da grande maioria.

Todos os avanços destes 13 anos, que diminuíram a desigualdade, a pobreza, a miséria, a exclusão social estão em risco por um grupo de golpistas que escolhem um banqueiro para gerenciar o Brasil, como se fossemos um banco. A desenvoltura de gerente de Henrique Meirelles de nada lhe adiantará diante da ira popular que escrachará a ele e a todos os coniventes com esse golpe contra a democracia e contra os direitos do povo.

Redação

15 Comentários

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  1. O unico programa economico de

    O unico programa economico de neocons neolibs eh favelizacao.  Antes tivesse comecado ontem…  comecou nos anos 80.

  2. COMO SAIR DO ATOLEIRO?

     

    O Brasil foi uma colônia de exploração, marcada pela agricultura escravista de “plantation” e pela exportação predatória de riquezas naturais. Fomos o último país ocidental do planeta a abolir a escravidão. Nossa estrutura social e econômica restou marcada por uma lógica estamental, um ethos excludente, um abismo entre os mais ricos e os mais pobres.

    O movimento abolicionista, no final do século XIX, reuniu parcela significativa da intelectualidade e simpatizantes inclusive no seio das elites. Nas classes médias nascentes, logrou mobilizar a compaixão, o senso de justiça e a percepção de que escravidão era anacronismo. Ser escravocrata passou a ser visto como algo cafona, “out”. Ser abolicionista tornou-se chique, bacana, “in”.

    A luta envolveu inclusive desobediência civil e atos de desafio à legalidade vigente, como roubo e acoitamento de escravos. “Abolicionistas-caviar” arriscaram as vidas nesses atos de “terrorismo”.

    A abolição deixou os escravizados e seus descendentes “livres do açoite da senzala/ presos à miséria da favela” .

    Os escravos foram mais objeto que sujeito do abolicionismo no Brasil. Hoje, o mesmo acontece com a parcela mais pobre da população. Não é exagero afirmar que 4/5 dos brasileiros são despolitizados, com baixo nível de consciência dos próprios interesses e baixíssima experiência de organização.

    A classe dominante brasileira provém de colonos predadores com pouco ou nenhum compromisso com um projeto de país e escasso grau de compaixão ou solidariedade com os menos afortunados. Contraste com os EUA, onde – apesar da ideologia liberal “meritocrática” prevalente – bilionários podem deixar, em testamento, grande parte de suas fortunas “para a caridade”, reservando apenas alguns milhões para os herdeiros; e alguns chegam a defender maior tributação sobre suas fortunas, para que o Estado tenha meios de socorrer os sem teto e sem emprego.

    No Brasil de hoje, qualquer projeto político “neo-abolicionista”, de enfrentamento à iniquidade social que nos assola, tem de incluir:

    1) um programa econômico para desenvolvimento nacional soberano, inclusivo e ambientalmente responsável.

    Problemas: a) parcela hegemônica das classes dominantes prefere o papel de sócio subalterno do capital estrangeiro predatório (como os viticultores portugueses venderam o futuro da industrialização portuguesa à Inglaterra, em troca dos lucros assegurados pelo Tratado de Métuen). b) o debate econômico a nível internacional tem sido esmagadoramente dominado pelas teses neoliberais, que só podem reservar ao Brasil o lugar de vassalo dos interesses do capital financeiro transnacional e só conseguirão agravar a iniquidade social brasileira.

    2) uma esquerda capaz de persuadir parcelas crescentes das classes médias e conscientizar /organizar parcelas crescentes dos estratos mais pobres da população.

    Isso hoje representa organizar uma guerrilha de informação e difusão de ideias contra o monopólio da Globo, empresa comprometida com o projeto de espoliação do país pelas elites financeiras transnacionais.

    No Vietnã, a guerrilha vietcong foi capaz de derrotar o exército americano, que era (e ainda é) o mais forte do mundo. É muito, muito difícil, mas não impossível, uma guerrilha derrotar um exército.

    Vem aí o Governo Temer, totalmente fechado com o fundamentalismo neoliberal.

    Governos neoliberais tendem a produzir desemprego em massa, arrocho salarial e descontentamento. É quando parcelas crescentes da classe média tornam-se permeáveis a projetos políticos alternativos. Necessário conquistar as classes médias: difundir ideário de solidariedade de classes, apresentando modelos de países onde a inclusão social e serviços públicos de qualidade asseguram maior qualidade de vida. Temos que fazer a iniquidade social parecer brega, cafona, anacrônica, injusta, intolerável – do mesmo modo que nossos ancestrais abolicionistas desqualificaram a instituição do escravismo.

    A conscientização e organização política dos mais pobres é urgente, indispensável e dificílima. Lideranças como Boulos e Stédile têm obtido alguns resultados, mas falta muito para sairmos da impotência. Os setores populares têm de deixar de ser objetos para assumir o protagonismo da luta política, ou todo projeto progressista poderá vir a ser abortado na marra (como agora) sem que os golpistas enfrentem resistência significativa. Resistência significativa envolve sublevação de massa nas ruas; só que as massas têm que entender o que se passa e se implicar no processo político em contingentes capazes de parar o país, se necessário.

    Hoje, estamos a anos-luz disso. Mas tudo pode mudar. A luta dos secundaristas pelo direito a uma educação decente, iniciativas de organização popular recentes e a própria resistência que o golpe irá gerar prometem trazer dor de cabeça às forças da direita.

     

  3. É a luta de classes.

    Não adianta chorar, agora é arregaçar as mangas e voltar à luta.

    A inépcia do PT e Dilma vão levar as conquistas sociais para o ralo.

     

  4. muito mais forte que qualquer outro golpe, inclusive militar…

    que também nos tira a liberdade

    este não tem força para nos tomar tudo, mas aquele sim, principalmente quando chamado para atuarem diretamente como governo e como controladores diretos, senhores de tudo, em períodos de renda baixa

    mas sempre se entenderam muito bem estes dois exércitos, deixando a conta sempre para o cidadão

    até nos balanços e controles de movimentação “financeira”…………………………….

    custei a acreditar, mas após tentativas em bancos diferentes, passei a acreditar que quase se igualam em poder de destruição da vida do cidadão, vejam:

    sendo da vida do cidadão, registra-se como cheque sem fundo

    da vida do outro, apenas como documentos incorretos

    que respeito, não!?

    1. entre eles sempre funcionou assim…

      aplicam o golpe

      chamam um

      e no caso de se recusar a a tender, chamam o outro, bancos

      mas que no caso já estava combinado de ser o primeiro, preferido, e melhor apoiador para os arrochos salariais que advirão

  5. repetirão, sem dúvida alguma, que aconteceu de forna inevitável

    pela situação caótica de mercado e empresas, com paralização de todos os principais setores, devido a corrupção

    para não perderem tempo, nem serem pegos de surpresa, recomendo consultarem o ciclo de destruição FHC

  6. desvincular receitas? não nos

    desvincular receitas? não nos espantemos se começam fechar postos de saúde por um SUS sem verba, a exemplo do que acontece hoje com escolas públicas do paraná e sao paulo, do PSDB. a régua que conhecem esses pilantras é a da livre iniciativa. (livre de quem? de que?) 

  7. perguntas e respostas

    “Pergunta-se: quem lhe deu o mandato para enunciar o programa “

    r. o PIG. O Partido Ignóbil do Golpe.

    E o PIG é secundado por uma classe mérdia que não quer dar bolsa família para miserável. R$ 170, pagos pelo meu bolso, indiguinam-se.  Estranhamente eles ficam indiferentes quando a bolsa da viúva é sequestrada em valores de milhões e bilhões. HSBC, Mossak Fonseca, CC5, Cayman, Panamá Papers, Banestado etc, fazem cara de ué, não sei não vi. O que eu sei é que é chique vomitar contra o PT mortadela. Falando contra “essa gente”, por um instante eu me distingo dessa miséria e me sinto parte da elite!

    -Galvão, philma eu!

     

  8. Eu acho engraçado falar que o

    Eu acho engraçado falar que o povo não vai tolerar isso. Esse mesmo povo não moveu uma palha contra o golpe, muito pelo contrário, vários bateram palmas, panelas e soltaram foguetes no dia da votação fatídica.

  9. Os empresários estão mais
    Os empresários estão mais receosos com um governo Temer, do que com o
    governo Dilma,vejam que essa semana a BOLSA VAI DESPENCAR com a
    aproximação do golpe e a possível DESOBEDIÊNCIA CIVIL do povo!

  10. Ira popular vs totalitarismo

    A ira popular, de nada adiantará diante de um governo totalitário. O neoliberalismo de Temer, será um desastre para o povo, mas seus estrategistas, Mestres de Xadrez, já pensaram nisto, aliás como pensaram em cada detalhe da sua operação de tomar o poder.

    A direita pensou em tudo, e todas as leis votadas, tem algo de sua estratégia. A lei anti terrorismo, por exemplo, que criminaliza quem se manifestar. A lei anti ataques cibernéticos que processa quem falar mal do governo. Dificilmente alguém vai reverter este jogo a curto prazo. Eles só perdem se quiserem mesmo, e mesmo assim, se quiserem perder, é porque há algum ardil nisto.

     

    ” A oposição joga Xadrez como se Grandes  Mestres enxadrezistas fossem, recém saídos de um torneio mundial, e o PT joga como aprendizes iniciantes. “

  11. 26 meses e contando…

    Uma eleição em 2018 tem que o programa de governo estar finalizado até agosto de 2018!

    Setembro em diante é pau puro!

    Ele terá que dizer ao que veio em torno de 26 meses!

    As politicas desta turma é dar um pé da botina antes das eleições e só entregar o outro pé depois do voto!

    De volta para o futuro, ou seria passado?

    Alguem acredita que o Cunha vai ficar quietinho em casa até as próximas eleições?

    Não será nem preso!

    E se bobear volta presidente!

  12. Vamos por partes

    Reforma da previdência e reforma tributária saõ imperativas para a sobrivência da economia brasileira. Estão no programa também do atual governo, portanto, nestes pontos, nada muda.

    Estabelecer teto para os lucros dos bancos também parece não estar no programa do atual governo e de nenhum outro governo. Neste ponto também, nada muda.

    Já a desvinculação das receitas me parece também imperativa para destravar o Brasil. Definir gastos com saúde e educação por percentual de arrecadação ( ou PIB ) e não pela qualidade dos serviços prestados é uma estupidez sem tamanho. Há que se buscar a melhor qualidade com o menor investimento possível. É isso que fazem todos os países. Não só os países como também qualquer empresa e qualquer cidadão comum. Há exemplos de sobra de países que conseguem altos índices de qualidade na educação investindo menos de 5% do PIB.

     

  13. esse tipo de programa

    esse tipo de programa arrochante não dara certo por causa da

    ilegitimidade de uj goberno golpista como o do temeroso..

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