Professores brasileiros ganham menos que outros profissionais com a mesma formação

 
Jornal GGN – No Brasil, os professores com ensino superior recebem salários inferiores aos profissionais que tem o mesmo nível de formação, segundo levantamento do movimento Todos Pela Educação. A análise mostra que os docentes ganham o equivalente a 54,% do que recebem outros profissionais com cursos superior.
 
Para Alejandra Meraz Velasco, superindendente do Todos Pela Educação, a baixa atratividade da carreira de professor resulta em uma desvalorização social. “A carreira não é tida como uma boa opção profisional, diferentemente do que acontece nos países que estão no topo dos rankings internacionais”, afirma.
 
O Plano Nacional de Educação tem como uma de suas metas a valorização do professores, e prevê a elevação do investimento em educação de 6,6% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB). A lei, que completou dois anos no último dia 25, afirma que o país deveria ter assegurado a existência de planos de carreira para os docentes da educação báscia e superior públicas. O Todos Pela Educação afirma que não há uma ferramenta de monitoramento sobre a aplicação do piso salarial dos professores no país.

 
Da Agência Brasil
 
Professores no Brasil ganham menos que outros profissionais com a mesma formação
 
Os professores de nível superior no Brasil ganham menos do que outros profissionais com o mesmo nível de formação. De acordo com análise feita pelo movimento Todos pela Educação, os docentes recebem o equivalente a 54,5% do que ganham outros profissionais também com curso superior. A valorização dos professores é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, que completou dois anos.

“Como é pouco atraente a carreira de professor, isso leva à desvalorização social. A carreira nao é tida como uma boa opção profissional, diferentemente do que acontece nos países que estão no topo dos rankingsinternacionais. Além de serem carreiras atraentes, têm valorização social da função. Parte disso é decorrente da compreensão da sociedade de que educação importa”, diz a superintendente do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.

O PNE estabelece metas e estratégias para serem cumpridas até 2024. A lei trata desde o ensino infantil até a pós-graduação. Uma das metas do PNE prevê a elevação do investimento em educação dos atuais 6,6% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano, até o final da vigência.

Pelo PNE, em até dois anos de vigência, o país deveria ter assegurado a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior públicas. De acordo com dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic/IBGE), em 2014, 89,6% dos municípios brasileiros declararam ter plano de carreira para o magistério; metade deles diz ter ações de regulamentação e valorização do magistério e 65,9% afirmam ter adotado concurso público para a contratação de professores. Dados do Censo Escolar mostram que, em 2015, 28,9% dos contratos docentes da educação básica pública eram temporários, o equivalente a quase 630 mil contratos.

Segundo o Todos pela Educação, não há medições qualitativas dessas políticas e nem uma ferramenta de monitoramento sobre a aplicação do piso salarial dos professores. “Não é uma mudança do salário que muda a qualidade na educação, mas a atratividade na carreira. É preciso pensar em todos os componentes, desde a atratividade das licenciaturas e pedagogia, a programas com identidade própria, que levem ao exercício do magistério e perspectivas de carreira atraentes, com bom salário inicial, condições para crescer na carreira e condições de trabalho e infraestrutura”, diz Alejandra.

De acordo com ela, a carreira do professor tem que ser discutida na ponta, ao mesmo tempo em que deve envolver um esforço conjunto do Ministério da Educação (MEC), dos estados e municípios. Deve-se ser capaz de simular diferentes carreiras e o impacto financeiro disso para cada ente. A discussão, no entanto, fica comprometida pela situação econômica do país.

Falta de verbas

“Temos visto que para melhorar a educação são necessários três elementos: bom salário, boa carreira e boas condições de trabalho, que envolvem não só a hora-atividade, mas escolas bem equipadas e democracia na escola. Não adianta ter um só, tem que ter os três elementos”, diz a  secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli.

Marta acredita que o contexto econômico tem impacto direto na qualidade da educação e critica a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada pelo governo interino, que limita o aumento do gasto público à variação da inflação. “Isso nos preocupa muito. A imposição do governo federal será de mais arrocho para servidores públicos”, diz.

Para os estados e municípios, falta verba para pagar os professores e até mesmo para cumprir a Lei do Piso. De acordo com levantamento da CNTE, mais da metade dos estados não pagam opiso salarial dos professores. Atualmente, o valor está em R$ R$ 2.135,64. Os entes defendem maior participação da União nos gastos, uma vez que é a que mais arrecada.

Discussão

A questão começou a ser discutida no âmbito do Ministério da Educação, no Fórum Permanente para Acompanhamento da Atualização Progressiva do Valor do Piso Salarial Nacional, composto por representantes do MEC, dos estados, dos municípios e dos trabalhadores. O fórum foi convocado ainda na gestão da presidenta afastada Dilma Rousseff. Ainda não houve reuniões depois de o atual ministro Mendonça Filho assumir a pasta. Marta integra o fórum e diz que o CNTE decidiu que só participará das discussões após o fim do processo de impeachment e que não negociará com o governo de Michel Temer enquanto for interino.

Em nota, o MEC assegura que está realizando “análise cuidadosa do orçamento para a implantação do CAQi [Custo Aluno-Qualidade inicial]”. Previsto para ser implantado ainda este ano pelo Plano Nacional de Educação, o CAQi poderia ajudar os estados e municípios a remunerar melhor os professores. “Importante destacar que a atual gestão recebeu o orçamento com um corte de R$ 6,4 bilhões. No entanto, já foi possível recompor R$ 4,7 bilhões para minimizar qualquer prejuízo a políticas do MEC”, diz a nota.

Redação

6 Comentários

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  1. Até nas universidades

    Até nas universidades federais este fenômeno é observado. Um professor-doutor em início de carreira (Adjunto 1, na realidade desde 2013 só se chega a este nível após a conclusão do probatório) ganha R$ 10.007,00, pelo menos 50% a menos que um juiz de primeira instância recém-admitido com graduação!). No governo Lula os salários deram uma boa recuperada, porém a Dilma (a quem eu me solidarizo, mas que vacilou muito, vacilou) voltou a desvalorizar a categoria. 

  2. bem abaixo

    Lembro de tervisto alguns anos atrás um concurso para a Polícia Rodoviária Federal.

    Dos candidatos era exigido ter nível médio de educação.

    Salario inicial: R$ 4.000,00

     

    Este é o salário de um professor universitário federal dom mestrado.

    1. Na verdade, um docente de

      Na verdade, um docente de ensino superior com mestrado recebe um pouco a mais, mas a sua argumentação está corretíssima. Assim como um agente da PF em início de carreira recebe o mesmo que um professor-doutor em probatório (cerca de R$ 8.500). 

      1. Será que isso nos diz algo

        Será que isso nos diz algo sobre como pensa e sente a nossa sociedade? Será que preferimos um estado policialesco a um educador? Ou será que nossas polícias tem mais poder de achaque… ops! de barganha e reivindicação do que nossos professores?

        ***

        Corria, antigamente, nos círculos da classe média que se julgava elite, uma piada discriminatória de “pobres” em que um anjo protestava vendo que Deus privilegiava a nossa geografia brasileira, nosso clima, ao que Deus respondia:

        – “É? Pois você vai ver só o povinho que vou botar nesse país, huahuahua…”

        Hoje o que se nota é que o tal povinho que se encarrega de manter nosso país num coronelismo colonialista propício à pobreza geral não é senão a tal classe média. A Jéssica, estudante de Arquitetura na FAU da USP, que o diga…

  3. É que não somos a pátria

    É que não somos a pátria educadora, somos a pátria bacharelesca.

    O objetivo do nosso País, o principal, é criar empregos, para bachareis em direito concurseiros.

    Essa é a nossa sina de País.

    Triste sina, ai não crescemos e não se sabe o motivo.

    Ao invés de investimentos em saúde, educação, infra estrutura, ciencia, tecnologia, investe-se em cargoe e mais cargos, de nivel médio ou superior para bachareis concurseiros, com formação em direito.

    Essa é a realidade.

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