Subsídio do governo Dilma a caminhões não causou a crise, mostra economista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Os subsídios concedidos pelo BNDES para a compra de caminhões e a queda no valor do frete, medidas adotadas durante o governo de Dilma Rousseff, não foram as responsáveis pelo aumento da frota de caminhões no país, como sugeriram os jornais durante toda a última semana.
 
De acordo com o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, o maior aumento da série histórica, de 8,3% na frota de caminhões em 2011, ocorreu pela exigência de renovação de motores a diesel compatíveis com o procotolo Euro 5 a partir de janeiro de 2012.
 
Um ano antes, as empresas começaram a renovar as frotas de ônibus e caminhões, uma vez que a tecnologia que reduz entre 60% e 70% das emissões de gases seria mais cara. A antecipação de compras de caminhôes e ônibus novos em 2011, gerou uma queda de 19% dos licenciamentos e de 38% da produção desses veículos no ano seguinte.
 
 
“O ano com maior expansão da frota foi 2011, com uma alta de 8,3% – antes, portanto, da instituição do programa PSI-Finame/BNDES com taxas de juros nominais abaixo da TJLP, em 2,5% a.a., que teve início em setembro de 2012. Além do momento macroeconômico bastante favorável (PIB crescendo quase 8% em 2010 e cerca de 4% em 2011), outro fator foi determinante para que 2011 registrasse o recorde histórico de licenciamentos de caminhões (e também de ônibus): a transição da tecnologia dos motores a diesel, no âmbito do protocolo Proconve-P7 (estipulado quase 10 anos antes)”, ressaltou Borges.
 
 
Foi neste cenário que o governo, por meio do BNDES, criou uma nova linha de financiamento subsidiada com o programa PSI-Finame/BNDES, com juros nominais de 2,5% ao ano, para tentar evitar uma queda ainda maior neste mercado, em setembro de 2012. Como consequência, houve uma leve recuperação no ano seguinte, mas ainda abaixo do aumento visto entre 2010 e 2011.
 
O responsável, portanto, pelo aumento da frota de caminhões no país foi a exigência da renovação dos veículos imposta pelo protocolo Euro V, de forma a respeitar as normas de emissões de gases nocivos à saúde e ao meio ambiente. 
 
 
“Como foram licenciados cerca de 600 mil caminhões novos entre 2012 e 2017, é possível inferir que cerca de 30% da frota circulante atual se refere a veículos com os motores respeitando a norma Euro V (chegando a quase 40% no caso dos ônibus). Sua maior eficiência energética está refletida diretamente no PIB, mas seus níveis de emissões quase 70% menores não estão totalmente. Certamente este último aspecto deveria ser levado em conta na avaliação dos efeitos de políticas públicas”, concluiu o economista.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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    1. Caminhões são movidos a diesel

      Anarquista Burro, o fato da Dilma ter segurado o preço da gasolina não causou a crise dos caminhões, pois os caminhões são movidos a diesel.

      Pode-se levar o cavalo até a fonte mas não se pode obrigá-lo a beber. Da mesma, forma, o fato da Dilma ter barateado o crédito não implica que ela obrigou os Caminhoneiros a comprarem caminhões.

  1. Prezado Nassif, vc poderia

    Prezado Nassif, vc poderia convidar o economista Samuel Pessoal para entrevista, todos as entrevistas dele são em mídia chapa-branca.

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