Orelhas tucanas x Orelhas petistas, um Rapa Nui aqui e agora

Todas as civilizações humanas foram profundamente marcadas por diferenças, distinções e exclusões resultantes de conflitos que se tornaram permanentes no momento em que populações ou grupos políticos distintos foram forçadas a conviver e disputar o mesmo espaço territorial, político e social. Esparciatas, periecos e hilotas em Esparta; eupátridas e metecos em Atenas; patrícios e plebeus em Roma; kauravas e pandavas, na Índia; suseranos e servos da gleba na europa feudal; guelfos e gibelinos em Florença; sunitas e xiitas nos países do Oriente Médio; protestantes e católicos, na Alemanha e, depois, na França e na Inglaterra; colonos, índios e escravos no Brasil colonial; democratas e republicanos nos EUA; petistas e tucanos no Brasil atual.

Diferenças políticas, sociais e religiosas, que se tornam mais ou menos permanentes em razão do acesso amplo ou restrito aos recursos econômicos e meios de vida podem ajudar a construir e expandir uma civilização (caso de Roma, por exemplo). Mas quando os recursos econômicos se tornam escassos o colapso da civilização se torna inevitável em razão dos conflitos internos e externos.

Segundo os estudiosos e analistas a era do petróleo, que possibilitou e estimulou a globalização em curso, está chegando ao fim. Isso explicaria o aumento de conflitos ao redor do mundo e especialmente nas regiões onde existem reservas petrolíferas.

“A maneira mais dramática e definitiva pela qual a mudança do atual paradigma energético pode vir a ser imposta ao mundo provavelmente será pelo declínio da produção global de petróleo, nos moldes previstos pela teoria do peak oil. Segundo seus proponentes, a extração mundial de petróleo atingirá um pico, para depois decair a uma taxa similar à que caracterizou, no passado, a expansão da produção. Especialmente em uma situação em que a demanda se mantém inalterada, a resultante escassez de um produto tão estratégico terá impacto fortemente recessivo para a economia mundial. Ainda mais grave é o risco do acirramento de conflitos – entre Estados e entre empresas – pelo controle das reservas remanescentes.”

http://www.funag.gov.br/loja/download/838-Fim_da_Era_do_Petroleo_e_a_Mudanca_do_Paradigma_Energetico_Mundial_O.pdf

Há mais de uma década o Brasil, dono de imensas reservas de petróleo no seu litoral, está sendo sacudido por um conflito político protagonizado por petistas e tucanos. No centro da disputa está a destinação do Pré-Sal, cujo valor já foi estimado em 8,8 trilhões de dólares https://www.youtube.com/watch?v=TK_DokcFwsw. Esse valor pode oscilar em razão das flutuações do mercado, mas a longo prazo a tendência de alta desse valor é evidente e decorre da previsível escassez do petróleo.

Os petistas acreditam que a exploração do Pré-Sal deve ser feita predominantemente pela Petrobras com base numa Lei que garanta o desenvolvimento do país e a melhoria do padrão de vida dos brasileiros. Tucanos preferem entregar a preço de banana à sanha exploratória dos estrangeiros, transferindo para o exterior lucros que poderiam muito bem ser aplicados no Brasil.

Foi nesse contexto de disputa política que ocorreu a Lava Jato. Atendendo exclusivamente os interesses estrangeiros, essa operação ajudou a derrubar Dilma Rousseff, reduziu a importância política do PT e possibilitou a entrega do petróleo brasileiro às companhias estrangeiras a um preço irrisório. Também foi nesse contexto que ocorreu o processo fraudulento do Triplex e a prisão injusta de Lula. O ex-presidente petista não está sendo perseguido porque é corrupto. A verdade é que ele está sendo impedido de disputar a presidência porque prometeu realizar um plebiscito que pode decidir de uma vez por todas qual será o destino a ser dado ao Pré-sal, algo que obviamente não interessa aos estrangeiros nem aos seus amigos tucanos dentro e fora do MPF e da Justiça Federal.

À medida que a tensão política cresce (em razão da tentativa de homicídio de Lula e da prisão dele) a tentação de recorrer à violência também está crescendo. Portanto, nós todos precisamos urgentemente refletir agora sobre o resultado futuro de nossas ações. O mesmo processo de divisão, conflito, segregação e ódio virulento que ergueu civilizações antigas e modernas (e que acarretou a destruição de algumas delas) está abalando o Brasil nesse momento. O fenômeno pode ser visto em Rapa Nui. Esse filme feito em 1994 retrata a vida cotidiana na Ilha de Páscoa dividida entre “orelhas curtas” e “orelhas compridas”. Vale a pena conferir.

Aqui o making-of do filme Rapa Nui: https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=wA54pFS4GEw.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

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