Planalto quer distância das denúncias de Cunha e foco em ajuste fiscal

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A orientação do Palácio do Planalto de manter o distanciamento e evitar se posicionar sobre as denúncias contra Eduardo Cunha, presidente da Câmara, referente às contas secretas no exterior é pautada na meta de alcançar o prazo deste ano para o Congresso aprovar as medidas de ajuste fiscal. A prioridade absoluta fará com que, mais uma vez, a coordenação política tente reatar apoio de líderes da Câmara e Senado.
 
“A presidenta respeita as bandeiras partidárias. As divergências partidárias são naturais da democracia, mas nesse momento é fundamental que o Congresso Nacional coloque em primeiro plano os interesses do país”, afirmou publicamente o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva. 
 
De acordo com o ministro, o esforço político é necessário para que se “aprove as medidas que garantam a estabilidade fiscal ao nosso país e possamos criar as condições de retomada do crescimento econômico, da geração de empregos”.
 
A declaração ocorreu após uma reunião entre os ministros, convocada pela presidente Dilma, juntamente com líderes do governo. Dentre as pautas consideradas mais urgentes pelo governo é a aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). “O governo gostaria muito que essa medida fosse aprovada ainda este ano”, afirmou Edinho, sobre a intenção do Planalto. E prometeu a continuidade do diálogo: “nós esperamos que se abra o debate”.
 
Um dos cuidados que devem ser tomados pela presidente é a orientação de não se posicionar sobre as denúncias de que Cunha manteve quantias em contas secretas no exterior, apontadas pelo MPF brasileiro e suíço, que indicam ser provenientes do esquema de corrupção da Petrobras. Os membros do governo devem afirmar que o tema é “um problema do Legislativo”. O recado foi passado também à cúpula do PT e líderes na Câmara, para não alvejarem Eduardo Cunha, o que pode estimular ações imprevisíveis do deputado contra Dilma, como deferir o processo de impeachment, além de travar o avanço dos ajustes fiscais.
 
Outras tentativas de apoio de segmentos do Congresso pelo Planalto é o projeto repatriação de recursos de brasileiros mantidos no exterior e não declarados à Receita Federal, e a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU). O projeto sobre a repatriação, que cria um regime especial de regularização desses recursos, taxando um tributo único para sua legalização, pode ser votado nesta semana pelo Plenário da Câmara. 
 
Depois de quatro meses para avançar na Câmara e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovar na semana passada, a prorrogação da DRU até 2023 ainda deverá ser discutida na penúltima semana de novembro por uma Comissão Especial da Casa. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Terrorista venceu
    Governo ajoelhado e completamente rendido às chantagebs do terrorista. Lá se foi o Ministério da Saüde, centenas de cargos, lá se foram os anéis, a dignidade e tudo continua paralisado. Não houve avanço algum na psuta do governo, CPMF, repatriação, ajuste. O bandido é dono do poder e obriga governo e oposição à submissão.
     

  2. Estou com Dilma!

    Elegemos Dilma, mas também elegemos esse Congresso que pôs Cunha onde pôs, e lá o mantém.

    A retomada da economia é ainda mais importante que a queda de Cunha.

    O Judiciário inclusive é uma caixa preta (e conservadora) nada garante que investir contra Cunha, FHC, ou quem quer que seja resulte no fim político desses sujeitos!

    O momento é crítico! O momento é de ter paciência, resistência e fé!

  3. Tudo pelo poder!

    O único alvejado pelo governo e pelo PT é o trabalhador brasileiro com as medidas de arrocho e os juros estratosféricos. Mas esses não tem o poder de ameaçar o cargo da presidenta e nem dinheiro na suiça. Por isso só tomam tunga do governo que prefere não alvejar o maior lider do ultraconservadorismo hipócrita no Brasil para continuar ferrando com a vida dos trabalhadores a mando da aristocracia financeira. Tudo pelo Poder!

  4. A hora do PT

    Não há dúvida nenhuma de que a prioridade para o país é o imediato ajuste fiscal. A efetização desse projeto, certamente reduzirá muito as sangrias que corroem finanças e, ao mesmo tempo, captará reservas de capital para dinamizar a execução dos atuais projetos de investimento e prosseguir com a aceleração do crescimento. O governo tem que saber que não pode mais manter essa estagnação hipnótica, que vitimou emocionalmente grande parte da população. A transparência no uso dos recursos, a serem captados através do ajuste fiscal, deve ser de total e fácil acesso da população, bem como, o processo de conferência deverá ser também de fácil entendimento. Fazendo isso, creio que a credibilidade do projeto e do planejamento será conquistada passo a passo, e a credibilidade é a única forma de retomar e de reconquistar o processo evolutivo que inclui melhor distribuição das riquezas e maiores oportunidades de evolução sóciocultural. Porém, eu penso que o governo tem saber que: ainda que essa força tarefa do ajuste fiscal tenha toda a prioridade possível, o governo não deve ignorar nem se descuidar, jamais, em ter a coragem necessária para condenar o errado e para defender o certo e o correto. Eduardo Cunha, não é uma ficção, não é um fantasma e está muito próximo de ser considerado oficialmente um malfeitor e sobre esse assunto o PT vai ter que opinar e vai ter que dar o seu veredito honradamente, como todos os eleitores merecem, doa o quanto lhe doer.

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