“O que incomoda é sermos tratados como mentirosos e fúteis”, diz esposa de Cunha

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Em rara aparição na TV, Cláudia Cruz, esposa de Eduardo Cunha (PMDB), enfrentou uma saia justa diante do apresentador do Conexão Repórter, Roberto Cabrini, que quis abordar as despesas luxuosas da jornalista no exterior durante uma entrevista exclusiva com o deputado que pode perder o mandato nesta segunda (12).

Para a Lava Jato, os gastos de Cláudia em lojas de grife foram custeados com recursos desviados dos cofres públicos. Após relutar em entrar nesse mérito, ela disse, enfim, que o dinheiro que abastece as contas do marido na Suíça é fruto de trabalho, que ela só compra o que sua condição financeira permite, e que sente-se usada como “bode expiatório” porque é natural que qualquer mulher faça compras, independente do valor.

“O que mais me incomoda é nos tratar como mentirosos e fúteis”, disse. “Eu trabalhei também. Eu tenho capacidade financeira de comprar o que eu quero. Recebi uma grande indenização de uma ação trabalhista. Esse dinheiro não vem de propina.” 

As respostas de Cláudia Cruz sobre as contas no exterior foram dadas a contragosto. Quando Cabrini entrou no assunto, Cunha disse a ele que se quisesse falar sobre isso, ele chamaria um advogado. Depois, recuou e decidiu ajudar a mulher nas questões.

Na entrevista, Cláudia também falou que a família está “abalada” com a “perseguição” a Cunha, mas afirmou que tem “estrutura bem legal” e os filhos, “uma cabeça muito boa.” Ninguém ali acredita que o ex-presidente da Câmara é culpado pelas acusações levantadas pela Lava Jato. “O mais difícil é abrir os jornais e ver as mentiras”, respondeu a jornalista, que disse ter se apaixonado por Cunha por conta de seu caráter, sinceridade e inteligência.

Envolvida na Lava Jato, mas sob jurisdição de Sergio Moro, Cláudia disse que não tem medo de ser presa por não fez nada. Ela disse que também não teme que Cunha seja preso ou que perca o mandato no julgamento que ocorre hoje na Câmara. “Meu marido não vai perder o mandato”, assegurou, afirmando que a sentença é fruto de um misto de esperança com certeza.

SEM DELAÇÃO

Cunha repetiu na entrevista o mantra de que “só faz delação quem cometeu algum crime” para afirmar que, se for cassado e preso, não irá colaborar com a força-tarefa da Lava Jato.

Em Brasília, há a expectativa de que sua cassação seja motivo para que o deputado ligue a metralhadora giratória e entregue tudo o que sabe sobre os colegas de Casa.

No final de semana, o colunista Lauro Jardim, de O Globo, publicou que, no entorno de Cunha, cresce o boato de que, uma vez cassado, sua prisão deverá ocorrer em uma semana. O deputado também já teria escolhido o primeiro alvo de uma delação: o correligionário Moreira Franco.

Nos jornais desta segunda, Cunha aparece dizendo a deputados que tendem a votar por sua cassação que “eu sou você amanhã”, sinalizando que quem lhe tirar os direitos políticos também será julgado.

Cunha foi filmado pela equipe do SBT no dia em que o Senado derrubou Dilma Rousseff em função do impeachment. Tentando conter o sorriso, Cunha disse que não sente orgulho de ter sido o responsável por deflagrar o processo. “Não foi vitória pessoal, nem busquei essa vitória pessoal. Eu cumpri o meu dever.”

Além de negar todas as acusações na Lava Jato, ele reafirmou que não subordou Dilma por apoio para evitar a cassação em troca de engavetar o impeachment. Como prova, disse que manteve em seu cofre, por cerca de um mês, a autorização para que o processo de afastamento fosse iniciado. 

“Eu deixei assinada a autorização do impeachment quase um mês antes de ser divulgado, temendo um atentado contra mim ou decisão extemporânea, como a do Supremo [de afastá-lo da Câmara em maio. Deixei no cofre com ordem de publicar se algo acontecesse comigo. Isso é a prova de que a decisão estava tomada e de que não havia nenhum tipo de barganha, como dito por eles.”

O julgamento de Cunha deve ocorrer a partir das 19h.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Certamente porque são

    Certamente porque são mentirosos e fúteis. Isso é o que mais nos incomoda, além de Cunha ter servido direitinho à sabotagem e depois ao golpe contra Dilma.

  2. O padrinho de Papai,o médico

    O padrinho de Papai,o médico humanista Dr. Mario Dourado Sobrinho,em situações como esta reageria exatamente assim:Eu quero saber quem é o cachorro do cachorro.

  3. debordianas

    Vou dar ideia pra Cecê: abre o jogo.

    Diz assim: “O problema é sermos tratados como realmente somos. Eu e Dudu apostávamos, e ainda apostamos, na afirmação debordiana que diz: “Nunca foi possível mentir com tão perfeita ausência de consequências”. Em rigor, quando há consequências, é simplesmente porque há uma conveniente sobreposição de mentiras. Exemplo: Dilma mentiu como todo bom mascate eleitoreiro, mas é mentira que tenha sido impichada porque mentiu. Dudu sabe dos podres de meio mundo do Legislativo, do Executivo, do Judiciário e da torcida do Flamengo… Inda temos esperança. Pindorama é a terra da jaboticaba…”

  4. Dizer que ainda perdem tempo

    Dizer que ainda perdem tempo com essa gente. Cá prá nós: bota indenização trabalhista, nisso! Mas, com certeza, apaixonou-se por ele porque são igualmente aéticos e amorais. Bando é pouco: quadrilha. Aliás, semana passada a polícia prendeu a mãe do deputado Hugo Motta, da Paraíba, e afastou a avó dele, Francisca, prefeita de Patos: a filha dos acunhados costuma passar as festas juninas com eles, convidada e albergada na casa da Chiquinha… No popular, “quem sai aos seus não (se) regenera”.

  5. Retrato do Brasil que se borra

    Gérson Carneiro, do blog Vi o Mundo (http://goo.gl/XQ3GTS), comenta a sensível diferença no tratamento de Cabrini com 2 entrevistados diferentes: foi um machão com Dilma e uma fofura com Cunha.

    Seu único mérito, na entrevista de ontem, foi ter encontrado Cláudia Cruz, a fugitiva que o todo-poderoso Sérgio Moro “procurou” (como o nariz dele) e depois desistiu.

    Cabrini, como Moro, é um cagão e se borra todo diante poder de fogo de Cunha.

    Essa é nível de quem deu o Golpe de Estado no Brasil. Gente como Cabrini, Moro e Alexandre Moraes, que fala grosso com quem usa chaveiro do Pateta e fala fino com bandido.

      1. Nogueira se enganou. Continua

        Nogueira se enganou. Continua um grande jornalista pelo conjunto da obra, ao contrário de Cabrini.

        Se Cunha aceitasse ser entrevistado por qualquer um dos blogueiros ditos ‘sujos’ ia levar um couro como o FHC quando se mete a dar entrevistas em inglês.

        Ambos, Cunha e FHC, são do mal. Só que Cunha é mais ladino que o velho. Uma pena. Pagaria um trem só pra ver o capiroto estrebuchando.

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