Projeto de abastecimento com água do mar pode custar R$ 6 bilhões ao governo Alckmin

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Em agosto de 2013, foi inaugurada a planta de Sorek, a maior usina de dessalinização de Israel, que produz 200 milhões de metros cúbicos de água por ano

Em agosto de 2013, foi inaugurada a planta de Sorek, a maior usina de dessalinização de Israel, que produz 200 milhões de metros cúbicos de água por ano. Fonte: Revista Planeta

Jornal GGN – O Consórcio PCJ – associação de usuários das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – produziu estudo sobre a possibilidade de dessalinizar água do mar e lançá-la no Sistema Cantareira e, assim, ampliar a oferta de água para o interior de São Paulo  regiõe das bacias PCJ, capital e da Bacia do Alto Tietê. A ideia foi comentada pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB) nesta quinta-feira (6), após o tucano noticiar que usará esgoto tratado para abastecimento da região servida pelo sistema Guarapiganga.

O Consórcio estima que o projeto como um todo – com a implantação de uma usina de dessalinização em Bertioga e a construção de adutoras que trariam a água até o Reservatório Jaguari/Jacareí do Cantareira – custaria algo em torno de R$ 6,1 bilhões. A entida ressalta que esses números necessitam de detalhamento técnico-financeiro.

A equipe do Consórcio analisou cinco alternativas de traçados para trazer a água do mar para a região da cabeceira da Bacia do Rio Piracicaba, sendo o mais viável o que busca água em Bertioga, por ser o trajeto mais curto, com 99,9 km de adutoras. Porém, há um desnível a ser superado por meio de bombeamento de no mínimo 663 metros de altitude para chegar à região do Sistema Cantareira. A dificuldade com o trajeto foi destacada por Alckmin como um empecilho ao projeto.

A opção por lançar a água dessalinizada no sistema Jaguari/Jacareí permitirá manter de forma artificial em tempo integral o sistema com no mínimo 80% de sua capacidade de reservação, respeitando 20% do espaço útil como reserva estratégica de volume de espera, ou seja, para acumular água de chuvas no período de grandes precipitações no verão, evitando inundações a jusante das barragens.

Segundo o secretário executivo do Consórcio PCJ e coordenador do projeto, Francisco Lahóz, a energia necessária para o bombeamento dessa água poderia ser obtida com a implantação de usinas eólica aproveitando, assim, a energia do vento sem sobrecarregar o sistema elétrico convencional. “Além de ser uma obra essencial para a ampliação da oferta de água para salvar as duas principais regiões econômicas do Brasil, estamos preocupados com a minimização dos impactos ambientais. O uso de energia eólica é favorecido pelas correntes de ventos litorâneas”, comenta ele.

O Estado de São Paulo possui uma potência instalável de 4.734 MW, com geração estimada de 3.000 GWh/ano, sendo necessária sua implantação em áreas que possuam velocidade de vento média anual maior do que 6,5 m/s, segundo o Atlas Eólico do Estado de São Paulo, elaborado pela Secretaria de Energia. No litoral de São Paulo, existem regiões propícias para essa instalação.

As tecnologias de dessalinização

O estudo do Consórcio PCJ aponta duas tecnologias de dessalinização: por osmose reversa, utilizada em Israel, e a de evaporação. As duas formas são eficientes, sendo necessários estudos mais detalhados de viabilidade técnica e econômica de acordo com a realidade da região que será implantado. Existe ainda uma terceira alternativa desenvolvida no Estado da Paraíba, na Universidade de Campina Grande, sob a coordenação do professor e doutor Kepler Borges França, que utiliza como tecnologia o aprimoramento de membranas cerâmicas no processo de osmose reversa, acoplado a outros sistemas, num processo de dessalinização com tecnologia nacional e custos inferiores aos modelos acima mencionados.

No documento do Consórcio PCJ, a dessalinização por evaporação tem um custo de energia que representa 41% do custo operacional, enquanto na osmose reversa do modelo israelense é de apenas 26%. Porém, no quesito qualidade, a água dessalinizada por evaporação é a com mais pureza, por retirar aproximadamente 100% das partículas em suspensão, enquanto na osmose reversa esse índice é menor.

O conteúdo do estudo do Consórcio PCJ foi enviado há 15 dias para a direção técnica da Sabesp, operadora do Sistema Cantareira, que respondeu ao ofício de encaminhamento dizendo que o projeto estava sendo analisado. O estudo também será enviado a todos os municípios e empresas associados à entidade.

Com informações da Assessoria de Comunicação do Consórcio PCJ

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

25 Comentários

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  1. Por que não?

    A idéia de dessalinizar água do mar é uma ótima opção e tem impacto ambiental muito menor do que alterar as estruturas de captação existentes, além de não comprometer as reservas aquíferas existentes devido ao uso excessivo. Também seria uma ótima opção a ser aplicada em regiões do nordeste que sofrem com a seca e poderiam ser supridas com essa água. Quanto aos custos, poderiam ser reduzidos enormemente se fosse criado  e continuamente aperfeiçoado um parque de produção das tecnologias e insumos necessários, gerando conhecimento tecnológico próprio e empregos no país.

    1. Esta água salgada é meio salgada

      Se semelhante à israelense, acrescentaria ~6 M3/s (~10% do consumo) e ainda teria que subir a serra.

      Quanto custaria eliminar as perdas atuais, que chegam a 35%?

      Ah sim, mais aí é mais barato!

       

    2. Otima opção para a Arabia

      Otima opção para a Arabia Saudita e Qatar, qual a noção de custo?  Um pais com as bacias hidrograficas maiores do mundo precisa dessalinizar agua do mar? Que coisa mais idiota, basta trazer agua de longe, como faziam os ramanos antes de Cristo. TIRAR AGUA DO MAR custa dez vezes mais que agua doce ao nivel do mar, para levar a  São Paulo precisa empurrar a agua para cima 800 metros com um gigantesco custo de energia eletrica, é uma solução imbcecil, alguem ouviu falar do Canada tirando agua do mar? Mexico? Argentina? ´E coisa de piada do Chico Anysio.

  2. 2013

    Nassif,

    Como a possibilidade de ser utilizado o projeto de desalinização sempre existiu, parece que o desgovernador ficou hibernando por mais de um ano, acabou de acordar e imagina que ainda está em 2013.

    Agora, o governo monta um grupo de apaniguados do Poder e manda prá passear em Israel e Dubai, sob o pretexto de conhecer as usinas de dessalinização existentes naqueles países.

    1. Alfredo, não estressa!

      A especialidade do “governo” Alkmin são projetos que nunca vão além de artigos na FSP ou no OESP.

      Exemplos:

      1 –  trem CPTM Expresso Cumbica entre o aeroporto internacional de São Paulo e uma estação central de Metro para a Copa do Mundo 2014 no Brasil. Cadê? Nem estudo de impacto ambiental teve. Bom o.k. a turma do Alkmin acreditou que não teria Copa…

      2 – trens rápidos para Sorocaba, e nem sei quais outras cidades: era para mostrar que não precisamos de TAV. Como o TAV atrasou, esqueceram tudo.

      etc… etc…

      Não se iludam, os “governos” Alkmin foram e são o túmulo de São Paulo como “locomotiva” do Brasil. Hoje o estado é uma vagão pesadão e retrogrado (não é freio não – é velocidade na direção contrária).

  3. Idéia absurda e de custo

    Idéia absurda e de custo elevadíssimo justificável apenas em países e regiões desérticas ou semi desérticas. É mais um factóide do Alckmin. A média de chuvas na Grande São Paulo é de quase 1 metro e meio por ano!  Há alternativas muito mais interessantes e baratas como trazer água do Rio Ribeira do Iguape cuja vazão média no baixo curso é estável e enorme. Diante da evidente falta de alternativas após esgotar os reservatórios da Grande São Paulo com reflexos nos municípios contíguos do interior Alckmin lança mais uma bravata para ser repercutida na mídia amiga e desviar a atenção da sua responsabilidade nesta crise.

    1. Dessalinização o absurdo unido à ignorância completa

      Esta idéia do Oswaldo é a mais lógica e barata, pois o Rio Ribeira de Iguape é perene, sendo que o regime de chuvas no Vale deste rio é diferente do planalto de São Paulo, praticamente chove o ano todo, portanto construir uma estação de captação desta água próximo ao mar, com a segurança necessária, é o ideal. Lembro ainda que a distância entre Registro e São Paulo de aproximadamente de 200 Km, seria um investimento seguro e muito mais viável que uma estação de dessanilização.

       

  4. Comentário.

    Diz pra mim se não é o passo para a privatização não apenas do tratamento e distribuição da água, mas da própria água. Digam para mim!

  5. Como a dança da chuva não resolveu, agora vai por osmose!

    Primeiro que o Alckmin esta pouco preocupado com os valores. Saira do bolso dos paulistanos mesmo. Segundo, é que ele viu que tinha osmose no meio do processo e ja achou que esta tudo certo. Eh so fazer força que a coisa transmuda de um para outro. 

  6. babaquice

    Mais um projeto bilionário que não vai dar em nada. Pra  fazer coxinhas sorrirem como os idiotas que são.

    Tapar os furos nos canos, por onde se perde 1/3 da água tratada ANTES que ela chegue aos consumidores, nem pensar.

    Canos não aparecem na mídia.

  7. esgoto pluvial

    Pergunta: em São Paulo o esgoto pluvial é misturado com o esgoto cloacal?

    Se usassem a água destes esgotos separadamente, seria mais fácil tratar o esgoto pluvial.

    Um dos problemas da água de reuso é que existem substâncias dissolvidas na água que não são retiradas pelo tratamento convencional. Essas substâncias ficariam na água e retornariam na água de consumo.

  8. Uêêêêbaa! Trensalão das águas, aqualão à vista, buddies!

    Seis bilhões! 1 bilhão por M3/s (se for igual à israelense, que não precisa subir a serra).

    Quem sabe fica pronta quando houver enchentes e água sobrando?!

    Vamulá rapaziada tucana!

    Rápido ou inventa outra logo! Pruveita!

  9. 6 bi?!
    Opa, ja dá pra uma
    6 bi?!
    Opa, ja dá pra uma festinha no ninho! Afinal, o primeiro milagre do jesus foi transformar água em vinho, não foi? Então, tenho certeza que já tem gente esfregando as mãos. Como dizem: toda crise também eh uma oportunidade, hehe.

    1. Transformar agua em vinho?

      Transformar agua em vinho? Isso é moleza, Alckmin vai deixar isso no chinelo, com as bençãos de São Serapião ele vai transformar m..da em agua, isso sim é que é milagre.

  10. Projeto de Geraldo Alckmentira de água do mar pode custar 6 bi.

    Os assessores do GERALDO ALCKMENTIRA devem lembra-lo para não contratar a ALSTOM e nem a SIEMENS elas entregam o jogo.

  11. R$ 6,1 bi? Incluindo a

    R$ 6,1 bi? Incluindo a “comissão”, não é? No link abaixo, temos um vídeo que está no YouTube, é uma reportagem do Discovery Channel, sobre dessanilização. Mostra usinas na Arábia Saudita, Israel, EEUU e na Austrália. A Austrália está construindo duas, e terá a tecnologia mais moderna para dessanilizar a água. Custo? uma delas sairá por US$350,000,000.00 (Trezentos e cinquenta milhões de dólares), que na cotação de hoje, dá algo em torno de R$ 896.000.000,00 (oitocentos e noventa e seis milhões), e outra por US$ 2,000,000,000.00 (dois bilhões de dólares), em Reais, R$ 5.120.000.000,00.

    https://www.youtube.com/watch?v=MUtVQYqOb1g

     

     

  12. Proximo passo do PSDB do

    Proximo passo do PSDB do Geraldo ALCKMIN: Enlatar coco para distribuir para os paulistas degustarem com a água do esgoto. Uma Dilicia, clap…clap…clap…clap…clap… São uns Jênios (Com J mesmo).

    1. O tratamento da agua de

      O tratamento da agua de esgoto, se bem feito, pode ser tão ou até mais limpa doque a da distribuidora convencional!

      É tendencia em varias partes do mundo, desde da california até paises da africa que enfrentam as secas esporadicas!

  13. projeto de água do mar para S.Paulo é pura sandice.
    Governo federal deveria simplesmente propor a estatização dos  serviços concedidos a Sabesp para fins de ações inter-estaduais com melhor uso dos recursos hídricos excedentes nos períodos de cheia via transferência  em tubulação Duas interligando bacias intra-regiões. Não requer nada mirabolante nesse pais rico em água potável. Apenas um minimo de compromisso  dos criativos governantes da vez com a população e um pouco de escrúpulo para cortar a sangria desatada de dinheiro do povo em projetos para favorecer construtoras e em forma custos fixos de serviços non-sense – campeões de financiamento de campanha de Governos Estaduais. A situação da Cantareira etc é reflexo da Sabesp visando o lucro dos minoritários. Investimento só com pay-back financeiro. Nada para infraestrutura ou recuperação dos rios. Sabesp tem olhos para a Bolsa. Onde estão os “ambientalistas” e “consultores” de plantão ?

     

  14. O mais correto, seria mapear

    O mais correto, seria mapear as planta indústrias com maior consumo hídrico e reposicioná-las dentro ou fora do estado de SP, ou seja, não autorizar novas empresas nas regiões afetadas pela falta d’água e desenvolver um projeto hídrico Brasil!!!

  15. dessalinização da água do mar
    O projeto de utilização da água do mar do consorcio PCJ é da maior importância, são novas tecnologias que coloca o Brasil no mesmo patamar da Califórnia, Israel, Australia e outros, sendo que o custo é cada vez menor. O governo de São Paulo estaria dando um passo importante para sairmos da dependência das chuvas e dos rios cada vez mais escassa. O processo de tratamento do esgoto também é caro, pois é utilizado osmose reversa. Ágora, os admiradores de Fidel Castro tem que pensar o que fazer depois que morrer o líder da ditadura mais sanguinária e atrasada da AL e esquecer São Paulo.

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