Ao vivo: Renan Calheiros deve ignorar decisão de Maranhão

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O ofício do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA) chegou à Secretaria-Geral da Mesa do Senado às 11h37 desta segunda-feira (09). A notícia foi recebida com espanto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Acompanhe ao vivo a decisão do Senado, em breve:
 
https://www.youtube.com/watch?v=0T–BWbA8cA width:700 height:394
 
Apesar do vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), confirmar o recebimento e a possibilidade de que o processo fosse devolvido à Câmara, pela anulação das sessões dos dias 15, 16 e 17 de abril, quando ocorreu a votação final dos deputados, Renan não desmarcou a reunião marcada para a tarde desta segunda (09), quando ocorrerá a leitura da denúncia já aprovada pela Comissão Especial do Senado.
 
De acordo com o Globo, Renan disse a senadores que rejeitará o pedido de Maranhão, adiantando o seu posicionamento ao vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) e ao líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
 
O presidente da Casa deve anunciar a sua decisão antes da leitura do parecer de Antonio Anastasia (PSDB-SP), a partir das 16h. Jucá teria classificado a decisão do deputado como “patetada e esdrúxula”. 
 
“O presidente Renan virá dizer sua posição. Mas eu defendo que o processo continue. Foi uma decisão esdrúxula. Não é por causa de uma patetada e uma decisão esdrúxula que vamos mudar o nosso rito. Foram três patetas, vamos saber quem são até o final do dia quem são”, disse Jucá.
 
“Segue absolutamente normal. Não há nenhuma razão jurídica para não seguir. Eu quero tranquilizar o Brasil, Essa decisão tumultuou a economia brasileira, o processo político. Não foi bom para o Brasil. Temos que ter responsabilidade, a calma e, sobretudo, a serenidade para não criar nenhum fato novo para complicar a vida brasileira”, afirmou o presidente da Comissão Especial do Impeachment no Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB).
 
Curiosamente, o peemedebista posicionou-se de outra forma, durante a votação da Comissão, na última sexta-feira (06). Antes da votação, quando diversos senadores da base governista e aliados do governo pediam questões de ordem para anular a avanço do processo, Lira afirmou que não cabia, neste momento, paralisações no Senado e que os recursos deveriam ser ingressados na Câmara dos Deputados, que teria essa competência.
 
“Desafiaram o Senado Federal”, indignou-se o senador José Agripino Maia (DEM-RN).
 
O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), que é contrário ao impeachment, esteve presente na residência oficial de Renan, mas não comentou sobre a decisão do presidente do Senado. Apenas afirmou que a resposta da Casa em relação ao ofício da Câmara será anunciada ainda hoje em Plenário.
 
As várias manifestações de senadores

Renan nega determinação de Maranhão. E perde a linha. A democracia não se faz com gritos, admoesta Renan quando governistas se irritam com sua negativa. E suspende a sessão por dois minutos para que governistas “gritem em paz”.

Na volta, José Pimentel, do PT-CE . A senadora Vanessa Grazziotin, do PcdoB-AM criticou a postura de Renan Calheiros, que está se negando a cumprir uma decisão de um presidente de Câmara. E criticou duramente todos os senadores, que vão se posicionar sem conhecer uma linha sequer dos motivos expostos por Maranhão, na Câmara.

Cássio Cunha Lima, do PSDB, já avisou que não vai se alongar. Diz somente que não é possível decidir sobre aquilo que não existe. Seria como se um juiz de primeiro grau decidisse, a questão subisse a outra instância, e o juiz de primeira resolvesse mudar a decisão. Diz que Maranhão não tem competência para isso. Diz que Maranhão usou os mesmos argumentos de Paulo Teixeira, e que foi negado por Luiz Fux. Disse que é mais uma atitude procrastinatória.

Gleisi Hoffmann, do PT, afirma que deve-se brigar por aquilo que se acredita. Diz que estão tirando de Dilma o duplo grau de jurisdição. Não foi decidido por opinião de deputados, foi pela orientação inconstitucional dos líderes do partido em 17 de abril. Isso já foi classificado na Corte Interamericana de Direitos Humanos, julgamentos políticos realizados pelo Congresso devem respeitar o rito, e se impondo partidariamente, anulam o resultado. Houve ainda cerceamento de defesa por parte do AGU. Senado não tem condão de dizer que é nulo o processo, quem tem que decidir é o plenário da Câmara.

Lindbergh Faria, do PT, disse que Renan pode discordar, mas não pode interferir. O processo já começou viciado, com Eduardo Cunha, e agora Renan quer fazer a mesma coisa. A decisão de Maranhão foi em cima da lei, os partidos não poderiam ter encaminhado voto. Lindbergh disse que Renan estava errando em seguir Cunha. E Renan ficou muito bravo com isso, e disse que não sairá da imparcialidade.

Humberto Costa, do PT-PE, por seu turno, coloca como erro de Renan a intempestividade, pois que o recurso da AGU, na Câmara, aconteceu dentro do prazo previsto para apresentação de recursos. Se Cunha queria atropelar prazos e já levar ao Senado a decisão da Câmara, é problema dele, o que não tira direito de quem apresentou recurso dentro do prazo. Maranhão recebeu o mesmo recurso e tomou decisão oposta à Cunha. Recurso foi feito no prazo correto e ele teria direito de fazer. Diz que não cabe ao Renan dizer qual decisão de qual presidente é correto cumprir. Tem-se a decisão de alguém que está na presidência, não cabe aos senadores respeitar a decisão institucional, e hoje é a de anulação da decisão de afastar a presidente. Pergunta como ficarão os senadores se a Câmara ou o STF confirmarem a decisão do presidente da Câmara. Pede que suspenda o processo até que se tenha uma decisão definitiva, por cautela, para que não se incorra no descumprimento da lei. Não é brincadeira tirar uma presidente, é uma decisão muito grave, e se assim se faz quem sofrerá é o Brasil.

Ronaldo Caiado, DEM-GO, chegou reclamando e dizendo que Dilma terá 180 dias para se defender, não precisando adiar agora. Fala da representação de Paulo Teixeira, no Supremo, e Fux derrubou, dizendo que era matéria da Câmara e não do STF. Fez algumas considerações a favor de Renan e terminou dizendo que isso é algo que a casa não pode ser tutelada pela câmara, e o contrário também vale. Matéria já está no Senado, não é mais da Câmara.

A Senadora Wanessa reclama de Caiado, pois que desrespeitou a Câmara dos Deputados, além do mais ele também insinuou que não teria sido Maranhão que redigiu a decisão, tendo a participação do governador do estado do Maranhão, Flávio Dino. A senadora pede que os senadores sejam mais corretos, que não acusem como ele fez, de forma leviana e desrespeitosa. Caiado pega o microfone, mas não sai som. Então não se sabe o teor da resposta.

Senador João Capiberibe, do PSB, alerta para grau da crise que estamos vivendo. E impeachment não é o melhor para resolver a crise. Ele diz que está se expondo com coragem e decisão de quem quer solução para o país. Ele não acha que confronto resolva nada, e daqui dois meses estaremos mergulhados na crise buscando soluções. Esta é uma briga entre partidos que querem o poder, ficaram 5 anos juntos e agora se confrontam. Ele só acredita que a saída é que Dilma e Temer chamem nossa solução. Políticos perderam a capacidade de resolver as questões do país, faz apelo a todos para que, já que o modelo está esgotado, um pacto de elites.

Renan o cumprimenta pelo equilíbrio, diz que o momento é preocupante, e talvez seja o maior impasse do país. Concorda que é preciso de saídas na democracia, para findar intolerância e ódio e fanatismo.

Waldemir Moca, do PMDB, coloca a decisão de Maranhão como não sendo da Câmara, uma decisão isolada, que sequer reuniu a mesa diretora. E o processo está no senado há mais de 20 dias. Não se pode retroceder, não há clima. Diz que Renan está exatamente fazendo o que o regimento e a Constituição dizem que deve fazer. Diz que o vexame seria o senado abrir mão das suas prerrogativas.  

Senadora Ana Amélia, do PP, e que sofreu escracho recentemente, concordou com Renan e com o rito imposto. Elogiou muito o Renan.

 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

24 Comentários

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  1. Golpista de quinta categoria,

    Golpista de quinta categoria, o processo foi anulado do inicio, então vai chorar na cama que é lugar quente, ja o aturamos muito desde a epoca do collor está na hora da justiça lhe dar um chega pra lá.

    1. E a mallandrina? Não se

      E a mallandrina? Não se segura em seu golpismo canalha, e teve deputado de cabeça branca indo para o partido de aluguel de banqueiros com a desculpe da ética, qua qua qua, esses são os piores, és golpista tambem!!!

  2. O Senado quer o fato consumado.

    O que o Senado quer é criar um fato consumado para influciar a opinião pública. 

    Há opiniões de juristas para todos os gostos.

    A mim parece que se a Câmara é a autora do processo cabe a ela mante-lo ou não; opinião de leigo.

    E como tal o presidente tem sim autoridade, segundo alguns juristas para tomar a decisão unilateral e monocrática de “suspender” o processo, para melhor avaliá-lo  e entegar de volta ao Senado. O que talvez não possa fazer é cancelar em defitivo o mesmo.

    Se o Renam insistir em tocar isso adiante vai se criar um rebosteio que talvez, nem o supremo quera meter a colher, aí talvez seja o caso do executivo meter o pé na porta o por fim a baderna.

     

    1. Teoria da Conspiração

      É impressão minha ou o site entra em manutenção toda a vez que tem um informação relevante. Comigo já aconteceu uma 3 vezes hoje, depois da medida tomada pelo Maranhão.

      Parece que o site entra em pânico, ou então somos nós, com todo mundo querendo comentar a um só tempo, aí o bixim pira.

  3. Deve, mas não poder

    Renan Calheiros quer dar o golpe a todo custo. Ele até pode falar o que der na cabeça, mas a verdade é que o Senado sera obrigado a devolver o processo para a Câmara. Até o STF ja se pronunciou, dizendo que esse é um processo da Câmara.

    Quanto ao Romero Juca (teremos um quarto pateta?), porque estara tão aflito assim com o possivel fim do sonho golpista? Alguma coisa a ver com a Lava Jato e Cunha?

    1. Retirar um presidente com dúvidas sobre o crime exige prudência

      A Lei é clara, “in dubio pro Reu”, ou seja, se não se chega ao consenso sobre legalidade do impeachment e o seu rito formal, o melhor é discuti-lo antes de se praticar qualquer injustiça.

      Fora que o Brasil fica ingovernável sem a dona Dilma na presidência.

  4. O senado pode até tentar

    O senado pode até tentar ignorar a anulação, mas isso abre caminho para o STF. Um processo pode continuar se sua origem foi cancelada?

    1. Se o STF já manifestou-se por
      Se o STF já manifestou-se por interna corporis, quem arbitra se o Senado ignorar a solicitação da Câmara e votar na 4a. Feira?

  5. O Renan se precipitou e fez burrada

    Contou com o ovo dentro da galinha, nestas horas, Renan, é preciso ser prudente e esperar pela canja.

    Arriscou a carreira dele e do filho nesta.

    Conserta que ainda dá tempo.

  6. Nao falei que Cunha ameacou a

    Nao falei que Cunha ameacou a pessoa errada?  Renan ta no golpe ate o pescoco e -de fato- tem muito a lucrar com o futuro estrangulamento das investigacoes da LavaBunda mas NAO TERIA SIDO CONSULTADO a respeito do afastamento de Cunha.

    Mas o judiciario fez clarissimo que a decisao de afastamento foi cronometrada e que a decisao final VEIO DE FORA DO SUPREMO.

    Ninguem ta vendo nada de errado aqui?

    A decisao do afastamento de Cunha veio dos macons??????

    Sim, tomei tanta antipatia deles porque todo centro espirita que eu conheco la estao eles infiltrados na gerencia, como ja falei antes mas nao lembro se foi aqui.  E eles sabotam mesmo.

    1. Os maços estão infiltrados

      Os maços estão infiltrados nas igrejas evangelicas, procure as declarações do pastor Caio Fabio – que é ‘deles’, não teria motivo para inventar essa estória…

  7. Caro Nassif
    Renan é mais um

    Caro Nassif

    Renan é mais um golpista.

    Será que acontecerá o mesmo com Cunha, Renan, sai e o vice desmonta a votação?!

    Saudações

  8. Se ele ignorar, vai ser pior

    Se ele ignorar, vai ser pior para ele e para o Senado. Este golpe está bichado, furou. Com Cunha fora do jogo, a tendência é a razão e o Estado de Direito voltarem paulatinamente a reger a vida do país.

    1. “Com Cunha fora do jogo, a

      “Com Cunha fora do jogo, a tendência é a razão e o Estado de Direito voltarem paulatinamente”:

      O que so realca o fato diki Cunha tem sujeira sobre o supremo tambem e essa eh a razao que o estouro das patas do gado supremo sobre suas costas foi iniciado por um novato (salvo engano, eu perdi a primeira parte e so assisti a ultima hora do dramalhao).

  9. Help !

    Ajudem-se, que tiver condições de, pois esta esculhambação, está me deixando pirado.

    Vibrei com o “pé na jaca” do Waldir Maranhão, que parecia inicialmente, um cumprimento do que prometera, aos repórteres, quando questionado, sobre o que faria, sendo(ou estando) Presidente da Câmara, quando ameaçou: “Vocês se surpreenderão comigo”  

    Parei com a vibração, com a arrogancia do Renan, desrespeitando uma decisão do Presidente da Câmara, instância responsável pelo processo, embora tomada atabalhoadamente, e aí entram em conflito, as prerrogativas de ambos os Presidentes das casas parlamentares.

    E agora, como fica: Retomado o processo, com a leitura do relatório do Anastasia, tudo indica, que haverão recursos ao Supremo, tanto da Presidência da Câmara, como da AGU, para que o processo volte à Câmara, e nova análise e votação, desta vez sem vícios, cujo resultado, certamente será diferente daquele de abril.

    E se antes do Supremo manifestar-se, a respeito da constitucionalidade ou não, dos hipotéticos recursos, os senadores já tiverem votado, e formalizado o golpe, e consequentemente a Pres. Dilma tiver que afastar-se da Presidência ?

    Com toda a sinceridade, alguém já conheceu alguma republiqueta de bananas, aonde algo tão deprimente, tenha ocorrido ?

    Por mais que eu debruce-me na história contemporânea e analise estes fatos, pela visão sociológica-política, não consigo achar um consênço. 

  10. O senador Cássio Cunha Lima

    O senador Cássio Cunha Lima ,chamando de “histéricas” as senadoras governistas que reclamavam por serem impedidas de falar na tribuna, faz a gente sentir saudades daqueles “lordes” da Câmara de Deputados…

  11. Decisão esdruxula é continuar com um processo NULO.

    Decisão esdruxula é se apoiar e continuar com um processo morto.

    O Renan delirou. Morreu Renan, esse processo que está aí é NULO.

    Ninguém vai obedecer ilegalidade.

    O Senado, sim, tem o poder de Julgar. Mas a câmara autoriza.

    Se a autorização da câmara foi anulada, então não há o quê o senado julgar.

    O senado via julgar um documento morto?

  12. Impressionante o mau

    Impressionante o mau caratismo de alguns políticos brasileiros. Até outro dia mesmo o senador Renan apoiava o governo Dilma e era tido como um contrapeso ao golpismo de Cunha e Temer. Bastou que fosse aprovado o impeachment na câmara e que o STF afastasse tardiamente o deputado Eduardo Cunha para que Renan mudasse o discurso e ficasse aliado ao golpe. Teve a cara de pau de considerar a decisão do atual presidente da Câmara de Deputados Maranhão de anular aquele circo de horrores do dia 17 como uma “brincadeira”. Pois sim! Afinal, o que é todo esse processo golpista, senão uma brincadeira de mau gosto, quando 300 e poucos bandidos cassam os votos de 54 milhões de brasileiros?

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