Pessoas como Schneider não podem ser reféns do MBL, por Renato Rovai

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Foto:Leon Rodrigues/Secom

Da Revista Fórum

Pessoas como Schneider não podem ser reféns de gente como Kim e Hollyday
 
por Renato Rovai
 
Alexandre Schneider foi secretário de Educação de Kassab e candidato a vice de Serra para a prefeitura de São Paulo em 2012. Convenhamos, a despeito de ele ser um cara de bom trato, isso está longe de ser um currículo apreciável.
 
Mas por outro lado, a sua gestão à frente da secretaria da Educação nos tempos de Kassab (2006-2012) se não foi um case de sucesso, também não foi um desastre.
 
Ele conseguiu ter uma boa relação com a comunidade escolar, abriu diálogo com a galera do digital, não promoveu retrocessos pedagógicos e saiu limpo da experiência.

 
Até por isso há muita gente no campo progressista que tem boa relação com Schneider.

Isso deveria ser uma qualidade apreciada pelo lado no qual ele opera politicamente. Afinal, é sempre bom ter gente que constrói pontes ao invés de ficar perdendo tempo apenas para destruí-las.

Mas não é esse o tempo do hoje. E Schneider sentiu o gosto amargo da ação fascista nos últimos dias. Ação que se tornou a especialidade de boa parte das pessoas que atuam em nome do campo que ele milita.

O MBL foi para cima do secretário de Educação de Doria atacando-o da forma mais vil. Fazendo montagens sacanas, tornando-o um inimigo apenas porque ele, de forma correta, questionou a atitude do vereador Fernando Hollyday (DEM), que está visitando escolas para constranger professores e funcionários e difundir o projeto Escola sem Partido, que nada mais é que um cala-boca pedagógico. O fim da liberdade na educação.

O ato de Schneider foi um sopro de esperança de que há gente do lado de lá que começa a se incomodar com a trogloditização na política. Mas até o momento ao que parece o MBL é quem está ganhando a parada.

João Doria precisa do movimento para manter sua candidatura à presidência da República viva. É o MBL quem está operando ações na rede em defesa de Doria, incluindo o lançamento de uma chapa em que ele seria candidato a presidente e ACM Neto a vice.

Se o prefeito paulistano der um cala boca nos meninos, vai tê-los como adversários. Por isso, Doria amenizou. Disse que ambos os lados cometeram erros e com isso desmoralizou Schneider.

Que erros seu secretário cometeu? O erro de dizer que não admitirá que profissionais da educação sejam desrespeitados no seu local de trabalho? O erro de defender sua secretaria de abutres que só querem se promover? O erro de não aceitar que às custas da educação se promova o fascismo?

Na disputa entre o MBL e Schneider está sendo disputado não só os caminhos do governo Doria. Afinal, se o MBL conseguir derrubar o secretário ficará ainda mais claro que o prefeito paulistano tentará ser o Trump da vez na eleição presidencial de 2018.

Mas também pode estar se definindo para que lado vai o centro político. Afinal, se Schneider for jogado ao mar, não haverá mais esperança para muita gente de que seja possível caminhar com grupos anti-democráticos, do tipo MBL.

E se isso vai ser ruim para o segmento da educação em São Paulo, pode ser bom para a democracia. Pessoas como Schneider não podem ser reféns de Kims e Hollydays.

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Redação

4 Comentários

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  1. Renato Janine, pelo Facebook

    Renato Janine Ribeiro

    15 h ·  

    Já afirmei que Alexandre Schneider é provavelmente o melhor secretário da prefeitura de São Paulo. Ele está sendo atacado pelos que usam o pretexto de uma “escola sem partido” quando querem, na verdade, reduzir a educação a doutrinação política, e ainda invadem escolas públicas para desfazer o já difícil trabalho da educação pública. Schneider está sendo atacado de tudo o que é jeito, até com fotomontagens dele com a foice e o martelo. 
    Conclamo quem defende a educação pública a ser solidário com Schneider. Basta copiar essa lista incluindo seu nome no devido lugar na ordem alfabética.

    #ApoioAlexandreSchneider
    Na semana passada, o Secretário de Educação do município de São Paulo Alexandre Schneider, gestor competente e respeitado pela comunidade educacional, foi atacado por simpatizantes de movimentos que defendem o controle de manifestações ideológicas, políticas e morais nas escolas. O ataque veio após o secretário Schneider defender a promoção da tolerância e os princípios constitucionais da liberdade de ensinar, de aprender e do pluralismo de ideias.
    O vereador Fernando Holiday defende o projeto de lei “Escola sem Partido”, que busca restringir as opiniões de professores em sala de aula. Importante destacar que muito recentemente, em março de 2017, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão imediata de lei similar do estado do Alagoas. A lei foi considerada inconstitucional segundo o artigo 206, inciso II, da Constituição Federal, que dispõe a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. Em sua decisão, o ministro afirmou que a lei traz “previsões de inspiração evidentemente cerceadora da liberdade de ensinar assegurada aos professores, que evidenciam o propósito de constranger e de perseguir aqueles que eventualmente sustentem visões que se afastam do padrão dominante”, e promove uma “desconfiança com relação ao professor”.
    A tentativa de controle ideológico dos professores é um movimento que infelizmente cresce no Brasil, no Congresso Nacional, junto ao Ministério da Educação, nos legislativos estaduais e municipais.
    Por essa razão, reafirmamos nossa convicção de que a educação deve considerar o pluralismo político, de ideais e de concepções pedagógicas para a construção da cidadania, tal como prevê a Constituição Brasileira.
    É nosso dever promover a carreira docente e desenvolver uma Base Nacional Comum Curricular pertinente aos tempos atuais, que, conforme diretriz do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), promova “a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”.
    #ApoioAlexandreSchneider
    Alan Dubner
    Alejandra Meraz
    Alessandra Gotti
    Alessandra Monteiro
    Alexandre Youssef
    Alice Andrés Ribeiro
    Ana Cecília Lessa
    Ana Diniz
    Ana Inoue
    Ana Lúcia Villela
    Ana Maria Wilheim
    André Barrence
    André Lazaro
    André Palhano
    André Portela
    André Stabile
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    Antonio Augusto Batista
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    Beatriz Goulart
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    Binho Marques
    Caio Callegari
    Caio Farah Rodriguez
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    Edson Tamoio
    Eduardo Queiroz
    Eduardo Rombauer van den Bosh
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    Elisângela Fernandes
    Fabio Barbosa
    Fabio Toreta
    Felipe Soutelo
    Fernando Abrucio
    Fernando Almeida
    Francisco Soares
    Gabriel Barreto Correa
    Germano Guimarães
    Guilherme Leal
    Gustavo Arns de Oliveira
    Heloisa Morel
    Humberto Laudares
    Ines Mindlin Lafer
    Ismar Barbosa Cruz
    Jair Ribeiro
    José Frederico
    Leandro Machado da Rosa
    Lia Carolina Ortiz de Barros Glaz
    Lucia Couto
    Lucia Fávero
    Luciano Monteiro
    Manuel da Cruz
    Marcos Nisti
    Marcos Silveira
    Maria Amabile Mansutti
    Maria Lúcia Meirelles Reis
    Marina Helou
    Mario Ghio
    Marta Melo
    Marussia Whately
    Melina Risso
    Miguel Thompson
    Monica Dias Pinto
    Mozart Ramos
    Natacha Costa
    Natalia Marcassa de Souza
    Natalie Unterstell
    Neca Setúbal
    Olavo Nogueira Batista Filho
    Paula Louzano
    Pedro Henrique Cristo
    Pedro Villares
    Pilar Lacerda
    Police Neto
    Priscila Cruz
    Regina Egger Pazzanese
    Renan Ferreirinha
    Renato Janine Ribeiro
    Ricardo Henriques
    Ricardo Young Silva
    Rodrigo Bandeira de Luna
    Rodrigo Cheuiche Vieira da Cunha
    Rogério do Nascimento Godinho
    Ronaldo Lemos
    Sergio Quadros
    Simon Schwartzman
    Sofia Lerche
    Sonia Penin
    Tereza Perez
    Thiago Rocha de Paula
    Ursula Peres
    Vanessa Yumi Souto
    Vera Lucia da Costa Antunes
    Vera Masagão

     

  2. acovardamento perigoso

    O vereador não goza de imunidade penal ou processual, não tem poderes de polícia, nunca poderia exercer fiscalização de um serviço público penetrando na repartição, intimidando funcionários….. Se é assim, como se explica a passividade da Administração Municipal de SP, do sindicato de professores, diante das investidas malucas desse tal de Holiday?

    O MBL está surgindo como uma força politica, uma força intimidadora, que parte para o ataque. Isso lembra certo movimento que começou numa cervejaria na Áustria. A ação do MBL é igual à das SS.

    A mesma covardia histórica se reproduz. O vereador e sua equipe poderiam e deveriam ter sido repelidos, se necessário, à força.

    Essa investida contra escolas e professores, com tamanho sucesso, poderá ser seguida de muitas outras. Estarão todos a esperar passivamente?

  3. Judeu-Nazista: escolha e não desinformação

    A Livraria Cultura é de propriedade de judeus (foi fundada por Eva Herz).

    Na internet a Cultura está promovendo a venda do filme Minha Luta, dirigido por Erwin Leiser.

    Teria essa oferta o objetivo de reavivar a memória dos judeus que enalteceram Bolsonaro na Hebraica ?

  4. Desespero de um vereador sem propostas…

    Ele tem que manter a choldra, quero dizer, seus digníssimos eleitores satisfeitos: “olha lá, o nosso vereador, pau nesses comunas.”

    O que fazer quando o ambiente satisfaz um bando de ignorantes desta espécie?

    Sim, Freud explica.

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