Para entender a compra da FNAC pela Livraria Cultura, por Luis Nassif

 

O mercado não entendeu o fato da Livraria Cultura, em plena crise financeira, ter adquirido a FNAC do Brasil – a hiperlivraria de capital francês.

 

A explicação é simples.

 

Fechar uma empresa no Brasil é processo muito demorado e cheio de imprevistos. Há as questões trabalhistas, os passivos com fornecedores, as pendências fiscais. Tome-se o exemplo da Lush, a firma de cosméticos britânica. Embora com operações menores que as da FNAC, seu fechamento é operação para um ano.

 

O que a FNAC fez foi simples.

 

Quase certamente pagou a Livraria Cultura para ficar com seus ativos. Deve ter feito um cálculo das pendências a serem liquidadas, mais um fee pelo fato da Cultura ter assumido as operações.

 

O que a Cultura fez é óbvio:

  1. Embolsou o fee.

  2. Incorporou as lojas da FNAC e passou a fechá-las.

  3. Em vez de quitar os compromissos da FNAC, utilizou o fee para apagar outros incêndios.

  4. Depois, requereu recuperação judicial e incluiu todos os passivos na operação, do mesmo modo que a Editora Abril.

 

Nas ações propostas, bastaria os ex-empregados da FNAC pedir acesso aos termos do contrato de venda da empresa para a Cultura. Ali, ficará caracterizada a natureza da operação.

 
Luis Nassif

9 Comentários

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  1. As barreiras de saída de um

    As barreiras de saída de um negócio em muitas vezes se mostram mais complicadas que as barreiras de entrada. Essa manobra é típica do capitalista brasileiro.

  2. Nestas fantásticas operações

    Nestas fantásticas operações de “engenharia” financeira, com certeza quem saiu prejudicado foi o pobre trabalhador.

  3. Essa é a nossa elite

    Essa é a nossa elite brasileira = vê todo o trabalhador como um possível fraudador do seguro-desemprego, mas não pensa meia vez pra dar um jeitim de burlar a lei. O exemplo mais acabado são os Civvita – aliás, bom nome de série de família mafiosa que entrou no ramo do jornalismo. 

  4. A Livraria Cultura já estava

    A Livraria Cultura já estava muito mal das pernas faz tempo. O público mais sofisticado de São Paulo e Rio já estava comprando na Livraria da Vila e na Livraria da Travessa, as redes sem presença online como Nobel e Leitura pressionando e a Amazon chegando da maneira Amazon no mercado livreiro. Tudo isso num cenário de crise aguda do mercado editorial.

    Resultado: a Cultura não tinha público que comprasse seus livros. Pegou o dinheiro dos franceses, comprou a Estante Virtual e foi tentar pagar dívida. Não funcionou.

    E a Saraiva é a próxima da lista. Aí o bicho vai pegar forte, até pelo tamanho da empresa.

  5. FNAC

    A FNAC perdeu muito em vendas apos o aumento das vendas pela internet. Mesmo em Paris, ela vem diminuindo seu tamanho e provavelmente caminha para o fechamento de suas lojas fisicas no médio prazo. Entre uma revolução e outra certo é o aumento de desempregados. 

  6. Já estamos seguindo a lógica

    Já estamos seguindo a lógica bolsonariana de menos livros e mais armas.

    Enquanto fechamos livrarias as açoes da Taurus – fabricantes de armas – sobem 400%.

    Estamos progredindo.

    Vejam o qe presenciei hoje.

    Perto de minha casa tem uma ponte onde só passa um carro de cada vez.. Ela é mão dupla ma só tem uma pista, então tem de haver certa educação dos motoristas.

    Hoje ao passar perto dessa ponte havia quase no meio dela dois carros parados, um em cada sentido e ninguém estava dando ré.

    Pergunta: como se resolveria este conflito num país bolsonariano onde todos pudessem andar armados?

  7. Tao the King II

    Para não voltar ao velho bordão da censura e das mensagens que somem, repito o post que sumiu rsrsrsrsrs….

    Está lá há milhares de anos, quanto mais sofisticadas forem as artimanhas para dificultar os negócios, mais sofisticados ainda serão os subterfúgios para burlá-los.

    Não deu outra, com a atual legislação comercial-fiscal-tributária-trabalhista, só consegue lucrar os golpistas que se valem das falhas ou obscuridades, resumindo: Negócio honesto no Brasil não existe mais.

    Vamos para a reforma necessária pelo pior caminho possível, depois de destruir tudo de bom e honesto que foi construído em 500 anos de sacrifícios.

    A intelligentsia brasileira não escapa desta conta, infelizmente.

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