Pimentel diz que leilão de usinas da Cemig não foi decisão correta

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O governador Fernando Pimentel lamentou o leilão de 4 usinas de Cemig pelo governo Michel Temer, nesta quarta (27). A União angariou quase R$ 13 bilhões vendendo 37% da capacidade de produção de energia da estatal mineira para empresas italiana, chinesa e francesa. Protestos foram registrados em Minas Gerais porque, em alguns casos, o lucro das operações ficou muito próximo do valor mínimo da usina. “O tempo dirá se a decisão do governo federal foi a mais correta para o País. Para Minas Gerais, com certeza não foi”, disse Pimentel. 

A usina São Simão (GO) foi arrematada pela chinesa Pacif Hydro por R$ 7,18 bilhões (apenas 6,51% a mais que o valor pedido). A usina de Jaguara (MG) saiu por R$ 2,17 bilhões (ágio de 13,59%) para a francesa Engie Brasil. A usina de Miranda (MG) também foi comprada pela Engie por R$ 1,36 bilhão (22,42%). Por fim, a italiana Enel Brasil comprou a usina de Volta Grande (SP/MG) por R$ 1,42 bilhão (9,84% de ágio). 

Segundo Pimentel, houve uma tentativa de negociação para permitir que a Cemig continuasse operando algumas usinas. Um recurso ao Supremo Tribunal Federal sobre a matéria acabou sendo rejeitado. “Infelizmente, não encontramos espaço no governo federal para atender essa justa demanda dos mineiros”, diz Pimentel em um video divulgado nas redes sociais.
 
Para o governador, as gestões do PSDB em Minas Gerais também têm responsabilidade pelo leilão das usinas. “Essa situação poderia ter sido ajustada por governos que nos antecederam com a adesão à Medida Provisória 579. Infelizmente, não foi esse o entendimento da época e, agora, o resultado está consumado com este leilão.”
 
A MP 579 foi editada no primeiro governo de Dilma Rousseff para forçar as concessionárias de energia a reduzir a tarifa ao consumidor final em 20%, em troca da renovação antecipada das concessões. Mas imprevistos acabaram fazendo a iniciativa virar algo danoso para o setor energético. 
 
“O governo não contava, por exemplo, que cerca de 10 mil MW de energia ficariam de fora do pacote de renovações. A não adesão das concessionárias Cesp (SP), Cemig (MG) e Copel (PR) à proposta acabou deixando as distribuidoras de energia descontratadas em um curto espaço de tempo, justamente num momento em que o preço da energia no mercado à vista estava nas alturas. Isso porque, no ano em que a MP virou lei, em 2013, a falta de chuvas começava a comprometer o nível dos reservatórios e deteriorar as condições de geração de energia. A situação que já era ruim ficou ainda pior, obrigando o setor a recorrer às térmicas mais caras para garantir o abastecimento ao longo de 2013, 2014 e parte de 2015”, publicou a Gazeta do Povo em agosto de 2016, em reportagem sobre o rombo no setor elétrico
 
Em maio deste ano, Temer conseguiu aprovar a privatização de companhias estatais de energia, como a Cemig, em troca de socorro aos Estados.
 
A estimativa era arrecadar cerca de R$ 11 bilhões com o leilão na Cemig.
 
O governo conta com a venda para cumprir a meta de déficit de R$ 159 bilhões.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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  1. Esse pessoal do pt é muito

    Esse pessoal do pt é muito ‘republicano’. No tempo do fhc, Itamar pôs a tropa na tua e mandou ver. Afinaram. O petusta fica aí com nhem, nhem.

  2. infelizmente, o que será

    infelizmente, o que será veiculado por essa classe média e medíocre que se informa por memes e por redes sociais será que “o governo do PT/Pimentel quebrou o Estado quando privatizou as Usinas da Cemig”, ou alguma variante.

     

  3. “O tempo dirá se a decisão do

    “O tempo dirá se a decisão do governo federal foi a mais correta para o País. Para Minas Gerais, com certeza não foi”, disse Pimentel. 

      Nooooooooooooossa, quanta delicadeeeeza… só faltou mandar um abraço para o Temer, dizer que da vida nada se leva, etc e tal.

      Imagino um Getúlio falando algo como “a elite paulista envergonhará seus filhos, quando lerem livros de História”, em vez de encabeçar a Revolução de 30, ou o Brizola mandando um “a Globo deveria repensar seus atos, corre o risco de pensarmos mal dela”, em vez de bater a marreta dia e noite. Por isso a Direita coleciona vitórias: seu mau-caratismo encontra eco na sua vontade de agir, enquanto do outro lado é isso aí.

     

      Nossa esquerda é bundona PRA CA*****. Estamos em processo de RECOLONIZAÇÃO e o cara me sai com uma notinha dessas. Estamos na M***, mas ao menos posso contar com um Requião para lavar um pouco minha alma.

  4. Nassif;
    Ontem 26/09 as 20hs

    Nassif;

    Ontem 26/09 as 20hs estava ouvindo a Radio China Internacional, programa transmitido em português, faço isto como passa tempo. Eis que o entrevistado era nada mais nada menos que o cristovão buarque de holanda. 

    O cara falava como um neo liberal radiacal, sobre a necessidade do Brasil privatizar o sistema elétrico e elogiando o governo golpista no poder.  De repente ele solta uma pérola: O Brasil felizmente faz hoje o que a China fez a 30 anos atrás.

    Este cara é um entreguista enrustido, quem será que o está patrocinando?

    E eu que um dia acredetei neste pulha!!!!

    Genaro

  5. pimentel….

    Estão vendendo o país aos pedaços. Não teremos mais Governo, teremos Donos. Contratos de décadas garantindo ao novo proprietário lucro e taxas de retorno obrigatórias. Com o mínimo de risco e investimentos possíveis. Não aprendemos nada com as Privatarias. Rodovias entregues para a cobrança de pedágios, taxas de uso da rodovia, sua vida e liberdade privatizadas em troca de obras após 10, 15 anos ou mais. A maior lucratividade do Brasil era Petrobrás com descoberta de uma`´Arabia Saudita no Oceano. Vale do Rio Doce, maior mineradora do Mundo. Dona das últimas reservas de minério de ferro no planeta. Depois CCR/Viaoeste a maior taxa de retorno por capital investido no Mundo. Dona das concessões de rodovias. Patrimônio nenhum. Extratosférico faturamento e lucro descomunal. Investimento? Pintar faixas e cortar o mato da beira das rodovias. A Rod. Raposo Tavares SP 270 espera por duplicação há quase 20 anos, entre Sorocaba e Vargem Grande na Grande São Paulo. Pouco mais de 30 Kms com 2 praças de pedágios.Isto é PRIVATARIA. Somos uma Terra de Lunáticos !! Era esta a Democracia prometida na Anisita de 1979, na Constituição Cidadã de 1988? O Sistema Furnas foi dado durante o Getulismo às traição feita contra os paulistas na Revolução. Cemig e todo o Sistema de Eletrificação do país, à época.  O Estado de MG chegou a ser mais pobre que a Família Matarazzo. Mas sua Elite Parasitária dominava seu nicho, sua Capitania Hereditária, sua parte na Casa Grande. Quem sustentava Itamar Franco, Aureliano Chaves, a Quadrilha Neves, senão Furnas? E isto já foi vendido ao país como sua Libertação, AntiCapitalistas, Progressismo, a estrutura que combateria nossas Elites… Que combateria nossas Elites: Tancredo Neves, Aécio Neves, Itamar Franco…Nossas discussões e visão de país são quadrúpedes e ridículas   .   

  6. pimentel….

    Estão vendendo o país aos pedaços. Não teremos mais Governo, teremos Donos. Contratos de décadas garantindo ao novo proprietário lucro e taxas de retorno obrigatórias. Com o mínimo de risco e investimentos possíveis. Não aprendemos nada com as Privatarias. Rodovias entregues para a cobrança de pedágios, taxas de uso da rodovia, sua vida e liberdade privatizadas em troca de obras após 10, 15 anos ou mais. A maior lucratividade do Brasil era Petrobrás com descoberta de uma`´Arabia Saudita no Oceano. Vale do Rio Doce, maior mineradora do Mundo. Dona das últimas reservas de minério de ferro no planeta. Depois CCR/Viaoeste a maior taxa de retorno por capital investido no Mundo. Dona das concessões de rodovias. Patrimônio nenhum. Extratosférico faturamento e lucro descomunal. Investimento? Pintar faixas e cortar o mato da beira das rodovias. A Rod. Raposo Tavares SP 270 espera por duplicação há quase 20 anos, entre Sorocaba e Vargem Grande na Grande São Paulo. Pouco mais de 30 Kms com 2 praças de pedágios.Isto é PRIVATARIA. Somos uma Terra de Lunáticos !! Era esta a Democracia prometida na Anisita de 1979, na Constituição Cidadã de 1988? O Sistema Furnas foi dado durante o Getulismo às traição feita contra os paulistas na Revolução. Cemig e todo o Sistema de Eletrificação do país, à época.  O Estado de MG chegou a ser mais pobre que a Família Matarazzo. Mas sua Elite Parasitária dominava seu nicho, sua Capitania Hereditária, sua parte na Casa Grande. Quem sustentava Itamar Franco, Aureliano Chaves, a Quadrilha Neves, senão Furnas? E isto já foi vendido ao país como sua Libertação, AntiCapitalistas, Progressismo, a estrutura que combateria nossas Elites… Que combateria nossas Elites: Tancredo Neves, Aécio Neves, Itamar Franco…Nossas discussões e visão de país são quadrúpedes e ridículas   .   

  7. Privatizações onerosas.

    Vamos comprar de novo o que já foi construído e pago, nem um KW novo é acrescentado. A tarifa da energia das usinas terá de refletir o preço da recompra, vai subir para remunerar o preço arrecadado no leilão, simples assim.

  8. A coisa toda é bem simples de

    A coisa toda é bem simples de entender. Ainda no governo fhc, se comprometeram a entregar tudo a estrangeiros ou para ricaços nacionais. Só que, eleição após eleição, eles não conseguiram voltar ao poder através do voto para cumprir o prometido. Os compradores não estavam contentes com tanta demora, daí foi necessário dar o golpe para entregar a mercadoria. A situação atual é bem semelhante àquela do ladrão que rouba uma casa e rapidamente passa a entregar tudo para os receptadores. E é assim que vejo o “governo” brasileiro e os compradores da mercadoria roubada. Um nojo. Este país é uma merda. 

  9. E o que fez Pimentel a respeito?

    E o que fez Pimentel a respeito? Nada. Itamar, em 1999, na crise da dívida, chamou a PM e colocou nas usinas. Cercou-as. Pimentel poderia ter sido Governador de Minas e um digno sucessor de Antônio Carlos, Olegário Maciel, Itamar, Clóvis Salgado, JK, Hélio Garcia. Nada disso: foi um perfeito sucessor de Eduardo Azeredo, um pulha na expressão perfeita e acabada. Ele não é somente medroso. Na verdade, ele só repetiu nesse episódio todo o comportamento que tem tido no golpe. 

     

  10. E o que fez Pimentel a respeito?

    E o que fez Pimentel a respeito? Nada. Itamar, em 1999, na crise da dívida, chamou a PM e colocou nas usinas. Cercou-as. Pimentel poderia ter sido Governador de Minas e um digno sucessor de Antônio Carlos, Olegário Maciel, Itamar, Clóvis Salgado, JK, Hélio Garcia. Nada disso: foi um perfeito sucessor de Eduardo Azeredo, um pulha na expressão perfeita e acabada. Ele não é somente medroso. Na verdade, ele só repetiu nesse episódio todo o comportamento que tem tido no golpe. 

     

  11. E o que fez Pimentel a respeito?

    E o que fez Pimentel a respeito? Nada. Itamar, em 1999, na crise da dívida, chamou a PM e colocou nas usinas. Cercou-as. Pimentel poderia ter sido Governador de Minas e um digno sucessor de Antônio Carlos, Olegário Maciel, Itamar, Clóvis Salgado, JK, Hélio Garcia. Nada disso: foi um perfeito sucessor de Eduardo Azeredo, um pulha na expressão perfeita e acabada. Ele não é somente medroso. Na verdade, ele só repetiu nesse episódio todo o comportamento que tem tido no golpe. 

     

  12. https://www.jornalopcao.com.b

    https://www.jornalopcao.com.br/posts/reportagens/negocio-com-china-e-bom-para-goias

    Edição 1866 de 10 a 16 de abril de 2011
    Agricultura
    Negócio com China é bom para Goiás
    Representantes do Estado e especialistas consideram importante para Goiás investimentos de R$ 12,2 bilhões, que serão aplicados principalmente em infraestrutura
    Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção

    José Mário Schreiner, presidente da Faeg: “Este projeto chinês implica infraestrutura, aumento da produção, melhoria do solo, calagem”
    Márcia Abreu

    A exemplo de outros cinco Estados brasileiros — Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins —, Goiás é alvo de interesse do maior importador de soja do mundo, a China. Há quatro anos, o país asiático iniciou um trabalho de investimento pesado em solo brasileiro a fim de garantir sua presença na cadeia produtiva de soja e, com isso, o seu abastecimento, cuja demanda é grande.

    Depois de adquirir hectares no Rio Grande do Sul e no Tocantins (e de ver endurecida as regras para vendas de terras a empresas estrangeiras), a China planeja investir bilhões na produção de soja goiana. O primeiro contato com o governo do Estado aconteceu há cerca de dois anos. O último em menos de duas semanas. O contrato, caso seja efetivado, será bom para Goiás. No entanto, há algumas ressalvas.

    A China planeja investir R$ 12,2 bilhões na agricultura e infraestrutura do Estado nos próximos dez anos. A finalidade é garantir a compra direta de 6 milhões de toneladas de soja a cada 12 meses. A quantidade é pouco menor que o total produzido no Estado (7,8 milhões), segundo dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação de Goiás (Seagro). Sendo assim, produtores terão que trabalhar dobrado.

    As regiões a serem exploradas serão Norte, Nordeste e Entorno do Distrito Federal. Tratam-se de áreas com pastagens degradadas, propícias à produção de soja, com climas e solos precisos. As cidades não foram definidas — depende do interesse de cada produtor —, mas entre as que têm condição de produzir a soja que a China tanto almeja estão Porangatu, Uruaçu, Padre Bernardo, Jaraguá, Barro Alto, São Miguel do Araguaia, Mundo Novo, Bonópolis, Nova Crixás e Niquelândia.

    Neste último contato com o governo estadual, com empresários goianos e demais autoridades ligadas à agricultura e pecuária local, a estatal chinesa Sanhe Hopefull, que investirá em Goiás, reforçou o interesse em levar a soja que será produzida localmente para a China in natura, isto é, sem processo de industrialização, e o desejo de iniciar o trabalho já na próxima safra agrícola. Esta é a ressalva e a única parte negativa do contrato. Para Goiás, é mais interessante o Estado agregar valor à soja aqui mesmo, transformando-a em alimentos, como farelo, milho, óleo ou carne (via ração para animais).

    Todavia, mesmo que a China invista somente na produção de soja o contrato não deixa de ser positivo. Goiás ganha de qualquer jeito. Primeiro porque o negócio firmado (se se efetivar) entre os dois países injeta dinheiro ao caixa do Estado; depois porque movimenta o Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás, melhora a renda da agricultura, dinamiza o mercado de fatores e produtos e recupera as rodovias goianas (com os investimentos em infraestrutura que os chineses prometem). Há ainda a geração de novos empregos com a demanda da mão-de-obra.

    Secretário de Agricultura, Pecuária e Irrigação de Goiás (Seagro), Antônio Flávio Camilo de Lima avalia que o negócio entre os dois países é importante para o Estado. “É bom para Goiás. O investimento não será apenas na produção de soja, mas também nas rodovias porque o Estado precisa dessa infraestrutura para atender um negócio deste porte”, diz.

    De acordo com Antônio Flávio, o Estado defende a industrialização da soja em solo brasileiro, mas a decisão só será tomada depois que as discussões forem aprofundadas em um segundo encontro com o governador Marconi Perillo (PSDB), previsto para este mês. “O interesse da china é importar a soja goiana in natura. Porém, ainda não se sabe se ela só fecha negócio assim ou se a aceita beneficiada.”

    Antônio Flávio diz que o martelo será batido pelo governo do Estado, por meio da Seagro; empresários também opinarão. Os produtores que acharem a proposta interessante aderirão ao negócio. De acordo com o secretário, os 6 milhões de toneladas propostos pela China não serão produzidos no primeiro ano. “Serão necessários pelo menos dois anos para que os produtores peguem o ritmo e consigam produzir todo o combinado.”

    Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, o fator que determina a agricultura é o investimento, por isso ele vê “com bons olhos” a parceria entre China e Goiás. “Este projeto chinês implica infraestrutura, aumento da produção, melhoria do solo, calagem (preparação do solo)”, diz.

    Schreiner explica que hoje o crescimento é um limitante na produção. Primeiro devido à restrição que as empresas produtoras encontram no limite de crédito; depois porque, segundo ele, os limites de crédito estão esgotados com o sistema que há no Brasil. O resultado são saldos não compatíveis com o esforço do produtor. Por isso, ele diz, Goiás tem de atentar para a proposta que tem em mãos. Segundo o presidente da Faeg, o Estado tem capacidade para aumentar sua produção, chegando a um total de 13 milhões de toneladas anualmente e 4 milhões em hectares de agricultura.

    “Hoje Goiás tem 15 milhões de hectares em pastagem artificiais e 5 milhões de pastagens naturais, o que resulta em 20 milhões de hectares dos quais grande parte está degradada. A China quer levar o grão importado para ser processado em seu país, mas é preciso levar em consideração que ela quase sempre faz isso. É quase uma cultura. É claro que o processamento de soja é bom para agregar valor. Mas ele não é final. Há indústrias em Goiás que hoje colocam, por exemplo, 1.500 toneladas de soja na máquina, esmaga tudo e manda embora. É um processo primário, pouco tecnológico.”

    Segundo Schreiner, a agregação ocorre, de fato, quando se transforma a soja em carne. Ele diz que qualquer agregação de valor é importante para Goiás. Mas pondera que ela não gera muitos empregos. “Geram alguns. Todavia, há que se ficar atento ao mercado. Se a gente não fecha esse contrato os chineses vão buscar outros Estados. Não se pode travar. Corre-se o risco de perder a oportunidade.”

    O superintendente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Goiás (Seagri), Alécio Maróstica, acredita que a oportunidade de parceria entre China e o Estado não pode ser desperdiçada. Porém, alerta que é preciso muita cautela. “A China pode buscar outros parceiros, como a África ou Argentina. Goiás tem potencial e nós podemos aproveitar isso para atrair outros investimentos. Temo algumas regiões desequilibradas e ofertas como essas geram expectativa de balancear. Acredito fielmente nessa empreitada. Todavia, é preciso cautela e debate com os agricultores.”

    Fome

    Maróstica chama a atenção para a questão da fome no mundo. Segundo ele, a Organização das Nações Unidas (ONU) quer acabar com a fome no mundo até 2015 e o Brasil, assim como os países desenvolvidos, pode contribuir com isso aumentando a produção de alimentos que será importada. “O Brasil tem mais de 100 milhões de hectares para produção alimentar. Portanto, pode ajudar no combate à fome.”

    O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Ricardo Yano, vê o interesse da China de investir em Goiás como mais um negócio. Para ele, o Estado tem potencial para produzir as toneladas necessárias sem aumentar a área reservada para isso. Ricardo defende que é preciso receber os chineses de novo. “Vamos analisar e ver o que é melhor para Goiás e para o produtor. O fato de estarmos negociando com a China não quer dizer que este seja um negócio da China. É um negócio com os chineses”, diz.

    Ricardo Yano é a favor da industrialização da soja em solo goiano. “Penso que a gente tem de agregar valor. E para agregar valor teríamos de industrializar o produto. Tudo vai depender da proposta. Além do governo, empresários e produtores de pequeno, médio e grande porte poderão participar do segundo encontro que teremos com os chineses.”

     

    Parceria aumenta e balanceia PIB goiano

    Se o governo do Estado bater o martelo no negócio proposto pela China e as regiões exploradas forem as previstas, Norte e Nordeste, haverá uma mudança positiva na formação do Produto Interno Bruto (PIB) goiano. Isto aconteceria porque, segundo o economista Aurélio Ricardo Troncoso Chaves, do Conselho Regional de Economia (Corecon-Go) e professor universitário, hoje o maior PIB é o da Capital, seguido pelos os das regiões Sul e Sudeste do Estado. A menor arrecadação fica por conta justamente do Norte e Nordeste goianos.

    “A balança comercial goiana melhoraria muito. Produzir no Norte é muito interessante porque é uma região pobre, ao contrário do Sul e Sudoeste, que hoje são as mais ricas e maiores responsáveis pelo PIB goiano depois da Capital. O PIB da região Norte é pífio, irrisório. Essa produção lá pode gerar empregos e até levar algumas empresas para a região. Isso começa a fazer a transferência de riqueza do Estado.”

    Aurélio Ricardo relata que a China tem investido no mundo inteiro e que é parceiro do governo brasileiro há alguns anos. Segundo ele, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a China como um mercado seguro para ser trabalhado. “Enquanto os outros países criticavam, o Brasil deu um voto de confiança. Agora os dois têm uma relação comercial estável. Mesmo durante a crise econômica mundial a China continuou a comprar mercadoria brasileira.”

    De acordo com o economista, o fato de os chineses quererem levar a soja in natura não quer dizer que o negócio seja ruim. Aurélio Ricardo diz que o Brasil tem controle sobre a situação porque é soberano a quem produz no país. Desta forma, poderia fazer com que a soja saísse mais cara do Brasil. “Isto se chama proteção à indústria nacional. Goiás tem alternativas para que a soja saia mais cara do Estado. Mas também se pararmos para analisar, Goiás tem mais de 100 produtos, no entanto só industrializa três, que são a lecitina de soja, óleo de soja e farelo de soja.”

    O professor acredita que pelo fato de o Estado ter uma herança grande de commodities, a tendência é que com a soja exportada para a China não seja diferente. “Tirando estes três produtos que falei, os outros todos saem em forma de commodities. O interessante é que a cadeia seja produtiva. A China quer levar a soja como comodities porque é mais barato. Acho que Goiás só tem a ganhar com a vinda dos chineses.” (Márcia Abreu)

    Projeto não gera empregos no Estado

    Apesar de o contrato de R$ 12,2 bilhões na produção de soja goiana (entre a estatal Sanhe Hopefull e o Estado de Goiás) ser importante para a economia e para o desenvolvimento agropecuário do Estado, há que se tomar cuidado com alguns fatores. A PhD em Economia Rural, professora titular da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e ex-pesquisadora da Embrapa Sônia Milagres Teixeira cita uma lista de monitoramento da produção de soja a fim de evitar possíveis problemas.

    Segundo Sônia, o maior custo social da terra são os impactos ambientais, como a exaustão dos recursos naturais, do solo, a poluição da água, substituição de vegetação nativa, perda de biodiversidade nos monocultivos mesmo que em rotação. “Nestes casos, tem-se que insistir na integração da lavoura e pecuária, em recuperação de pastagens com agricultura e no plantio direto; nada de desmatamentos.”

    A professora também destaca os pontos positivos do negócio: melhoria da renda da agricultura, aumento do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios; dinamização dos mercados de fatores e produtos e intercâmbio de cultura que funcionaria por meio de testes das tecnologias agrícolas chinesas nos campus da UFG e da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em uma parceria entre governo estadual e China.

    Para Sônia Milagres, a soja levada in natura para China é um ponto negativo, apesar de esperado devido à cultura dos chineses. “A competitividade chinesa no câmbio e nos salários, sua agressividade na economia, sempre conquistando mercados, faz com que, enquanto compradora, exija produto in natura, ou seja, commodities a ser processado no seu país. Isso tem implicações sérias de logística, além de não contribuir com a geração de empregos em Goiás. O cultivo da soja totalmente mecanizado emprega mão de obra mínima no campo. Socialmente é pouco atrativa, a não ser pela valorosa quantidade de proteina e agora sendo usada na produção de biodiesel, também cultivada por agricultores familiares em pequenas áreas.”

    Secretário e deputado defendem a industrialização da soja

    O deputado estadual Mauro Rubem (PT) é a favor do negócio entre China e Goiás desde que a soja seja industrializada no Estado. Do contrário, não. Ele reclama que o Estado está cada vez mais vendendo commodities e que isso não é bom. De acordo com Mauro Rubem, o correto é investir no Brasil, ir em busca da transformação da economia e apoiar atividades que possam agregar valor aos produtos regionais.

    “É preciso investir em pesquisas e na capacidade de produção do Estado. Porém toda e qualquer decisão deve ser apreciada também pelos pequenos produtores. Não se pode deixá-los de fora. Eles precisam de voz.”
    O deputado se diz preocupado com a economia goiana. “Esse negócio de que a China quer pegar a soja que será produzida em Goiás e exportá-la in natura, sem processo de industrialização, agrava ainda mais a situação. O Brasil e o Estado de Goiás não podem ficar cada dia mais dependentes de processo econonômico de depender das commodities.”

    O petista é a favor de um debate com a sociedade. Ele também diz que o governo está esquecendo dos agricultores. “O Estado tem de debater o assunto com os goianos, com a Assembleia Legislativa e com os agricultores, que são mais de 150 mil. O governo deveria dar atenção à reforma agrária, voltar com a Emater [Empresa Goiana de Assistência Técnica, Rural e Pesquisa Agropecuária, que já voltou], investir na capacidade própria e em cada agricultor goiano. Esse negócio parece que é bom, mas, ao contrário, resulta em maior dependência e até exclusão de agricultores locais, especialmente dos pequenos e médios.”

    O secretário Estadual do Meio Ambiente, Leonardo Vilela (PSDB), diz que o projeto é importante para Goiás, mas que o ideal é agregar valor à soja, exportando-a como farelo, farinha ou óleo. Para ele, o Estado tem potencial para produzir os milhões de toneladas de soja solicitadas. Basta investir pesado em energia elétrica, infraestrutura, dobrar as capacidades de armazenamento, secadores e se atentar para a questão ambiental.

    “Não tenho conhecimento profundo sobre o projeto apresentado pela China. Mas de forma geral, posso dizer que é um bom negócio tanto do ponto de vista econômico quanto do social. Naturalmente, é necessário cumprir a legislação ambiental e fazer o processo em cima das pastagens. Hoje, 90% das pastagens estão com erosão. Outro fator interessante é a Ferrovia Norte-Sul, que pode ser uma boa ferramenta para ajudar no transporte e no escoamento do produto”, diz o secretário.

    A reportagem tentou contato com o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) durante toda a semana. Em algumas ligações, ele atendia e pedia para retornar mais tarde. Sua assessoria também foi procurada, mas não intermediou contato. O Jornal Opção tentou entrevista com o vereador Fábio Tokarski (PCdoB). A pedido de sua assessoria, as perguntas foram encaminhadas por e-mail na quarta-feira, 6, mas não foram respondidas até o fechamento desta edição. O deputado federal Rubens Otoni (PT) também foi procurado, mas não foi localizado. (Márcia Abreu)

  13. Financiadores do golpe

    Agora, podemos ver quem patrocinou o golpe de 2016. Os países que estão tomando a infraestrutura e recursos naturais do Brasil. Quem “privatiza” (?) nada mais é do que intermediador. 

  14. É interessante passar pelo

    É interessante passar pelo twitter de membros do MP apoiadores da lava jato, entre outras parolagens marqueteiras vindas de Curitiba.

    Discussões intermináveis sobre a autenticidade dos recibos dos aluguéis do Lula mas nada sobre o novo ciclo de privatarias nas áreas de energia e petróleo. A alegria e satisfação dos gringos, abocanhando por valores irrisórios hidrelétrias e fatias do pré sal, simbolizam os útlimos pregos no caixão do desenvolvimento nacional.

    Enfim, é o retrato da falta de compromisso que essa gente tem com o país.

     

    1. Chuvas em BH
      Não é muito curioso que no dia seguinte às privatizações das usinas da CEMIG, que, aliás, foi no mesmo dia da final da Copa “Continental” do Brasil, as chuvas tenham voltado a Belo Horizonte?
      Alguém aí ainda acredita na “mudança” climática ou na “previsão” do tempo espetaculosa e “descontraída” do Jornal Nacional?
      Quem quer apostar que se privatizar a CHESF o rio São Francisco voltará a encher e o lago de Sobradinho também, como se seca nenhuma tivesse acontecido?
      Amigos, pode-se enganar alguém por algum tempo, ou algumas pessoas por muito tempo, mas não se pode enganar todas as pessoas por todo o tempo.

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