Seca em São Paulo ou Indústria da Seca Sudestina?

Por Fábio de Oliveira Ribeiro

A crise hídrica no sudeste é grave e, curiosamente, ocorre exatamente no momento em que o governo federal está otimizando os recursos federais aplicados no nordeste para combater a seca. A construção de cisternas familiares e de pequenos reservatórios para captar água da chuva, a manutenção dos açudes e a transposição do São Francisco estão revolucionando o nordeste, fixando o nordestino na região. Nos próximos anos o governo Dilma Rousseff proporcionará uma significativa melhora da economia e no padrão de vida no semi-árido. O relevante papel do Exército e dos engenheiros militares nesta revolução não pode ser esquecido.

Ainda é cedo, mas pelo menos no nordeste parece que a indústria da seca chegou ao fim.

“Indústria da seca é um termo utilizado no Brasil para designar a estratégia de certos segmentos das classes dominantes que se beneficiam indevidamente de subsídios e vantagens oferecidos pelo governo a partir do discurso político da seca. O termo começou a ser usado na década de 60 por Antônio Callado, que denunciava no Correio da Manhã os problemas da região do semi-árido brasileiro.

Governo Federal Brasileiro dispõe de alguns programas, como a Operação Carro-pipa desenvolvida pelo Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, com o Exército Brasileiro, que buscam contornar os efeitos da seca e minimizar a falta de investimento em infra-estrutura básica em determinadas regiões do país.

A problemática da seca remonta aos tempos de Dom Pedro II, que chegou inclusive a afirmar que venderia as jóias da coroa, fato que não aconteceu, para acabar com o problema, agravado pela grande seca do Nordeste em 1877.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Seca_no_Brasil#Ind.C3.BAstria_das_secas

O problema da seca no sudeste preocupa. O Estado de São Paulo não realiza obras para melhorar a captação de água há 20 anos. Há 10 anos o primeiro sinal de alerta foi dado, mas os governos tucanos nada fizeram além de privatizar a Sabesp e permitir a distribuição dos lucros auferidos pela companhia. No ano passado os reservatórios paulistas quase secaram. Neste ano, eles estão ficando secos meses antes do início do período das chuvas.

Apavorado pelo problema que criou, Alckmin pediu aproximadamente 3,5 bilhões de reais ao governo federal para sanar a crise hídrica em São Paulo. O governo Dilma Rousseff reclama que o governador paulista não detalhou como e onde pretende usar o dinheiro público dos brasileiros.

Por mais que a grande imprensa blinde o habitante do Palácio dos Bandeirantes, é público e notório que os lucros da Sabesp foram fartamente distribuídos aos acionistas da empresa nos últimos anos. Quanto deste dinheiro voltou para os cofres tucanos em forma de doações eleitorais?

Os recursos federais pedidos por Alckmin serão utilizados para realizar as obras que a Sabesp deveria ter feito com os lucros que obteve distribuindo água aos paulistas. Quem pagará a conta das despesas realizadas pela União em razão da incúria de sucessivos governos tucanos? Quem abocanhará a maior fatia dos lucros adicionais que a Sabesp terá depois que novas obras hídricas foram realizadas em São Paulo com dinheiro federal? Dos 3,5 bilhões solicitados ao governo Dilma Rousseff quando os tucanos desviarão mediante contratos de obras e serviços super faturados parecidos com aqueles que minaram a capacidade financeira do Metrô e da CPTM?

O clima paulista não é semi-árido. A seca em São Paulo não é um fenômeno natural, tampouco pode ser creditado ao desmatamento da Amazônia. Os paulistas estão ficando sem água porque houve um aumento do consumo e uma redução da qualidade da gestão dos recursos públicos no Estado de São Paulo nas últimas duas décadas. Os tucanos sabiam o que estavam fazendo quando distribuíam os lucros da Sabesp. Tudo indica que a seca não migrou para o planalto paulista. O que migrou para São Paulo foi a indústria da seca?

Nos próximos dois meses a economia de São Paulo pode levar o maior tombo desde a crise internacional que corroeu o valor das sacas e das safras de café. Faltará água para a atividade industrial, milhares de empresas fecharão as portas e algumas certamente irão à falência. Quem vai pagar o prejuízo causado pelos tucanos aos empresários que atuam em São Paulo? Os contribuintes paulistas? 

Fábio de Oliveira Ribeiro

19 Comentários

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  1. bem feito

    o maior problema da seca em são paulo é que jumento precisa de capim, capim precisa de água e jumento não sabe.

    voltando ao mundinho dos eleitores paulistas, esse sujeito, alckmin, só não venceu a reeleição num único município pequeno do estado-província.

    mas “quem não sabe votar é o nordestino”!

    por isso, se são paulo precisa de “muros” em suas divisas como apregoam a elite paulista e seus jumentos, o brasil precisa de mata-burros nos terminais de desembarque, principalmente de orlando.

    que a indústria paulista, obsoleta e poluente, vá para o buraco; seus jumentos para miami … e não voltem.

     

    1. Depois quem espalha o ódio são os tucanos

      A partir do momento em que o nobre comentarista generaliza e trata de burros uma população de quase 40 milhões de pessoas, incorre no mesmo tipo de preconceito ignóbil espalhado pela direita raivosa.

      É muito fácil criticar o outro por instigar o ódio, melhor seria olhar-se no espelho.

      Vergonhoso.

  2. Que preguiça!

    Mais uma coletânea de pérolas do camarada que vez ou outra prega que se meta uma bala na oposição. Mas gostei mesmo desse trecho:

    ” A seca em São Paulo não é um fenômeno natural, tampouco pode ser creditado ao desmatamento da Amazônia. Os paulistas estão ficando sem água porque houve um aumento do consumo de água e uma redução da qualidade da gestão dos recursos públicos no Estado de São Paulo nas últimas duas décadas”.

    O nível de psicose é tão grande que o cara não consegue perceber que, sim, há um “fenômeno natural” envolvido. Choveu pouco no sudeste nesse ano. Há risco de faltar água no Rio de Janeiro e o volume de água do São Francisco está ridiculamente baixo.

    Mas tudo bem, a parte mais divertida é falar que houve “redução da qualidade da gestão dos recursos públicos de São Paulo”. Rapaaaaaaz, não sabia que você era um saudosista malufista!

    Genial!

    1. Mais um ataque pessoal

      Mais um ataque pessoal rasteiro feito por um psicopata cretino totalmente comprometido com o tucanato paulita. Ozzy é ou será um dos beneficiários da “indústria da seca sudestina”?

  3. Um excelente resumo da triste

    Um excelente resumo da triste situação paulista, mas infelizmente só se tem acesso a essa discussão de alto nível em espaços alternativos, na grande mídia, que reveste de teflon o insípido picolé de Xuxu seco, só há espaço para os factóides do “principe do deserto do tucanistão”, dessa maneira o que se lê por lá é reutilização de esgoto, volume morto pra cima e pra baixo, transposição do Paraiba, sobre as causas do apagão hidrico as explicações vão pra conta do aquecimento global, desmatamento da amazônia ou qualquer coisa que poupe os queridinhos da mídia.

  4. Na grande mídia tentarão

    Na grande mídia tentarão jogar a culá no governo central, do PT.

    E os paulistas acreditarão, pois se tem uma coisa que sobra naquele estado é a burrice dos seus habitantes.

    As marchas que farão hoje são a comprovação da burrice e incapacidade de conviver com a democracia e igualdade de direitos existentes naquele estado.

    1. Absurdo

      Considerar que meia-dúzia de nostálgicos da ditadura passeando pela Paulista representam os 40 milhões de habitantes de São Paulo equivale a dizer que o Jair Bolsonaro é a cara do Rio de Janeiro.

      Que houve uma blindagem clara da imprensa para proteger o Alckmin da crise hídrica não resta dúvida; que o PT foi estraçalhado nas eleições em São Paulo em todas as instâncias (assembleia legislativa, câmara federal, senado, governo e presidência) também é fato.

      Mas o fato de não gostar da Dilma nem do PT não significa que seja golpista ou burro, como você alega.

      Nunca lhe ocorreu que talvez houvesse um problema também do lado do PT, que não soube se comunicar, que não apresentou candidatos antenados com os problemas e a mentalidade do Estado, cujas politicas, se proporcionaram um fntástico crescimento das regiões Norte e Nordeste, foram muito menos favoráveis ao Sudeste em e particular a São Paulo?

      É muito mais cômodo criticar a “burrice” dos 40 milhões de paulistas do que refletir sobre o que deu errado e como fazer para reverter a situação. Se o PT depender de opiniões como a sua para voltar a atrair o eleitorado do Estado, a travessia do deserto será longa.

  5. Indústria da incúria administrativa

     

     

     

    Fabio: concordo com sua análise. Mas como fica a população mais pobre, sobretudo de áreas periféricas da Grande São Paulo que já vem sendo penalizada com o “racionamento que não existe”? Gostaria que você ou algum dos frequentadores desse blog analisasse se seria possível exigir alguma contrapartida do governo do estado, visando estancar a distribuição de lucros pela Sabesp, por exemplo para pagar o empréstimo federal? Ou o governo federal estaria dando 3,5 bi para SP a fundo perdido? Isto certamente não seria justo. E o Maranhão e outros estados mais pobres, como ficam? O choque de gestão dos tucanos é verdadeiramente fenomenal! 

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  6. O Jeito Tucano De Resolver Tudo: Majoração ou Privatização

    Bom dia. Excelente tópico. A propósito, tava lendo na mídia coprólita e vi esta pérola:

    “Paga-se muito pouco pela água no Brasil”, diz chefe de comitê da ONU.

    Não espere ler algo profundo, não. O senhor que concede a entrevista tem uma solução bastante ortodoxa, tucanamente falando: majoração da água, recurso “barato demais”, (Sic!) no Brasil! Lendo esta pérola, você pode até pensar que não houve má gestão dos recursos hídricos em São Paulo, distribuição de lucros na SABESP, em detrimento do otário, digo, do eleitor, etc. Tro-lo-ló, diria Çerra. E que tudo se resolve com majoração ou privatização, o que vier primeiro, na ótica tucana. Seria um balão de ensaio para a população aceitar mais este aumento que vem aí? Ó, dúvida…

    1. Não concordo

      Morvan, o Brasil é um dos países no mundo em que a água é a mais barata. Coincidentemente (ou não) o consumo per capita é o dobro do recomendado pela ONU.

      Infelizmente é difícil concientizar a população sobre a redução no consumo de água se não doer na parte mais sensível do ser humano (como disse alguém que não lembro). 

      Se a água potável fosse bem mais cara, mas ao mesmo tempo houvesse incentivos financeiros para fomentar a água de reuso nas residências e indústrias (cisternas e tanques para água de chuva, recuperação de água de chuveiros para abastecer vasos sanitários, descargas econômicas, etc.), com certeza haveria uma grande diminuição do consumo.

      Não se trata lógica privatista nem de lucrar com isso (acho inaceitável que empresas responsáveis pela gestão de bens de primeira necessidade como a água sejam privatizadas sem nenhum controle e nenhuma contrapartida em termos de obrigação), mas é uma forma muito eficiente de gestão de recursos escassos.

      A Noruega faz exatamente isso com o a gasolina, uma das mais caras do mundo, apesar do país ser um grande produtor.

      1. Não Concorda? Respeito Sua Opinião.

        Boa tarde.
        É um debate. Ao discordar, você exerce o contraditório. Nada mais justo.
        Mas lembro a você aos demais que, na Bolívia, privatizaram a água; coletá-la era crime, pois mesmo a água do céu era propriedade privada (se não me equivoco, da Mondiabo, digo, Monsanto). Eis que os ‘bovinos’ de lá quiseram esquentar os couros dos privatistas e, cáspite, a água voltou a poder ser coletada. Parece absurdo mas começa com uma taxação, para “normatizar” o uso. Assim funciona o capitalismo. Porque não se fizeram | fazem campanhas educativas sobre o uso correto da água? Porque, para os acionistas da SABESP e para o Geraldo o importante são os dividendos.

        1. Empresa Bechtel

          Boa noite.

          A empresa era a Bechtel; a Mondiabo, evidentemente, proibiu os agricultores de plantar com sementes “convencionais”. Mas aí já é outra do cap[e|i]talismo…

        2. Debate

          É disso mesmo que se trata, debate.

          Não existe sistema que, por natureza, seja perfeito. O exemplo da Bolívia ilustra perfeitamente o que acontece quando não existem limites nem entraves à ganância do setor privado. O caso da antiga Telebras mostra como uma empresa estatal pode ser minada pela ineficiência e os custos absurdos, em detrimento de seus usuários (anos de espera para conseguir uma linha telefônica).

          Já tive opiniões mais definitivas sobre estatal x empresa privada. Hoje não tenho mais certeza de que um sistema seja naturalmente melhor do que o outro. Da mesma forma que existem os exemplos acima, poderia dar exemplos de empresas públicas funcionando de forma excelente ou empresas privatizadas atendendo perfeitamente as necessidades da população.

          Para mim uma coisa clara é ter, no caso de serviços essenciais, órgãos de controle e agências regulatórias que atuem de forma eficaz, para garantir que a população seja atendida de forma adequada e não seja explorada. Veja se, no caso da Bechtel que você menciona, eles atuam da mesma forma nos EUA. Com certeza não, porque os órgãos regulatórios são sérios e não permitem que eles façam o que quiserem.

          No caso específico da Sabesp, inadmissível mesmo é a atitude do Governo que, embora continue sendo acionista majoritário e portanto controlador da empresa, aceitou que a empresa tomasse decisões nitidamente prejudiciais à própria população do Estado. É um perfeito exemplo do que no EUA eles chamam de “crony capitalism”, ou capitalismo de compadres.

  7. Como criar manchetes para proteger os amicci

    “Onu diz que água no Brasil é muito barata!”

    Na verdade, foi uma resposta pessoal dada à repórter, que induziu a manchete com a pergunta semente: “O sr. não acha que a água no Brasil é muito barata?”

    Até eu, que sei que poucos países tem esta condição privilegiada de disponibilidade de água, responderia que sim (será ela uma agente comercial da Sabesp?).

    E a “Onu” da manchete, na verdade é um professor ,chefe do comitê brasileiro para o assunto, na entidade.

    Outra manchete diz que “SP terá um gerador de água” … que no máximo seria uma curiosidade de museu tecnológico, pelo seu preço, custo operacional e produção de água.

    Ainda não conseguiram colar o problema no federal. Se e quando conseguirem, aí sim, virará um escândalo planetário.

  8. Estarrecedor

    Nassif, o ódio e o preconceito de muitos dos comentaristas desse blog é de estarrecer.

    Não deixa nada a dever ao ódio manifestado contra os “nordestinos burros e vagabundos”.

    Depois o baixo nível na rede é somente da oposição…

     

  9. Água no Brasil não é cara!!!

    É mal cuidada.

    Os brasileiros tem que resolver o problema do tratamento do esgoto doméstico.

    Está é a vergonha do Brasil.

  10. em conluio com a grande e

    em conluio com a grande e mídia golpista, os tucanos instalaram

    o coronelismo eletronico-impresso.

    só faltava essa da indústria da seca para berneficiar os coronéis bursáteis.

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